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Última ceia… Jesus está com seus amigos mais íntimos e está lhes passando as orientações mais importantes antes do grande sinal da sua morte na cruz, morte que, sem aquelas palavras, não será bem compreendida.
O evangelista João (14,1-12) reserva um espaço especial para os discursos da última ceia, justamente para sublinhar a importância das palavras que Jesus profere. E para abrir esses discursos, inclusive aquele que ouviremos no trecho proposto para este quinto domingo, Jesus realiza o gesto do lava-pés.
Trata-se de um dos gestos mais significativos realizados por Jesus. Em si mesmo, não tem nada de milagroso. Aliás, é humilde e quase um rebaixamento para alguém que se proclama Mestre e Senhor. Com esse gesto, no entanto, Jesus confia aos seus amigos o modelo da sua ação na terra e também a chave para compreender a cruz.
Parece-me justo lembrar isso para melhor compreender as palavras de Jesus quando diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. A Tomé, que não consegue divisar qual seja a estrada que une Deus ao homem, a liberdade do céu e a dureza da terra, Jesus mostra que é Ele o caminho. Ele é o caminho do serviço, da vida doada por amor, do ajoelhar-se na terra para se doar aos outros.
Este é o caminho de Jesus! Este é o caminho que leva a Deus e não um caminho triunfal do poder econômico, político e militar! Não é o caminho do poder religioso que se auto-exalta e se separa da vida humana que é o caminho de Jesus. O caminho de Jesus não é, tampouco, o caminho do castigo divino – Ele dirá aos seus amigos: “não se perturbe o vosso coração! Crede em Deus e crede também em mim!”.
O caminho de Jesus é aquele dos pés, um caminho que todos podem percorrer e que passa, sobretudo, longe dos lugares dos cultos e das liturgias. É o caminho da vida que temos que levar adiante todos os dias e que nos faz cruzar nos caminhos das pessoas que aí se encontram. Nesta vida do dia a dia, podemos fazer como Jesus, segundo a sua palavra: “Disto saberão que sois os meus discípulos: que vos ameis uns aos outros” (Jo 13,35).
Se de tanto em tanto nós paramos para rezar e celebrar a missa, não é porque somente naquele momento andamos pelos caminhos de Jesus, mas é porque na oração e nas palavras do Evangelho encontramos as indicações necessárias para não nos perder pelo caminho. Mas se pensarmos que o caminho de Jesus passa somente entre os bancos da Igreja, então ainda não fomos capazes de compreender aquilo que Jesus ensinou aos seus discípulos e amigos.
Jesus é sempre caminho, e é por ele que devemos caminhar. O caminho de Jesus é o nosso caminho todos os dias e em todos os lugares em que nós estivermos.
Dessa forma, descobrimos que o caminho para encontrar Deus Pai, o Pai de Jesus, não é tão difícil quanto pensamos e tão difícil e exclusivo que só alguns sortudos são capazes de trilhar. O caminho que leva ao céu está bem sinalizado e é fácil de ser percorrido aqui na terra, lá onde nós estivermos e lá onde nós somos chamados a viver a vida cristã: em casa, no trabalho, na roda dos amigos.
Acredito que Maria, a mãe de Jesus, tem por tarefa indicar-nos o caminho, se porventura nós nos perdermos, muito distraídos que somos pelos nossos trabalhos e problemas. Gosto da imagem de Maria em diversos ícones nos quais ela é representada tendo Jesus nos braços. Com uma mão, ela segura o menino e com a outra aponta para Jesus. É como quando pedimos informação para alguém, na estrada. Assim é Maria. E a ela nós nos dirigimos porque ninguém melhor do que ela conhece Jesus, o verdadeiro e único caminho que leva ao céu.
Ruth Pavan e José Licínio Backes apresentam pesquisas financiadas pelo CNPq