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É de noite o momento em que acontece o diálogo entre Jesus e Nicodemos, chefe dos judeus.
Nós celebramos hoje a solenidade da Santíssima Trindade. O fragmento do evangelho que ouvimos, de João 3,16-28, busca lançar um pouco luzes sobre Deus.
A noite que envolve Nicodemos e Jesus e o seu diálogo parece ser a mesma que nos envolve quando nos sentimos bloqueados pelas dificuldades da vida e das dúvidas.
A escuridão do mundo aumenta quando nasce uma nova guerra entre nações ou dentro de um povo, quando a corrupção acontece em todos os âmbitos da sociedade, na política, no esporte, quando nas famílias se perde o diálogo e a unidade. A luz se apaga na Igreja e nas comunidades quando se perdem de vista as palavras do Evangelho e abrimos espaço para as palavras humanas e quando os julgamentos levam a melhor sobre a acolhida.
A escuridão que envolve o mundo e a Igreja faz com que não se consiga mais reconhecer os posicionamentos do irmão, não se compreende mais o sofrimento e os seus desejos, e este se torna somente um objeto a ser descartado ou algo que se pode desfrutar.
A escuridão nos olhos dos cristãos faz com que não se consiga mais reconhecer no rosto do homem e da mulher a influência do próprio Jesus Cristo. E a palavra “Trindade” se torna um conceito teológico que pode talvez ser explicado, mas que não produz nenhum fervor no coração e não ilumina o olhar de ninguém.
As palavras que Jesus diz a Nicodemos não são as palavras de um raciocínio teológico, mas são o fundamento da teologia, que tem por objetivo explicar sem trair o pensamento do evangelho.
A Trindade de Deus – uma substância em três pessoas divinas – se explica a partir das primeiras palavras deste fragmento de evangelho: “Deus amou tanto o mundo a ponto de dar o seu Filho unigênito”.
Neste amor é que podemos entender Deus e a sua realidade mais íntima. É um amor que na história contada pela Bíblia é revelado como um Deus Pai que ama o Filho com um amor que é o Espírito. É um amor tão perfeito que faz dos três – Pai, Filho e Espírito Santo – uma só coisa, sem isolar essa Trindade na sua bem-aventurança, mas colocando dentro dela também o homem, que tem em Deus o modelo, porque fomos feitos à sua imagem e semelhança.
É, portanto, no amor que podemos entender quem é Deus. A Trindade é, na verdade, uma experiência de amor que somente amando podemos compreender e encontrar, assim, luz. Em todos os lugares do mundo existe o esforço pela paz, pela justiça e pela fraternidade e pela caridade, aí Deus é mais compreensível por aquilo que realmente é.
Onde, de fato, existe violência e medo, então Deus é visto como juiz implacável e pronto a castigar. Mas, como Jesus diz: “Deus, de fato, não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo possa ser salvo por meio dele”.
Tempos atrás lembro-me ter visto na internet o vídeo com pessoas que, no mundo, se dispunham a dar “abraços de graça” a quem quer que encontrassem. Era uma espécie de provocação que, na simplicidade, transmite uma bela mensagem. O homem – todo homem, inclusive aquele que parece não perceber – tem desejo conhecer Deus. Um abraço gratuito talvez seja um bom início para explicar quem é o nosso Deus, Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo em um abraço eterno e tão estreito que não pode se separar mais.
Foto: http://www.wga.hu/art/d/dolci/holyfami.jpg
Ruth Pavan e José Licínio Backes apresentam pesquisas financiadas pelo CNPq