10/12/2020 - 10:24 - Mestrados e Doutorados
Fonte: Gilmar Hernandes
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O controle biológico é uma técnica que utiliza dos inimigos naturais de uma determinada espécie praga como agente causador de sua mortalidade, ou seja, um ser vivo para controlar outro. Todos os seres vivos possuem seus inimigos naturais que podem ser microrganismos, nematoides, predadores e parasitoides e outros. Os parasitoides diferentes dos parasitas, caracterizam-se por consumir totalmente seu hospedeiro enquanto se desenvolvem em seu interior, causando portanto, sua morte.
Conhecer esse grupo de insetos é essencial para a preservação do controle biológico natural e para o desenvolvimento de produtos biológicos, que controlem eficientemente pragas agrícolas, e mesmo transmissores de doenças, mas que não afetem o meio ambiente. “A ciência calcula que se conhece cerca de 10% desses insetos, ressaltando a importância da pesquisa básica para o desenvolvimento do controle biológico aplicado. Primeiramente é preciso conhecer as espécies locais, para em uma segunda etapa desenvolver a pesquisa aplicada, ou seja, um produto biotecnológico, com os mais promissores”, explica a engenheira agrônoma, Antonia Railda Roel, doutora em entomologia, responsável pelo laboratório Uso Sustentável de Recursos Naturaisda Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
O trabalho de pesquisa básica é realizado por meio da coleta em armadilhas no campo e triagem em laboratório para identificá-los. Armando Araújo Neto, que fez graduação em Agronomia e mestrado em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB, estimou em sua dissertação a diversidade de superfamílias de Hymenoptera parasitoides, em diferentes fitofisionomias do Pantanal de Abobral, em Corumbá (MS). “Durante os períodos de coletas, conclui-se que existe a interferência na abundância de Hymenoptera coletados com relação ao período de cheia e seca do Pantanal e nas diferentes composições vegetais que caracterizam as fitofisionomias na diversidade destes”, explica.
O laboratório da UCDB, do qual faz parte do Instituto de Hymenoptera Parasitoide, Hympar, como representante da região Centro-Oeste do Brasil. O grupo desenvolve a pesquisa há cinco anos, com trabalhos na região de Campo Grande e no Pantanal, capacitando alunos dos Programas de Iniciação Científica (PibicC), mestrandos, doutorandos e pós-doutorados. Atualmente o laboratório dá início ao controle biológico aplicado, a partir do parasitoide identificado como promissor, que será criado em laboratório, para posterior liberação no campo.
“No mestrado pesquisei a identificação das vespas parasitoides que estavam associadas às moscas-de-frutas que parasitam os frutos da guavira. Atualmente no doutorado, com essas vespas parasitoides identificadas, estamos partindo para os testes em relação a possibilidade de utilização destas para o controle das moscas-das-frutas, que atualmente é a praga de maior prejuízo para o setor fruticultor”, destaca o doutorando em Biotecnologia da UCDB, Bruno Fines Rocha.
Ele explica que o objetivo é desenvolver uma metodologia de criação e manutenção in vitro tanto das moscas hospedeiras, quanto dos parasitoides, para ter uma matriz de criação. “Dessa forma será possível produzir quantidades expressivas de parasitoides em laboratório, que posteriormente poderão ser liberados nas plantações de guavira, para fazer o controle biológico das moscas-das-frutas, eliminando ou reduzindo a necessidade da utilização de um inseticida químico, por exemplo”.
A guavira, que foi adotada como fruto símbolo de Mato Grosso do Sul, está hoje sob pesquisa para a sua domesticação, na Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer/Cepaer), que realiza estudos com essa planta desde 2007.
“O papel da Universidade é capacitar alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, para que possam atuar nesta área de controle biológico, atendendo a demanda internacional e do Estado de Mato Grosso do Sul, para o controle de pragas de forma que não afete o meio ambiente e a saúde humana. O nosso objetivo como professores e pesquisadores da Universidade é formar pessoas capacitadas nessa área”, ressalta a professora.