De forma descontraída, Dose de Ciência proporciona troca de conhecimentos em cervejaria

29/06/2018 - 8:00 - Mestrados e Doutorados

Fonte: Natalie Malulei

Dose de Ciência promoveu a troca de conhecimentos entre especialistas e participantes.

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Quem pensa que lugar de cientista é só em laboratório ou em salas de estudos está muito enganado. Para desmistificar esse estereótipo e mostrar que a ciência pode ser debatida em qualquer lugar de forma democrática, a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) promoveu, na noite dessa quinta-feira (28), na Cervejaria Prosa, um encontro descontraído entre especialistas de várias áreas do conhecimento e muita gente interessada em aprender.

Essa foi a primeira edição do evento “Dose de Ciência” que trouxe como tema principal “Cérebros artificiais também enlouquecem!”. Promovida pelo Núcleo de Análise do Comportamento e Neurociência (NACNeuro) da UCDB, a discussão teve como ponto de partida o conhecimento de dois profissionais que integram o grupo de pesquisa: o psicólogo Me. Ricardo Tiosso e o Dr. Hemerson Pistori, cientista da computação, professor da Católica e coordenador do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Visão Computacional (Inovisão).

Na data, Hemerson apresentou ao público um dos últimos avanços quando fala-se em inteligência artificial, um processo chamado “aprendizagem de máquina”. “Ao invés de você programar um computador para resolver um determinado problema, a pessoa mostra exemplos daquilo que ela quer que o computador aprenda e, a partir disso, ele consegue solucionar o que é exigido. Algo muito popular, é o carro automático da Google. Alguém dirigiu o veículo para que o software aprendesse como ele deve ser guiado — desde a necessidade de andar para frente até quando tem que parar para a passagem de um pedestre, por exemplo”, esclareceu.

Segundo o pesquisador, há várias tecnologias dentro desse conceito de “aprendizagem de máquina” e uma delas que tem feito muito sucesso são as Redes Neurais Convolucionais, em que o processo de aprendizagem do software se dá pela apresentação dos exemplos por meio de imagens. Hemerson explicou que o desenvolvimento dessa tecnologia teve uma inspiração biológica e foi baseado no funcionamento do cérebro humano, por isso a forte ligação com a neurociência.

“Ainda não estamos nem perto de reproduzir o que o cérebro é capaz por isso a relação com a psicologia, a psiquiatria e com a área da neurociência. Ao saber mais sobre o funcionamento desse órgão e sobre o processo de aprendizagem do ser humano, podemos aprimorar os produtos e softwares que desenvolvemos para solucionar, cada vez mais, problemas”, pontou Hemerson.

Psicologia, psiquiatria e neurociência

Se por um lado a área de computação aprende e evolui a partir de estudos feitos por psicólogos, psiquiatras e neurocientistas, por outro, essas novas tecnologias também tem ajudado no desenvolvimento do trabalho desses profissionais. Ainda durante o Dose de Ciência, Ricardo apresentou o que é um cérebro artificial e de que maneira é possível simular, por meio dele, o fenômeno da alucinação.

“Quando a pessoa alucina significa que há um problema na comunicação entre a parte de sensoriamento do cérebro e um centro de integração dos impulsos nervosos chamado de tálamo. A partir desse erro, o córtex acaba preenchendo a nossa percepção com a memória que ele tem armazenada, ou seja, pode reproduzir algo que a pessoa já vivenciou ou presenciou e até mesmo criar uma situação em cima dessas experiências”, pontuou Ricardo.

De acordo com o psicólogo, a integração com a computação permite aos profissionais elaborarem novas abordagens e ampliarem os estudos na área: “O principal  ponto dessa tecnologia é que ela permite que a gente teste hipóteses que não poderiam ser testadas em seres humanos e, mais do que isso, conseguimos explorar aspectos teóricos que até então estão sendo ignorados”.

Interação com público

Após apresentação feita pelos especialistas convidados, o tema foi aberto para o público. O debate entre os participantes foi mediado pelo Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional da Católica e professor do curso Filosofia Me. Gillianno Mazzetto. No final do evento, foi promovido um show com o músico Chicão Castro.

De acordo com um dos coordenadores do NACNeuro, Dr. André Barciela Veras, o Dose de Ciência veio para promover a integração e a troca de conhecimento. “É uma ação para aproximar a academia da sociedade. Com o debate queremos unir esforços para que as pessoas se conheçam e possam saber mais sobre a área que a outra trabalha, isso pode resultar até em novos projetos de pesquisa em conjunto”, comentou.