Medeia: última apresentação do espetáculo é realizada sábado

12/11/2016 - 7:00 - Cultura

Fonte: Natalie Malulei

Uma das cenas do espetáculo: diálogo de Medeia com Creon, rei de Corinto

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O elenco do grupo de teatro ‘Senta que o Leão é Manso’ da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) deu vida à Medeia. Texto escrito por Eurípedes há 2.600 anos ganhou uma nova linguagem e será apresentado ao público nesse sábado (12), a partir das 19h30min, na Estação Ferroviária de Campo Grande — Avenida Calógeras, número 3065, ao lado do Armazém Cultural.

A estreia do espetáculo foi na quinta-feira (10) e o elenco surpreendeu o público ao apresentar, por meio de Medeia, a realidade atual: violência, preconceito de gênero, ódio e vingança.

A história se passa em Corinto, na Grécia antiga. Medeia, uma mulher que fugiu da terra natal e abandonou a família para viver um grande amor, mora na cidade com o marido Jasão e os dois filhos, mas é traída por ele. Jasão irá se casar com a princesa, filha do rei Creon, e Medeia trama um plano de vingança. Para punir o marido escolhe a forma mais cruel: mata a princesa, o rei, e até mesmo os próprios filhos.

“Essa tragédia grega é um clássico, apesar de ter sido escrita há 700 anos antes de Cristo, a mesma situação retratada se repete hoje, principalmente quando se fala em violência doméstica, e foi isso que a nossa companhia de teatro quis mostrar, apesar dos anos terem passado, a humanidade ainda não evoluiu em todos os aspectos”, explicou o diretor do grupo Roberto Figueiredo, que também é coordenador do setor de Cultura e Arte da UCDB.

Antes da estreia foram, pelo menos, seis meses de preparação, o que incluiu desenvolvimento do cenário, iluminação e figurino. “Tudo precisou ser elaborado do zero, pois o espaço da Estação Ferroviária onde apresentamos a peça, não tinha nenhuma estrutura semelhante, até as arquibancadas foram montadas”, esclareceu o produtor, Gabriel Augusto Roque, 22 anos.

Para que a história fosse compreendida facilmente pelo público foi feito um longo trabalho de adaptação da linguagem. Durante quatro meses, Marcelo Piccolli, 38 anos, fez mudanças na versão original para que o linguajar não ficasse tão rebuscado, adaptou os diálogos e acrescentou personagens que compõe a história, mas não estão presentes no texto trabalhado, apenas em outros livros que falam sobre Medeia.

Produzir a peça também exigiu uma grande dedicação do elenco, as atrizes Alyne Louise Borsato Pereira, 19 anos e Carolina Bueno Ramos, 22 anos explicaram que cada um interpretou todos os personagens antes dos papeis serem definidos. “Isso foi necessário porque o texto, mesmo tendo sido adaptado, é muito complexo, e essa foi a melhor forma de ver na prática quem se encaixaria melhor em cada um”, explicaram as atrizes.

Um trabalho que valeu a pena. Quem foi conferir o espetáculo só fez elogios à produção: “Eu adorei o texto, a iluminação, o cenário e além disso, achei a história muito interessante por levantar temas que persistem até hoje”, comentou a acadêmica de História, Mabel Saldanha. 

Logo após a estreia da peça, o Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional da Católica, Ir. Gillianno José Mazzetto de Castro fez uma análise filosófica e cultural a respeito do texto de Eurípedes. Durante um bate- papo com acadêmicos dos cursos de História e Letras que prestigiaram o espetáculo, ele explicou que o autor foi o primeiro artista a desmistificar um ‘Deus grego’ como era considerado Jasão. “Eurípedes propõe anti-heróis e heróis humanos, ou seja, não considera aquele herói que morre pelos Deuses e pela honra, mas sim, aquele que segue a própria vida e apresenta características não tão positivas, como o oportunismo, por exemplo, algo que é visto em Jasão”.

O Pró-Reitor também elogiou a produção da peça e falou da importância desse contato dos acadêmicos com o teatro e com a literatura para desenvolverem o senso crítico, pois são ferramentas que têm o poder de gerar reflexão sobre temas persistentes na sociedade. “Literatura e o teatro são formas de olhar mundo e criticá-lo, sem deixar de ser belo. Isso é fabuloso e mundo grego apresenta bastante essas características, expõe a realidade social, a crítica, porém com estilo, com beleza e com profundidade. É uma leitura inteligente da realidade e só consegue inovar quem faz isso”, finalizou o Pró-Reitor.