Mestrado e Doutorado em Educação

Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar o processo de afirmação da identidade negra, pelo acesso à universidade, a partir do projeto Negraeva. Inspira-se no campo dos Estudos Culturais, campo teórico que tem se destacado na análise dos processos identitários, inclusive no que tange a questão da identidade negra. Os sujeitos desta pesquisa são os 17 alunos do projeto Negraeva, projeto de apoio e manutenção de afro-descendentes para acesso e manutenção no ensino superior. Segundo o campo teórico desta pesquisa, a questão das identidades não é uma questão biológica ou natural, mas uma questão de representação, onde a linguagem adquire um papel central, seja pela forma que a própria identidade se nomeia, seja pelas linguagens de outros sujeitos, imprimindo marcas nas identidades. Neste sentido, a pesquisa, centra-se nas linguagens dos sujeitos do projeto Negraeva e na dos professores, colegas e de modo geral, linguagens que circulam no ambiente universitário, ouvidas, sentidas, re-significadas pelos sujeitos do projeto Negraeva, linguagens essas que produzem efeitos em suas identidades.. 
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa. 
Alunos envolvidos: Graduação: (1) / Mestrado acadêmico: (5) . 

Integrantes: José Licinio Backes - Coordenador / Ruth Pavan - Integrante.
Financiador(es): Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do MS - Auxílio financeiro.
Número de produções C, T & A: 15

O projeto A relação entre a formação de professores, os projetos políticos pedagógicos e a organização curricular em escolas indígenas Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul constitui um subprojeto de um Projeto maior intitulado FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS GUARANI E KAIOWÁ EM MATO GROSSO DO SUL: relações entre territorialidade, processos próprios de aprendizagem e educação escolar submetido ao Observatório da Educação Escolar Indígena/CAPES/INEP/MEC. Tem como delimitação a etnia Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul que compõe o Etnoterritório do Cone Sul, em especial, as escolas indígenas que atendem a educação básica nas Terras Indígenas dos municípios de Coronel Sapucaia, Japorã e Laguna Caarapã. Tendo como eixo temático a educação escolar específica e diferenciada que caracterizam as categorias fundamentais na análise dos elementos epistemológicos e pedagógicos na construção da escola indígena de acordo com os direitos adquiridos e consolidados na Constituição de 1988 e na legislação que orienta a política para a educação escolar indígena no Brasil, o projeto procura analisar a relação entre a formação de professores, a organização curricular e as práticas pedagógicas em escolas indígenas Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul. Para dar conta do objetivo proposto se faz necessário uma revisão bibliográfica sobre a temática, a utilização de questionários para cartografia dos professores indígenas Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul, a pesquisa documental, a observação e a realização de entrevistas como professores indígenas das escolas selecionadas. Instituições participantes: UFMS e UEMS

O projeto de pesquisa tem como objetivo, analisar a produção científica de gênero, raça/etnia e currículo (2010-2014) veiculada em periódicos de Educação qualis A1 editados no Brasil, enfatizando questões epistemológicas e curriculares. A análise dá-se em relação à produção de gênero, raça/etnia e currículo, focando nas epistemologias e nos currículos, por entender, conforme mostram as pesquisas, incluindo as nossas, que esses campos estão profundamente articulados. Os estudos de gênero, raça/etnia trazem contribuições importantes tanto para as epistemologias quanto para o currículo, mostrando o caráter etnocêntrico e sexista da epistemologia e do currículo hegemônico e construindo outras epistemologias e currículos, questionando seu caráter etnocêntrico e sexista, porque assentado numa epistemologia também sexista e etnocêntrica. Da mesma forma, os estudos de currículo quando incorporam as discussões de raça/etnia e gênero contribuem para mudar o sentido tradicionalmente atribuído ao currículo, concebendo-o como espaço/tempo privilegiado de produção de identidades/diferenças. Epistemologias outras e currículos outros estão sendo produzidos pela articulação desses estudos. Para efetuar a análise, utiliza-se como campo teórico os Estudos Culturais, campo que têm pautado nossas pesquisas desde o Doutorado, e segundo nossas últimas pesquisas realizadas que analisaram os trabalhos apresentados nos Grupos de Trabalho (GTs), “Currículo”, “Gênero, Sexualidade e Educação” e “Relações Étnico-Raciais e Educação” tem sido também recorrentemente utilizado em pesquisas sobre gênero, raça/etnia e currículo, sobretudo se considerarmos que os estudos culturais caracterizam-se por uma multiplicidade de saberes, que se articulam, defendendo os interesses dos grupos posicionados nas margens, dos sujeitos cujas identidades continuam sendo vistas como inferiores, patológicas e abjetas. A análise dos trabalhos se dá em três momentos: O primeiro momento consiste na identificação dos artigos que versam sobre raça/etnia, gênero ou currículo. O segundo momento consiste na análise sistemática dos artigos identificados como versando sobre raça/etnia, gênero ou currículo, procurando responder as seguintes questões: a) Quantos artigos versam sobre gênero? Quantos sobre raça/etnia? Quantos sobre currículo? b) Quais as tendências epistemológicas dos artigos sobre gênero? E dos artigos sobre raça/etnia? E dos artigos sobre currículo? c) Quais as características dos procedimentos metodológicos presentes nos artigos sobre gênero? E sobre raça/etnia? E sobre currículo? d) Quais ênfases podem ser obervadas nos artigos de gênero? E nos artigos de raça/etnia? E nos artigos de currículo? e) Quais lacunas podem ser observadas nos artigos de gênero? E nos artigos de raça/etnia? E nos artigos de currículo? f) Quais são os conceitos centrais nos artigos de raça/etnia? E nos estudos de gênero? E nos estudos de currículo? Quais características e significados esses conceitos possuem? g) Quais concepções de currículo permeiam os artigos sobre gênero, raça/etnia e currículo veiculados em periódicos qualis A1 editados no Brasil? O terceiro momento consiste na sistematização e produção de textos/artigos, seja para fins de publicação em periódicos, livros, ANAIS e Relatório de Pesquisa, articulados com o campo teórico dos Estudos Culturais. Em 2014, ao projeto de pesquisa estiveram vinculados cinco teses, duas dissertações e dois planos de iniciação científica. O projeto tem o apoio do CNPq (Bolsa Produtividade). 

Justificativa A pesquisa dá continuidade a pesquisa anterior que já vem problematizando a reflexão dos educadores sobre o currículo escolar. A pesquisa justifica-se na medida em que está profundamente articulada com a prática pedagógica exercida tanto como docente dos cursos de graduação como do vínculo como docente do Programa de Pós-Graduação – Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Católica Dom Bosco, mais especificamente a linha II: Práticas pedagógicas e suas relações com a formação docente. A contribuição se dá, sobretudo por entendermos que é impossível dissociar a discussão das práticas pedagógicas e formação docente da reflexão curricular. O projeto teve inicio em 2008 e está em andamento e sua conclusão está prevista para 2010. O projeto possui financiamento do CNPq. Objetivo geral - Compreender como se caracteriza a reflexão dos/as professores/as sobre o currículo escolar da educação básica e a importância que estes/as atribuem ao currículo para o processo de aprendizagem dos alunos e alunas. Objetivos específicos - Elaborar um histórico sobre o currículo escolar, articulando-o com a reflexão dos/as professores/a. - Caracterizar os tipos de currículos existentes na literatura especializada, relacionando-os com a reflexão dos/as professores/as. - Analisar a reflexão dos/as professores/as sobre o currículo escolar, com base nos autores e autoras das teorias do currículo. - Identificar a importância que os/as professores/as atribuem ao currículo escolar para o processo de aprendizagem dos alunos e alunas. Referencial teórico: O currículo que circula num determinado espaço escolar, produzindo um conjunto de efeitos, depende em grande parte da atividade docente. Neste sentido, “[...] sustentamos que a atividade docente, no atual momento, precisa também se caracterizar como crítica cultural, como crítica do existente, como questionamento do que se nos apresenta como natural, como inevitável” (MOREIRA E MACEDO, 2001, p.133). Isto implica “[...] colocar em xeque a hegemonia da cultura ocidental no currículo, do qual se encontram ausentes outras vozes, particularmente as que se referem às culturas originárias do continente americano, à cultura negra e de outros grupos marginalizados” (MOREIRA E MACEDO, 2001, p.133). Estas reflexões não têm a intenção de apontar a “[...] adição de novos conteúdos ou novas disciplinas, estamos argumentando a favor de outra postura, outra atitude [...]” (MOREIRA E MACEDO, 2001, p.133) dos professores e das professoras. E é neste sentido que colocamos como sujeitos dessa pesquisa os professores e professoras, para melhor compreendermos como “acontece” o currículo escolar. Assim, reafirmamos a necessidade de trazer a reflexão dos professores e professoras sobre o currículo escolar, para compreendermos o que ocorre, como ocorre o processo de conhecimento, dos alunos e alunas, no ambiente escolar. Campo de pesquisa: O campo empírico desta pesquisa está circunscrito a Educação Básica. Procedimentos metodológicos Para darmos conta do nosso objetivo de pesquisa utilizaremos os instrumentos que estão em consonância com a pesquisa qualitativa, estando, portanto em questão o aprofundamento da compreensão sobre os dados. O percurso metodológico adotado não nos remeterá a quantificar e tampouco a generalizar, mas a aprofundar a compreensão da reflexão dos professores sobre o currículo escolar e a importância que atribuem a ele para o processo ensino e aprendizagem dos alunos. Assim, por meio de entrevistas, buscaremos compreender a reflexão dos professores e professoras e os componentes que a caracterizam no que se refere ao currículo escolar. Estratégia de difusão de conhecimentos gerados Participação em eventos científicos (locais e nacionais), palestras, artigos em periódicos e livros na área de educação e diretamente nas universidades, escolas e secretarias de educação. Referências: BOGDAN, Robert; BIKLEN Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto-Portugual: Porto, 1995. GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MEYER, Dagmar E. Etnia raça e nação: o currículo e a construção de fronteiras e posições sociais. In COSTA, Marisa Vorraber. (org.). O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. MOREIRA, Antonio Flávio e MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Em defesa de uma orientação cultural na formação de professores. In. MOREIRA, Antonio Flávio. (org.). Ênfases e omissões no currículo. Campinas: Papirus, 2001. MOREIRA, Antonio F. e SILVA, Tomaz Tadeu . Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. In. MOREIRA, Antonio F. e SILVA, Tomaz Tadeu. (org.) Currículo, cultura e sociedade. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1997. p.7-37. SILVA, Tomaz Tadeu. Currículo e identidade social: territórios contestados. In SILVA, Tomaz Tadeu (Org.). Alienígenas em sala de aula. Petrópolis : Vozes, 1995. SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Este projeto se insere em uma proposta mais ampla de estudos e pesquisas que visa, em longo prazo, ler e interpretar os múltiplos aspectos que coexistem, interagem e se complementam dentro da realidade escolar, tais como: os estilos de gestão e organização escolar, as condições de trabalho e a formação inicial e continuada de professores, aspectos que afetam o bem-estar docente, os processos educativos inovadores e a qualidade da educação, e está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobe Formação, Trabalho e Bem Estar Docente GEBEM (CNPq)

O projeto tem objetivo de contribuir para a preservação de documentos históricos referentes aos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, especialmente aqueles que se relacionam com suas demandas na garantia de direitos está sendo cumprido por meio da manutenção e organização do acervo que compõe-se de materiais bibliográficos, mapas, acervo jornalístico, documentos oficiais, entrevistas, entre outros. O objetivo de catalogar, digitalizar e disponibilizar para consulta documentos oficiais,materiais da imprensa e outros, referentes aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, está sendo alcançado por meio da digitalização de 60 teses e dissertações do acervo, digitalização de 100 contratos de trabalho entre empresas sucroalcooleira e indígenas, organização do acervo do Serviço de Proteção aos Índios e de contratos de trabalhos, composição e catalogação do acervo de notícias de jornais online, inserção de cerca de 2000 arquivos digitalizados na base de dados do site neppi.site para futura disponibilização online..

A presente proposta configura um projeto de pesquisa caracterizado como científico e de inovação que tem a tecnologia como instrumento cultural de inclusão digital, pedagógica e social de professores e alunos (jovens, adultos e idosos) com diferentes culturas (brancos, negros, índios) e de diferentes áreas (humanas, biológicas e exatas) pertencentes a uma universidade confessional, situada no centro-oeste do Brasil. Busca-se analisar que cultura digital é estabelecida nos contextos diferenciados da universidade. Para caracterizá-la e compreendê-la faz-se necessário identificar o perfil de seus participantes; que tecnologias fazem parte da vida do grupo; quais concepções professores e alunos têm sobre as tecnologias e a cultura digital; como as tecnologias são utilizadas e implicadas no processo de formação com foco na interação, comunicação, colaboração e interconectividade; e, como os diferentes grupos se aproximam ou distanciam na apropriação das tecnologias e no desenvolvimento da cultura digital. É uma pesquisa qualitativa que tem como características dados descritivos, inserção direta do pesquisador no ambiente pesquisado, sempre considerando a perspectiva dos participantes, com foco no processo e não no produto, valorizando o ambiente natural que oferece os dados e o pesquisador como principais instrumentos de investigação (BOGDAN; BIKLEN, 1982). Utilizaremos questionários, entrevistas e narrativas para a produção de dados. A discussão teórica centrar-se-á nas questões relacionadas à cultura digital, às tecnologias, à interculturalidade; à formação inicial e continuada de professores e alunos; à interação, comunicação, colaboração e interconectividade. É possível afirmarmos que hoje vivemos com as mais diferentes tecnologias (“velhas ou novas”) e que elas têm implicado em nossas vidas. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) de 2013, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acesso à internet em domicílios chegou a 85,6 milhões de brasileiros (49,4% da população), considerando o acesso de pessoas acima de 10 anos de idade que utilizaram a internet pelo menos uma vez em um período de 90 dias anteriores à realização das entrevistas. Estes dados evidenciam parte do cenário o qual estamos inseridos e que tem provocado mudanças nas maneiras como pensamos, nos relacionamos, nos educamos, nos construímos e (re)elaboramos nossas práticas, nossas formas de comunicar e de interagir com o outro e com o mundo. Portanto, esta pesquisa justifica-se no sentido de compreender como isto acontece no âmbito universitário e se tais relações, em diferentes contextos na universidade, propiciam ou não o estabelecimento de uma cultura digital e de que natureza. Vivendo em uma sociedade intitulada tecnológica, somos desafiados a aprender de maneira flexível, participativa e interdependente. Muito além de utilizarmos as tecnologias de maneira instrumental, dirigida a apenas resolver problemas imediatos e reproduzir práticas mecânicas, somos provocados a nos apropriarmos delas de maneira inovadora, dialógica, colaborativa, reflexiva e crítica, no sentido de nos (re)inventarmos, (re)construindo sentidos e significados que componham nossa formação e aprendizagem permanente, em diferentes contextos e situações. A presente proposta surge no quadro da área de tecnologias na educação e, em particular, no que se refere à cultura digital, as quais estabelecem um forte vínculo e, caracterizam-se como um espaço aberto e transversal, que perpassa diversos contextos. Desta forma, temos como pressuposto, que as tecnologias necessitam ser compreendidas como elementos fundamentais das transformações que estamos vivenciando. Ou seja, a apropriação e a incorporação dessas tecnologias não podem se dar, como sugere Pretto e Silveira (2008), meramente como ferramentas complementares, animadoras dos tradicionais processos de ensinar e de aprender. Assim, o problema da pesquisa pode ser descrito a partir das seguintes questões. 1- Qual o perfil dos professores e alunos (dados pessoais, profissionais, educacionais, culturais) de uma universidade intercultural no centro-oeste do Brasil? 2- Quais são as tecnologias, inclusive os materiais didáticos digitais, que fazem parte da vida profissional e acadêmica do grupo pesquisado? 3- Quais são as concepções dos professores e dos alunos sobre as tecnologias e a cultura digital? 4- Como as tecnologias são utilizadas e implicadas no processo de formação dos professores e alunos, com foco na interação, comunicação, colaboração e interconectividade? 5- Como os diferentes grupos participantes se aproximam ou distanciam na apropriação das tecnologias e no desenvolvimento da cultura digital? Essas questões serão estudadas em uma universidade confessional no centro-oeste brasileiro. A pesquisa se desenvolverá na universidade com a participação de pesquisadores, professores e alunos, bem como na rede social Facebook, que será criada para as interações pertinentes ao processo de investigação.
Participa deste projeto de pesquisa uma professora externa oriunda da Universidade da Grande Dourandos/Campo Grande (UNIGRAN CAPITAL).

O projeto de pesquisa se insere no âmbito das pesquisas realizadas no Grupo de Pesquisa Educação e Diferença Cultural, liderado pelo pesquisador, em conformidade com sua trajetória de pesquisa, que tem buscado contribuir com a reflexão sobre o currículo e a epistemologia, com destaque para a análise do uso dos conceitos centrais nesse campo. Centra-se na escuta dos sujeitos que vivem intensamente processos interculturais, de hibridização e tradução, propondo trazer uma contribuição ímpar para o processo de ressignificação do campo do currículo e da epistemologia. Assim como as pesquisas anteriores e as em andamento coordenadas pelo pesquisador, as reflexões teóricas estão inspiradas no campo teórico dos Estudos Culturais, que se caracteriza por uma multiplicidade de saberes que se articulam, defendendo os interesses dos grupos posicionados nas margens, dos sujeitos cujas identidades/diferenças continuam sendo vistas como inferiores, patológicas e abjetas, o que, no contexto brasileiro, implica defender os interesses dos grupos marginalizados, dos excluídos, dos pobres, dos miseráveis, dos sem-terra, dos sem-teto, dos grupos de periferia e principalmente dos indígenas, haja vista serem os grupos que vivem mais intensamente a exclusão. Esse campo teórico tem contribuído para o processo de desnaturalização e ressignificação do currículo e da epistemologia, recorrendo a conceitos como tradução, hibridismo e interculturalidade, além de outros a serem problematizados nessa pesquisa, conforme a pesquisa de campo for indicando. Para tanto, o objetivo geral desse projeto é: analisar as reflexões sobre currículo, interculturalidade e epistemologia de sujeitos que vivem intensamente processos interculturais de tradução e hibridização, de modo a contribuir para a teorização de um currículo e uma epistemologia intercultural por meio da ressignificação de alguns de seus conceitos centrais. Com o intuito de responder ao objetivo geral, além da realização de entrevistas semiestruturadas com sujeitos que vivem intensamente processos interculturais, de tradução e hibridização, suas dissertações e teses também serão analisadas. As escutas serão articuladas com as reflexões teóricas produzidas ao longo de todo o desenvolvimento da pesquisa e publicadas em forma de artigos em periódicos, eventos e capítulos de livros, de modo a contribuir para a ressignificação do campo do currículo e da epistemologia e de outros conceitos centrais articulados com esse campo.

A presente proposta consiste na análise das implicações do uso do laptop educacional a partir do desenvolvimento de uma Comunidade Virtual Interativa, com ferramentas de comunicação e informação para a melhoria do ensino e aprendizagem numa perspectiva interdisciplinar na Escola Estadual Antônio Nogueira da Fonseca, em Terenos – MS (Mato Grosso do Sul). O projeto está sendo desenvolvido em rede sob a coordenação do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Campo Grande) com a participação da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Todas as instituições estão localizadas em Campo Grande, distante cerca de 30 km da cidade de Terenos. Essa pesquisa tem como pressuposto fundamental a ideia de que a ferramenta está no centro da história do homem desde suas origens. Em uma relação circular, o homem fabrica a ferramenta e, em retorno, a ferramenta modela o homem (DIEUZINEIDE, 1994). Assim, diferentes ferramentas produzidas historicamente marcaram presença nas relações sociais. É nessa perspectiva que esta proposta focaliza o uso da informática como uma das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) presentes no contexto escolar que, como ferramenta histórica contemporânea, imprime marcas na constituição do próprio homem, por conseguinte, nas relações pedagógicas. Tem sido intenso o impacto do avanço tecnológico sobre os processos e instituições sociais, dentre eles a escola. No entanto, no cenário escolar, nem sempre as ferramentas relacionadas à informática são concebidas como produtos a serviço do processo de ensino e aprendizagem, comumente, são ladeadas de obstáculos e limitações. Cabe ressaltar que seu status de ferramenta educacional só se concretiza de fato quando é dotada de sentido pelos sujeitos que com ela se relacionam. Trata-se de um objeto que, além de propriedades físicas determinadas é também social, “isto é tendo de certo modo um emprego, elaborado socialmente no decurso do trabalho coletivo e atribuído a ele” (LEONTIEV, 2004, p. 32). Diante disso, tendo como ponto de partida a disponibilização pelo projeto UCA de laptops educacionais e acesso à internet aos alunos do Ensino Fundamental na escola Estadual Antonio Nogueira da Fonseca, na cidade de Terenos, Mato Grosso do Sul, propõe-se o desenvolvimento de uma Comunidade Virtual Interativa de aprendizagem com caráter interdisciplinar. A finalidade dessa Comunidade é promover o uso dos laptops educacionais no processo de ensino e aprendizagem pelos alunos e professores da referida escola, tendo como perspectiva teórica os paradigmas atuais de Softwares Educacionais e a abordagem Histórico-Cultural. A Comunidade Virtual constituirá um espaço de relações sociais mediadas pelas tecnologias da informação e comunicação, em ambientes interativos de aprendizagem. Visando romper com a segmentação do conhecimento e fomentar o papel ativo do aluno no processo de aprendizagem, os ambientes comportarão interfaces voltadas ao processo de reflexão sobre os conhecimentos em pauta, interação entre diferentes sujeitos e áreas, sistematização e socialização de informações, novos modos de percepção e expressão sobre o mundo, mobilização para a ação consciente na sua cotidianidade diante de problemas sociais atuais. A Comunidade Virtual Interativa possuirá interfaces nas quais serão feitos usos da rede mundial de computadores, por meio da qual se pretende também disseminar a ideia no meio educacional de educação para as mídias. As diferentes mídias estão presentes na organização da vida cotidiana com significativa importância ideológica principalmente por meio da publicidade. Desse modo, faz urgente educar para uma leitura crítica mídia. A Comunidade Virtual Interativa visa fomentar uma visão de conhecimento calcada na interdisciplinaridade por meio da integração do uso dessa tecnologia no currículo, no Projeto Político Pedagógico da escola e na prática docente. Assim, pretende-se formar o educando como um usuário ativo, crítico e criativo das tecnologias relacionadas à informática, protagonista de sua história. O projeto pretende promover o uso dos laptops educacionais fornecidos aos alunos para o enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem através de uma Comunidade Virtual Interativa a ser desenvolvida, que funcionará como um ambiente de trabalho. Cada aluno possuirá uma identificação pessoal e poderá interagir com os demais alunos e inclusive com o professor. O cenário da Comunidade Virtual será semelhante a de um mundo virtual, no qual haverá possibilidades de interações entre os sujeitos participantes. As atividades serão lançadas nesse ambiente virtual e poderão exigir a colaboração de mais alunos para a sua finalização. Ou seja, nem sempre as atividades poderão ser realizadas de forma isolada, valorizando, portanto, o trabalho em cooperação. Os alunos, participantes dessa comunidade virtual, acumularão experiências, vivências, práticas, discussões realizadas durante o processo de ensino-aprendizagem mediado pelas tecnologias de informação e comunicação. Projeto Interinstitucional Instituto Federal IFMS – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul / Campus Campo Grande e Universidade Católica Dom Bosco

O projeto, sob coordenação da Professora Dra. Adir Casaro Nascimento atende ao Edital 001/2009- CAPES/DEB/SECAD/INEP- Observatório de Educação Escolar Indígena ,na modalidade de Núcleo Local, envolve o Programa de Mestrado e Doutorado em Educação/UCDB, o NEPPI/UCDB – Núcleo de Estudos e Pesquisa das Populações Indígenas e a participação do CURSO DE LICENCIATURAS INDÍGENAS PROJETO TEKO ARANDU (“viver com sabedoria”), que faz parte de um convênio entre a UFGD- Universidade Federal da Grande Dourados e a UCDB. A equipe executora é formada pelos professores Dr. Antonio Brand (UCDB), Dr. Antonio Hilário Aguilera (UFMS), Dra. Beatriz dos Santos Landa (UEMS), Dra. Marina Vinha (UFGD), Dra. Noêmia Moura (UFGD), MS. Rosa Colman e MS. Carlos Magno Naglis Vieira tem como base as articulações estabelecidas na composição do Grupo de Pesquisa Educação e Interculturalidade/CNPq. Diversos autores (Bhabha, Hall, Barth, Canclini entre outros) enfatizam que a identidade étnico-cultural não é uma realidade muda, mas é fonte de sentido e de construção do real, mesmo onde aparece como marginalizada. Por isso, a consciência de que a sociedade está cruzada por oposições étnicas, de classe, de gênero, de crenças e outras, com interesses muitas vezes contrapostos, indicam a necessidade de se desenvolverem pesquisas que explicitem como os processos econômicos, sociais, legais e religiosos elaboraram, historicamente, a diversidade de culturas e como o fazem no presente, com especial interesse nos processos de produção das diferenças historicamente e hoje, em realidades cada vez mais interconectadas. No espaço da educação escolar, o discurso pedagógico, quer o oficial, quer o acadêmico, tem se evidenciado com um enunciado sustentado por expressões como: diferença, diversidade, alteridade, multiculturalismo, interculturalidade, pluralidade cultural, dimensões identitárias, entre outras menos freqüentes, que colocam em questão as relações entre a escola e a sociedade, enquanto macrosistema, as múltiplas culturas nela presentes, o Estado e as Agências Formadoras de Profissionais em Educação Escolar. A questão central consiste na forma de conceber e dinamizar a relação entre as expressões culturais dos diversos grupos étnicos. Estarão elas em relação de interculturalidade ou instalam-se mais fortemente numa cultura específica, desencadeando processos de homogeneização excludente? Estarão os “diversos” experimentando práticas na tentativa de desconstruir preconceitos e estereótipos, bem como ressignificar conteúdos e possibilitar uma educação emancipadora? Desta maneira, partimos do entendimento de que a escola indígena se configura como um espaço que foi apropriado pelas comunidades locais a qual reúne vários temas de discussão. Na escola, além do das atividades de ensino-aprendizagem, são discutidos assuntos políticos, culturais, religiosos, econômicos e sociais, assim esse “lugar” agrega as pessoas da comunidade e se torna um espaço social de convivência e de tomadas de decisões que refletirão no grupo como um todo. Trata-se, evidentemente , de um espaço de fluxo e troca de saber . Os temas propostos para as pesquisas estão interligados e voltados para a preocupação em relação à educação escolar indígena e a formação de professores para atuarem em suas comunidades e conduzirem à re-elaboração dos saberes indígenas e não indígenas diante da troca cultural entre os dois pensamentos. Para que o diálogo entre sociedade ocidental e sociedades indígenas aconteça é necessário um processo de formação intercultural em que o “nós” se faça no “outro”. Nesse processo de diálogo, negociação e hibridação cultural, utilizamos conceitos baseados em autores como Bhabha, 1998; Stuart Hall, 2002; Canclini, 2000; entre outros. O tema do território e suas implicações para a educação escolar indígena é percebido como de vital importância, quando tomamos em conta a relação que esta população tem com o território e a importância dos recursos naturais para sua reprodução física e cultural e, a constatação de que vivem confinados em terras reduzidas e degradadas. Dessa forma, com a fragmentação e perda territorial, nas últimas décadas os Guarani e Kaiowá buscam formas de superar a situação de confinamento e conseqüente dependência das políticas públicas para sua subsistência. A intenção de trazer a questão da educação indígena e, particularmente da criança indígena guarani e kaiowá para reflexão, como um caminho para nos aproximarmos da complexidade cosmológica, epistemológica e cognitiva que orienta a construção dos “saberes locais”, tem como objetivo não só a oportunidade de colocar em aberto uma experiência acadêmica em andamento, mas também, permitir diversos olhares para um terreno que tem como última instância a prática pedagógica em contextos socioculturais particulares, assim como, dar visibilidade à educação indígena, em especial, no que se refere aos processos próprios de aprendizagem colocados como um direito aos povos indígenas a partir da Constituição de 1988. Estudos sobre os processos próprios de aprendizagem da população indígena brasileira, no contexto de suas particularidades e territorialidades, têm sido escassos principalmente se levarmos em consideração os aspectos específicos destes processos enquanto método/formas de ensinar e aprender, transferidos para as obrigações e responsabilidades da escola indígena diferenciada e específica numa perspectiva intercultural, cuja dinâmica se dá a partir dos movimentos cognitivos e subjetivos de percepção e compreensão do mundo e de si mesma. Metodologia: A pesquisa propõe - se a um esforço histórico, de apreender o seu objeto, ou seja, a formação e a prática pedagógica dos professores- índios Guarani/Kaiowá em seus contextos e complexidade e metodologicamente ancorada no campo do Estudos Culturais que têm como característica “ se aproveita [rem] de quaisquer campos que forem necessários para produzir o conhecimento exigido por um projeto particular” e que “ a escolha de práticas de pesquisa depende das questões que são feitas, e as questões dependem de seu contexto” ( Nelson; Treicheler; Grossberg, 1995, p.9 ) e no campo da Sociologia Política que tem como foco “ o engajamento crítico que coloca o indivíduo dentro da história das relações sociais”, ( Popkewitz, 1997, p. 50 ) e permitem compreender “ que os compromissos estão situados historicamente, são temporários e vinculados às praticas regionais, onde a vida social está sendo estruturada [ ...] limitados pela atenção dirigida aos acordos de poder existentes em locais específicos e em momentos históricos determinados” ( idem, p. 256 ). Nesta lógica, em um primeiro momento, quando se faz necessário a cartografia dos professores – índios no Estado, a proposta é fazer uso de procedimentos tradicionais para esse tipo de coleta ( cartas, questionários, leitura de dados estatísticos já realizados entre outros), em parceria com a Secretaria de Estado e Secretarias Municipais de Educação. A pesquisa documental servirá de orientação para o estudo, explicação e compreensão dos Programas e Projetos de formação inicial e continuada dos professores – índios no contexto das políticas públicas do Estado. Faz-se necessário ainda, a pesquisa bibliográfica no sentido de tornar mais consistente o diálogo com as categorias de análise (já apontadas ao longo do texto) que estarão permeando e mediando as relações entre o(s) pesquisador(es), o objeto de estudo e os sujeitos envolvidos com os mesmos. Tendo como vertentes de recepção professores – índios Guarani/Kaiowá, alunos e comunidade de forma mais ampla, desde o local de onde significam as práticas educativas, a expectativa é “materializar as invisibilidades que se encontram acobertadas pela multiplicidade das subjetividades, proveniente das culturas constitutivas dos sujeitos sociais”. (Siewerdt; Fleuri, 2003, p.131) e por aceitar que “ a teoria e os teóricos não estabelecem tarefas prescritivas” (Popkewitz, 1997, p 259) desmistificando a idéia de que o intelectual/pesquisador tenha uma posição conclusiva em estudos destas natureza. Para tanto, os procedimentos metodológicos para essa especificidade da pesquisa serão delineados a partir da recepção dos próprios grupos de estarem colaborando/participando da pesquisa e/ou os indicadores e indícios (Ginsburg) percebidos nos primeiros contatos e, estar a partir daí, definindo o “lugar” das perguntas sobre a temática e a sua consciência: registrar as expressões em conversas informais, em “encontros de opiniões”, seminários, oficinas, depoimentos individuais, entrevistas abertas, desenhos bem como buscar uma descrição densa por meio de trabalhos etnográficos entre outras formas de captar os significados e as suas mediações, para estes segmentos da população indígena. Cabe ressaltar que todas as ações serão planejadas e executadas com a participação de indígenas (bolsistas), garantindo o protagonismo enquanto pesquisadores e leitores de suas realidades. Objetivo Geral: A partir da realidade da Educação Escolar Indígena em Mato Grosso do Sul, em especial a dos Guarani e Kaiowá, este projeto pretende avaliar as práticas educacionais, tendo em vista o processo de formação de professores indígenas e as interações estabelecidas com o cotidiano da escola indígena, tendo como referência as relações entre de territorialidade, processos próprios de aprendizagem e educação diferenciada. Alunos de Graduação da UFGD – Licenciatura Indígena Intercultural Teko Arandu João Carlos Vilhalva Mota CPF: 002.678.611-76 Josimara Ramires Machado CPF: 017.438.341-01 Maria De Lourdes Caceres Nelson CPF- 325.513.631.87 Ellen Cristina de Almeida CPF: 895.473.491-04 Zenildo Lopes CPF: 817.839.731-53 Rosenildo Barbosa de Carvalho CPF: 024.841.381-30

Em 2011, iniciamos uma pesquisa que buscou entender como se deu uma formação continuada tecnológica oferecida a professores indígenas e não indígenas. Naquele momento, investigamos como tal formação se constituía em relação à constituição de uma comunidade virtual, ao multiculturalismo, à interconectividade e à colaboração no contexto de uso de uma rede social intitulada Ning. Os resultados evidenciaram que os professores em formação, apesar de comprometidos e envolvidos com uma educação crítica, ainda têm pouca familiaridade com as tecnologias em termos gerais e isto dificulta a comunicação, a interação e a participação em ambientes virtuais utilizados em seus processos formativos. Portanto, pretendemos continuar nossa investigação, agora com foco mais específico à rede social Facebook, aquela em que os professores já estão inseridos e a utilizam em suas práticas cotidianas. Entendemos que, por já estarem mais familiarizados com o espaço virtual proposto (Facebook), teremos mais possibilidades de colaboração e participação e, consequentemente, mais problematizações acerca das temáticas que tanto nos interessa: interculturalidade e interconectividade. A nossa grande questão é como se dá a formação continuada tecnológica de professores em contexto intercultural e interconectado, mais especificamente na rede social Facebook.
Palavras-chave: formação tecnológica docente, interculturalidade, interconectividade, Facebook

Antecedentes e Justificativas

Professores, indígenas e não indígenas, inseridos em contextos educacionais mediados pelas tecnologias de comunicação e informação (TIC), mais especificamente pelos computadores, laptops e internet, subutilizam as potencialidades de interação, conectividade e colaboração que os mesmos oferecem. Tais potencialidades podem diminuir o trabalho solitário de alguns professores e promover a formação de comunidades e, consequentemente, trocas e partilha de experiências, concepções, práticas, teorias, ações vivenciadas em diferentes contextos culturais relacionadas ao ensino-aprendizagem mediado pelas TIC.

No Mato Grosso do Sul temos uma grande população indígena e dentro desta população estão os professores indígenas que também, como os não indígenas, enfrentam o desafio cotidiano da inserção das tecnologias de informação e comunicação em suas práticas docentes. Não se pode ignorar este contexto e torná-lo invisível quando pensamos em formação continuada de professores. Tanto os professores indígenas como não-indígenas não podem ser relegados a uma formação de professores que não contemple reflexões, discussões, estudos e pesquisas relacionados à sociedade digital na qual estamos inseridos. Promover um posicionamento crítico-reflexivo, com base teórica e prática, com argumentos que possibilitem fazer escolhas de uso ou não de determinada tecnologia em sua prática docente é uma tarefa dentro de uma formação continuada tecnológica.

Objetivos Gerais e Específicos

Geral: analisar a formação tecnológica continuada de professores em contexto intercultural e interconectado, na rede social Facebook.

Específicos:
Descrever o perfil dos participantes da formação (características pessoais, formação inicial e continuada, áreas de atuação, tempo de magistério, local de trabalho, etc.);

Descrever o processo de formação tecnológica continuada de professores quanto ao conteúdo, à forma, à metodologia, fundamentos teóricos, à avaliação, à frequência, etc.;

Explicitar a familiaridade dos participantes da formação tecnológica continuada de professores em contexto intercultural em relação à rede social Facebook (quanto tempo de uso, frequência, número de amigos, número de postagens, que interfaces utilizam, para qual finalidade, em quais contextos, etc.);

Reconhecer as experiências vivenciadas pelos professores no contexto educacional mediado pelas TIC, mais especificamente quando no uso das ferramentas de informação e comunicação e as redes sociais e ambientes virtuais de aprendizagem considerando os diferentes contextos culturais, especialmente após um ano de formação continuada realizada;

Analisar as questões interculturais que afloraram ou afloram no decorrer do processo de formação intercultural e como elas se relacionam ao uso das tecnologias de informação e comunicação e suas interfaces;

Compreender o processo de interconectividade no contexto de formação continuada de professores em contexto intercultural, na rede social Facebook e suas implicações na prática docente.

Analisar as questões concernentes à linguagem utilizada na formação tecnológica continuada de professores em contexto intercultural, na rede social Facebook (intertextualidade, coesão, coerência, hipertextualidade).

Revisão da Literatura

Segundo Veiga (2006, p.67), “[...] Neste mundo complexo e de profundas transformações, também se tornam mais complexas as práticas educativas e torna-se inquestionável uma nova forma de organização do trabalho das instituições”, além de transformações “nos processos de formação inicial e continuada de professores bem como no posicionamento de todos os que trabalham na educação”.

As transformações exigidas pelo novo espaço cibernético (como, por exemplo, a maneira como pensamos, conhecemos, aprendemos e lidamos com o saber) requerem novos hábitos intelectuais para lidar com novos signos, representações e interações. As novas formas de trabalho, novas maneiras de viver e de se comunicar vêm influenciando a sociedade, exigindo flexibilidade e participação de todos e interdependência.

Sob esta perspectiva, o trabalho do professor passa de uma atividade instrumental, dirigida a resolver problemas mediante a aplicação de teorias científicas, de reprodução de práticas tidas como corretas, para uma proposta de docência que supere a relação mecânica e linear entre o conhecimento e a prática, havendo elaboração e modificação de rotinas, recriação e invenção de procedimentos e recursos.

Segundo Fischer (2007, p. 291), com a inserção das novas tecnologias em nossas vidas, há profundas transformações “no que se refere às nossas experiências com os saberes, às trocas com os outros, às formas de inscrever-nos no social, de escrever, de falar, de pensar o mundo e a nós mesmos”.

Dentre estas transformações, Fischer (2007, p. 291) pontua o excesso, acúmulo e a velocidade do acesso às informações, as mudanças na maneira de viver a vida privada e suas relações com as práticas sociais, as práticas do mercado, a centralidade do corpo, a crescente mistura de diferentes tipos de linguagens.

Discutir o novo no contexto educacional tecnológico vai muito além da simples inserção das tecnologias de comunicação e informação em nossas práticas educativas, ou do uso de ambientes virtuais de aprendizagem nos cursos a distância. Seria interessante perguntar, sempre que possível, se não está se reproduzindo o mesmo modelo de educação que sempre se utilizou, apenas como uma nova roupagem que se diz inovadora.

Metodologia

Adotamos nesta pesquisa o conceito de pesquisa qualitativa que possui algumas características: dados descritivos; inserção direta do pesquisador no ambiente pesquisado, sempre preocupado em apresentar a perspectiva dos participantes da pesquisa; foco no processo e não no produto; valorização do ambiente natural como provedor de dados; e, o pesquisador como o principal instrumento de investigação (Bogdan & Biklen, 1982).

A pesquisa ora proposta consistirá em um estudo de natureza teórica, com apoio de base empírica, valendo-se da literatura existente sobre tecnologias educacionais, educação a distância, formação continuada de professores, com ênfase na perspectiva da aprendizagem colaborativa.

Assim, em complemento à pesquisa bibliográfica e da produção acadêmica já consolidada sobre essa temática, será desenvolvido um estudo voltado para a análise da a formação continuada tecnológica de professores em contexto intercultural e interconectado, mais especificamente na rede social Facebook.

A pesquisa será realizada em duas fases. A primeira destina-se à revisão bibliográfica relativa às teorias, às questões e temáticas concernentes ao tema, com a apropriação e amadurecimento de referenciais teóricos e matrizes analíticas.

Na segunda fase, o foco se voltará à análise do fenômeno em foco: “a formação continuada tecnológica de professores em contexto intercultural e interconectado, mais especificamente na rede social Facebook

Antecedentes e Justificativa: O projeto de pesquisa Bem-estar e mal-estar docente: formação continuada e trabalho dos professores de Campo Grande-MS apresenta como principal objeto de estudo o bem-estar e do mal-estar dos professores de Campo Grande, MS. A escola está passando por profundas transformações que exigem adaptações nos modos de ser e de estar no mundo e na profissão por parte dos docentes, o que, segundo Nóvoa (1991), provoca um mal-estar nos professores cujas conseqüências “estão à vista de todos: desmotivação pessoal e elevado índice de absenteísmo e de abandono, insatisfação profissional traduzida numa atitude de desinvestimento e de indisposição constante” (p.20). Por outro lado, em estudos realizados anteriormente (Jesus, 1995, 1998 e Rebolo, 1999, 2005), percebe-se que ainda há, na escola e no trabalho docente, elementos capazes de desencadear satisfação e bem-estar aos professores. O bem-estar é um estado de prevalência de satisfação com o trabalho que leva ao envolvimento e comprometimento com a atividade laboral, que dificulta o aparecimento do estresse e contribui para o não adoecimento do professor. Assim, compreender as fontes que geram e mantém o bem-estar docente é de grande relevância, pois, o estado de bem-estar pode propiciar aos professores condições mais favoráveis para que, ao se depararem com as dificuldades do trabalho docente na sociedade contemporânea, possam vislumbrar possibilidades de reestruturação adequada de suas práticas e modos de ser e estar na profissão. Em pesquisa realizada por Moura e Bastos (Trabalho e saúde: o mal-estar docente dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal de Campo Grande-MS. Trabalho de Conclusão de Curso-Pedagogia) em 2010, constatou-se que, de 2008 para 2009, houve um aumento de 31,61% nos pedidos de licenças médicas de professores da rede municipal de Campo Grande. Porém, não encontramos outros estudos realizados nessa região a respeito dessa problemática; daí a relevância desta proposta de pesquisa. Objetivo Geral: Investigar o bem-estar e o mal-estar docente, identificando os antecedentes, os correlatos e os conseqüentes e buscando as interfaces com a formação de professores e com as especificidades e condições do trabalho docente na sociedade contemporânea. Objetivos Específicos: 1- Identificar o grau de satisfação/insatisfação dos professores com as várias dimensões do trabalho docente; 2- Identificar o grau de satisfação/insatisfação dos professores com os programas de formação continuada que lhes são oferecidos; 3- Analisar e discutir as condições de trabalho e os limites e as potencialidades dos programas de formação continuada em relação à melhoria da qualidade de vida no trabalho, da saúde e do bem-estar dos professores. Procedimento Metodológico: A pesquisa será realizada com a abordagem qualitativa (exploratória, descritiva e interpretativa) que envolverá a identificação do grau de satisfação/insatisfação dos professores das redes estadual e municipal de Campo Grande, MS com os fatores relacionados às quatro dimensões do trabalho e com os programas de formação continuada. Compreendendo dois eixos investigativos, será iniciada com uma ampla revisão da literatura, que mapeará a produção de conhecimento sobre o objeto de estudo deste projeto. A continuidade do percurso investigativo, onde serão coletados os dados que oferecerão suporte empírico para a análise e compreensão do processo de obtenção do bem-estar docente, possibilitando a identificação do grau de satisfação dos professores com cada uma das dimensões do trabalho docente e a relação destes com a percepção da contribuição dos programas de formação continuada, será composto dos seguintes procedimentos: (1) Aplicação de questionário elaborado a partir do modelo proposto por Walton (1975) para a análise da qualidade de vida no trabalho e do modelo proposto por Rebolo (2005) para a análise do bem-estar docente; (2) Realização de entrevistas semi-estruturadas, por meio das quais se coletará o depoimento dos professores sobre suas vivências no trabalho, sobre as dinâmicas e as estratégias de enfrentamento que geram e mantém o bem-estar docente, bem como as possíveis contribuições dos programas de formação continuada sobre essas vivências. Os procedimentos de análise dos dados serão conduzidos com base no referencial teórico apresentado a seguir. Referencial Teórico: Percebe-se que há um mal-estar rondando os professores. Por se encontrarem inseridos em uma sociedade que se transforma muito rapidamente e que exige constantes mudanças e adaptações, se sentem insatisfeitos ao não conseguirem dar conta das exigências que lhes são feitas no campo profissional. De modo geral pode-se dizer que essa crise altera o sentido e o significado do trabalho docente (Toffler, 1998; Esteve, 1991, 1992); e é resultado não só das transformações que ocorrem na sociedade mas também do processo através do qual a profissão se desenvolveu (Nóvoa, 1991, 1992; Hypólito, 1997) e do modo como está organizada (Dejours, 1991, 1994). Aspectos esses que no seu conjunto interferem no envolvimento e na auto-realização do professor com o trabalho. A expansão dos programas de formação continuada de professores está pautada em alguns critérios que visam, principalmente, adaptar o corpo docente às inovações tecnológicas e ao vertiginoso crescimento dos saberes científicos. Mas existem outros saberes importantes para a consecução eficiente do trabalho docente que, segundo Jesus (1998), precisam ser considerados. É necessário, por isso, aprofundar a discussão sobre os pressupostos teórico-metodológicos da formação continuada, para que ela possa, de fato, contribuir para o desenvolvimento dos professores e a melhoria da qualidade da educação. Vários autores, Nóvoa (1986, 1991, 1992), Gatti (1997, 2003), Veiga (2002), Marin (2003), Cunha (2004), entre outros, tem se dedicado a essa discussão e contribuído para o repensar necessário desse tipo de formação. A necessidade, posta pelo contexto social mais amplo à educação, exige dos professores, para além do domínio de novos métodos e técnicas de ensino, outras habilidades que levem a uma reflexão crítica sobre seus valores e crenças, sua identidade profissional e seu papel social. Gatti (2003), aponta para a importância de não se ignorar a natureza e as características psicossociais do ato educativo ao se planejar os programas de formação continuada. Para a autora, a formação continuada pode ser considerada uma questão psicossocial, tendo em vista as várias dimensões que a compõem, a saber: 1- Especialidade; 2- Didática e pedagógica; 3- Pessoal e social; 4- Expressivo-comunicativa 5- Histórico cultural. Existem, entretanto, outros critérios que influenciam a obtenção do bem-estar docente, que pode ser definido como a vivência, com maior freqüência e intensidade, de experiências positivas no trabalho. É um processo dinâmico construído na intersecção de duas dimensões, uma objetiva e outra subjetiva. A dimensão objetiva corresponde às características do trabalho em si e às condições oferecidas para a sua realização. A partir dos componentes citados por Csikszentmihalyi (1992) como essenciais para que as atividades da vida cotidiana proporcionem satisfação; das características ambientais que, segundo Peter B. Warr (1987) devem estar presentes nas atividades do trabalho e se constituem na base do bem-estar e o modelo proposto por Richard Walton (1975), composto de oito critérios específicos para análise da qualidade de vida no trabalho, propõe-se, nesta pesquisa, a análise do trabalho docente a partir de quatro dimensões, a saber: 1- A dimensão da atividade laboral; 2- A dimensão relacional; 3- A dimensão sócio-econômica; 4- A dimensão concreta. A dimensão subjetiva está relacionada às características pessoais do professor e diz respeito tanto às competências e habilidades que possui quanto às suas necessidades, desejos, valores, crenças e projeto de vida. Compreende, também, a auto-aceitação, o relacionamento positivo com outras pessoas, a autonomia, o domínio do ambiente, o propósito de vida e o crescimento pessoal (Ryff, 1989; Ryff e Keyes, 1995). A intersecção dessas duas dimensões refere-se às ligações, basicamente virtuais, realizadas por meio das avaliações que o professor faz de si próprio, da atividade que realiza e das condições existentes para o desempenho do trabalho. Quando o resultado dessa avaliação for positivo, haverá o bem-estar e a possibilidade de felicidade. Quando for negativo, ocorrerá o mal-estar, um estado de desconforto, resultante de insatisfações e conflitos, que desencadeará estratégias de enfrentamento, as quais se constituem em ações que visam eliminar ou minimizar a sensação de mal-estar e obter o bem-estar. Participam também da Equipe: Jacira Helena do Valle Pereira (UFMS) e Norma Celiane Cosmo (UCDB)

A intenção neste projeto de pesquisa é investigar como a imprensa sul-mato-grossense divulgou as notícias e os acontecimentos relacionados à história da educação salesiana no período de 1977 a 2017, correspondente aos 40 anos de existência do estado de Mato Grosso do Sul. Investigaremos as publicações da imprensa no município de Campo Grande-MS

Este projeto de pesquisa pretende investigar a docência na infância, ou seja, o professor iniciante que atua com crianças de 0 a 5 anos, faixa etária abrangida pela educação infantil considerada a primeira etapa da educação básica, com o intuito de compreender seus processos de aprendizagem da profissão na tentativa de responder as questões:
- que concepções tem o professor sobre os saberes profissionais necessários aos professores que atuam com crianças pequenas;
- em que e como esses saberes profissionais se distinguem dos conhecimentos universitários elaborados pelos pesquisadores da área de ciências da educação e aprendidos na formação inicial;
- que práticas os professores da Educação Infantil desenvolvem visando à construção de diálogos que articulem teoria e prática e possibilitem o desenvolvimento profissional.
Portanto, a pesquisa mostra-se relevante pelo fato de estar vinculada ao curso de Pedagogia, onde atuamos como docente, ao grupo de pesquisa GEPDI “Grupo de Estudos e Pesquisas da Docência na Infância”, sob nossa coordenação e formado por mestrandos e doutorandos, professores de educação infantil iniciantes, professores e acadêmicos do Curso de Pedagogia vinculado a linha II - Práticas pedagógicas e a suas relações com a formação de professores do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco. A vinculação deste estudo com a escola de educação básica, representada por sua primeira etapa, ou seja, a educação infantil, a graduação e pós-graduação mostra-se um espaço fértil para o desenvolvimento do trabalho de investigação. O campo empírico da pesquisa está circunscrito aos professores iniciantes que atuam na Educação Infantil na rede pública e privada. A contribuição da pesquisa para o campo da formação de professores será significativa no sentido que articulará processos de formação inicial e continuada mostrando-se relevante em termos institucionais, sociais e científicos a partir de um trabalho pautado no ensino, pesquisa e extensão.

Este projeto está vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação, Trabalho e Bem-estar Docente (GEBEM/CNPq) e tem por objetivo analisar as especificidades do trabalho docente e dos contextos escolares que desencadeiam e sustentam vivências positivas e/ou negativas dos professores, a partir dos elementos (históricos, socioeconômicos, infra estruturais, relacionais e pessoais) que intervêm nos processos escolares/sistemas educacionais, presentes nas histórias de vida de professores. Será utilizado o método (auto)biográfico, tendo como corpus de pesquisa as narrativas de professores constantes do Museu da Pessoa. Serão selecionadas as histórias que tragam elementos individuais e institucionais do trabalho docente e que permitam a análise da intersecção desses elementos na vida e no trabalho dos professores. O critério para a seleção dessas histórias será a presença, nas narrativas, de fatos indexados (que tem referência concreta a ?quem fez o que, quando, onde, como e por que? e remetem ao contexto mais amplo sócio-histórico, cultural, econômico e organizacional) e não indexados (que ?expressam valores, juízos, sentimentos e opiniões em relação aos fatos e acontecimentos indexados? e remetem à dimensão individual de enfrentamento e posicionamento frente aos fatos do contexto mais amplo) conforme a proposta de análise temática de Schütze (2010). Compreender a inter-relação do ?eu? com o ?mundo?, da ?pessoa do professor? com o ?trabalho docente? e o contexto mais amplo onde acontece essa relação, permitirá identificar o que é susceptível de constituir mediações entre as diversas instâncias da vida social e profissional e as atitudes e decisões individuais. Essas mediações, sintetizadas pelo indivíduo em sua narrativa a partir da explicitação das relações e dos vínculos estabelecidos com os diversos contextos e grupos com os quais interage, ao serem desveladas, permitirão que se conheça esses contextos e grupos a partir da perspectiva do indivíduo e também que se compreenda as influências dos espaços sociais e profissionais sobre os indivíduos. Espera-se subsidiar, com os resultados obtidos, a melhor compreensão dos aspectos (organizacionais e pessoais) intervenientes no trabalho docente e, também, ações políticas e institucionais/escolares que possibilitem a melhoria da qualidade da educação e da qualidade de vida dos professores no trabalho

O objetivo desta pesquisa é analisar o processo de implementação do Plano de Ações Articuladas (PAR), em municípios do Estado de Mato Grosso do Sul, assim como as ações redimensionadas no PAR 2011-2014. Os objetivos específicos são: identificar as ações do PAR (2007-2010) efetivadas e em andamento, no âmbito das redes municipais de educação; examinar as medidas adotadas pelas Secretarias Municipais de Educação para subsidiar o acompanhamento e a avaliação das demandas definidas no PAR (2007-2010), principalmente, no âmbito da Dimensão gestão educacional; verificar as medidas adotadas pelos Conselhos Municipais de Educação para acompanhamento e avaliação do PAR; analisar as ações redimensionadas no PAR elaborado para o período 2011-2014 e analisar como os gestores educacionais avaliam as ações do PAR implementadas nas redes municipais de ensino e as ações definidas no PAR 2011-2014. Para a consecução dos objetivos definidos serão utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: análise bibliográfica; análise de documentos oficiais; entrevistas de caráter semiestruturado com gestores responsáveis pela implementação do PAR nos cinco municípios selecionados (Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas e Ponta Porã), ou seja, os cinco mais populosos do estado, conforme o censo do IBGE (2010) e acima de 50.000 habitantes; levantamento de dados estatísticos da base de dados do INEP/MEC e do IBGE. Os dados qualitativos e quantitativos serão analisados à luz do referencial teórico adotado.
Palavras-chave: Políticas educacionais; planejamento educacional; Plano de Ações Articuladas (PAR); acompanhamento e controle social.

Esta proposta apresenta como objeto de pesquisa a análise das políticas de acesso e permanência na educação superior no processo de democratização da sociedade brasileira, no período compreendido entre os anos de 1995 (início do primeiro mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso) a 2010 (final do segundo mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva). É necessário justificar a razão de se focalizar o estudo das categorias “acesso” e “permanência”, articuladas à compreensão de outra categoria fundamental para a análise das políticas de educação superior no Brasil nas duas últimas décadas, ou seja, a categoria “democratização”. Essa análise articulada, revela-se de mais importância ainda ao se levar em consideração as políticas implementadas nos períodos governamentais de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) quando a sociedade brasileira enfrenta o desafio de construir e consolidar o processo democrático. Nesse sentido, esta proposta de pesquisa situa-se no contexto das políticas formuladas e implementadas ao longo dos anos 1990 e 2000, período em que as orientações de cunho neoliberal encontraram terreno fértil para serem executadas em todas as esferas da sociedade. De acordo com Dagnino, o estudo da década de 1990 implica examinar “[...] os processos de continuidade e de ruptura, a convivência do velho e do novo, numa realidade que, se certamente passou por transformações muito significativas enfrenta ainda desafios antigos.” (1994, p. 8) O Estado que, em tese, deveria ser a “esfera comum a todos” de “lutas por acesso à riqueza social”, ou seja, de garantia da cidadania, acaba se transformando num instrumento de legitimação dos interesses de uma “determinada classe social e de seu projeto societário”. Isso significa segundo o autor, que as políticas públicas “[...] longe da idéia de consenso social, são a expressão de conflitos de interesses das camadas e classes sociais” (SILVA, 1997, p.189). OBJETIVOS - Analisar as políticas de acesso e permanência na educação superior, no processo de democratização da sociedade brasileira, no período 1998-1010. - Investigar em que medida as políticas de ampliação do acesso estão resultando na garantia da permanência na educação superior e democratização desse nível de ensino. - Analisar as diferenças étnicas e sociais do acesso à educação superior nos setores público e privado e também sob a perspectiva da diversidade regional. - Analisar a diversidade e a heterogeneidade institucional e os programas de implementação das políticas de ações afirmativas na educação superior no período. - Sistematizar a produção científica do GEPPES nessa temática, identificando as lacunas a serem preenchidas com futuras pesquisas de Iniciação Cientifica, Mestrado e Doutorado. REFERENCIAL TEÓRICO A pesquisa focaliza o estudo dos programas de acesso e permanência na educação superior, especialmente a partir dos anos 1990. Com efeito, é a partir dessa década que as políticas de caráter neoliberal são implementadas com maior ênfase nos países da América Latina. De acordo com Perry Anderson (1995) o neoliberalismo constituiu-se numa “reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar”. Anderson afirma ainda que o texto “de origem” do neoliberalismo é de autoria de Friedrich Hayek e se intitula “O Caminho da Servidão”, escrito em 1944. A obra constitui-se em um “ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política” (1995, s.p.) As idéias de Hayek e seus seguidores conquistaram mais espaço diante das crises do modelo econômico do pós-guerra, “quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação” (ANDERSON, 1995, s.p.). Na sociedade brasileira, bem como nos países da América Latina, o neoliberalismo aprofundou as desigualdades estruturais existentes, tanto do ponto de vista econômico, quanto social, cultural e educacional. A desobrigação do Estado com as políticas sociais, ou seja, com a garantia de serviços essenciais básicos, como saúde, educação, trabalho, entre outros, deu margem para que a iniciativa privada ocupasse espaços cada vez mais amplos na vida das pessoas; esses serviços passaram a ser oferecidos por empresas capitalistas preocupadas em comercializar seus produtos num mercado competitivo que prima em satisfazer as necessidades e interesses individuais. No contexto da educação superior podem-se identificar os sintomas do neoliberalismo na expansão acelerada do ensino privado; na heterogeneidade e diversificação das Instituições de Educação Superior; na oferta e ampliação do ensino a distância, na ampliação da oferta de cursos noturnos, entre outras características. Nesse contexto, da ideologia neoliberal e das reformas educacionais, que se explicitam novas questões para a educação superior brasileira, como a questão da ampliação do acesso a esse nível de ensino. Constata-se, por exemplo, que programas oficiais de estímulo e ampliação do acesso em diferentes perspectivas (ensino noturno, ações afirmativas, educação a distância) começam a aparecer com maior ênfase nas políticas governamentais, especialmente após a aprovação da LDB, de 1996, com a intenção de democratizar o acesso à educação superior. Nessa direção, o documento “Políticas Sociais – Acompanhamento e Análise” do IPEA (2007), afirma que o grande “desafio neste nível de ensino é a democratização do acesso” e que essa democratização “pressupõe não apenas a oferta de vagas, mas também a viabilidade de preenchimento pelos potenciais demandantes” Para a efetiva democratização, além disso, são necessárias políticas que favoreçam não só a permanência nos cursos de graduação, bem como a sua manutenção. Programas pontuais e focalizados ou “compensatórios” são importantes, pois contribuem para esses dois fatores: manutenção e permanência. No entanto, são necessárias políticas de Estado que se constituam como direitos assegurados aos jovens que não conseguem, por seu esforço individual, como preconizam as políticas neoliberais, ter acesso a um curso superior. Colocar no jovem a responsabilidade de enfrentar individualmente a difícil corrida pelo acesso a uma vaga, especialmente pública, é deixar de reconhecer as contradições inerentes à sociedade desigual e excludente, como a brasileira, que figura entre os países da América Latina com um dos mais baixos índices de desenvolvimento educacional. Conforme Relatório da UNESCO, o Brasil apresenta índice de 0, 901, abaixo de vários países da América Latina, como por exemplo, Argentina (0, 979), Chile (0969), Uruguai (0, 948), Venezuela (0, 931), Equador (0, 917), Bolívia (0, 913) e Paraguai (0, 902). (UNESCO. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular) PROCEDIMENTO METODOLÓGICO As fases e procedimentos metodológicos previstos para essa investigação, são: a) Classificação e organização de fontes bibliográficas (livros, periódicos, entre outros) relacionadas mais diretamente aos estudos sobre as políticas de acesso, permanência e democratização na educação superior – “estado da arte”; seleção de categorias de análise com base no estudo desse material; levantamento, categorização e análise da produção científica sobre acesso, permanência e democratização da educação superior no Banco de Dados Universitas/Br, no GT Política de Educação Superior da ANPEd, nos anais dos Seminários Nacionais Universitas/Br e nas produções do GEPPES – complementação e aprofundamento do estado do conhecimento sobre a temática PRINCIPAIS REFERÊNCIAS ARAÚJO, et alii. Cursos noturnos – uma alternativa para a inclusão no ensino superior brasileiro (estudo de caso da UFMG). In: PEIXOTO, Maria do Carmo de Lacerda (org.). Universidade e Democracia. Belo Horizonte:UFMG, 2004. BIANCHETTI, Roberto G. Modelo Neoliberal e Políticas Educacionais. 3.ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001. BITTAR, Mariluce; ALMEIDA, Carina E. Maciel de; VELOSO, Tereza Christina M. Aguiar. Ensino Noturno e Expansão do Acesso dos Estudantes-Trabalhadores à Educação Superior. In: BITTAR, Mariluce; OLIVEIRA, João Ferreira de; MOROSINI, Marília (orgs.). Educação Superior no Brasil – 10 anos pós-LDB. Brasília:INEP, 2008, p. 89-110. (Coleção INEP 70 anos). PIRES, Marília F. de Campos; REIS, José R. Tozoni. Globalização, neoliberalismo, universidade: algumas considerações. Interface. Comunicação, Saúde, Educação. São Paulo: UNESP, v.3, n.4, 1999, p. 29-39. SAMPAIO, H. Ensino superior no Brasil: o setor privado. São Paulo: FAPESP: HUCITEC, 2005. SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de; EVANGELISTA, Olinda. 3.ed. Política Educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. SILVA, Ademir Alves da. Política Social e Política Econômica. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, (55), novembro de 1997, p. 189-191. EQUIPE DE PESQUISADORES: Mariluce Bittar (coordenadora) Carina Elisabeth Maciel (pesquisadora/UCDB/UFMS) Claudia Mara Stapani Ruas (doutoranda/UCDB) Débora Juliana Nepomuceno de Souza (mestranda/CAPES/PROSUP/UCDB) Mariele Nogueira de Oliveira (aluna de Iniciação Científica/PIBIC/CNPq/UCDB) Sidinéa Faria Gonçalves da Silva (doutoranda/FUNDECT/UEMS/UCDB) Alunos de Graduação: 1 Mestranda: 1 Doutoranda em Educação:2

O projeto de pesquisa “Relações étnico-raciais, gênero e desigualdade social no ensino fundamental do 6º ao 9º ano nas escolas públicas estaduais de Campo Grande – MS” teve início no ano de 2013 e tem quatro anos de duração, centrar-se na problematização de três temas de extrema relevância para a educação básica, conforme indicam vários pesquisadores (Louro, 2008; Backes, 2011; Candau, 2008, 2011, 2012, Siss, 2011; Moreira e Cunha, 2008; Canen e Xavier, 2011; Pavan, 2010; Backes e Pavan, 2011; Rohden, 2011). De modo sintético pode-se dizer que essas pesquisas indicam que: a) apesar da implementação de algumas políticas públicas educacionais voltadas para essas questões e a produção científica sobre essas temáticas, no campo das práticas pedagógicas, a ênfase continua sendo a legitimação da cultura hegemônica (branca, masculina, heterossexual, classe média/alta) e, em decorrência, práticas sexistas, racistas e classista continuam vigentes nos diferentes ambientes educativos, sejam formais ou informais. Apesar da tendência dessas práticas, há também experiências de educação antirracista, antissexista e anticlassista em algumas escolas, e/ou praticadas por alguns professores; b) de modo geral, os professores lembram que, em seus processos de formação, não tiveram conteúdos voltados para essas temáticas. Junto com tal constatação, os professores revindicam que essas discussões façam parte dos processos formativos, seja na formação inicial ou continuada. A intenção é desenvolver um estudo nas quatro escolas públicas estaduais de Campo Grande que possuem o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), investigando como essas escolas lidam com as relações étnico-raciais, com as relações de gênero e a desigualdade social, no ensino fundamental do 6º ao 9º ano. Ressaltamos que haverá uma atenção especial em identificar práticas antirracistas, antissexistas e anticlassistas.
Justificativa do Projeto
Parte-se do pressuposto de que o IDEB atesta uma qualidade muito específica da educação. Os estudos de gênero, raça e classe notadamente também estão preocupados com outras dimensões da qualidade: qualidade das relações étnico/raciais, isto é, se procuram legitimar e valorizar todas as etnias/raças, evitando visões discriminatórias e estereotipadas; a qualidade das relações de gênero, isto é, se procuram questionar a heteronormatividade e valorizam e veem como legítimas diferentes formas de viver a sexualidade e a identidade de gênero; a qualidade social, isto é, se os processos de desigualdade são vistos como fruto das relações da sociedade capitalista e da injustiça social, e não como provenientes de uma suposta inaptidão ou deficiência do individuo que vive numa situação de precariedade social. Se essas dimensões de qualidade forem atendidas, temos uma qualidade maior da educação, e conforme as pesquisas indicam, provavelmente haverá um aumento do IDEB, já que a evasão, repetência, e menor rendimento deve-se na ótica dos estudos de gênero, raça/etnia e classe (Louro, 2008; Meyer, Backes, 2011; Candau, 2008, 2011, 2012, Siss, 2011; Moreira e Cunha, 2008; Canen e Xavier, 2011; Pavan, 2010; Backes e Pavan, 2011; Rohden, 2011), à incapacidade de a escola trabalhar com as diferenças étnico-raciais e de gênero e com a desigualdade social sem estigmatizar os alunos pobres. Os alunos que costumam se dar bem na escola são os alunos da cultura hegemônica (classe média/alta, heterossexual, branca), não por uma questão de mérito, mas porque a escola contempla sua cultura e classe. Portanto, desenvolver um estudo nas quatro escolas públicas estaduais de Campo Grande que possuem o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), investigando como essas escolas lidam com as relações étnico-raciais, com as relações de gênero e a desigualdade social, no ensino fundamental do 6º ao 9º, é relevante, por complexificar a concepção de qualidade e contribuir para o debate científico das articulações entre essas dimensões e a educação básica.
Objetivo Geral do Projeto
Articular pós-graduação, licenciaturas e escolas da rede pública de educação básica e analisar como as quatro escolas públicas estaduais de Campo Grande que possuem o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do 6º ao 9º ano (IDEB) lidam com as relações étnico-raciais, com as relações de gênero e a desigualdade social, no ensino fundamental do 6º ao 9º ano, com atenção especial para a identificação e caracterização de práticas antirracistas, antissexistas e anticlassistas.
Objetivos Específicos
- Utilizar os bancos de Dados do INEP que contribuam para entender as características das escolas envolvidas.
- Comparar os dados do INEP que caracterizam as escolas pesquisadas com dos dados regionais e nacionais.
- Analisar as práticas didático-pedagógicas implementadas com vistas ao aumento do IDEB, sobretudo se essas contemplam questões ligadas a relações étnico-raciais, de gênero e de desigualdade social;
- Analisar a compreensão dos professores do 6º ao 9º ano sobre as relações étnico-raciais, de gênero e sobre os processos de desigualdade social.
- Identificar se (e quais) relações os professores do 6º ao 9º ano estabelecem entre desempenho acadêmico e as relações étnico-raciais, de gênero e os processos de desigualdade social.
- Caracterizar os alunos do 6º ao 9º ano das quatro escolas em relação a sua identidade racial, de gênero e de classe.
- Identificar se (e quais) práticas antirracistas, antissexistas e anticlassistas existem no 6º ao 9º anos nas quatro escolas investigadas.
- Produzir uma Tese de Doutorado em Educação, três dissertações de Mestrado em Educação e vários trabalhos de Iniciação Científica relacionados com os objetivos do projeto;
- Produzir um conjunto de artigos relacionados com os objetivos do projeto de pesquisa para fins de publicação em ANAIS, periódicos e capítulos de livro;
- Aprofundar as discussões sobre relações étnico-raciais, relações de gênero e a desigualdade social, no âmbito do Grupo de Pesquisa Currículo, Formação de Professores e Práticas Pedagógicas e Grupo de Pesquisa Educação e Interculturalidade.
Metodologia
A pesquisa será desenvolvida por meio do aprofundamento do referencial crítico que contribui para que a desigualdade, as relações étnico-raciais e de gênero não sejam vistas como naturais e inevitáveis, mas como resultado das relações sociais assimétricas de poder (Louro, 2008; Backes, 2011; Candau, 2008a, 2008b , 2009, 2011, 2012, Siss, 2011; Moreira e Cunha, 2008; Canen e Xavier, 2011; Pavan, 2010; Backes e Pavan, 2011; Rohden, 2011; Giroux, 1997; Kincheloe, 1997; Santos, 1999; Santomé, 2011, Arroyo, 2011; Apple, Au e Gandin, 2011, e outros). Utilizaremos os instrumentos que estão em consonância com a pesquisa qualitativa e os dados disponíveis no Banco de Dados do INEP, estando em questão o aprofundamento da compreensão sobre os dados. O critério de escolha das escolas é selecionar as quatro escolas estaduais localizadas no município de Campo Grande - MS que obtiveram o melhor IDEB do 6º ao 9º ano do ensino fundamental em 2011.
Serão realizadas entrevistas (com professores, equipe de gestão, alunos) dessas escolas, do nível de ensino escolhido: “As boas entrevistas produzem uma riqueza de dados, recheados de palavras que revelam as perspectivas dos respondentes” (Bogdan e Biklen, 1995, p. 136). A observação das aulas e do ambiente escolar também é vista como fundamental para atender os objetivos da pesquisa, podendo essa ser participante ou não (Bogdan e Biklen, 1995). O procedimento metodológico organizado desta forma é o que neste momento se mostra mais adequado. Mas ele não tem a pretensão de que seja o único possível. Como afirma Alves-Mazzotti: “[...] as pesquisas qualitativas, por sua diversidade e flexibilidade, não admitem regras precisas, aplicáveis a uma ampla gama de casos” (2001, p. 147). As especificidades e as possíveis alterações no processo metodológico, dar-se-ão por meio da discussão de todos os participantes do projeto, que se reunirão periodicamente para aprofundar as questões teóricas e metodológicas, e avaliar o andamento da pesquisa.