20/12/2011 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral
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Mais uma vez, em poucos dias, nós meditamos sobre o evangelho de Lucas 1,26-38. É o evangelho da Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria. Ele anuncia o nascimento de Jesus como obra do Deus altíssimo.
Fixemos o nosso olhar sobre a figura de Maria. Imaginemos a emoção que ela teve ao receber a saudação do anjo. Imaginem também as preocupações que ela teve ao ouvir que seria mãe de uma criança sem ainda ter tido relações sexuais com o seu esposo prometido.
Vivendo numa época em que tudo aparentemente é permitido, nós achamos que as preocupações de Maria são fruto de nossa fantasia. É claro que não podemos usar os critérios de hoje para avaliar o passado. Se fizermos isso, correremos o risco fazer uma transposição indevida de contravalores e valores existentes em cada momento histórico.
Maria passa, sim, da emoção à surpresa e daí à dúvida e ao medo.
Na verdade, Maria é como qualquer mulher do seu tempo. Nada espera de Deus. Muito menos espera que venha a ser envolvida de maneira tão profunda nos planos do todo-poderoso para a humanidade.
Por isso, fica surpresa e desorientada. Sente-se pega de surpresa. Por isso, sente-se também desprevenida e tendo que fazer algo que não estava programado.
A surpresa de que vai ter um filho gerado de maneira tão inusitada cria a dúvida, a pergunta, a busca. Tudo acontece num período de tempo também muito curto.
Porém, ser pego de surpresa e fazer mil perguntas é sinal de uma verdadeira humanidade e não de falta de fé.
Mesmo tendo fé, a surpresa e a dúvida também levam ao medo. O medo é o sentimento que vem depois da surpresa.
É por isso que o anjo diz a Maria para que não tenha medo. E o medo de Maria é tão legítimo quanto os nossos, quando enfrentamos algo maior do que nós, quando a vida nos faz andar por caminhos não conhecidos, mesmo que tenhamos a maior fé do mundo.
Maria somente diz: “Eis-me aqui” depois de ter passado por sentimentos e emoções que são humanas, como nós.
Um sim sem pensar, diante do anúncio do anjo, um sim que fosse pronunciado sem emoções e sentimentos contrastantes e sem um reflexo interior, seria desumano e irreal.
Alegra-te, Maria! Com tantos sentimentos, você não é uma estátua impassível, uma mulher fria, mas humana. Assim, você ensina aos que acreditam no coração e pronunciam com os lábios que têm fé em Jesus, que as nossas dúvidas são passageiras e os nossos medos, com Deus, podem ser superados.
Ruth Pavan e José Licínio Backes apresentam pesquisas financiadas pelo CNPq