A busca pela igualdade de gênero: mulheres querem ser reconhecidas pelo seu verdadeiro potencial
23/06/2016 - 09:08 -
Nosso Foco
Quando ouvimos a palavra feminismo, logo vem à mente a imagem de sutiãs pegando fogo e mulheres nas ruas protestando. Por um fator histórico e cultural elas sempre foram colocadas em segundo plano, um alguém sem o direito de se expressar, tendo que obedecer às ordens e vontades de seus pais e maridos. O corpo feminino foi e é visto como um objeto feito para satisfazer, nascer mulher significava já estar no pecado, desde a antiguidade. Na época cristã, as mulheres eram vistas como símbolo de submissão e por isso incapazes de ocupar lugar de importância na sociedade.
O termo feminismo refere-se basicamente à busca pela igualdade de gêneros. As mulheres querem apenas ser reconhecidas pelo seu verdadeiro eu, um alguém feminino, que tem sentimentos e que é forte. Uma pessoa colocada ao lado do homem e não abaixo ou acima dele.
O movimento feminista começou a ganhar força no século XIX quando as mulheres lutavam pelo direito ao voto e à vida pública em meados de 1920, período que ficou conhecido como a primeira onda.
Logo depois veio a segunda onda por volta dos anos 70. Época em que elas lutavam pela democracia, a valorização do trabalho, o direito ao prazer e o combate à violência sexual. A terceira onda se deu a partir dos anos 90, quando começaram a se discutir os problemas de classe e gênero, dando origem a inúmeras vertentes do feminismo que encontramos hoje.
A professora de sociologia e história Maria José de Lima, de 70 anos, conhecida como professora Zezé, explica que a estrutura familiar, o mercado de trabalho, a política e todas as áreas da vida social sofreram alterações. “A instituição da família sempre teve um padrão em que o homem era o provedor e a mulher cuidava da casa e dos filhos, além dela não opinar em nada e acatar todas as decisões do marido. Era normal as mulheres não estudarem e nem exercerem profissões”, relembra a estudiosa.
Zezé vivenciou boa parte da evolução do movimento feminista, sofreu as imposições do pai e do marido em sua juventude e passou na pele os preconceitos de ser uma mulher separada.
Muitas mulheres tiveram que guardar seus sonhos de estudar e ser donas de seu próprio destino, a costureira Maria Mesquita, de 69 anos, usou sua primeira calça aos 20 anos escondida do pai. Muitas vezes ouviu argumentos como “mulher não precisa estudar porque não vai fazer negócio”, logo ela que sempre teve o sonho de poder se formar e ter liberdade, pois como qualquer jovem queria dançar, sair e se divertir.
Com muito esforço e dedicação Maria conseguiu estudar até a 5º série do Ensino Fundamental. Trabalhou e fez um curso de corte e costura para ter uma profissão, mas tudo isso com muita determinação pessoal, sem apoio de ninguém.
Hoje as mulheres já conquistaram muitos direitos e estão em todas as profissões. Como citado pela professora Zezé, o modelo familiar mudou. “Atualmente vemos homens que ficam em casa e cuidam dos filhos. Eles ajudam nas tarefas cientes de que têm tanta obrigação quanto a mulher dentro do lar”, comemora a aposentada.
Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), feita em 2010, o número de mulheres no ensino superior é maior que o de homens, representando 57,1% do total de estudantes. Mesmo ocupando maior parte do espaço elas ainda sofrem preconceito em seu cotidiano e sentem a necessidade de ser ouvidas.
As estudantes de Medicina Veterinária Taiany Katherine e Nathalia Córdoba, ambas de 19 anos, também sentem a pressão de ser mulher. Apesar de toda a evolução que já aconteceu, elas afirmam que muitas vezes são ignoradas e até diminuídas pelos homens de seu convívio. Sentem a exigência da sociedade em estar sempre bem vestidas e dentro dos padrões de beleza impostos pela mídia. Se as vestes forem consideradas curtas ou inadequadas, são julgadas e obrigadas a ouvir que fizeram por merecer algum tipo de abuso ou ofensa.
Agora estamos vivendo a quarta onda ou novo feminismo, marcado pelo advento da internet com as inúmeras possibilidades que as mulheres têm de se expressar. Surgiram também novos termos e vertentes que mostram um lado mais radical do feminismo. Como o “femismo” ou as “feminasis”.