Produtores rurais recebem capacitação na Fazenda-Escola da UCDB para produzir barras energéticas

30/11/2016 - 9:00 - UCDB

Fonte: Natalie Malulei

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No laboratório da Fazenda-Escola produtores que fazem parte de duas comunidades agrícolas, a Broto Fruto Culinária do Cerrado, em Campo Grande, e a Cooperana, no assentamento Nova Aliança, em Terenos, aprenderam como extrair das cascas do maracujá a pectina — fibra que compõe a parede celular e tem o poder gelificante (dá consistência a pastas, doces e geleias). Como participam do projeto ‘Desenvolvimento e comercialização de barras energéticas a partir de produtos locais’, a substância vai ser utilizada pelos produtores para dar liga aos ingredientes que vão compor as barrinhas doces, como frutas e castanhas regionais.

A metodologia que permite a extração da pectina foi desenvolvida no Centro de Tecnologia e Análise do Agronegócio (CeTeAgro) pelos acadêmicos de Agronomia da Católica Carollayne Santana, 20 anos, e Mateus Correia, também de 20 anos. O processo dura de três a quatro dias e para que os produtores pudessem acompanhá-lo em apenas um, os universitários deixaram as etapas pré-prontas. “Fizemos uma demonstração da metodologia de extração de uma forma que eles consigam reproduzir o passo a passo na fazenda. Além disso, adaptamos as técnicas: em laboratório, a retirada da pectina é feita com o auxílio de um determinador de fibra; e agora, o mesmo processo também pode ser feito a banho de óleo e ser executado perfeitamente em uma cozinha”, explicou Carollayne.

Os produtores que participaram da aula ficaram surpresos com a tecnologia. Oswaldo Pereira Coutinho, de 54 anos, e Telson Martins, de 72 anos, representaram a comunidade agrícola Cooperana e ficaram impressionados com a possibilidade de reaproveitar aquilo que seria jogado fora. “Eu não sabia o que era a pectina. Inclusive, lá no assentamento, temos muita plantação de maracujá, tirávamos a polpa e casca a gente jogava fora. Agora, podemos lucrar com a casca também. Quero tentar fazer o processo com a casca de outras frutas”, comentou Oswaldo.

Para Juliana Andrade, de 33 anos, representante da Broto Frutos Culinária do Cerrado, o conhecimento adquirido vai servir não só para a produção das barrinhas energéticas, mas também para aprimorar e desenvolver outros produtos. “Pra mim foi um grande aprendizado, ainda mais porque nós podemos ter outras fontes de renda. Penso em adicionar a pectina nas geleias que produzimos de bocaiuva e hibisco, pra dar uma consistência melhor”, explicou a produtora.

Além de aprender como extrair a pectina, o grupo de produtores também recebeu orientações a respeito da segurança alimentar. As informações foram passadas pela coordenadora do CeTeAgro e também do projeto, a professora Dra. Marney Pascoli Cereda. “Como a proposta é que a barrinha seja nutricionalmente equilibrada, o intuito foi explicar para eles o que é se alimentar dessa forma. Isso é importante para que, ao produzir um produto e colocá-lo no mercado, o grupo tenha total consciência da qualidade do que está sendo oferecido à população”, esclareceu Marney.

O encontro entre os pesquisadores e os produtores realizado nesse mês, foi o primeiro na Fazenda-Escola da UCDB, e faz parte de uma série de ações para que dentro de dois anos as comunidades agrícolas estejam produzindo e comercializando as barrinhas energéticas. O projeto venceu, em novembro do ano passado, o Prêmio Santander na categoria ‘Universidade Solidária’ e vai receber até 2017 apoio financeiro para que os produtores recebam capacitação e a indústria seja instalada.

Segundo Marney, a ideia é que a produção seja feita em Terenos, na sede da Cooperana, e a previsão é a instalação dos equipamentos que vão compor a indústria comece no início ano que vem. A ação vai beneficiar mais de 40 famílias e para quem idealizou o projeto, ver a ideia ultrapassar a universidade e transformar a vida das comunidades é uma conquista muito grande. “A gente espera proporcionar uma melhor condição para essas pessoas, e que a mudança venha não só pelo lado financeiro, mas também em relação à forma de enxergar as oportunidades e o meio ambiente. Estamos ensinando a eles a filosofia de reaproveitar material e evitar o desperdício. E, pra nós, é um orgulho muito grande ver a evolução dos produtores nesse sentido”, comemorou Marney.