COVID-19: “Não há evidência de que os animais de estimação estejam adoecendo pelo novo coronavírus”, explica médica veterinária da UCDB

23/03/2020 - 9:00 - UCDB

Fonte: Gilmar Hernandes

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Com a chegada da nova mutação do coronavírus ao Brasil, o Covid-19, muitas pessoas estão preocupadas com a doença em relação aos animais de estimação. No entanto, é preciso esclarecer que o coronavírus infecta as pessoas há muitos anos, como aquele simples resfriado. A novidade é a nova mutação desse vírus, que está mais grave.

“Desta forma, cães e gatos podem contrair um coronavírus próprio de suas espécies. Ele nada tem a ver com a Covid-19 e vale ressaltar que não é transmitido para o ser humano. Por ora não há evidência de que os animais de estimação estejam adoecendo pelo ‘novo coronavírus’ (Covid-19), nem que sejam capazes de propagar a doença”, explica a médica veterinária da UCDB, professora Dra. Daniele Bier.

A professora destaca que o coronavírus pertence a uma família de vírus que acomete diversas espécies de mamíferos e aves. “Espécies como cães, gatos, bovinos, aves e suínos são comumente acometidas, porém, a maioria dos vírus dessa família causa doença hospedeiro-específica, ou seja, cada variedade do vírus causa infecção em uma espécie diferente e somente naquela espécie”. 

Ela esclarece que o coronavírus que infectam os cães e gatos pertencem à mesma família da Covid-19, porém pertencem a outro ‘gênero viral’ e não tem relação nenhuma com o ‘novo coronavírus’ que infecta os humanos. “Em cães e gatos, os sinais clínicos não são respiratórios. Nos cães, o coronavírus canino causa uma infecção intestinal, sendo a principal manifestação clínica a diarreia. Nos gatos, o coronavírus felino pode causar também uma infecção intestinal, ou uma doença mais grave, chamada de Peritonite Infeciosa Felina (PIF), caracterizada principalmente por acúmulos de líquidos na cavidade abdominal”, completa.. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, não existe nenhuma evidência e nem comprovação que cães e gatos possam adoecer e, muito menos, transmitir a COVID-19. “É fundamental que as pessoas não abandonem seus animais. Eles podem até mesmo ser uma forma importante de companhia, ajudando a controlar o estresse do isolamento social. É importante, porém, que os tutores tomem alguns cuidados com seus animais de companhia neste tempo de pandemia, como manter boas práticas de higiene e cuidados, como evitar sair de casa”.

A forma como os coronavírus atacam os animais são conhecidas há bastante tempo, tanto que existem vacinas para evitar essas doenças. “No entanto, essas vacinas só são utilizadas para prevenir a coronavirose em animais. Não podem ser utilizadas em pessoas!! Nesse tempo de pandemia e utilização excessiva de redes sociais, devemos cuidar com as fake news que andam circulando. As vacinas que imunizam animais domésticos, como cães, gatos, aves e bovinos, são outros tipos de vírus e só previnem a doença nas respectivas espécies, não previnem a doença em seres humanos e não podem ser adquiridas com esse objetivo”, alerta a médica veterinária.

No Brasil, a recomendação é para a população permanecer em casa como forma de isolamento e evitar que o contágio avance. “As pessoas infectadas pelo novo coronavírus precisam se isolar e também devem limitar o contato com seus cães e gatos, uma vez que as informações ainda são desconhecidas sobre o novo coronavírus”, finaliza.