Artigo: A missão do cristão

25/07/2010 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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Qual a missão do cristão, enquanto cristão, na sociedade? Enquanto homem, cidadão e trabalhador tem os mesmos deveres de todos, mas, como cristão, tem o dever da oração: “Mestre, ensina-nos a rezar!”.

A oração não é a repetição pura e simplesmente de fórmulas, mas a leitura da vida, da realidade diante de Deus, com todas aquelas atitudes que Jesus tão bem explica aos discípulos no evangelho de hoje, de Lucas 11,1-13, e que poderíamos reassumir com o Salmo 127: “Se o Senhor não construir a nossa casa, em vão trabalharão seus construtores”.

Nas nossas atitudes sejamos conscientes da importância de Deus para as nossas vidas. A oração do cristão é a oração de Abraão, que dá a sua palavra para que a cidade não morra. Não se conforma diante de uma mentalidade, cultura ou ética que prescinde de Deus ou encara-o como antagonista e negador da liberdade do homem. Não se dá por vencido mesmo quando tem a certeza de que dentro do mal não existe qualquer semente de bem ou boa vontade.

E nos colocamos diante de Deus que, apesar das aparências, vence o mal com o bem. Com Deus o homem tem futuro. Deus pôs o cristão como sinal e semente fecundos de bênção que fala, reza com Ele e faz de tudo para que o bem, que está em cada pessoa, venha à tona e salve.

Abraão, aquele que acredita, reza porque confia em Deus e no homem. Sem fé não se reza e não se ama a lei, a moral da sociedade. Sem a oração nós viveremos o “salve-se quem puder! Cada um por si!”, pois a solidariedade já era! A atitude do cristão, ao contrario, nasce da consciência bem definida por Paulo: “Com Cristo fostes sepultados no batismo. [...] Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz”.

Mais uma vez a missão do cristão se aprende com Jesus, o Filho que, carregando a cruz do nosso fracasso, do nosso pecado, da morte, diz – melhor, reza! – ao Pai para não levar em conta o mal, mas, por nos ter criado “muito bons”, mostre que confia no homem: que se põe diante do amor concreto de Deus torna-se capaz de fazer o bem.

Quantas regras educativas e formativas poderiam tornar difícil a tarefa de orientar o homem para o bem. Quantas maneiras novas de ler o mesmo jornal com os seus escândalos e a vida privada e pública com os seus fracassos. Como é importante a presença do cristão na vida pública, social e familiar para que o homem não caia nas garras do mal chamando-as de liberdade, mas para que se torne sinal do bem e da liberdade quando se faz o bem. Assim, nós nos tornamos colaboradores da salvação. No entanto, somente a oração abre estes horizontes.

Quem ousaria, hoje, afirmar que a missão, a tarefa de um cristão na sociedade, é a da oração? É preciso ter coragem para suportar a missão de quem não percebe que há dois séculos pelo menos foi decretado o fim da oração e o advento da ação, a verdade da práxis, a menoridade da religião, a suspeita da ciência contra tudo. Em suma, seria preciso não saber o abc da novidade que surgia: ou Deus ou o homem.

E, em vez disso, a missão do cristão é a oração. Certamente a oração não pode ser confundida com fórmulas repetitivas. É a mesma oração de Abraão, o pai da nossa fé, que dá a sua palavra para que a cidade não morra estrangulada pelo seu próprio egoísmo, hedonismo e materialismo. E, sobretudo, a oração de Jesus.

A oração do cristão é aquela que pede a Jesus: ”ensina-nos a rezar!”. Aquele que veio não para nos ensinar novas liturgias, filosofias ou morais que nos separam do mundo, da alienação do sagrado, mas que desenvolveu a sua missão histórica de Filho na verdade: Deus amou tanto o mundo a ponto de dar o seu filho para que tenhamos a vida, e vida em abundância.

A partir daí, a oração da Igreja é uma oração consciente de que é amada e resgatada por Cristo. É por isso que ela pede pelo mundo inteiro a mesma graça.