29/04/2020 - 7:00 - UCDB
Fonte: Natalie Malulei
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Os maiores aliados para evitar a proliferação do novo coronavírus são a água e o sabão. Higienizar as mãos várias vezes ao dia é fundamental para evitar a contaminação, já que é possível contrair a doença ao encostar em superfícies ou objetos infectados e levá-las aos olhos, boca ou nariz. Mas nem sempre há um local disponível para fazer a higienização, principalmente, quando a pessoa está fora de casa, e é aí que entra a importância do álcool. A professora de química e bioquímica da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Dra. Geisa Helmold Aspesi, explicou que a substância é eficaz para destruir o vírus quando a quantidade do produto diluída em água é acima de 70%, mas alerta: somente o álcool em gel é indicado para ser utilizado na pele.
“Há uma camada lipídica que compõe o vírus e quando o álcool 70% entra em contato com ela, a destrói e vai matá-lo. Para ser aplicado diretamente nas mãos, o ideal é que a pessoa utilize o álcool em gel e, na hora da compra, preste atenção ao rótulo — é importante que o produto tenha um responsável técnico e também que o fabricante tenha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Vale ressaltar, que o uso deve ser adotado como uma medida paliativa, quando não há a possibilidade de lavar as mãos, pois apesar de ser desenvolvido com o propósito de ser aplicado na pele, a utilização em excesso do álcool em gel pode causar o ressecamento e até favorecer o surgimento de alergias”, esclareceu a docente.
De acordo com Geisa, na concentração 70% também é possível encontrar o álcool à venda na forma líquida, nesse caso, o produto é indicado para a higienização de superfícies e objetos e não deve ser aplicado diretamente na pele. A professora também pontuou que há álcool com outras formulações disponíveis para a compra nos supermercados, como aqueles que possuem a concentração de 56% e 46% do produto diluído em água, porém o composto não é capaz de matar o vírus. Somente fórmulas acima de 70% são eficientes e, vale lembrar, que aquelas que possuem uma quantidade muito elevada de álcool, como a 96%, também não devem ser utilizadas na pele, pois quanto mais forte, maior é a agressão.
Risco de acidentes
A partir da aquisição do álcool 70%, seja em gel ou na forma líquida, Geisa orientou que é preciso ter cuidado na hora de armazenar o produto em casa, pois trata-se de uma substância volátil, que pega fogo com facilidade e pode causar acidentes domésticos. “Não deixe os frascos expostos ao sol ou perto de locais que podem gerar aquecimento, como fogão e micro-ondas, por exemplo, já que o excesso de calor pode resultar em um incêndio. Também é importante deixar o produto longe de crianças e de pessoas muito idosas”, ressaltou a professora.
Outra recomendação é não deixar frascos de álcool no carro, pois no momento em que o veículo é estacionado e permanece exposto ao sol, ou em um ambiente quente, a temperatura interna vai subir e, pela volatilidade do produto, pode ocorrer uma explosão. Também é indicado que ao passar o álcool em gel nas mãos, a pessoa espere o produto secar, cerca de três minutos, antes de ter contato com algo quente. “Se a pessoa está cozinhando, por exemplo, utilizou o álcool e, em seguida, voltou a mexer na panela, existe risco de pegar fogo na mão dela. Então, cuidados são necessários”, enfatizou Geisa.
Perigos das receitas caseiras
Diante da pandemia, a dificuldade em encontrar o álcool em gel 70% disponível nas prateleiras de mercados e farmácias fez com que diversas receitas caseiras surgissem com a proposta de ensinar a pessoa a fazer o produto de forma artesanal, o que, segundo Geisa, não é recomendado. A professora ressalta que o processo de transformação do álcool líquido para a formulação em gel 70% deve ser feito em laboratório e com técnicos capacitados.
“Existem muitas dicas na internet absurdas como pegar o álcool 46%, que pode ser encontrado no mercado, e misturá-lo com gel de cabelo. Existem duas situações aí: o gel de cabelo possui uma série de compostos químicos que não são próprios para o uso na pele, o que pode gerar uma intoxicação, além disso, a receita não é eficiente, de maneira nenhuma, já que a pessoa pegou um produto com baixa concentração de álcool etílico, incapaz de matar o vírus, e, ainda, o diluiu novamente em outra substância. Também há quem pegue álcool disponível em postos de combustíveis para fazer essas receitas caseiras, o que é ainda mais perigoso, pois o produto tem uma série de aditivos voltados para que ele consiga fazer o veículo andar e eles são extremamente prejudiciais à saúde”, pontuou a docente.