O padrão ideal de corpo deve ser do tamanho de seu amor próprio e da saúde física e mental construída
23/06/2016 - 09:04 -
Nosso Foco
Juliana Santana, 22 anos, estuda Rádio e TV, na Universidade de Santo Amaro, em São Paulo. Santana caminha com a confiança de quem aceita e ama o próprio corpo. Quando pequena, sofreu muito por ser negra, gorda e ter cabelo cacheado.
Ela estudou em colégio particular e à sua volta, só tinha meninas brancas e de olhos azuis. Na adolescência, Juliana continuou sofrendo, mas ao descobrir sua sexualidade passou a se achar mais bonita. No entanto, foi apenas com a ajuda do Tumblr, aplicativo em que mídias e textos podem ser publicados como um miniblog que Santana aprendeu a gostar de si mesma. Santana acredita que para você se aceitar, a identificação com alguém que acha bonito é essencial. Para ela, a primeira modelo que a fez repensar nos próprios padrões de beleza foi a Siri, atriz pornográfica, que não tem o corpo padronizado.
Apesar de ser ligada à moda e ás tendências, Santana tem problemas para encontrar roupas. ‘Quando vou em lojas de departamentos menores, sempre tenho dificuldade em achar roupas do meu tamanho. Uso 46, mas já cheguei a usar calça 48 que parecia 42’ afirma Juliana. Fez várias dietas malucas, com apenas frutas, saladas e até ficou sem comer nada. Após começar a se aceitar, começou a se descuidar com a saúde, mas pretende fazer reeducação alimentar, pois para ela se aceitar não é querer emagrecer ou comer a vontade. É não se importar com os padrões e ter saúde.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para favorecer a saúde, um cidadão deve realizar 150 minutos de atividade física.
O professor Aluisio Fernandes de Souza, professor de Educação Física na UCDB afirma que não estamos mais vivendo na ditadura da magreza. Para ele, as pessoas parecem não aceitarem seus corpos e projetam neles medidas e dimensões cujo potencial genético jamais será capaz de atingir, mesmo com os exercícios mais vigorosos possíveis. Os malefícios ao corpo poderão vir do uso abusivo das ditas substâncias emagrecedoras e da aplicação exagerada de cargas de treinamento.
O docente de farmácia e nutrição da UCDB, Alexandre Alves Machado, comenta que a automedicação e a utilização de laxantes e diuréticos como forma de emagracimento trazem muitos riscos. De forma que a utilização de medicamentos apresenta riscos de efeitos indesejados, reações alérgias, interações entre medicamentos, etc. Logo, os medicamentos em geral devem ser utilizados a partir de prescrições por profissionais habilitados e o uso deve ser monitorado, respeitando-se entre outros aspectos a indicação, dose e a duração do tratamento.
Machado vê a mídia como um importante veículo de difusão de ideias e conceitos na sociedade que influencia nos padrões de beleza. Entretanto, considera que nas últimas décadas, a mídia tem direcionado esses padrões para que o ‘corpo perfeito’ seja o corpo saudável. Ao observar o papel da mídia, seja na Europa, nos Estados Unidos ou América Latina, verifica-se que há uma preocupação da mídia responsável em valorizar a saúde.
Daqui a 50 anos, para o professor Fernandes de Souza, a ditadura da magreza pode existir ou não, uma vez que os padrões corporais mudam muito. Observa que em breve a sociedade será composta por grande parte de indivíduos obesos e/ou com sobrepeso. Tendo um custo enorme sobre a saúde da população e também sobre os órgãos de saúde. Para ele, talvez daqui a 50 anos estaremos numa luta ‘ferrenha’ contra os níveis de obesidade da população brasileira.
Não importa sua estrutura física. O corpo idealizado deveria ser aquele que tem saúde, ou seja, que está bem fisicamente e mentalmente. É preciso ter uma boa alimentação, se exercitar, estar perto de quem te faz bem, dar boas risadas, se divertir com os amigos e valorizar o seu corpo.