A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma abordagem fundamental no sistema de saúde pública no Brasil, sendo responsável pela atenção primária e prevenção de doenças em comunidades. Os profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família incluem médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde, entre outros. No entanto, a saúde desses profissionais também é um aspecto crucial a ser considerado, devido a fatores como: carga excessiva de trabalho, falta de recursos, exposição a riscos biológicos, dentre outros que serão apontados como relevantes para a saúde dos operadores da saúde pública no decorrer desta. A presente pesquisa é composta por três artigos, onde o primeiro apresenta dados provenientes de pesquisa de revisão narrativa de literatura, o segundo traz os resultados de uma pesquisa de revisão documental dos textos normativos e orientativos que estão na base da criação e implantação do Sistema Único de Saúde, enquanto o terceiro capítulo relata os resultados de uma pesquisa de estudo de caso, com dados resultantes das narrativas dos integrantes da equipe multiprofissional de uma Estratégia de Saúde da Família e das observações da pesquisadora contidas em seu diário de campo e por meio de grupo focal. O objetivo geral proposto para a pesquisa visa relacionar os aspectos que causam o adoecimento psíquico dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família no contexto da atuação profissional, considerando a gestão da ambiência e a formação de vínculo com o usuário da Unidade Básica de Saúde como possíveis responsáveis, enfatizando a necessidade de atenção à saúde mental dos mesmos. A metodologia aplicada se refere a exploratória qualitativa, e caracteriza-se como de estudo caso, colocando em análise as narrativas dos participantes, tendo em vista a discussão do problema e objetivos propostos. Para instrumentar teoricamente a discussão, foi realizada uma pesquisa de análise narrativa de literatura a fim de explorar o estado da questão que discute a saúde dos operadores da política pública de saúde. Também foi realizada uma pesquisa documental, a fim de levantar aquilo que a Política preconiza sobre a saúde de seus operadores. Considerando os resultados, ficou nítido o desgaste físico e mental que estes profissionais enfrentam no desempenho das suas funções tanto com os usuários quanto com a gestão municipal, sendo fundamental o cuidado com a saúde destes, articulando medidas de intervenção na dinâmica do trabalho, priorizando o diálogo com a equipe e entre a equipe, bem como o planejamento de possibilidades que viabilizem a qualidade de vida profissional a essas pessoas. A saúde dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família é essencial não apenas para o bem-estar deles próprios, mas também para a eficácia e sustentabilidade do sistema de saúde como um todo. A atenção a esses aspectos pode resultar em um serviço de saúde mais humano e eficiente, beneficiando tanto os profissionais quanto a comunidade atendida.
O presente estudo buscou compreender o complexo fenômeno da violência infanto-juvenil, especialmente a violência sexual contra crianças e adolescentes. O estudo centra-se em Mato Grosso do Sul e tem como objetivo compreender como as denúncias dessa violência chegam ao sistema de justiça através da análise dos registros de boletins de ocorrência fornecidos pela Secretaria de Estado e Segurança Pública considerando o período de 2017 a 2021, focalizando a visibilidade e as nuances associadas por meio dos instrumentos de notificação dos casos e suas interconexões com questões como racismo, patriarcalismo dentre outras desigualdades sociais. A metodologia utilizada para a análise dos documentos foi a ciência do rastreio que possibilita a vislumbrar os documentos a partir de um procedimento metodológico de seguir as montagens de enquadramentos que a violência assume de modo a dar visibilidade para certos elementos e outros não, articulados com as perspectivas dos Feminismos Negros para examinar as estruturas sociais, culturais e políticas que perpetuam a desigualdade de gênero e da ferramenta da interseccionalidade que busca compreender e dar visibilidade a grupos minoritários, como crianças e adolescentes, que compartilham uma trajetória semelhante à de grupos históricos que sofreram violações. Os resultados indicam que a violência ocorre principalmente no ambiente familiar, apresentando desafios para a denúncia devido as complexas dinâmicas das relações de poder. A pesquisa destaca a relevância de reconhecer a violência como um problema social, independentemente do gênero. A análise dos boletins de ocorrência revela a importância de considerar a violência tanto dentro quanto fora do ambiente familiar, reconhecendo que a soberania do poder e suas desigualdades podem se manifestar em diversos contextos. A análise também considera o aumento de casos durante a pandemia, revelando desafios na execução do atendimento e na implementação eficaz de sistemas de denúncia e aborda a estigmatização de jovens periféricos como abusadores, ressaltando a necessidade de evitar estereótipos prejudiciais que contribuem para a marginalização desses grupos. Conclui-se que é essencial enfrentar essas questões por meio de um registro de notificação com menos falhas, incentivo a educação, conscientização, apoio, promovendo a igualdade de gênero, bem como no fortalecimento de mecanismos para que as vítimas busquem ajuda, destacando a importância de criar um ambiente seguro onde as vítimas se sintam protegidas para realizarem as denuncias, onde os agressores sejam responsabilizados por suas ações além da prevenção e interrupção do ciclo do abuso sexual através da execução de políticas e estratégias sensíveis para proteger as vítimas e prevenir futuros casos de abuso.
A presente dissertação de mestrado tem por objetivo investigar a existência do estresse ocupacional, Síndrome de Burnout, depressão e quais os seus efeitos na saúde mental dos policiais militares. É composto em formato de artigos (três ao todo) e neles a pesquisadora aborda o adoecimento mental e a sua relação com o trabalho, especialmente a Síndrome de Burnout, que têm acometido diversos profissionais que enfrentam pesadas cargas emocionais e físicas, como é o caso do Policial Militar do BOPE. O primeiro artigo é uma revisão narrativa da literatura que analisa a produção científica sobre a relação entre trabalho e sofrimento, focada no contexto policial militar, compreendendo os principais fatores que contribuem para o estresse e o desenvolvimento do Burnout nessa profissão. Esse estudo revelou uma correlação significativa entre a natureza da atividade policial e o sofrimento psíquico, o estresse ocupacional e o Burnout. O segundo artigo mostra uma revisão sistemática de literatura sobre a prevalência da Síndrome Burnout em policiais e os fatores de risco a eles associados. Neste, foi possível identificar que o policial militar realiza seu trabalho em condições desgastantes e de grande impacto para sua saúde mental, sendo uma categoria profissional de altíssimo risco para o desenvolvimento do Burnout. O terceiro artigo apresenta um estudo transversal, com amostra aleatória e voluntária de 48 policiais do Batalhão de Operações de Policiais Especiais (BOPE) da cidade de Campo Grande/MS – que buscou investigar a existência da Síndrome de Burnout e sua associação com o equilíbrio entre controle e demanda de trabalho, níveis de depressão, dados sociodemográficos e quais os seus efeitos na saúde mental dessa população. Utilizou-se, então, o método quantitativo-descritivo com uso dos seguintes instrumentos: Oldenburg Burnout Inventory (OLBI), Job Stress Scale (JSS), Patient Health Questionnaire 9 (PHQ-9) e um questionário sociodemográfico ocupacional. É válido mencionar que os resultados dos três artigos fornecem subsídios para o aprimoramento das políticas e práticas de trabalho do policial militar do BOPE, visando à promoção de melhores condições de trabalho e bem-estar emocional. Além disso, considerando o fator Burnout, esta pesquisa permite uma análise aprofundada dos fatores de risco e doenças associadas à síndrome, permitindo uma visão mais ampla dos efeitos na saúde mental desses trabalhadores. Tais informações são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de promoção à saúde e prevenção de problemas relacionados ao trabalho.
As organizações no Brasil, muitas vezes, não possuem a preocupação em promover a saúde mental de seus trabalhadores. Os modelos de gestão adotados, preferencialmente, estimulam a avaliação individual, competitividade e resultados imediatos. A saúde contribui diretamente para a produção, motivação e satisfação no ambiente de trabalho, e consequentemente contribui para a melhora a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade como um todo. O clima organizacional demonstra o grau de satisfação dos trabalhadores com relação ao ambiente de trabalho e com as relações ali existentes, proporcionando para a área responsável, subsídios para a melhora da promoção e prevenção da saúde dos trabalhadores, impactando diretamente no grau de suspeição de adoecimentos mentais, como transtornos mentais comuns, e.g., unindo a investigação do clima com o grau de suspeição de transtornos mentais existe uma grande quantidade de informação acerca dos trabalhadores para proporcionar melhorias na qualidade de vida e saúde mental dos mesmos. Esta pesquisa se propôs a avaliar o nível de suspeição de transtornos mentais em trabalhadores do setor de saúde e sua possível relação com o clima organizacional de um hospital de grande porte da cidade de Campo Grande/MS. O método utilizado foi o descritivo-correlacional, de corte transversal, com amostragem por conveniência. Participou do estudo uma amostra de 242 trabalhadores de ambos os sexos, de um Hospital de grande porte de Campo Grande/MS. Para tal finalidade, foram utilizados três instrumentos: (i) o Questionário Sócio-Demográfico-Ocupacional (QSDO), desenvolvido especialmente para essa pesquisa; (ii) a Escala de Indicadores de Clima Organizacional (EICO) criado por Oliveira e Guimarães (2021) e (iii) o Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20) para avaliação da suspeição diagnóstica dos Transtornos Mentais Comuns (TMC) desenvolvido por Harding et al., (1980) e validado no Brasil por Mari e Willians (1986). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente, com estatística descritiva e inferencial, utilizando-se o software Minitab 21.4 (versão trial). Para verificar a normalidade dos dados foi utilizado o cálculo da margem de erro, de acordo com o valor da amostra, do desvio padrão e do nível de confiança desejado, e a amostra apresentou distribuição normal. Para o cruzamento entre os dados sociodemográficos e ocupacionais, grau do clima organizacional e as prevalências dos transtornos mentais comuns avaliados pelos instrumentos, foram utilizados os seguintes testes: qui-quadrado e a correlação de Pearson. Constatou-se uma prevalência de suspeição para TMC de 43,8%. O Clima Organizacional foi considerado pelos trabalhadores com grau Favorável, com porcentual de satisfação de 67%, que demanda necessidades de ações de intervenção a médio prazo. Foi encontrada influência moderada entre a suspeição de TMC e Clima Organizacional, e também associação entre a suspeição de TMC e perfil sociodemográfico. Os resultados obtidos remetem à necessidade de ações preventivas e interventivas que possibilitem a detecção e manejo dos fatores de risco psicossocial específicos desse local de trabalho e funções desempenhadas, a fim de favorecer o Clima Organizacional para trabalhadores e reduzir os indicadores de Transtornos Mentais Comuns.
A diabetes tipo 2 é uma doença crônica que requer cuidados constantes por parte do diabético. Resultados favoráveis na saúde podem ser alcançados com a administração adequada do tratamento por parte do paciente, no qual o autocuidado é um componente-chave na vida dos diabéticos. Dados os desafios, muitos pacientes tendem a lutar com a sua condição de saúde, e tais esforços estariam relacionados às tentativas de controle das experiências internas, ao menor nível de consciência dos eventos privados e ao menor contato com o momento presente, o que contribui para o desenvolvimento de um repertório comportamental com poucos recursos para operar sobre as contingências, o que está relacionado à inflexibilidade psicológica. Níveis de ansiedade e depressão também podem ser observados em uma parcela expressiva de pessoas com diabetes tipo 2, e podem impactar também no autocuidado. Esta dissertação foi elaborada no formato de dois artigos, sendo que o artigo 1 visou investigar relações entre diferentes processos de flexibilidade psicológica com a disponibilidade para aceitar e aprender a conviver com a doença e seus efeitos (dimensões do autocuidado) em uma amostra de adultos brasileiros com diabetes tipo 2. O artigo 2 teve por objetivo responder se existem correlações entre essas variáveis (autocuidado com ansiedade, depressão e flexibilidade psicológica) em pessoas com diabetes tipo 2. Para compor a análise de dados de ambos os artigos, realizou-se uma coleta de dados com 68 participantes com idade entre média de 61,57 anos (dp 11,16). Os artigos apresentaram os dados analisados a partir da aplicação dos instrumentos: Questionário de caracterização sociodemográfica e clínica, Instrumento de Avaliação do Autocuidado de Pacientes com Diabetes Mellitus 2 - INAAP- DM2, Acceptance and Action Diabetes Questionnaire – AADQ e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão – HAD (artigo 2). Análises de correlação de Spearman foram utilizadas em ambos os estudos por meio do programa SPSS®, versão 25; e a análise univariada de covariância (ANCOVA), para verificar a influência da flexibilidade psicológica no Autocuidado (dimensões Aceitar e Aprender), como covariáveis a idade e escolaridade, foi utilizada no artigo 1. O artigo 1 evidenciou que os escores gerais dos instrumentos que mediram o autocuidado (INAAP-DM2, dimensões Aceitar e aprender) e a flexibilidade psicológica (AADQ) não apresentaram correlação estatisticamente significativa. Depois da análise do ANCOVA, os dados indicaram que ao controlar a covariável Idade observa-se uma relação entre flexibilidade psicológica e autocuidado (dimensão Aceitar), o que evidencia que a idade dos participantes pode, de fato, ter influenciado nessa relação. O artigo 2 apontou que as dimensões aprenderem e aceitarem do instrumento que avaliou autocuidado, foram correlacionadas negativamente aos níveis de ansiedade e depressão. Não foram observadas correlações estatisticamente significativas entre as dimensões do autocuidado (INAAP-DM2) e flexibilidade psicológica (AADQ). Este estudo contribuiu para investigar a relação entre variáveis que poderão impactar no autocuidado em diabetes, e salienta a importância no desenvolvimento de novas pesquisas que continuem explorando o impacto da flexibilidade psicológica no cuidado em saúde de pessoas com diabetes tipo 2.
A atuação como psicóloga hospitalar oportuniza o acompanhamento de pacientes renais crônicos desde sua rotina no setor de hemodiálise, quando iniciam o processo de elegibilidade para o transplante e após transplantarem. Dessa forma os indicadores de qualidade de vida são fundamentais para compreender o impacto na vida e na saúde desses pacientes, assim proporcionando possibilidades de atuação e cuidado, promovendo o apoio psicológico necessário para as adaptações e enfrentamentos a nova condição de saúde. O método aplicado na pesquisa é o estudo descritivo transversal em uma amostra por conveniência. O objetivo geral é avaliar a qualidade vida do renal crônico, comparando as diferentes percepções de qualidade de vida em pacientes que estão em lista de espera pelo transplante renal e os que já são transplantados renais. Os participantes da pesquisa foram 25 pacientes adultos portadores de Doença Renal Crônica, que integram os ambulatórios de transplante de um hospital em Campo Grande MS. O principal instrumento da pesquisa é o KDQOL-SF que visa avaliar a qualidade de Vida de pacientes renais crônicos e uma entrevista semiestruturada. Para análise dos resultados estão traçados o perfil sociodemográfico e as informações sobre suas percepções individuais sobre a vivência da descoberta da doença renal e os incômodos gerados. Os resultados do KDQOL- SF, apurados estatisticamente. A conclusão de que no geral não existem diferenças significativas sociodemográficas, tendo um grupo de transplantados mais jovens que os que estão em lista de espera, e o domínio de maior relevância para ambos os grupos é o apoio que recebem tanto do meio social quanto dos profissionais que os orienta e incentiva a continuarem suas vidas da melhor maneira possível. Neste aspecto se evidencia a importância da psicologia no seu papel de acolher emoções e sentimentos a fim de que obstáculos nesse percurso sejam superados.
Introdução: Nota-se que a procura pela formação na área de Enfermagem inicia-se logo após a conclusão do ensino médio, sendo que a realização do curso técnico é considerada uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Compreende-se que os profissionais de Enfermagem fazem parte de uma categoria socialmente relevante e dentre as áreas de atuação desses profissionais verifica-se a atividade laboral na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), na qual os profissionais encontram-se alocados em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que possuem diversos tipos de modalidade. Objetivo: Analisar e descrever as vivências de profissionais de Enfermagem atuantes em um CAPS da cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul (MS) no que se refere à relação entre saúde mental e seu contexto laboral. Metodologia: Pesquisa de abordagem qualitativa, método descritivo e realizada a partir de entrevista semiestruturada com 10 participantes. Resultados: Nota-se que os profissionais de Enfermagem que atuam nos CAPS encontram-se expostos a inúmeros fatores que podem impactar sua saúde física e mental. Conclusão: Em vista do que foi analisado, conclui-se necessário a implementação de ações que venham de encontro a contribuir para a qualidade de vida laboral desse profissional, a fim de minimizar os casos de adoecimento.
A presente dissertação de mestrado é composta por três artigos de autoria da pesquisadora.
Eles abordam a qualidade de vida no trabalho dos profissionais de Psicologia da região do Bolsão no contexto da Assistência Social no estado de Mato Grosso do Sul. O primeiro artigo, Qualidade de Vida Relacionada ao Trabalho: Trajetórias Teóricas, realiza uma revisão narrativa da literatura sobre qualidade de vida relacionada ao trabalho, abordando suas origens, desenvolvimento e relevância. A revisão em questão destaca que a qualidade de vida no trabalho é um construto multidimensional que engloba aspectos físicos, psicológicos, sociais e organizacionais. Assim, infere-se que um ambiente de trabalho saudável e satisfatório contribui para o bem-estar e a produtividade dos profissionais. O segundo artigo, A Questão da Qualidade de Vida Relacionada ao Trabalho de Psicólogos que Trabalham no Sistema Único de Assistência Social, é uma revisão integrativa da literatura que analisa a produção científica sobre qualidade de vida relacionada ao trabalho dos profissionais de Psicologia no Sistema Único de Assistência Social, focando nos Centros de Referência de Assistência Social e nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social. A análise revela os desafios enfrentados por esses profissionais, como altas demandas de trabalho e sobrecarga de responsabilidades. Já o terceiro artigo, Qualidade de Vida Relacionada ao Trabalho de Psicólogos que Trabalham no Centro de Referência de Assistência Social, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social e na Instituição de Acolhimento dos Onze Munícipios da Região do Bolsão do Mato Grosso do Sul, apresenta uma pesquisa epidemiológica e transversal que investiga a prevalência dos principais aspectos relacionados à qualidade de vida dos profissionais de Psicologia que atuam na Assistência Social. A amostra inclui 54 profissionais de Psicologia, sendo aplicados testes estatísticos e instrumentos de avaliação, como Questionário Sociodemográfico e Ocupacional, Self Report Questionnaire 20 e Escala de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho. É válido mencionar que os resultados dos três artigos fornecem subsídios para o aprimoramento das políticas e práticas de trabalho do profissional psicólogo, visando à promoção de melhores condições de trabalho e bem-estar. Além disso, considerando o fator da regionalização, esta pesquisa permite uma análise aprofundada das demandas, dificuldades e necessidades enfrentadas, identificando fatores de risco que contribuem para o adoecimento ou o desgaste profissional, como: os transtornos menores comuns – cansaço físico ou mental/psicológico, falta de concentração, sonolência e sobretudo, o uso de álcool; bem como foi identificado fatores de proteção que promovem o bem-estar e a satisfação no trabalho. Tais informações são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de promoção à saúde e prevenção de problemas relacionados ao trabalho.
No contexto universitário diferentes formas de violência se manifestam e se reproduzem nas relações entres seus agentes. A assertividade é um conjunto de habilidades interpessoais que tende a ter uma atitude equalizadora nas relações sociais, e por isso ela pode ser capaz de auxiliar na percepção de um ambiente hostil, mediado por relações violentas e agressoras. Objetivos: Esta dissertação foi elaborada no formato de dois artigos, sendo que o artigo 1 objetivou investigar a assertividade e a percepção das violências interpessoais por universitárias de instituições públicas do estado do Mato Grosso do Sul, tendo como características mediadoras da análise: a renda, a orientação sexual, o tipo de ingresso à universidade e a raça. O artigo 2 teve por objetivo identificar a percepção de universitárias de instituições públicas de ensino superior do estado do Mato Grosso do Sul sobre a violência em ambiente universitário. Método: Para compor a análise de dados de ambos os artigos, realizou-se uma coleta de dados online (via Google Forms) com 332 universitárias com idade entre 17 e 54 anos, média de 23,65 anos, dp ± 5,68, sem restrição de curso e como critério de inclusão ter cursado pelo menos 1 (um) semestre na graduação, estar matriculada em um curso de ensino superior de instituição pública do estado do MS, e ter assinalado o aceite no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa. O artigo 1 apresentou os dados analisados a partir da aplicação dos instrumentos Questionário Sociodemográfico, Inventário de Habilidades Assertivas – IHA (frequência e desconforto para a assertividade) e Escala de Violência Interpessoal - VIP adaptada (escore geral). O artigo 2 apresentou os dados da Escala de Violência Interpessoal - VIP adaptada e da questão aberta de escrita livre e espontânea, considerando o agrupamento das respostas dos instrumentos nas categorias: a) Violência devido a características pessoais e escolhas de outrem e Violência moral); b) Violência devido à orientação sexual e de gênero; c) Violência devido ao desempenho acadêmico; d) Violência devido à classe social, raça e etnia; e) Violência na relação veterano-calouro (ou relações de poder); f) Violência na relação professor-aluno; e g) Violência Institucional. Resultados: Para o artigo 1, as variáveis 'tipo de ingresso' e 'orientação sexual' apresentaram diferenças estatisticamente significativas, indicando que: as participantes que ingressam por cotas apresentaram maiores escores de percepção de violência em relação a participantes de ingressam por ampla concorrência; participantes não heterossexuais apresentaram escores maiores de frequência e de desconforto da assertividade do que as participantes heterossexuais. Em relação aos achados do artigo 2, foi observado que a violência é percebida pela maioria das participantes em relação ao desempenho acadêmico e na relação professor-aluno. Os relatos das participantes destacaram as categorias violência devido a características pessoais e escolhas de outrem e violência moral, violência na relação professor-aluno, bem como violência devido à orientação sexual e de gênero. Apesar disso, a maior parte da amostra indicou nunca ou raramente terem observado situações de violência na universidade. Conclusões: O Artigo 1 apontou que os dados analisados das variáveis 'tipo de ingresso' e 'orientação sexual (heterossexual e não heterossexual)' apresentaram diferenças estatisticamente significativas, indicando que pessoas que ingressam por cotas apresentam maiores escores de percepção de violência em relação a pessoas de ingressam por ampla concorrência. Verificou-se, ainda, na pesquisa, que pessoas não heterossexuais apresentaram escores maiores de frequência e de desconforto da assertividade do que pessoas heterossexuais. Por sua vez, o artigo 2 evidencia que a violência é percebida pela maioria das participantes em relação ao desempenho acadêmico e na relação professor-aluno. Os relatos das participantes apontaram maiores frequências as categorias violência devido a características pessoais e escolhas de outrem e violência moral, violência na relação professor-aluno, bem como violência devido à orientação sexual e de gênero. Novos estudos precisam ser delineados para a continuidade da investigação acerca da assertividade e percepção de violência na universidade no estado do Mato Grosso do Sul.
O presente estudo buscou compreender as violações de direitos trabalhistas e seus impactos sofridos por migrantes/refugiados que estão residindo no Brasil e submetem-se ao trabalho degradante dos frigoríficos. A questão norteadora deste estudo pautou-se em saber quais são as condições de vida e violações de direitos sofridas por trabalhadores migrantes nas indústrias frigoríficas e quais são as dificuldades enfrentadas ao acionar o judiciário em busca dos seus direitos. O objetivo geral foi de compreender as violações de direitos trabalhistas e seus impactos sofridos por migrantes/refugiados que estão residindo no Brasil e submetem-se ao trabalho em frigoríficos. Quanto aos objetivos específicos, pautaram-se em compreender as violações dos direitos trabalhistas sofridas por trabalhadores migrantes/ refugiados, suas dificuldades na defesa de seus direitos e a invisibilização dos trabalhadores migrantes. O método utilizado, baseou-se na perspectiva do materialismo histórico-dialético de Marx e Lukács, na qual buscou-se compreender como ocorre a exploração e as dificuldades de defesa dos seus direitos. Para o desenvolvimento deste trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, a fim de aprofundar a questão do capitalismo e o trabalho assalariado, bem como compreender a migração sob o viés econômico e social. Quanto a metodologia aplicada, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a partir de referenciais teóricos que abordam a temática atualmente, além de uma pesquisa nos jornais digitais disponíveis que noticiaram situações de violação de direitos nos frigoríficos. Além desses, buscou-se realizar uma pesquisa documental, composta pela análise de dois processos trabalhistas que descreveram as violações de direitos sofridas por trabalhadores migrantes ao desempenhar seu trabalho em frigoríficos no Brasil. Através destes, foi possível extrair informações materializadas, passíveis de serem compreendidas por meio da narrativa realizada pelos advogados dos trabalhadores migrantes ao denunciar as violações de direito sofridas e relatadas por essas pessoas, ainda nos foi permitido analisar os procedimentos adotados pelo judiciário para viabilizar a produção de provas e finalmente sentenciar a causa. A pesquisa documental não expõe a identidade das partes envolvidas nos processos, e trata-se de documentos públicos. Os resultados da pesquisa demonstraram como o trabalho braçal desenvolvido nos frigoríficos brasileiros acaba por ser degradante e ainda denunciam as dificuldades que o trabalhador migrante possuiu ao tentar comprovar o nexo causal entre acidente de trabalho e/ou doenças ocupacionais das quais são acometidos os trabalhadores migrantes, e pela sua situação vulnerável são invisibilizados pelo judiciário, acentuando as situações de violação de direitos acometidas no trabalho braçal dos frigoríficos.
Introdução: a cinoterapia trata-se da terapia assistida por cão, um método de intervenção que traz inúmeros benefícios, como o fortalecimento do vínculo entre paciente-terapeuta, e proporciona impactos no comportamento, como melhora na comunicação, na autoestima e na motivação. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem da psicologia que possui um método diretivo, sistematizado e focado na resolução de problemas. Essa abordagem busca retirar sintomas, ajustar padrões de comportamentos desadaptativos e a promoção de melhor desenvolvimento da personalidade. O transtorno de ansiedade generalizada é um dos tipos de transtorno de ansiedade e os sintomas que persistem são de preocupação excessiva e dificuldade de concentração, que impactam a pessoa de forma severa, causando sintomas físicos, emocionais e comportamentais. Objetivo: investigar a participação de um cão como recurso complementar na clínica em terapia cognitivo-comportamental para o tratamento de crianças com transtorno de ansiedade generalizada, segundo os critérios da Classificação Internacional das Doenças e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association. Metodologia: é um estudo de caso, observacional descritivo com abordagem qualitativa. As crianças que participaram da pesquisa têm a faixa etária de sete a oito anos e fazem tratamento no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil com diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada, de acordo com a Classificação Internacional das Doenças e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. O cão colaborador da pesquisa tem o nome de Charles Brown, é da raça de Shih Tzu, filhote (nove meses), pelagem bicolor, macho, castrado e adestrado. As sessões de cinoterapia ocorreram na duração de dois meses e foram estruturadas com atividades direcionadas, de acordo com a demanda observada nas entrevistas e no jogo de ansiedade. Os instrumentos da pesquisa utilizados foram: anamnese e entrevistas com os responsáveis legais (pré e pós-intervenção), entrevistas com a criança (pré e pós-intervenção), entrevista com a criança em interação com o cão (pré e pós-intervenção), aplicação do jogo de ansiedade (pré e pós-intervenção) e instrumento observacional do comportamento que foi observado nas sessões. Resultados: a proposta terapêutica favoreceu a melhora da ansiedade, expressão das emoções e foi possível observar comportamentos desadaptativos da criança na interação com o cão. Considerações finais: o cão foi considerado um adequado recurso complementar dentro da terapia cognitivo-comportamental, uma figura de vínculo, de aprendizado, de enfrentamento, vivência, projeções, modelagem, apoio e observação; apresentou comportamento de validação, uma figura de apego para com as crianças atendidas; a interação proporcionou atividades para o desempenho das resolução de problemas, abertura a novas possibilidades de enfrentamento ao que estava sendo evitado e, por fim, o incentivo à regulação emocional.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi pensada para construir diretrizes e estratégias de atuação para o cuidado integral e assistencial à Saúde Mental no Brasil, ancorando-se nos direitos humanos e envolvendo Governo Federal, Estados e Municípios. Neste sentido, o principal produto das práticas da RAPS é garantir a dignidade humana e o bem-estar do sujeito a partir de orientações coletivas. Considerando esses aspectos, a presente pesquisa teve como objetivo descrever e analisar aspectos da conformação do Sistema de Saúde Mental em Campo Grande, MS, a partir de fontes textuais e orais dos funcionários do sistema de saúde mental. A questão norteadora, pautou-se em saber como ocorre o processo de implementação ainda em desenvolvimento da RAPS a partir das memórias dos funcionários referente as demandas e serviços dos dispositivos da rede, abrangendo outros olhares e ampliando por intermédio da História Oral um contexto mais aberto aos partícipes dessa Rede, recorte esse que ainda não tinha sido investigado na cidade de Campo Grande -MS. Os resultados demostraram que olhar para uma história presente, é compreender e refletir sobre a luta da saúde mental em romper com os paradigmas do passado. Em conclusão, a reflexão sobre as dificuldades enfrentadas nos dispositivos componentes da Rede contribui para reflexões sobre as dificuldades e as necessidades de romper com os velhos paradigmas que permeiam a história da Saúde Mental. Assim, entende-se que essa não é uma história única, nem fechada, mas um convite a elaboração de novos estudos, e um convite também a reflexão dos profissionais e gestores que trabalham e compõem essa Rede.
A fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética, crônica e difusa em vários pontos do corpo que geram limitações significativas ao indivíduo e que acomete principalmente mulheres. Estudos apontam que a Fibromialgia apresenta comorbidades que trazem grande comprometimento à vida do indivíduo como dificuldades para dormir, depressão e ansiedade. Esta dissertação foi elaborada no formato de dois estudos, sendo que o estudo 1 visou a investigar, em uma revisão narrativa, a relação entre aceitação da dor e o seu impacto em pessoas com fibromialgia. O estudo 2 teve por objetivo correlacionar a ansiedade, depressão, incapacidade frente à dor com a aceitação da dor em pacientes com Fibromialgia, identificando se maior aceitação da experiência dolorosa está correlacionada aos menores níveis de depressão, ansiedade e incapacidade frente à dor. Para compor a análise de dados do estudo 2, realizou-se uma coleta de dados com 79 participantes com idade entre 32 e 71 anos, média de 46,9 anos, da cidade de Campo Grande - Mato Grosso do Sul. A coleta de dados foi realizada de maneira remota (por formulário no Google Forms), a partir do contato com as pessoas interessadas em participar de um projeto de extensão desenvolvido em uma instituição de Ensino Superior. As participantes responderam aos instrumentos Questionário de Impacto da Fibromialgia, versão brasileira revisada - FIQ-R, Escala Hospitalar de Ansiedade e depressão – HAD; e Chronic Pain Acceptance Questionnaire – CPAQ. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS - Versão 25, a partir da análise de correlação de Pearson, uma vez que a amostra apresentou distribuição normal. Os resultados indicaram correlação negativa e moderada entre a aceitação da dor (CPAQ-Escore Geral) e os níveis de impacto da dor, ansiedade e depressão, o que sugere que quanto maior a aceitação da dor, menores eram os níveis de incapacidade frente à dor, ansiedade e depressão. No que se refere à análise por fatores do CPAQ, os dados também apontaram que quanto maiores foram os escores nos fatores ‘engajamento em atividades’ e ‘disposição para sentir dor’, menores eram os níveis de incapacidade frente à dor, ansiedade e depressão. Novos estudos que avaliem indicadores da aceitação, ansiedade e depressão juntos se fazem necessários, visando a uma compreensão sobre a aceitação da dor como forma de enfrentamento diante do diagnóstico de fibromialgia.
Diante do aumento da expectativa de vida – o que corroborou para o crescente número de idosos na sociedade – e diante de inúmeras mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, o idoso da contemporaneidade tem vivido diferentes realidades, entre elas, a de ter que morar em instituições de longa permanência. O presente estudo teve como objetivo geral descrever os marcos de vida de idosas moradoras em uma instituição de longa permanência; como objetivos específicos delinearam-se: apreender os sentimentos, as ações, e a lógica da memória dessas idosas e conhecer os dias atuais delas. Pesquisar sobre o sentido que as histórias de vidas de idosas de uma instituição de longa permanência promovem, pode possibilitar que essas idosas tenham visibilidade nesse espaço que carrega conotações negativas, estigmas e cerceamento da liberdade. Participaram deste estudo duas idosas, uma com 73 e a outra com 87 anos de idade sem suspeita de senilidade. Foram realizadas dezessete oficinas. Além disso, realizaram-se entrevistas, aplicaram-se a escala de rastreio cognitivo e o questionário de informações gerais, separadamente das oficinas. O método de pesquisa foi o da história de vida, que direcionou também o estudo e os procedimentos. As duas idosas não apresentaram suspeita de comprometimento cognitivo. Ainda que não houvesse o propósito de se realizar terapia com as participantes, observou-se que as atividades e técnicas desenvolvidas nas oficinas proporcionaram efeito terapêutico, haja vista que elas puderam compartilhar suas histórias, reviver suas memórias, bem como valorizar as suas experiências positivas e negativas, além do fato de haver outros idosos receptores de suas lembranças. Conclui-se que a intervenção permitiu dar visibilidade às idosas em situação de vulnerabilidade, bem como propiciou a criação de técnicas terapêutica para trabalhar com essa população, que possibilitaram acolher, escutar, ensinar, resgatar a importância do idoso e de suas histórias, bem como proporcionar alívio da opressão que o ancião enfrenta em nossa atual sociedade, favorecendo a promoção da saúde por meio do contar histórias de vida e da relação com o outro; desse modo, contribuiu-se para o protagonismo das participantes por meio de suas narrativas e ações.
Esta dissertação de mestrado tem como objetivo percorrer os caminhos que transitam entre dizeres a partir de uma perspectiva do feminismo negro em entrecruzamento com dizeres do feminino na psicanálise. O campo teórico se situa na psicanálise lacaniana e nos seus cruzos com o feminismo negro. Para a análise, utilizo textos de autoras feministas negras na intersecção entre classe, gênero e raça para denunciar os processos coloniais de naturalização de ações, linguagens e formas de viver e o feminino na psicanálise lacaniana como um saber subversivo e furado. A pesquisa se insere no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, com área de concentração em Psicologia da Saúde, especificamente na linha de pesquisa “Políticas públicas, cultura e produções sociais”. O método cartográfico é utilizado para articular esses diferentes dizeres, histórias, escrevivências, conceitos e epistemologias heterogêneas que se cruzam em alguns pontos, formando redes, laços e enredos. Assim, constrói-se uma colcha de retalhos em que se costuram pontos de encontros e desencontros, chegando à questão de pesquisa sobre quais as possibilidades de cruzamentos entre a psicanálise e o feminismo negro como possíveis saídas ao discurso alienante e colonizador do patriarcado, do racismo e de outras formas de domínio que tornam o outro um estrangeiro a ser subjugado, dominado e quais as possibilidades da psicanálise frente ao discurso de ódio nos encontros e desencontros com o feminismo negro. A pesquisa discorre sobre questões de uma psicanálise implicada no mundo, utilizando-se do feminino na sua relação com a falta e se aproximando do feminismo negro com suas lutas por reparações históricas, políticas, econômicas e sociais, para pensar a diferença não como um produto de desigualdades, segregações e apagamentos, mas considerando a diversidade enquanto possibilidade de trocas em que as diferenças não são eliminadas e sim consideradas como possibilidades de criar pontes, ao invés de muros, entre dizeres.
O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por prejuízos nas áreas de interação social, linguagem e habilidades cognitivas, desde os primeiros anos de vida. E pesquisar se há benefícios na intervenção terapêutica fonoaudiológica em grupo com crianças com TEA atendidas no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, e se esta forma de procedimento pode possibilitar melhora da interação social, das habilidades cognitivas e linguagem, principalmente nos ambientes familiar e escola. A pergunta que norteou esta pesquisa foi: A intervenção em grupo traz benefícios para as crianças com transtorno do espectro autista, atendidas no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, repercutindo na interação social, nas habilidades cognitivas e na linguagem? O objetivo geral foi apontar possíveis benefícios das interações sociais, da cognição e da linguagem, na intervenção em grupo de crianças com transtorno do espectro autista, atendidas no referido Centro. Participaram deste estudo quatro crianças com o diagnóstico de autismo, entre 24 e 56 meses de idade. Foram aplicados os seguintes instrumentos para avaliação: a escala Childhood Autism Rating Scale (CARS), em português, Escala de Avaliação do Autismo na Infância, que avalia a relação interpessoal, a imitação, a expressão corporal, os cinco sentidos, a comunicação verbal e não verbal; o Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (IDADI), que observou sete domínios no desenvolvimento infantil: cognitivo, socioemocional, linguagem receptiva e expressiva, motricidade ampla e fina; o Protocolo de Observação Comportamental (PROC), que avaliou a linguagem e cognição, e a Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL 2), que avaliou a aquisição do conteúdo (semântica) e estrutura (morfologia e sintaxe) da linguagem, pré-intervenção. Foram realizadas 12 sessões de atendimento, e, após o processo de intervenção, realizou-se a aplicação dos mesmos instrumentos. O método de pesquisa foi o estudo de caso, descritivo, com abordagem qualitativa. Todas as crianças apresentaram evolução na maioria das habilidades avaliadas. Os resultados ressaltam que existem relações entre o nível de compreensão e expressão da linguagem e as interações sociais. O estudo evidencia a relevância da avaliação da interação social, das habilidades cognitivas e de linguagem, para auxiliar nas intervenções terapêuticas dentro de uma lógica de cuidado, incluída nas diferentes abordagens terapêuticas na perspectiva do grupo dentro de uma linha de cuidado proposta dentro da desinstitucionalização e da reforma psiquiátrica. Conclui-se que a intervenção em grupo foi benéfica na maioria das habilidades, em todas as crianças. Podendo ser realizado um atendimento de qualidade no Centro de Atenção Psicossocial, oferecido pelo Sistema Único de Saúde.
A presente pesquisa considerou as práticas voltadas para aqueles que acessam a política de assistência social, em particular no Centro de Referência Especializado de Assistência Social, que, com a justificativa de proteção e cuidados às famílias atendidas, por vezes acaba por normatizar e disciplinar a vida das crianças, adolescentes e suas famílias, provocando ações colonialistas e outremizadoras, contribuindo para manter as subalternizações destes. O campo de pesquisa foi se compondo por meio do método da pesquisa-experiência, a partir de memórias de percurso em um CREAS, compondo histórias-montagens pela rede de atendimento e proteção. Esta pesquisa constituiu-se por um tensionamentos que se compõem por indagações das práticas que permeiam a Política Pública de Assistência Social, especialmente no Centro de Referência Especializado de Assistência Social e, a partir disso, realizou-se a formulação da pergunta de pesquisa que interroga sobre os possíveis efeitos da outremização nas práticas com famílias e indivíduos no CREAS. Teve como objetivo geral analisar as práticas das (os) profissionais que, com a justificativa de proteção e cuidado, tendem a normatizar e disciplinar as famílias e indivíduos do CREAS gerando atuações colonialistas e outremizadoras e objetivo específico problematizar o modo como a política de assistência social atua e compreender a interseccionalidade nas atuações a fim de ver os processos de marginalizações, colonialidades e outremizações. Esse tensionamento aconteceu pela compreensão da interseccionalidade como ferramenta analítica e práxis política e da literatura sobre colonialidades e formas de cuidado em políticas públicas. É importante considerar que, como operadores(as) da política pública, temos a oportunidade de interrogar a sociedade e não estarmos focados(as) somente no fazer teórico/técnico. Com as discussões provocadas, buscou-se observar os processos de interseccionalidade presentes na política pública de Assistência Social, a fim de compreender os processos discriminatórios como racismo, patriarcalismo e opressão de classe que suscitam desigualdades. A interseccionalidade promove o entendimento sobre o modo como as ações e as políticas desencadeiam ou sustentam opressões e, por vezes, entende a violência como produto ou subproduto da pobreza, racializando a pobreza. Problematiza-se a institucionalização da violência pelos(as) técnicos(as) da política pública de Assistência Social a fim de que seja possível compreender em que medidas suas práticas podem produzir lugares de subalternização que contribuam para a manutenção das ações colonialistas e outremizadoras.
A Fibromialgia está presente na gama de doenças relacionadas à dor crônica, é conhecida pela presença de sintomas que incluem dor generalizada, persistente por mais de três meses, sensibilidade à pontos do corpo, fadiga, distúrbios do sono, queixas cognitivas, ansiedade, depressão, intestino irritável e dores de cabeça. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS revelou que a COVID-19 era uma Emergência de Saúde Pública a nível Internacional, o maior nível de alerta da OMS, declarando o surto como uma pandemia. O medo da pandemia, juntamente com a quarentena e isolamento social, o impacto na saúde mental e física da população foi intensa e se constitui como um fator essencial a ser considerado, interferindo na qualidade de vida dos indivíduos com FM durante e após este momento. Desse modo, pessoas com dor crônica passam a procurar táticas para amenizá-la. Entre as formas de enfrentamento, a religiosidade, e seu vínculo com a saúde, têm sido estudados em diversas disciplinas desde o início do século XX e agora são comumente incluídas em um modelo biopsicossocial de saúde. A avaliação da religiosidade é cada vez mais comum nas pesquisas das ciências comportamentais, bem como na medicina e na psicologia. Esta dissertação foi elaborada no formato de dois artigos, sendo que o artigo 1 visou avaliar o papel das práticas religiosas no enfrentamento da dor, descrevendo como as práticas de religiosidade em pessoas com fibromialgia podem ser relacionados às estratégias de enfrentamento religioso (positivo ou negativo) vivenciado pelo indivíduo com FM. O artigo 2 teve por objetivo avaliar a percepção acerca das práticas religiosas durante a pandemia e o seu impacto em decorrência das dificuldades vivenciadas neste período. Para compor a análise de dados de ambos os artigos, realizou-se uma coleta de dados com 123 participantes com idade entre média de 45,3 anos, de forma online (n= 110) e presencial (n= 13). Os artigos apresentaram os dados analisados a partir da aplicação dos instrumentos: Questionário sociodemográfico, Escala de Religiosidade de Universidade de Duke (DUREL-R), Escala de Enfrentamento Religioso frente à dor (artigo 1) e Escala de Religiosidade no período de pandemia do COVID-19 para pessoas com Fibromialgia (artigo 2). Análises estatísticas não paramétricas foram utilizadas em ambos os estudos por meio do programa SPSS® Versão 23. O artigo 1 apontou que o Enfrentamento positivo religioso relacionado a dor foi preditivo para a menor frequência de práticas relacionadas à Religiosidade Intrinseca - RI, e a correlação entre essas variáveis foi moderada. O enfrentamento religioso também foi correlacionado à menor frequência de Religiosidade Organizacional – RO e Religiosidade Não-Organizacional – RNO e o Enfrentamento negativo foi correlacionado a maior frequência de práticas relacionadas à Religiosidade Organizacional. Tais correlações apresentaram magnitude fraca. O artigo 2 evidencia que as práticas religiosas foram percebidas pelas participantes como um importante apoio durante o período da pandemia, mas não foram mais frequentes neste período e nem se diferenciaram entre as participantes que vivenciaram ou não algumas adversidades, a saber: ter diagnóstico de COVID-19; apresentar complicações de saúde em função do diagnóstico de COVID-19; perder familiares durante o período da pandemia. Novos estudos que avaliam essas variáveis podem ser realizados, especificando cada religião, suas práticas e como se diferenciam no enfrentamento à dor.
A presente pesquisa teve como objetivo estudar e compreender a aquisição da língua portuguesa para migrantes e refugiados como processo mediador para a inclusão e/ou exclusão destes na sociedade brasileira, tendo como universo de pesquisa, migrantes venezuelanos residentes no município de Sidrolândia-MS. O método utilizado foi o de pesquisa qualitativa, com base no materialismo histórico dialético. Foram contatados dez migrantes venezuelanos, entre homens e mulheres, sendo seis deles do sexo masculino, e quatro do sexo feminino, para a coleta dos dados foram realizados quatro encontros, sendo um individual, dois em dupla e um encontro com cinco migrantes, cada conversa foi realizada na própria residência de cada grupo de participantes. Para a análise dos dados foram realizadas as transcrições das mesmas, para que, posteriormente fosse realizada a observação, análise e interpretação dos discursos advindos dos participantes desta pesquisa, levando em conta a Análise Dialógica do Discurso (ADD) cunhada por Mikhail Bakhtin e seu Círculo. Assim, a análise metodológica utilizada aqui embasa-se na língua como um enunciado concreto, observando o âmbito discursivo e formal dos depoimentos advindos dos participantes desta pesquisa. O percurso metodológico ocorreu de fevereiro a junho de dois mil e vinte e dois. Utilizou-se de roteiro de entrevista semiestruturada e de pesquisa bibliográfica. Os discursos/enunciados dos participantes da pesquisa relataram suas vivências desde a saída da Venezuela, até a chegada ao município de Sidrolândia, passando pelas experiências com trabalho, preconceito, dificuldades no trajeto, destituição dos mínimos, a utilização da língua portuguesa, bem como a sua importância para todos os âmbitos de suas novas vidas no Brasil, até o estabelecimento da residência e procura de emprego na cidade a qual foi o universo da pesquisa, por fim, relataram como estão suas vidas e no que o conhecimento do português falado no Brasil impacta em suas vivências em um novo país. Os principais resultados apontam que, o fato de saberem ou não o idioma do país que recebe o migrante, se faz condição para a inclusão/exclusão deste indivíduo da sociedade brasileira, além de ser importante ferramenta na luta contra preconceitos, discriminações, desrespeito aos seus direitos como cidadão, ademais, se faz meio de auxílio a esforço pela melhora da vida socioeconômica de indivíduos migrantes, principalmente frente ao fato que, sabendo o idioma, a autonomia destes é conquistada por meio do emprego, estabelecimento de relações sociais e a conquista por espaços na sociedade. Além disso, o enunciado, como um todo, é utilizado para expressar qualquer pensamento, através de signos, os quais carregam ideologias, demonstrando a opinião deste indivíduo, de quem se trata, suas vivências e os processos de exclusão e inclusão na dialética da vida cotidiana e dos processos migratórios vivenciados. Os resultados também apontaram, a falta de políticas públicas para o ensino-aprendizagem da língua portuguesa por migrantes e refugiados espalhados por todo o Brasil, sendo assim necessário que, o país busque ações de acolhimento ao migrante/refugiado que chega ao país, o ensino da língua vigente no país.
A figura materna possui papel fundamental na estrutura psíquica de um indivíduo, proporcionando que aspectos sentidos como intoleráveis para o bebê possam ser transformados em funções psíquicas organizadoras. A relação entre mãe e filha produz profundas marcas na sua constituição enquanto mulher, que a acompanham por toda a sua vida, e que tendem a ser, inclusive, frutos de conflitos transgeracionais inconscientes. O presente trabalho investiga como mulheres com fibromialgia percebem as relações com as suas figuras maternas, limitando-se à análise de uma única geração e considerando exclusivamente a percepção das filhas. Esta dissertação foi elaborada no formato de dois artigos, sendo que o primeiro artigo faz uma análise de caso único, considerando o relato de uma participante com diagnóstico de Fibromialgia (A.,43 anos), na tentativa de buscar aprofundamento dos aspectos individuais da relação da participante com sua figura materna. O segundo artigo visa identificar o relato e a perspectiva de um grupo de mulheres com fibromialgia (n=15) a respeito da sua relação com a figura materna, e como esses relatos vão se aproximando para compreender como se transpõe em sentimento de rejeição, abandono, raiva, culpa, afeto, aceitação e proteção. Para atingir o objetivo, utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa com embasamento teórico da Psicanálise, especialmente sob o olhar de Klein, Winnicott e Freud. O processo de construção das informações se deu, no primeiro artigo, pela participação de uma paciente que se encontra
em atendimento na clínica-escola da UCDB, e no segundo artigo pelo uso da técnica metodológica denominada bola de neve, que possibilitou o contato com 15 mulheres participantes da pesquisa. Estas apresentaram os seguintes critérios: ter sido criada pela mãe, ter a mãe viva, terem entre 18 e 60 anos e terem o diagnóstico de fibromialgia há, no mínimo, 1 ano. No primeiro artigo foi utilizada uma entrevista de livre estruturação, na qual a participante é livre para direcionar as respostas à partir de eixos temáticos, e no segundo artigo foi utilizada a entrevista em profundidade, que é uma técnica metodológica qualitativa que permite o acesso a questões emocionais e subjetivas dos participantes de maneira aprofundada. Através das entrevistas dos dois artigos foi possível compreender que as participantes percebem a relação com sua figuras maternas como sendo permeadas de conflitos ambivalentes onde sentimentos de culpa,raiva,identificação,etc, são presentes,tendo dificuldade em fazer o processo de individuação, promovendo um entrelaçamento entre ambas. Essas vivências podem ter trazido grande impacto na vida das mulheres com fibromialgia, sendo o corpo palco desses conflitos através de seus sintomas.
O mundo vem passando por diversas transformações nas últimas décadas, transformações na esfera do trabalho, saúde, educação e entre outras; transformações que de alguma forma estão interligadas no universo capitalista. No que diz respeito às transformações, uma nova pandemia se instalou recentemente no mundo. Com a pandemia, ocorreram mudanças e diversos âmbitos da sociedade foram afetados, uma vez que a crise capitalista, que estava instalada há muitos anos, só aumentou, e com isso, os movimentos migratórios aumentaram. Dentro dos movimentos migratórios, encontram-se os deslocamentos migratórios de mulheres, resultado das condições históricas decorrentes das grandes transformações sociais, econômicas e culturais iniciadas no século XVII. Portanto, o objetivo geral desta pesquisa foi compreender o processo de sentimentos das mulheres migrantes em seu cotidiano nas circunstâncias da pandemia do COVID-19 no mundo atual. Quanto ao método, esta pesquisa se apresenta sob o viés de uma pesquisa qualitativa, pautada no Materialismo Histórico-dialético. As participantes da pesquisa foram 5 mulheres migrantes residentes no estado de Mato Grosso do Sul no Brasil. Os resultados expressam que as condições de vida do cotidiano em que o ser está inserido terá influência direta nos sentimentos do indivíduo, pois o meio social impacta diretamente suas vivências, afetando as materialidades da vida, de modo que reflete no corpo, dando origem aos sentimentos e emoções. As respostas das vivências cotidianas, são expressas por meio se
sentimentos, e sentimentos são ações, sendo essas respostas os movimentos de consciência da mulher migrante. O lugar e a classe social que elas estão inseridas influencia nesse processo, uma vez que, a pandemia acentua os atravessamentos das questões migratórias, demonstrando também as fragilidades das classes sociais.
A presente dissertação propõe-se a realizar uma aproximação entre Gestalt-Terapia (G-T) e a Atenção Psicossocial em Saúde. Para tal, procedeu-se a um estudo teórico-bibliográfico que, subdividido em quatro artigos científicos, dedicam-se a explorar os atravessamentos presentes no entorno do tema. Os objetivos do presente estudo são: construir uma aproximação aos fundamentos fenomenológicos e humanísticos tanto da G-T quanto do espírito da atenção psicossocial em saúde mental; levantar, na literatura, a forma como a atenção psicossocial está preconizada e organizada; levantar, na literatura, o estado da questão da presença da G-T na atenção psicossocial em saúde mental; levantar, na literatura, o estado da arte da teoria gestáltica; discutir a potencial relação entre os recursos terapêuticos da Gestalt e os desafios da atenção psicossocial em saúde mental; e por sim, discutir as contribuições da G-T para a atuação do psicólogo nas estratégias de atenção psicossocial em saúde mental. Metodologia: a presente dissertação apresenta-se em quatro passos. Primeiramente, procedeu-se à elaboração de uma pesquisa bibliográfica, na forma de um ensaio de discussão teórica, que possuiu o intuito de apontar para a complexidade epistemológica da G-T, e para os fundamentos conceituais capazes de colocá-la em discussão, explorando, de forma pontual, algumas das categorias gestálticas de base, como: aqui-e-agora; pessoa; e mundo. Como segundo passo, objetivou-se, através de uma revisão sistemática de literatura, a detalhar o panorama de pesquisas em solo nacional, no que tange às possibilidades de utilização da G-T enquanto corrente teórica e prática, no contexto da atenção em saúde mental. Já no terceiro passo, tratou-se de apresentar, na forma de ensaio de discussão teórica, os conceitos gestálticos de saúde e doença, e o modo como estes são interpelados pelos recursos teóricos, posturas e práticas da G-T. Por último, no quarto passo, finalizou-se com a discussão que intentou fazer ver como a G-T reúne as condições teóricas e práticas necessárias para contribuir com os esforços da Psicologia em fazer-se presente, como ciência e profissão, na equipe multiprofissional da atenção psicossocial em saúde mental do SUS. Considerações Finais: com a atenção voltada à atenção psicossocial em saúde mental, é possível constatar que a inserção da psicologia no referido campo e espaço não é tarefa fácil. Sobretudo para uma profissão que nasceu dentro das paredes de consultórios, com status elitista, e pouco voltado às preocupações com o social. Todavia, o caminho apontado pela G-T, em especial a partir dos desenvolvimentos iniciados pelos seus fundadores, e os estudos posteriores voltados à questão social, parecem ser promissores para pensar a forma de realizar a atenção e o cuidado psicossocial com os recursos provenientes da teoria e da prática clínica gestáltica. São apresentadas, por parte da G-T, a possibilidade de uma ampla gama de intervenções terapêuticas no campo da atenção psicossocial em saúde. Conceitos como função de Ego, o estímulo à autonomia e ao empoderamento social, o tema do acolhimento e, até mesmo, o incentivo aos ajustamentos criadores frente a realidade de aflição que frequentemente se instaura na pessoa dada sua fragilidade e vulnerabilidade. Por fim, como principal mensagem oriunda do modo de pensar gestáltico tem-se: humanizar a todo custo as relações entre indivíduos nos ambientes públicos de atenção em saúde, e equalizar as relações de poder ali presentes por meio de uma escuta acolhedora e atenciosa.
Esta pesquisa foi realizada no Programa de Pós-graduação em Psicologia, com área de concentração na saúde. A área de concentração, a partir da linha de pesquisa “Políticas públicas, cultura e produções sociais”, permitiu à composição do campo temático dessa investigação focalizar os processos de inclusão e exclusão social de pessoas que, no campo da saúde, são classificadas com deficiências auditivas (PCD). A partir desse objetivo, tem-se como questão de pesquisa: de que modo corpos surdos são invisibilizados na assistência à saúde? As formas de inclusão e exclusão sociais são problematizadas em termos de visibilidade e invisibilidade desses corpos na relação com as políticas públicas de saúde. O presente trabalho tem como ferramentas de análise os estudos voltados para as discussões sobre colonialidades, Estudos Surdos e Estudos Culturais. A pesquisa foi feita por uma cartografia em uma instituição de saúde voltada para as pessoas com deficiência auditiva na qual a pesquisadora trabalha a partir de relatos de experiência de campo, seguindo os rastros de protocolos, formulários, organização e respostas às demandas dessa população. Considerou-se nesses estudos que as formas de inclusão e exclusão desses corpos passam pela relação com a perda da audição, fazendo com que o serviço foque na deficiência auditiva e não nas pessoas com perdas auditivas. Isso se apresenta na medida em que há diferentes formas de invisibilidade das necessidades sociais de saúde que vão para além da ausência da audição.
O ano de 2020 foi um ano atípico para a comunidade mundial, diante do cenário pandêmico que se instalou em razão do COVID-19. Vários setores foram afetados; dentre eles, a educação escolar. Diante deste cenário, foi autorizada a substituição das disciplinas presenciais por aulas remotas através das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs). O componente curricular Educação Física foi um dos mais afetados; pois, anteriormente, as aulas ocorriam com intenso compartilhamento de materiais e contato corporal entre os alunos e tudo isso foi proibido com a imposição dos protocolos. Diante da urgência em dar continuidade ao ensino-aprendizagem, os professores ressignificaram o seu papel. O objetivo do estudo foi relatar a vivência das aulas remotas de Educação Física, por meio da percepção de professor (es) da educação infantil de escolas públicas do município de Campo Grande/MS durante o período de pandemia COVID-19. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal com abordagem qualitativa. Integraram a pesquisa seis professores efetivos de Educação Física que atuavam na educação infantil da rede pública de ensino do município de Campo Grande/MS, com crianças da faixa etária de 04 a 05 anos. Foram utilizados como instrumentos um questionário sócio demográfico e uma entrevista semiestruturada constituída de perguntas norteadoras relativas ao objetivo da pesquisa. A análise das falas foi feita a luz da técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011) e também utilizou-se o software IRAMUTEQ para a análise de similitude e classificação hierárquica dependente. Verificou-se que os professores expressaram uma dualidade de sentimentos, entre o início das aulas remotas ser muito difícil e complicado, mas que com a passagem do tempo, as dificuldades trouxeram aprendizado e muitas lições. O desconhecimento de como lecionar de forma remota foi um dos motivos que contribuíram para o surgimento das dificuldades e a fusão entre a vida laboral e a particular fez com que os professores sentissem que trabalharam mais. Os professores relataram que se exercitaram pouco durante a pandemia da COVID-19, mas ingeriram vitaminas, contribuindo para preservação da saúde física, não evitando os impactos negativos à saúde mental. No tocante ao auxílio das famílias, notou-se que este se manteve mediano e se concretizava através de vídeos e fotos. Os professores declaram investimento de recursos próprios na aquisição de ferramentas tecnológicas, os aplicativos eram as ferramentas mais utilizadas e apesar da dificuldade para utilização, em especial com os de edições, os professores visualizaram uma evolução no decorrer das aulas remotas. Os professores conseguiram enxergar aspectos positivos como o crescimento profissional e inserção de novas metodologias na forma de lecionar. Na educação infantil, os professores tornaram-se mais criativos e lúdicos. Ademais, entende-se que os professores buscaram e tentaram a melhor forma de adaptar o ensino visando diminuir qualquer perda para os alunos. Ainda não sabemos a real extensão dos malefícios ou benefícios que esse período trará; mas, no tocante à Educação Física escolar é preciso uma análise específica sobre esse campo. Contudo, o relato desses profissionais pode contribuir para uma melhora nas condições e no retorno as aulas presenciais.
O presente estudo, teve como objeto de pesquisa as relações sociais e as implicações no campo da subjetividade de mulheres muçulmanas que moram no Brasil. A questão norteadora pautou-se em saber: Como ocorrem os processos de afetividade, cultura e identidade que perpassam as mulheres muçulmanas em seu cotidiano de vida no Brasil? O objetivo geral foi de conhecer os processos de afetividade, cultura e identidade que perpassam mulheres muçulmanas em seu cotidiano de vida no Brasil. E os objetivos específicos pautaram-se em conhecer os aspectos culturais e históricos dos muçulmanos no Brasil; compreender os afetos, a cultura e as questões identitárias de mulheres muçulmanas que residem no Brasil e entender os aspectos culturais e de gênero e trabalho das mulheres muçulmanas no Brasil. A metodologia seguiu a perspectiva do materialismo histórico-dialético de Lukács e Agnes Heller, sendo realizada a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, composta por 05 mulheres muçulmanas, com díades entre 28 a 38 anos, residentes em diferentes Estados brasileiros, inseridas ou não no mercado de trabalho, localizadas por meio das redes sociais, nas quais já existe um grupo de mulheres muçulmanas conhecidas entre si, e convidadas de forma aleatória. A pesquisa foi realizada pelas mulheres que aceitaram o convite para participação nesta. Os resultados da pesquisa demonstraram a importância de se compreender o cotidiano e a afetividade de mulheres muçulmanas residentes no Brasil e denotam contradições entre a profissão de fé e cultura islâmica num país ocidental. Demonstram que há ainda desconhecimento por parte dos brasileiros com relação à religião islâmica, o que gera curiosidade e/ou discriminação e preconceito. Ao mesmo tempo em que denota transformações identitárias das mulheres no que tange novas possibilidades de construção e orientação para suas próprias vidas pessoais, sejam de cunho profissional ou pessoal, familiar. Indicam a fortaleza dessas mulheres na construção de seus próprios caminhos invertendo formas mais tradicionais e arraigadas das comunidades muçulmanas.
As transformações no universo do trabalho ocorridas nas últimas décadas e as mudanças nas relações sociais trouxeram efeitos que repercutem em diversas esferas da vida humana, entre elas o trabalho. Em uma linha progressiva de agravamento de exigências, disponibilidade e competitividade, o trabalho contemporâneo é um terreno fértil para relações complexas de adoecimento laboral promovidas pela ruptura do equilíbrio da relação entre demanda e controle. Embora este seja um fenômeno recorrente e multifatorial em sua percepção e ocorrência, algumas profissões apresentam uma maior sujeição a estes eventos, e a segurança pública é um destes campos de maior acometimento. A psicossociologia do trabalho é a abordagem que norteia esse estudo, e compreende as plurais relações e interferências que se apresentam entre o homem e o trabalho, com especial orientação aos transtornos e ao adoecimento no campo laboral, a fim de minorar a sujeição aos riscos. Esta dissertação teve como objetivo geral avaliar a presença de estresse ocupacional e a suspeição para transtornos mentais menores em bombeiros militares de Campo Grande - MS. Foi desenvolvido um estudo junto a policiais do Corpo de Bombeiros Militares de Campo Grande, MS, que, de sua população total (n= 260 profissionais), teve uma amostra de 83 integrantes que responderam a um questionário disponibilizado via plataforma Survey Monkey, para investigar aspectos sociodemográficos e ocupacionais, somada a dois instrumentos psicológicos de mensuração: o primeiro deles, Self Reporting Questionnaire (SRQ-20), com 20 questões do tipo sim ou não, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para o rastreamento de sintomas de transtornos mentais menores, sem uma perspectiva nosológica. O segundo instrumento utilizado foi a Escala de Vulnerabilidade do Estresse no Trabalho, que possui 40 questões e investiga vulnerabilidade ao estresse laboral no ambiente de atuação dos investigados, tendo por orientação três fatores (fator 1, clima e funcionamento organizacional; fator 2, pressão no trabalho e fator 3, infraestrutura e rotina). A dissertação foi desenvolvida no formato de artigos, totalizando três: (i) “O trabalho do bombeiro militar e seus reflexos à saúde mental: uma revisão narrativa”; (ii) “Prevalência de estresse ocupacional e transtornos mentais menores entre bombeiros militares de Campo Grande – Mato Grosso do Sul” e (iii) “Correlações entre estresse ocupacional e transtornos mentais menores no trabalho de bombeiros militares”. Detectou-se uma alta prevalência da suspeição de transtornos mentais menores, 75,7% e de estresse ocupacional, que foi superior a 60%, sem correlação com fatores sociodemográficos, confirmando uma correlação do trabalho de bombeiro militar com a alta prevalência de estresse ocupacional e transtornos mentais menores, em uma condição de interdependência dos dois construtos. O estudo evidenciou a importância da atenção a fatores cotidianos do trabalho do bombeiro militar como potenciais fatores de adoecimento laboral associado a natureza da atividade, bem como a importância do papel da oferta de acompanhamento e monitoria psicológica como fator protetivo importante para a qualidade de vida e saúde laboral destes profissionais.
O alimento completo para o desenvolvimento e imunidade da criança é o leite materno, todavia, mesmo com todas as políticas para promoção do aleitamento o índice de desmame precoce é muito alto no Brasil. Esta dissertação está organizada no formato de três artigos. O primeiro artigo refere-se a um estudo de revisão de estudos brasileiros publicados nos últimos dez anos, que realizaram intervenções para a promoção do aleitamento materno exclusivo com o uso de materiais educativos. Realizou-se a busca de artigos completos disponíveis e indexados nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), ScientificElectronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Empregaram-se as palavras de busca “Intervention” and “Breastfeeding”, com base nos descritores do MeSH (Medical Subject Headings) e foram selecionados 11 artigos para análise. As intervenções ocorreram na maioria em maternidades públicas, idade das participantes estava entre 18 e 36 anos, dominância de casadas/união consensual. Os estudos foram conduzidos a partir do delineamento quasi-experimental com único grupo (Grupo Experimental – GE) e o do delineamento com grupos Experimental e Controle, e Follow-up (7 e 60 dias). Os encontros apresentavam duração de aproximadamente 30 minutos. O recurso educativo mais utilizado foi o álbum seriado, outros materiais, como vídeo educativo, modelo de mama didática, folheto informativo e boneco também foram utilizados. As intervenções educativas quando utilizadas, podem contribuir de forma positiva para favorecer e incentivar o aleitamento materno. O segundo artigo investiga os efeitos de uma intervenção psicoeducativa, com a utilização combinada do álbum seriado e material didático, aplicada em 71 puérperas que estavam em alojamento conjunto, para promover a prática do aleitamento materno. Os dados foram agrupados e inseridos no Statistical Program for Social Sciences (SPSS), versão 26. A análise estatística descritiva (média e desvio padrão) também foi utilizada, a partir dos dados dispostos no programa GraphPad Prism, versão 9.0. A intervenção psicoeducativa obteve efeito positivo no aleitamento materno exclusivo durante os primeiros trinta dias, e contribuiu na autoeficácia para amamentar e na redução da ansiedade e depressão das participantes. O objetivo do terceiro artigo foi identificar a relação entre variáveis sociodemográficas e de cuidados em saúde com as variáveis da amamentação (autoeficácia, motivação e período em que pretende amamentar, além da manutenção do aleitamento exclusivo ou desmame pelo período de 180 dias). Evidenciou-se que quanto menor o nível sócioeconômico apresentado pelas puérperas, maior sua intenção de amamentar. Também apresentou uma correlação entre elevada autoeficácia na amamentação e menor risco de ansiedade e depressão. Outros estudos são indispensáveis para investigar os fatores que influenciam as baixas taxas de aleitamento materno exclusivo até os seis meses, e para atestar a eficácia desta intervenção nas populações vulneráveis e com dificuldade de acesso às orientações do serviço de saúde.
A Psicologia trata da mente, das questões psíquicas, sociais e cognitivas, enquanto a Educação Física nos apresenta um olhar para o corpo em movimento. Ao unir a Psicologia e a Educação Física podemos obter resultados que representam o bemestar e a saúde. Ambos os artigos tratam de uma revisão narrativa discutindo temas a respeito do desenvolvimento psicomotor infantil. O primeiro artigo intitulado “A interferência do uso de telas no desenvolvimento psicomotor” tem como objetivo verificar o que a literatura atual aborda sobre o uso de telas e sua interferência no desenvolvimento infantil, a partir da teoria da Ampulheta de Gallahue et al., e do quadro da gênese de Vitor da Fonseca. O segundo artigo “Street Dance e a Psicomotricidade” tem como objetivo apresentar a história do Street Dance, definindo o termo Afro American Vernecular Dance e apresentar os benefícios proporcionados por aulas estruturadas ao desenvolvimento psicomotor, podendo então ser uma alternativa de atividade psicomotora. Os temas discutidos possuem poucos acervos acadêmicos disponíveis, utilizando então fontes como palestras, documentários em canais de vídeos na internet, obras estrangeiras e relatos de experiências. As conclusões apresentam a necessidade de estudos específicos a respeito da origem do Street Dance e sobre a real influência do uso de telas no desenvolvimento psicomotor. De forma geral os estudos consideram a hipótese do Street Dance ser uma alternativa de estimulação psicomotora que poderá ser benéfica para crianças do século XXI, as quais passam muito tempo frente as telas, visto que este excesso apresentou-se como prejudicial ao desenvolvimento saudável das crianças.
Palavras-chave: Telas; Psicomotricidade; Psicomotor; Desenvolvimento Motor;
Street Dance.
Esta proposta se caracteriza como uma pesquisa histórico-conceitual que objetivou descrever e analisar os mecanismos de recepção e circulação do Comportamentalismo Radical para uma proposta de Psicologia Social no trabalho de Celso Pereira de Sá entre 1970 a 1990. Em termos específicos, esses objetivos visaram: (1) identificar as produções do autor vinculadas ao Comportamentalismo Radical entre os anos 1970-1990; (2) identificar e analisar os mecanismos de recepção e circulação dos conceitos de comportamento, controle e contracontrole social nas produções do autor; e (3) analisar e interpretar redes conceituais e filosóficas produzidas por ele, relacionando-as com elementos historiográficos. O percurso metodológico foi organizado em duas dimensões; uma historiográfica, a qual se utilizou da análise documental e outra conceitual, em que foi utilizado o software Iramuteq e de apropriações de estratégias do Procedimento de Interpretação Contextual de Texto (PICT). Percebemos que “controle social” e “contracontrole social” parecem ser relevantes apenas dentro do recorte arbitrário eleito como objetivo inicialmente estabelecido para esta pesquisa. Por outro lado, encontramos o autor refletindo sobre o papel do intelectual e da produção de conhecimento científico para a resolução de problemas sociais eminentemente brasileiros. Sá investiu na atuação anti-intelectualista da educação política popular no qual a população teria ela própria condições de produzir conhecimento sobre sua realidade e nela intervir. O autor propôs uma Psicologia Social de base Comportamentalista Radical, que deveria manter-se, constantemente, em diálogos interdisciplinares com outros autores e disciplinas das Ciências Humanas.
No Brasil, cerca de 34 mil pessoas em desenvolvimento, vivem em acolhimento institucional. Ao serem adotadas, reintegradas à família biológica, ou ainda, desligadas da unidade acolhedora em face de sua maioridade, geralmente ficam sem registros do tempo ali vivido e com lacunas em sua própria história de vida. A partir dessa percepção, teve origem o Projeto Fazendo História, que consiste na elaboração de um álbum lúdico e interativo, com a colaboração de um voluntário para auxiliar a população infanto-juvenil acolhida, a registrar seu passado, presente e sonhos para o futuro através de fotos, desenhos e escritos. No estado de Mato Grosso do Sul, o Projeto foi intitulado “Minha História, Minha Vida” e é supervisionado pela Coordenadoria da Infância e da Juventude – TJMS. Visando investigar quais os impactos que o Projeto traz aos seus participantes, notadamente no âmbito da identidade, é que se estabeleceu a presente pesquisa, que se reveste num estudo qualitativo, de campo exploratório, possuindo como principal instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada e utilizando a análise de conteúdo e a ferramenta nuvem de palavras para averiguar as informações qualitativas. Os resultados obtidos indicam que o Projeto contribui positivamente na construção da identidade; no desenvolvimento biopsicossocial de crianças/adolescentes; no registro das vivências; na humanização do colaborador; impactando positivamente os participantes, o que leva à conclusão lógica, da necessidade de sua ampliação e divulgação em todo o território nacional.
A presente dissertação trabalha com a temática das políticas públicas de proteção social em uma localidade de fronteira, em específico a região de Porto Murtinho – MS, a qual passará por um período de transformação social devido ao desenvolvimento do capitalismo. A cidade irá receber a Rota Bioceânica, uma nova rota de escoamento da produção com saída para os Portos do Norte do Chile, no Oceano Pacífico, promovendo a integração dos países sul-americanos e estreitamento nas relações comerciais com o mercado asiático. No entanto, levanta-se como hipótese o desenvolvimento econômico e aumento no fluxo de pessoas possa acirrar processos de exclusão e desigualdade já presentes no município. Assim, postula-se como objetivo principal compreender de que forma as transformações societárias do capitalismo impactam as políticas públicas de proteção social no município fronteiriço de Porto Murtinho-MS, além disso, pretende-se estudar quais problemáticas existentes em uma cidade de fronteira do Mato Grosso do Sul e Paraguai no que tange à assistência social e saúde; analisar quais possíveis questões sociais podem surgir em uma cidade que passará por transformações societárias; bem como compreender de que forma as políticas públicas de proteção social devem atuar durante e após o processo de transformação social. Para isso, a metodologia de pesquisa foi baseada na abordagem qualitativa, inicialmente sendo feito um estudo bibliográfico sobre a temática, seguido de análise documental e posterior realização de entrevista aberta com um representante da Rota Bioceânica do governo federal e com o Coordenador do Plano Diretor. As entrevistas foram realizadas por meio de vídeo chamada em plataforma online, gravadas, e posteriormente transcritas e analisadas, segundo a perspectiva Sócio-Histórica da Psicologia. Entende-se que transformações sociais sempre ocorreram ao longo da história, e com o advento do capitalismo e da globalização, estes processos são cada vez mais frequentes. No entanto, apesar dos avanços para economia, as transformações afetarão a realidade social de fronteira, com suas peculiaridades, fragilidades e potencialidades. As políticas públicas de proteção social deverão atuar de forma contextualizada, considerando as características da população e seu previsto aumento nos próximos anos, compreendendo a questão da fronteira e a inserção da população no mercado de trabalho, atuando de forma preventiva com questões que já ocorrem na cidade, como a prostituição e consumo de álcool e drogas. No entanto, entende-se que ainda que as políticas públicas procurem atuar de forma cooperativa e integradora com o lado paraguaio da fronteira, estas ações se configuram como estratégias de manutenção da ideologia capitalista, sendo necessário ir além. É preciso que encontros potentes sejam promovidos, que a consciência em si se transforme em consciência para si e seja promotora de revoluções sociais que possam de fato superar o capital e protagonizar os trabalhadores.
O envelhecimento populacional é uma realidade global que mobiliza a reorganização de políticas públicas para o atendimento das demandas específicas desta faixa etária. O corpo que envelhece é também objeto de múltiplas transformações que se manifestam no modo como cada indivíduo se percebe idoso. Assim, considerando a multiplicidade de fatores que cercam o fenômeno do envelhecimento populacional e as repercussões na vida da pessoa que envelhece, o objetivo geral desta pesquisa é descrever a experiência de tornar-se idoso ao completar 60 anos e as repercussões na vida do indivíduo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e de abordagem fenomenológica. Para a sistematização e análise dos dados utilizou-se o método de pesquisa fenomenológico de Giorgi. Os conceitos que subsidiaram a análise das entrevistas emergem da visão de homem da Gestalt-Terapia. Participaram da pesquisa cinco pessoas com idades entre 60 e 65 anos. Para a coleta de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada. Os resultados demostraram que os participantes não se sentem idosos e nem desejam ser identificados como tal, diferenciando-se das características que atribuem ao idoso e ao mesmo tempo expondo a forma como se veem e como desejam ser reconhecidos socialmente. A autopercepção revelou ser a principal referência de identidade e a partir dela emergiram cinco núcleos de sentido que expressam como vivem e dão significado à experiência de ter 60 anos: 1) não sou idoso, 2) autonomia e independência, 3) ser de possibilidades, 4) percepções quanto à passagem do tempo e 5) reconhecimento social de envelhecimento. Esta pesquisa identificou em seus participantes os desafios que podem emergir nessa fase do desenvolvimento humano e na experiência de uma vida longeva através de reflexões sobre as mudanças experimentadas na autopercepção do indivíduo, no impacto em sua subjetividade e nos significados que ele atribui à experiência de tornar-se idoso.
O cenário global do capitalismo tem apresentado um grande volume de mulheres migrantes e refugiadas inseridas nos deslocamentos contemporâneos e tendências de precarização do trabalho. Nessa linha, nossa temática de estudo abrange as vivências de migrações e refúgio de mulheres para a cidade de Campo Grande- MS. O objetivo geral da pesquisa foi de compreender as experiências de mulheres migrantes e refugiadas nas esferas trabalho e consciência, assim, nosso problema de pesquisa se resume ao movimento de consciência sobre o trabalho de mulheres migrantes e refugiadas frente à contextos de desigualdade social. Para atingir nosso objetivo, utilizamos como metodologia a pesquisa qualitativa com embasamento teórico da Psicologia Sócio-Histórica, a qual se fundamenta nos pressupostos do Materialismo Histórico-Dialético. As categorias de análise aprofundadas foram trabalho, consciência e gênero. Para esta pesquisa, tomamos como lócus a cidade de Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul, região Centro-Oeste do Brasil. O interesse na cidade se dá pela localização estratégica que o Brasil e o Estado têm tomado frente às rotas de migrações internacionais. O processo de construção das informações se deu por meio do uso da técnica metodológica denominada Snowball. As participantes da pesquisa são mulheres migrantes e refugiadas residentes em Campo Grande- MS oriundas de diversos países e contextos de migração internacional e refúgio. Participaram das entrevistas um total de nove mulheres, destas quatro eram migrantes haitianas, e cinco eram refugiadas, sendo três da Venezuela e duas do Líbano. Foram realizadas entrevistas não estruturadas com a discussão de temáticas acerca de suas vivências enquanto mulher, migrante e refugiada. Os recursos para a entrevista online utilizados foram a plataforma Google Meet ou Videochamada pelo Whatsapp, com uma organização semelhante à do meio físico, leitura do termo e realização da entrevista. Após as entrevistas realizadas, as análises foram feitas a fim de compor as discussões do texto em uma perspectiva histórico-dialética, as quais levaram em conta as categorias trabalho e consciência, bem como elementos teóricos na relação entre trabalho e consciência, transformações do mundo do trabalho, precarização do trabalho feminino global, recessões nas leis trabalhistas, flexibilização do trabalho e seus impactos psicossociais e relações com a constituição de sujeito e consciência enquanto ser social. A partir disso, a pesquisa possibilitou verificar que as experiências das mulheres migrantes e refugiadas foram marcadas por condições de exploração no trabalho, ocupações de baixa qualificação, extensão das jornadas de trabalho, desemprego, condições que expressam as contradições do capital e marcas de uma sociedade patriarcal e desigual. Assim, foi possível entender, como a migração produz um impacto no movimento de consciência dessas mulheres que se subjetivam através do trabalho, por meio dos sentimentos e sensações manifestas no reconhecimento de que por ser migrante percebe-se como mais explorada no trabalho, dificuldades de conseguir um emprego, insatisfação com a remuneração recebida e a transposição dessas experiências foi ampliada em uma perspectiva geral da condição de mulher migrante/refugiada. Esse reconhecimento coletivo de que a desigualdade e a exclusão no trabalho afetam todas as mulheres migrantes e refugiadas é fundamental para a organização de classe enquanto força política com a finalidade de efetuar a transformação social e superação de contextos de desigualdade social e opressão.
ABLA-R (Assessment of Basic Learning Abilities – Revised) é um instrumento desenvolvido com o intuito de avaliar a facilidade ou dificuldade com que os indivíduos aprendem certas habilidades. O teste é dividido em seis níveis que avaliam desde imitação motora simples a discriminação condicional auditivo-visual. Diversos estudos demonstram a capacidade preditiva deste teste ao comparar indivíduos de níveis variados na aprendizagem de certas habilidades. Entretanto, o instrumento apresenta limitações importantes, como os poucos repertórios avaliados, não dispondo de um nível capaz de avaliar a capacidade de formação classes de equivalência de estímulos, estando este ligado diretamente ao desenvolvimento da linguagem ou do comportamento verbal. Dessa forma, o presente estudo buscou propor e avaliar um nível protótipo ao teste ABLA-R, no que se refere a formação de classes de equivalência e sua capacidade preditiva. O nível proposto é dividido em duas tarefas, denominadas 7A e 7B. Após a realização do teste, os participantes foram submetidos a um treinamento de MTS para identificação da capacidade de formação de classes de equivalência. O estudo foi conduzido utilizando delineamento de sujeito único, entre três participantes. O procedimento consistiu no treino das relações de linha de base (AB, AC e CD) e blocos de sonda (BC, CB, AD e DC) após o treino de cada relação. Os blocos variaram de 12 (treino) a 24 (sondas) tentativas. Após o término das sondagens, foi realizado o reteste das tarefas protótipo com os participantes que falharam inicialmente. Os resultados apontaram uma relação entre os resultados obtidos nas tarefas protótipo e os resultados do protocolo de treinamento, onde foi possível predizer a formação de classes de equivalência para dois dos três participantes. Contudo, o estudo apresenta uma importante limitação, a não possibilidade de comparação dos resultados entre participantes que passaram no nível 7 proposto daqueles que falharam.
A relação entre o homem e o cão doméstico (Canis familiaris), mais especificamente com seu ancestral em comum com o lobo (Canis lupus), era baseada numa interação de troca de benefícios. Com a habilidade de cooperação nas atividades humanas, os cães domésticos assumiram diversas funções dentro do seu contexto cultural. Assim, surgem as Intervenções Assistidas por Animais (IAA) com grande presença dos cães nessas práticas, que podem auxiliar na promoção de saúde e qualidade de vida do ser humano. Refletir sobre a influência da interação homem-cão nas habilidades sociais favorece a elaboração de estudos e práticas de IAA voltadas para o desenvolvimento e/ou melhoria de habilidades sociais humanas. Logo, o presente estudo é composto por dois capítulos. O primeiro capítulo se trata de uma revisão narrativa de literatura que tem como objetivo investigar o comportamento social canino e suas implicações nas Habilidades Sociais em um contexto de relação homem-cão. Foi observado que, o estabelecimento dessa relação interespecífica, ocasionou interferências em aspectos morfológicos e comportamentais do cão, favorecendo a constituição de mecanismos de comunicação que permitem a convivência de ambas as espécies em um mesmo contexto social. As IAAs são baseadas na utilização de animais como aliados facilitadores na estimulação de pessoas em aspectos físicos, cognitivos e psicológicos. As IAAs se dividem em: Atividade Assistida por Animais (AAA); Terapia Assistida por Animais (TAA); e Educação Assistida por Animais (EAA). Autores citam deficiências relacionadas às pesquisas da área, sobretudo no que tange aos critérios metodológicos. Apesar do reconhecimento científico da IAA em vários países, no Brasil este campo de conhecimento e prática ainda se encontra restrito a algumas áreas da saúde. Autores apontam a existência de carências no conhecimento referente às práticas, havendo o reconhecimento de seus benefícios, mas pouco se sabe sobre suas aplicações e objetivos. O segundo capítulo tem o princípio de analisar as publicações que são acessíveis para o público brasileiro que abordam as práticas relacionadas às IAAs com cães, a partir de uma revisão sistemática de literatura, em português-brasileiro nos últimos cinco anos. Ao utilizar a língua nativa, o estudo se torna mais acessível, pois a prática específica da IAA é realizada não somente por profissionais da saúde, mas também por bombeiros, militares e a população comum. Dos 36 artigos analisados apenas 9 especificaram as informações de todas as categorias utilizadas para a análise.
Com o alto índice de comorbidades presentes no espectro da esquizofrenia, as associações entre diferentes transtornos apontam para uma possível sobreposição de sintomas e epidemiologia que pode influenciar na gravidade, curso e prognóstico do transtorno, assim como compartilhar fatores de risco, genética, manifestações clínicas e etiologia semelhante. O presente trabalho é uma coleção de dois artigos que visam investigar a relação entre o espectro da esquizofrenia e suas comorbidades. O primeiro manuscrito consiste em um capítulo introdutório de um livro previamente publicado que descreve as comorbidades comumente encontradas na esquizofrenia, como os sintomas interagem, bem como as teorias evolutivas atuais na esquizofrenia e diagnósticos diferenciais. O segundo manuscrito é uma avaliação quantitativa de 81 indivíduos com esquizofrenia divididos em dois subgrupos com ou sem fenótipos autistas como objetivo de avaliar o perfil, epidemiologia e evolução clínicas destes indivíduos. Os resultados indicam uma possível relação diamétrica na esquizofrenia e autismo, onde indivíduos com fenótipos autistas apresentaram um curso de doença mais grave, perfil clínico diferente com mais prejuízos sociais e na psicopatologia geral, maiores níveis de sintomas positivos e menor presença de precipitantes psicossociais em comparação com indivíduos sem fenótipos autistas. Entende-se que as relações entre a esquizofrenia e suas comorbidades implicam em diferenças significativas no perfil clínico e evolução da doença e compreender essas relações possibilitam maiores possibilidades de tratamento e entendimento do espectro.
A esquizofrenia acarreta em prejuízos aos indivíduos por ela acometidos, sobretudo quando há comorbidades. Alguns sintomas podem se sobrepor ao diagnóstico, dificultando a origem dos sintomas e manifestações clínicas que por vezes se assemelham. As comorbidades psiquiátricas na esquizofrenia demandam de aprofundamento e investigação além dos principais sintomas observados; sendo assim, a maior investigação desses transtornos desempenha papel fundamental para o tratamento e qualidade de vida dos pacientes. O objetivo deste trabalho é apresentar dados que possam contribuir para a compreensão da correlação existente entre ansiedade social e psicose, buscando traçar o perfil clinico dos pacientes com esquizofrenia. Para tanto, a presente dissertação é composta por dois capítulos de livro e um artigo cientifico. O primeiro capitulo tem por objetivo discutir a relação da esquizofrenia com comorbidades, como transtorno depressivo, transtornos ansiosos e abuso de substâncias. O segundo capitulo visa discutir a relação entre esquizofrenia e transtorno delirante, buscando apresentar as diferenças entre transtorno delirante e esquizofrenia e como se correlacionam com a ansiedade social. Por fim, o artigo científico consiste em uma pesquisa de campo realizada com pacientes esquizofrênicos divididos em dois grupos: com e sem ansiedade social. Este artigo visa discutir o perfil e manifestações clínicas de sujeitos com esquizofrenia em comorbidade com ansiedade social. O estudo em seu conjunto, aponta aspectos, características e dados relevantes para a compreensão desta relação entre esquiozofrenia e ansiedade social.
Alguns fatores como o contexto de trabalho, podem agravar ou até mesmo desencadear transtornos mentais. Em função disso, é possível uma maior vigilância em relação aos trabalhadores, levando-se em conta a proteção, a promoção e a prevenção à saúde do trabalhador, com destaque, nessa investigação à inter-relação entre a saúde mental e o trabalho. Essa dissertação é dividida em três artigos. O artigo 1 realiza uma revisão narrativa das publicações neste campo, visando identificá-las e discuti-las. O conhecimento resultante do estudo poderá viabilizar novas propostas, o embasamento e o aprimoramento de futuras pesquisas e intervenções. O objetivo desse artigo é de caracterizar, por meio da literatura científica existente, o conhecimento atual sobre a saúde mental de policiais, seu contexto de trabalho e o uso de álcool. Esse estudo propõe uma reflexão que poderá permitir entender as transformações do mundo do trabalho e seus impactos na saúde mental, por meio do entendimento do contexto de trabalho de policiais e a relação com o uso de álcool. Foi possível compreender as diversas dimensões da vida dos policiais e os contextos em que estão inseridos e suas influencias no consumo de bebidas alcoólicas. A discussão realizada nesse artigo entende o contexto de trabalho como um caminho para adaptação, reconhecimento e entendimento das limitações, de maneira a superá-las. O artigo 2 é um trabalho descritivo e exploratório, de corte transversal, com o método quantitativo de pesquisa. O procedimento de pesquisa foi realizado mediante aplicação dos questionários Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho e do Self-Report Questionnaire. A avaliação e contextualização do consumo de álcool se deram por meio da aplicação do CAGE. O processo de amostragem para o estudo foi feito por conveniência, sendo que do total de 67 Policiais Rodoviários Federais, foram considerados 65, que tiveram sua participação voluntária na pesquisa. Todos os policiais eram lotados no Estado do Mato Grosso do Sul no ano de 2020. A coleta de dados foi realizada em um único dia e foi feita de forma coletiva. Os dados mostram que é possível concluir que 10,8%, dos policiais que participaram da pesquisa apresentaram situação favorável à dependência alcoólica, juntamente com os 9,2% dos policiais que apresentaram quadro de dependência de álcool soma-se um total de 20% da população estudada com consumo não saudável de álcool. Pela análise do SRQ-20 apresentou de forma significativa a possibilidade para uma evolução que pode levar a presença de Transtornos Mentais Comuns, em médio e longo prazo entre a população estudada. Diante disso, defende-se um olhar crítico e apurado para os considerados fatores de risco para o adoecimento mental. O artigo 3 ressalta a importância da correlação de dados de pesquisa entre si, pois se torna possível encontrar resultados relevantes. O processo de amostragem para o estudo foi feito por conveniência, sendo que do total de 67 Policiais Rodoviários Federais que se enquadravam nos critérios da pesquisa, foram considerados 65, que tiveram sua participação voluntária na pesquisa. Correlacionar e analisar os indicadores sociodemográficos coletados, com os dados dos instrumentos SRQ-20, CAGE e EACT aplicado na corporação policial. Correlacionar e analisar os dados coletados entre os instrumentos CAGE X EACT X SRQ-20. Os resultados mostraram que os homens estão mais propícios a apresentarem sintomas somáticos, humor depressivo ansioso e decréscimo da energia vital e pensamentos depressivos do que as mulheres e também consumem mais álcool. Entretanto, de maneira geral os recém- ingressados na corporação com suspeição de dependência alcoólica não evidenciaram nenhuma influência do contexto de trabalho. Conclusão: É primordial destacar a relevância dessa pesquisa, principalmente, diante da escassez de estudos sobre o tema na realidade brasileira e da necessidade de conhecimentos acerca da saúde mental e suas interrelações com o trabalho, em particular, o consumo de álcool e suas repercussões no desempenho das atividades policiais Acredita-se que esse estudo possa contribuir com uma maior visibilidade sobre o problema em tela, fornecendo importantes subsídios aos profissionais que se ocupam da saúde, tanto física quanto mental dos policiais rodoviários federais.
O estilo de vida é caracterizado por padrões de comportamento adotados por um indivíduo, os quais podem se tornar consistentes com o passar do tempo. Estudos apontam que o estilo de vida dos universitários pode ser impactado por inúmeras condições, dentre as quais neste estudo se investiga a saúde mental, bem como variáveis sociodemográficas e acadêmicas. Esta dissertação foi elaborada no formato de dois artigos, sendo que o artigo 1 visou avaliar a relação entre o estilo de vida dos estudantes universitários e suas variáveis sociodemográficas e acadêmicas e o artigo 2 teve por objetivo avaliar a relação entre o estilo de vida e a saúde mental desses estudantes. Para compor a análise de dados de ambos os artigos, realizou-se uma coleta de dados com 264 participantes com idade entre 18 e 57 anos, média de 22,6 anos (dp 6,93), de duas cidades do Mato Grosso do Sul. Os estudantes estavam matriculados nos primeiros e últimos anos de cursos das áreas humanas e biológicas. O artigo 1 apresentou os dados analisados a partir da aplicação do instrumento Questionário de Estilo de Vida de Jovens Universitários (CEVJU-R2) e no artigo 2 os dados foram analisados a partir da aplicação dos instrumentos Self-Reporting Questionnaire (SQR-20), Escala Transversal de Sintomas de Nível 1 para Adultos (PROMIS I) e Questionário de Estilo de Vida de Jovens Universitários - (CEVJU-R2). Análises estatísticas não paramétricas foram utilizadas em ambos os estudos por meio do programa SPSS® Versão 26. O artigo 1 apontou que os estudantes, em sua maioria, desempenhavam menores quantidades de práticas saudáveis em atividade física, lazer e alimentação. Os estudantes relatam ter recursos para realizar práticas saudáveis e estão satisfeitos com suas práticas ou não planejam mudá-las. O artigo 2 evidencia que os escores de saúde mental (SQR-20 e PROMIS) apontaram correlação positiva com as práticas de alimentação, atividade física, lazer, sono e enfrentamento, não havendo correlação entre as práticas de uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas e sexualidade. Os resultados indicaram que a saúde mental está relacionada às práticas do estilo de vida dos universitários investigados, assim como algumas variáveis sociodemográficas (trabalho remunerado e idade) e acadêmicas (ano de curso). Novos estudos que avaliam os indicadores de saúde no contexto universitário se fazem necessários, visando melhorar as condições de vida dessa população.
A presente pesquisa aconteceu no território do centro velho de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com diferentes grupos artísticos e culturais que reivindicam a ocupação de espaços públicos marcados pelo abandono, privatização e higienização. Por meio de uma cartografia, experiências de slams, teatro de rua e diferentes artistas foram acompanhadas para compreender como se constituem jogos de limitetransgressão na cidade, com a seguinte questão de pesquisa: como práticas corpográficas se tornam transgressões? Com essa interrogação, partiu-se de uma perspectiva pós-estruturalista da Psicologia com ênfase em Saúde, em articulação com o pensamento decolonial. No plano de imanência desta pesquisa, as principais operadoras conceituais são Judith Butler, Angela Davis, Audre Lorde, Michel Foucault, Gilles Deleuze e as principais ferramentas conceituais são: gestão, subjetividade, transgressão e heterotopia.Esse percurso cartográfico se deu por meio de uma corpografia urbana, considerando a relação corpocidade. O ponto de partida é o encontro com o Imaginário Maracangalha na antiga rodoviária da cidade na estreia do documentário T’amo na Rodô, a partir disso se desloca para o espaço heterotópico vagão Larica’s da Lu. Pousa atenção em tensionamentos produzidos pelo grupo Slam Camélias, o que produz sensibilidade para pensar o silenciamento de corpos no espaço urbano. Aproxima-se da Lei do Silêncio e seu efeito de fechamento de alguns barescasas noturnas no centro velho. Com a figura do silêncio e do barulho, a presente investigação propõe pensar uma política do silêncio e uma política do barulho para compreender jogos de limitetransgressão, considerando formas de gestão da vida e produção de subjetividades. A montagem dessa investigação se deu por meio de platôs, singularidades que se conectam, incorporando a lógica de encontros e paradas em diferentes pontos na cidade.
A presente dissertação propõe-se a fazer uma aproximação entre o tema do preconceito e do estigma, à então temática do sofrimento mental. Para tal, procedeu-se a partir de uma perspectiva baseada na Hermenêutica Filosófica de Hans-Georg Gadamer, dentro do campo da saúde mental. Os objetivos do presente estudo são: Revisar o tema do preconceito e do sofrimento mental, bem como investigar as principais nuances e delineamentos que emergem a respeito do tema em uma perspectiva globalizada e interdisciplinar; Revisar a literatura existente no que concerne ao tema do preconceito frente ao sofrimento mental, a partir da ótica da Hermenêutica Filosófica de Hans-Georg Gadamer; Conhecer e apreender os recursos da hermenêutica gadameriana que se propõem à operar como ferramenta para análise de dados; Idealizar e desenvolver um estudo de caso cuja proposta seja ouvir as experiências de pessoas em situação de sofrimento mental; Analizar as suas falas a partir de um ponto de vista hermenêutico; e por último, discutir as categorias de análise emergidas a partir das falas dessas pessoas, relacionando-as ao tema da formação do preconceito. Metodologia: A presente dissertação é construída em quatro passos. Primeiramente, procedeu-se à elaboração de duas revisões de literatura, na forma de revisões integrativas, que intentaram a demonstrar, primeiramente, o cenário das discussões mais recentes sobre as intersecções entre os temas das atitudes de estigma e preconceito frente o contexto do sofrimento mental. e, posteriormente, esse mesmo cenário a partir de uma leitura gadameriana. Como segundo passo, procedeu-se à elaboração de um artigo, em formato de ensaio de discussão teórica, cujo objetivo intenta a construção de sentidos sobre o cuidado em saúde à luz da hermenêutica gadameriana. O terceiro passo se trata de um estudo sobre a aplicabilidade da hermenêutica enquanto ferramenta para análise de dados em entrevista qualitativa, e para tal, redigiu-se um ensaio sobre esse tema, também em formato de artigo. Por último, tem-se como quarto passo, a execução de uma pesquisa de campo que, com natureza exploratória, propõe-se ao desenvolvimento de estudo de caso de abordagem qualitativa. Conclusão: por fim, o presente trabalho pôde identificar três fatores que corroboram para a formação de falsos preconceitos: A ação inadequada ou a omissão da mídia e dos meios de comunicação; o distanciamento físico e emocional, bem como a falta de contato com pessoas em situação de adoecendo mental; e por último, a não propagação de informações relevantes e pertinentes a respeito do tema em direção à população geral e no cenário educacional e acadêmico.
O presente trabalho trata de uma reflexão acerca do processo histórico e de formação dos indígenas, sobretudo de etnia guató. O seu mapeamento descritivo do acontecimento que perpassa pelo período colonial, e resume-se em dois capítulos, acordando com nossa historiografia, seja pela abrangência e/ ou acuidade. Tendo por objetivo geral a análise sob a ótica da psicologia ambiental e, tomando como referencial o processo de desterritorialidade, a extinção equivocada, e o significado do território para o indígena como extensão de sua identidade subjetiva, uma vez que reconhece seu local e nele vivencia ações de apropriação e apego ao lugar, graças a acuidade de sua percepção ambiental que está atenuada em valores ecológicos, para posteriormente ocorrer o processo de reterritorialização e ressurgimento do povo canoeiro, uma vez que tais temáticas abrangem a questão do regresso as terras que vinculam-se a algum significado para a etnia, dessa forma ultrapassa a reterritorialidade geográfica. Fato esse que se articula com o processo de ressurgimento. Tal ressurgimento ocorre a partir da década de 1970, por intermédio de movimentos de cunho social, quando dá início o processo de protagonismo indígena culminando na incorporação dos direitos indígenas à Constituição Federal de 1988, refutando a Lei 6.001de 1.976, conhecida como Estatuto do Índio, no qual previa a incorporação do indígena à sociedade do não índio. Com isso, ocorre o processo de extinção equivocada de várias etnias, fato que também deve ser observado como epistemicídio cultural, uma vez que sugere a dissolução de culturas existentes para uma outra cultura considerada superior.
Historicamente, a Psicologia foi chamada a contribuir, por meio dos seus métodos e técnicas, no sentido de compreender os aspectos relacionados à tríade trabalhador-trabalho-sociedade, como também a propor intervenções, considerando o contexto político, cultural, econômico e social em que o trabalho se inseria. Com isso, para se entender as problemáticas, perspectivas e desafios atuais da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), é importante e necessária uma compreensão histórica e contextualizada de como a Psicologia vem sendo construída, ao longo das décadas. A presente pesquisa visou descrever e analisar publicações vinculadas à Psicologia do Trabalho que foram veiculadas nos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (ABP), entre 1949 e 1968. O recorte temporal compreendeu os anos de trâmite da regulamentação da profissão de Psicologia no país, além de incluírem todo o período de existência dos ABP. Como referencial teórico-metodológico, utilizou-se dos recursos da Sociobibliometria e apropriou-se de estratégias da História Digital da Psicologia para se produzir uma História Crítica da Psicologia. Os resultados desta investigação sinalizam estudos e intervenções que levaram à compreensão dos impactos das transformações do Trabalho na vida do trabalhador, considerando aspectos produtivos, de saúde, qualidade de vida, relações sociais, entre outros vieses pertinentes à interação sujeito-trabalho. Todavia, a maior parte das investigações sinalizava o papel da Psicologia nas organizações e a utilização de seus métodos e técnicas para o desenvolvimento teórico e aplicado na investigação de habilidades e tendências de comportamento. Neste contexto, visavam o ajustamento do trabalhador às condições específicas dos cargos, bem como a possibilidade de promover condições para o seu desenvolvimento. Outro aspecto observado é que a aplicação dos conhecimentos científicos psicológicos, na área do trabalho, está associada à regulamentação da profissão de Psicólogo, com a sanção da Lei 4119 de agosto de 1962. Assim, historicizar a Psicologia Organizacional e do Trabalho, por meio de publicações da época, permitiu lançar luz sobre aspectos de seu desenvolvimento, os impactos na formação da identidade do psicólogo, bem como suas formas de atuação, no país.
Palavras-chave: História da Psicologia, Psicologia do Trabalho, História da Psicologia Aplicada, História da Profissão.
A presente pesquisa realiza um recorte acerca da problemática do machismo na sociedade brasileira. Para tanto, parte-se dos pressupostos desenvolvidos por Rogelio Díaz-Guerrero e sua teoria acerca das premissas histórico-socioculturais, que se tratam de determinadas crenças inquestionáveis aceitas de maneira consensual por um grupo social e que contribuem para a compreensão do comportamento individual. Assim, a discussão parte de que a sociedade brasileira é uma estrutura patriarcal, cujas representações de gênero seguem rígidas premissas, da qual a base material é perceptível tanto nos espaços sociais quanto nas relações interpessoais, onde ao homem é dado o direito de subjugar o sexo feminino. Para tanto, aplica-se a pesquisa do tipo exploratória e descritiva de corte transversal com adolescentes, na qual é utilizado como instrumento metodológico um formulário com afirmações, adaptado da Escala de Premissas Histórico-Socioculturais elaborada por Díaz-Guerrero. O questionário denominado Satisfação Escolar em Estudantes de Escolas Públicas de Campo Grande – MS, contendo 229 questões de múltipla escolha, visando entender como o machismo é percebido por adolescentes. Foi aplicado o instrumento em 240 participantes, de escolas públicas de Campo Grande-MS. E os resultados indicam uma mudança positiva na sociedade na percepção do papel feminino, da inteligência e da importância que a mulher apresenta culturalmente, uma vez que estas indicaram maiores discordâncias sobre as premissas machistas.
As transformações econômicas, políticas e tecnológicas advindas das mudanças no modo de produção capitalista, atingem grandes proporções no trabalho privado e ocorrem de forma peculiar no serviço público, que sofre impacto direto resultante das mudanças de governo (municipal, estadual e federal). Situações hostis no ambiente de trabalho, tais como pressões por eficácia e rapidez, ameaças veladas, assédio moral, altos níveis de competição, ausência da solidariedade, estresse, entre outros, influenciam diretamente a saúde mental do trabalhador e, consequentemente, o funcionamento e a efetividade das organizações. Esta pesquisa teve como objetivo identificar as possíveis relações entre o custo humano e os danos relacionados ao trabalho e o índice de capacidade no trabalho em trabalhadores da agência de previdência social do estado do Mato Grosso do Sul (AGEPREV - MS), lotados no Sistema Estadual de Perícia Médica (SIPEM). Foi realizado um estudo exploratório, descritivo e analítico, de corte transversal, com o uso do método quantitativo. A amostra foi por conveniência e voluntária, composta por n=40 trabalhadores (85,1%) de um total de N=48. Foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: (i) Questionário Sociodemográfico Ocupacional (QSDO); (ii) Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); (iii) Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT) e (iv) Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT). Os resultados demonstraram que os trabalhadores têm média de idade de 48,02 anos (DP±9,97) e são em sua maioria do sexo masculino (60%), casados (62,5%), possuem pós-graduação (70%) e tem jornada de trabalho semanal de 24 horas. Quando realizada a distribuição de frequência da escala de custo humano no trabalho o estudo indicou que os participantes apresentam: (i) Custo físico: satisfatório (72,5%); (ii) Custo afetivo: crítico (55%) e; (iii) Custo cognitivo: grave (47,5%). Já a distribuição de frequência da EADRT demonstrou que a maioria dos participantes apresenta: (i) Danos físicos: satisfatório (72,5%), (ii) Danos sociais: satisfatório (87,5%) e; (iii) Danos psicológicos: satisfatório (77,5%). No entanto, quando realizada correlação entre o ICT com a ECHT e a EADRT, os resultados demonstraram correlação negativa para todas as dimensões das duas escalas, sendo significativo o resultado do custo afetivo (r=0,496; p-valor=0,001), danos físicos (r=0,602; p-valor=0,000); danos sociais (r=0,440; p-valor=0,005) e danos psicológicos (r=0,408; p-valor=0,009). Pode-se concluir que os trabalhadores apresentam custos afetivos e danos sociais e físicos, decorrentes dos danos psicológicos relacionados ao trabalho, que repercutem em sua capacidade para o trabalho.
Brito, A. L. de. (2020). Vidas Maria: histórias de violência e poder na constituição das mulheres/esposas. 110f. (Dissertação de Mestrado em Psicologia), Universidade Católica Dom Bosco - UCDB, Campo Grande, MS. Esta pesquisa é resultado de incursões cartográficas no campo da violência contra as mulheres. O objetivo geral que conduziu este percurso se engendra na problematização da relação entre desigualdade social, violência e sofrimento, com foco em discutir a relação da rede de poder que constitui a subjetividade das mulheres/esposas com as práticas de violência que incidem sobre seus corpos. A questão problema foi refletir acerca da racionalidade envolvida no esquema dos jogos de poder que produzem mortes e violência contra as mulheres na nossa sociedade. O campo de análise foi produzido pelo encontro com histórias de mulheres que sofreram violência em livros, revistas, jornais, blogs, músicas, filmes e memórias. O estudo teve como base epistemológica e conceitual as discussões acerca de poder e violência realizados por Michel Foucault, Achille Mbembe, especialmente os operadores conceituais de biopoder, poder disciplinar e necropoder, além de debates feministas no que concerne às questões de gênero. Foi utilizado o método cartográfico para a construção da investigação, apostando em uma política da narratividade para contar histórias de mulheres, cujas experiências marcam diferentes formas de violências em seus corpos. O percurso cartográfico focalizou duas histórias para serem narradas neste estudo: a história de Maria da Penha Fernandes e Silva e sua batalha para conseguir condenar seu ex-marido, culminando com a promulgação da Lei Maria da Penha; e de Maria Alice no País do Patriarcado, a qual se constitui do encontro de Maria Alice e outras Marias com a rede de assistência à mulher que sofre violência. As histórias não são tomadas como casos individuais, mas como corpos coletivos que se montam para dar voz e iluminar as vidas infames e matáveis dessas mulheres. Assim, as discussões dessa pesquisa se amarram ao jogo de visibilidade/invisibilidade da rede com os corpos de mulheres que sofreram violência e são capturados pela racionalidade da judicialização e da medicalização individualizantes das suas demandas políticas. A narração das vidas dessas mulheres violadas se articula com os conceitos já mencionados e proporciona a reflexão sobre as formas como o poder incide na constituição das mulheres/esposas a partir dos dispositivos amoroso e materno. É essa subjetividade das mulheres/esposas que opera capturando as violências contra as mulheres em um plano de privatização da sua experiência política. Dessa forma, compreendeu-se uma operação conjunta do biopoder, poder disciplinar e necropoder na gestão das vidas e mortes das mulheres na nossa sociedade por meio de tecnologias que se apoiam no enquadramento das mulheres/esposas/lar.
Bruno, B. S. (2019). Caiu na rede: a gestão da precariedade da vida na rede de proteção à infância e à juventude. 89 f. (Dissertação de Mestrado em Psicologia), Universidade Católica Dom Bosco - UCDB, Campo Grande, MS. Esta pesquisa acontece no campo da Rede de Proteção à Infância e à Juventude do Município de Campo Grande/MS. Tem como objetivo problematizar as diferentes formas e estratégias de governo que capturam as vidas que caem na Rede. Diante desse objetivo, formulou-se como questão de pesquisa a problemática de que articulações, amarrações, dispositivos, discursos e racionalidades estão implicados no governo das vidas que caem na Rede de Proteção à Infância e à Juventude? Para onde essas formas de governo estão direcionando as vidas? A pesquisa é apoiada nos conceitos foucaultianos de biopolítica e governo das vidas, assim como nos conceitos de produção de morte, vidas passíveis de luto, condição precária, precariedade da vida e a noção de raça de autores como Achille Mbembe, Judith Butler e Oyèrónkẹ Oyěwùmí. Esses autores permitem pensar, de modo localizado, a noção de governo das vidas. Considera-se que pensar a gestão de vidas que caem na Rede de Proteção, especialmente em um país periférico e que sofrera processos de colonização e racismo, exige que alguns elementos sejam aproximados, como questões com relação à centralidade do corpo na cultura ocidental, a ideia de raça, as produções de morte que envolvem os trajetos de vidas não passíveis de luto. A produção de dados que compõe a pesquisa se deu a partir de memórias e documentos oriundos da experiência do encontro com as vidas na Rede de Proteção à Infância e à Juventude durante estágio extracurricular no período da graduação. Foi por meio das memórias que as vidas encontradas nessa experiência se mantiveram vivas. Considera-se, em termos metodológicos, que trabalhar com as memórias é seguir rastros do passado que permitem o encontro com vidas em suas forças expressivas e intensivas. O procedimento metodológico foi seguir os rastros das memórias em seus percursos nas Políticas Públicas. A articulação desses elementos nos remeteu às trajetórias que a todo tempo cruzam as linhas tênues e indiscerníveis da proteção e do extermínio. Visto que a articulação desses elementos tem produzido trajetórias que, apesar de acontecerem nos campos da Rede de Proteção à Infância e à Juventude, criam condição de possibilidade para percursos marcados por desproteção, insegurança e produção de morte. Enquanto que as trajetórias protegidas e de promoção à vida são destinadas a poucas e raras existências.
Considerando a natureza difusa e integral das alterações cognitivas na esquizofrenia (SZ), o aperfeiçoamento constante dos métodos utilizados para quantificar e qualificar esses déficits é essencial. A Escala de Inteligência Wechsler para adultos (WAIS - Wechsler Adult Intelligence Scale) é um teste que mede a capacidade intelectual geral e vem sendo utilizado na análise da capacidade cognitiva na esquizofrenia, auxiliando no processo diagnóstico dos déficits presentes nesse transtorno. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o desempenho de adultos com SZ nas tarefas da WAIS, para descrever o perfil de funcionamento cognitivo e apontar quais funções cognitivas encontram-se prejudicadas nesta população em comparação aos dados de amostras de indivíduos saudáveis descritas pelo instrumento em questão. Método: Foi realizada busca de artigos nas bases de dados Pubmed, Cochrane Library e LILACS, utilizando os descritores relacionados à Esquizofrenia e WAIS. Foram excluídos os estudos que não utilizaram a escala completa, assim como aqueles que não tinham a amostra composta exclusivamente de pacientes com SZ. Resultados: Foram encontrados 28 artigos que apresentaram desempenho de QI total da amostra, alguns deles apresentaram resultados quanto às escalas verbal (n=20) e de execução (n=19). Os dados analisados indicaram desempenho qualificado como médio para aspectos de compreensão verbal, médio inferior nos índices de organização perceptual e memória operacional, e limítrofe quanto à velocidade de processamento. Discussão: Os déficits encontrados correspondem ao prejuízo quanto à aspectos executivos e perceptuais, incluindo resultados qualificados como limítrofes em avaliação da habilidade de atenção e velocidade de processamento, tendo resultados de QI de execução inferiores ao desempenho de QI verbal. O estudo mostrou que o desempenho cognitivo é característica significativa do quadro de Esquizofrenia, visto que há um perfil neuropsicológico persistente nas amostras avaliadas.
A pesquisa traz como problema, investigar se o meio familiar pode ser considerado como fator de risco para o abuso sexual intrafamiliar contra crianças. Tema de grande relevância, pois pode auxiliar na melhor compreensão e até prevenção do fenômeno da violência, uma vez que esta causa grandes impactos sociais e psicológicos na sociedade. Foi escolhido então um caso para estudo profundo deste tema, trazendo como objetivo geral da pesquisa, estudar as influências ambientais em um caso de abuso sexual intrafamiliar, cometido pelo avô, contra uma criança de sete anos de idade. Atendendo aos objetivos específicos de descrever este caso de abuso, verificar os fatores de risco para o abuso sexual na maneira como a vítima percebe o meio em que vive e identificar aspectos específicos do ambiente familiar que contribuíram para a ocorrência de abuso sexual infantil. Com uma revisão de literatura que passa por uma pesquisa sobre a família, a violência intrafamiliar, tipos de violência: física, psicológica, negligência, violência sexual e fatores de risco que influenciam para que essas agressões ocorram. Passando em seguida pela Psicologia Ambiental e a logo após, a Teoria Bioecológica do autor Urie Bronfenbrenner e com os dados interpretados por análise de conteúdo. Para tanto, foi realizada uma investigação através de itens documentais retrospectivos da avaliação psicológica pela qual passou essa criança contendo o histórico familiar, através de anamnese com a mãe, relatórios de sessões semanais de avaliação que se estenderam ao longo do ano de 2017 e foram aplicadas na sala de atendimento infantil da clínica-escola de psicologia, utilizando os testes psicológicos House Tree Person - HTP, Teste de Apercepção Infantil – Figuras Humanas (CAT-H), Pirâmides Coloridas de Pfister, intercalando com atividades lúdicas, bem como visita à escola em que a criança frequentava e visita das assistentes sociais na residência, no decorrer das sessões, notou-se através dos documentos que a criança sofreu mais do que o abuso sexual, mas também uma forte influência do meio em que vive, tanto físico, com restrições de espaço e deficiência na higiene, como relacional com sua família, com falta de apoio da mãe e sendo negligenciada de variadas formas, o que gerou forte impacto em seu desenvolvimento pessoal, emocional, social, cognitivo e intelectual.
O presente estudo tratar-se-á de um trabalho dissertativo e tem por objetivo analisar a afetividade dos acadêmicos em processo de mobilidade estudantil interna que saem de outros Estados brasileiros e migram para Campo Grande/MS. A partir da experiência profissional da pesquisadora e dos estudos direcionados no Laboratório de Estudos Psicossociais em Saúde frente a Contextos da Desigualdade Social, bem como do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Teoria Sócio Histórica, Migrações e Gênero do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia, surgiu o interesse em pesquisar o tema referido. A pretensão na temática citada é a de estudar os aspectos da afetividade nos estudantes universitários, sobretudo daqueles que migram de outra região para a Cidade de Campo Grande, buscando saber de que maneira a mobilidade afeta esses indivíduos. Entende-se que seja importante para que possamos compreender que os estudantes que migram são sujeitos dotados de sentimentos, de uma vida constituída de histórias e cotidianidade e para tanto é necessário interpretar o que a migração provoca na vida dos estudantes. Para alcançar os objetivos propostos, foi utilizada a linha da Psicologia Sócio Histórica, a qual depende de uma base metodológica materialista dialética. A abordagem metodológica utilizada foi de natureza qualitativa, pautada na pesquisa bibliográfica e documental, subsidiada pela análise de dados dos conteúdos coletados e pesquisados. Desta forma, foram utilizados livros, artigos científicos, dissertações e teses acadêmicas, dentre outros. A coleta de dados ocorreu por meio da realização de entrevistas semiestruturada, instrumento que permite analisar as percepções, sentimentos e interpretações dos participantes da pesquisa. Tal registro foi efetuado por meio de gravação. Após transcrição, os dados foram elencados e selecionados em temas e subtemas. A relevância desta pesquisa, vem ao encontro da necessidade de se ampliar os estudos a mobilidade estudantil interna, que embora venha ganhando destaque nas pesquisas, ainda estão mais voltadas para a migração estudantil internacional e se observa poucas políticas que atendam as reais necessidades e singularidades desta questão, principalmente no que condiz em dar ênfase na afetividade e na suas implicações no sujeito em seu cotidiano. Importante também destacar que como campo de estudo da psicologia da saúde este estudo procura suscitar discussões que possam colaborar na compreensão das questões psicossociais inerentes no contexto da afetividade e da mobilidade destes estudantes. A partir dos resultados encontrados, conclui-se que o processo de mobilidade estudantil afeta os estudantes e seu cotidiano não apenas de maneira negativa, mas sobretudo de forma a possibilitar autonomia, independência e maturidade no constructo enquanto sujeitos. Espera-se que estudos como este possam provocar discussões para o avanço das políticas públicas do ensino superior no Brasil e no campo da saúde de maneira a enfrentar as vulnerabilidades dos estudantes em trânsito pelas migrações.
Esta dissertação diz respeito à pesquisa empreendida para ampliação do conhecimento acerca dos sinais precoces do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa,pensada em dois momentos, visa encontrar viabilidade para ampliação de métodos eficazes de detecção de sinais precoces de TEA. Em primeiro momento, apresentada no primeiro artigo, foi elaborada uma pesquisa de revisão de literatura sobre a avaliação da habilidade de Atenção Conjunta (AC), por se tratar de um dos principais sintomas precoces presentes no TEA. Foram avaliados 44 artigos a partir dos descritores: autismo, atenção conjunta, intervenção e avaliação, nas bases de dados Web of Science,Scielo, Lilac, Pubmed/Medline, sendo encontrados 26 métodos avaliativos de AC. Os instrumentos foram identificados a partir de sua estrutura básica: observação direta, medidas estruturadas, atividades estruturadas, questionários, observação indireta e estrutura de avaliação não especificada. Como conclusão dessa etapa foi identificado que não há um instrumento específico de avaliação de AC – sendo utilizado normalmente mais de um instrumento e para mais de um sinal de TEA – e os analisados não possuem validação brasileira. O segundo momento, apresentada no segundo artigo, parte da compreensão de que diante da demanda de programas de capacitação especializada em TEA para profissionais de saúde, foi revisitado o programa de capacitação desenvolvido por Amaral (2017) e propostos alguns aperfeiçoamentos com base nas indicações da autora. Assim, foi aplicado um programa de capacitação profissional para cem servidores da Atenção Básica de Saúde, com o objetivo de identificar sinais de autismo. Com o intuito de controle de eficiência do conteúdo da capacitação, foi aplicado um Protocolo de Registro de Sinais de TEA, com 23 perguntas (baseado na estrutura do Protocolo de Rastreamento M-CHAT). Este protocolo foi aplicado antes e depois da capacitação e posteriormente na ação de seguimento – follow up. A capacitação de baixo custo financeiro, temporal e de recursos humanos demonstrou ser viável para atendimento das necessidades e marcos legais da saúde pública nacional. Também se mostrou eficiente para a transmissão de conhecimento e fixação do mesmo, em que, sendo efetiva para capacitação de profissionais de todas as idades, sexo, funções e grau de escolaridade.
Esta dissertação tem por objetivo compreender as formas de interrupção da gestação em hospitais, mediante uma cartografia de documentos, políticas e procedimentos desenvolvidos. A cartografia das formas de interrupção da gestação se faz a partir do que a literatura da área da saúde e ciências sociais aponta como formas de regulação desses procedimentos, tanto do ponto de vista jurídico quanto organizacional. Pela cartografia a pesquisa orientou-se na direção das formas que a interrupção da gravidez no Brasil, dentro dos espaços hospitalares, pode ser realizada, focalizando assim, um conjunto de protocolos que orientam as práticas dos profissionais da saúde, seguindo alguns princípios da legislação brasileira e das políticas de saúde como parte de relações de poder. Em razão disso e da Política Nacional de Humanização, há uma interrogação sobre o modo como esses procedimentos são realizados e a maneira como recaem sobre o corpo das mulheres. Em termos teóricos, a pesquisa orienta-se dentro de uma perspectiva foucaultiana, seguindo metodologicamente um processo cartográfico na descrição de itinerários, documentos e protocolos que fazem parte da rotina, utilizados na rede hospitalar como estratégia de atenção à saúde de mulheres em situação de interrupção da gravidez.
Palavras-chave: Políticas de Saúde; Relações de Poder; Interrupção da Gestação; Cartografia
O presente estudo teve como objetivo caracterizar a inserção social e o trabalho de migrantes haitianos que estão em atendimento em uma Organização Não Governamental (ONG) e em uma agência municipal de emprego, ambos na cidade de Três Lagoas- MS. A pesquisa de campo ocorreu no período de julho a setembro de dois mil e dezoito. Foram selecionados para essa pesquisa seis migrantes haitianos do sexo masculino e dois técnicos do trabalho de ambos o sexo. O método utilizado foi a pesquisa qualitativa, com base na teoria do materialismo histórico dialético, para a coleta de dados foram realizados oito encontros, sendo quatro com o grupo todo de migrantes e dois encontros individuais , com os técnicos foram dois encontros individuais. Utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada e pesquisa bibliográfica. Os entrevistados da pesquisa relataram como foi a busca pelo trabalho no país de acolhimento, quais os sentimentos, vivências e adaptações que ocorreram durante a trajetória Haiti- Brasil e de como se encontravam hoje. Para a análise dos dados foi feita a transcrição das entrevistas e na sequência o conteúdo destas foi separado por categorias e dividido em subcategorias. Realizou-se, então, a análise dos discursos, respeitando todas as falas, pronúncias, gírias, emoções, etc. Os principais resultados versam sobre os relatos dos migrantes que vivem a realidade pela busca do trabalho como sobrevivência e o que sofrem pela quebra de vínculos familiares e comunitários, pela exclusão social, por encontrarem inúmeras dificuldades na convivência nos espaços de trabalho e pela dificuldade de serem inseridos novamente na vida em sociedade. Obteve-se como resultado que a inserção no mercado de trabalho e a inclusão social do migrante haitiano consiste na necessidade de considerar todas as suas características enquanto migrantes e atentar para o seu desenvolvimento como um todo, de forma que possibilite a eles, ocupar espaços além do ambiente de trabalho, possibilitando o diálogo entre as diversas culturas existentes. Verificou-se que as razões sociais migratórias não ocorrem de forma aleatória, hoje os haitianos no Brasil somam mais de trinta mil migrantes (IBGE, 2017) e pela dinâmica dessa migração, estimamos que esse número terá uma variável em um espaço de tempo de alguns anos, e que a inserção social é uma dificuldade para os migrantes no que se refere a aceitação da sociedade local e o fato das políticas públicas não deixar claro como acolher este migrante. A tarefa de refletir sobre o fluxo migratório de haitianos para o Brasil se mostra um desafio triplo para que os respectivos agentes – a academia, o Estado e a sociedade – aceitem e pensem-no mais detidamente não como um fato, mas como uma realidade de múltiplas facetas. Assim, percebemos que a história não se repete, ela chama-nos às claras e cobra a construção do presente e do devir. Com a migração há um agravo neste contexto, será preciso avançar nas discussões das políticas que garantam o acolhimento, atendimento e encaminhamento do migrante, no sentido de garantir a efetivação dos direitos, que sejam pautados na ótica da emancipação humana. Os dados dessa pesquisa são importantes para que os setores que atendem e que elaboram políticas públicas para a população migrante repensem o trabalho que já tem sido feito, e criem formas de articular todos os setores para que se possa incluir essa população na sociedade. Assim, torna-se primordial que possamos avançar na área da assistência social, saúde, trabalho, habitação, cultura e lazer, tornando efetivas as garantias de direitos da população migrante.
Palavras-chave: Migração Haitiana; Trabalho; Inserção Social.
A constituição e o desenvolvimento de arquivos históricos se apresentam como uma tarefa importante, contemporaneamente, na historiografia da Psicologia. Isto se deve ao fato de que os arquivos encerram a memória da Psicologia por meio de diferentes tipos e modalidades de fontes de investigação, material indispensável para a pesquisa no campo. A preservação da memória se faz necessária, também, a partir do arquivamento da grey literature, ou seja, de materiais com circulação limitada ou fora de editoração. Nesse cenário, este estudo objetiva identificar, classificar e catalogar a documentação vinculada à Psicologia do Trânsito que compõe o acervo de fontes encerradas na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), oriundas do arquivo de Reinier Rozestraten, um dos precursores da institucionalização e disciplinarização da Psicologia do Trânsito, no Brasil. Metodologicamente, a pesquisa ocorre a partir do planejamento do arranjo documental, com a utilização de técnicas de higienização, identificação e catalogação de cada documento. O processamento técnico englobou a análise conceitual dos documentos e sua indexação, com a finalidade de reconhecimento de seu conteúdo e a identificação dos termos que representam cada assunto. Dessa forma, elaborouse uma tabela de classificação, baseada no modelo da Classificação Decimal de Dewey (CDD), na classe 000. Foram higienizados, identificados, classificados e indexados 166 documentos, que estão distribuídos em nove caixas de arquivos. Todos os documentos estão discriminados em planilhas digitais, propendendo favorecer a recuperação da informação. Estima-se que, com a criação do arquivo, será preservada a memória de um pioneiro da Psicologia, principalmente da Psicologia do Trânsito, no Brasil. Além disso, acredita-se que a preservação desses documentos permita a disseminação da informação para novos
pesquisadores, interessados tanto em História da Psicologia quanto em Psicologia do Trânsito.
Palavras-chave: Arquivos Históricos, Psicologia do Trânsito, Reineir Rozestraten
O Teste ABLA-R (Assessment of Basic Learning Abilities – Revised) é um instrumento que avalia seis habilidades básicas de aprendizagem, em seis níveis: imitação motora simples, discriminação de posição, discriminação simples, discriminação condicional visual baseada em similaridade física, discriminação condicional visual arbitrária e discriminação condicional auditivo-visual. Diversos estudos demonstram que o ABLA-R é um bom preditor da aprendizagem de discriminações condicionais. No entanto, o ABLA-R não dispõe de uma tarefa capaz de predizer a formação de classes de equivalência, um fenômeno comportamental associado com a linguagem e que é inferido a partir da aprendizagem indireta de novas discriminações condicionais. O presente estudo objetivou estender o teste ABLA-R avaliando possíveis correlações entre os desempenhos em dois protótipos de tarefas adicionais do ABLA-R (denominada Nível 7A e 7B) e o desempenho em avaliações padronizadas de linguagem (TVAud-A33oI - Teste de Vocabulário Auditivo), comportamento adaptativo (VABS - Escala de Comportamento Adaptativo Vineland) e inteligência (Teste Não-Verbal de Inteligência – SON-R 2½-7[a]). Participaram do estudo 40 crianças com desenvolvimento típico, com idades que variaram de 30 meses a 53 meses. A coleta de dados ocorreu na escola dos participantes e em uma sala na universidade, de duas a três sessões com cada participante, com duração média de 30 minutos. As sessões consistiram na aplicação dos níveis 3 a 6 originais do Teste ABLA-R, seguidos das tarefas 7A (que avalia a emergência de uma relação visual-visual), 7B (que avalia a emergência de uma relação auditivo-visual) e da aplicação dos testes TVAud-A33oI, VABS e SON-R 2½-7[a]. Os resultados apontaram que 12 participantes passaram no Nível 7, enquanto que 28 fracassaram. Comparações entre esses dois grupos (que passaram x fracassaram) mostraram diferenças significativas (p-valor < 0,05) para as variáveis: idade, escores na sub-escala de comunicação da Vineland, e quociente de desenvolvimento (QD) da Vineland. Não foram encontradas diferenças entre os grupos no que se refere ao desempenho no SON-R 2½-7[a] e no TVAud. Os dados sugerem que as duas tarefas propostas como Nível 7 têm relação com a linguagem e estão em um nível de dificuldade acima do Nível 6, podendo ser uma extensão relevante para o Teste ABLA-R.
Palavras-chave: equivalência de estímulos, linguagem, inteligência, comportamento adaptativo, desenvolvimento típico.
A profissão e formação de psicólogo, no Brasil, foi regulamentada por meio da Lei No.4.119, de 1962, atribuindo, entre as funções desempenhadas pelo psicólogo, o desenvolvimento de métodos e técnicas sicológicas para o diagnóstico e a solução de problemas de ajustamento, sendo este último termo usado em substituição ao de “psicoterapia”. Essa mudança na nomenclatura foi resultado dos embates ocorridos entre os que exerciam a Psicologia e os outros profissionais como, e.g., médicos, durante o processo de regulamentação da referida lei. Um desses embates se referia a como o psicólogo poderia exercer suas funções de forma independente, na área clinica, uma vez que os médicos consideravam ser essa área de competência do campo médico, cabendo ao psicólogo o papel de assistente técnico. Diante do cenário citado, o objetivo desta pesquisa é descrever e analisar práticas e conhecimentos psicológicos nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria. A hipótese de que entender como tais práticas e conhecimentos circularam na Psiquiatria brasileira, à época, pode auxiliar em uma compreensão mais sofisticada dos embates científico-profissionais, quando da regulamentação da Lei No. 4.119. O recorte temporal - 1949 a 1962 - abrange o período do ano da primeira publicação do primeiro número do periódico e as primeiras discussões em torno da regulamentação da profissão de psicólogo, até a sua efetivação, em 1962. Esta dissertação é estruturada por dois estudos independentes, mas complementares. Metodologicamente, a investigação se insere no campo da História da Psicologia, apropriando-se de recursos teórico-metodológicos da História Quantitativa, da História Digital e da Bibliometria. Os resultados sugerem o uso de métodos, técnicas e teorias psicológicas pela psiquiatria brasileira, mais especificamente de elementos vinculados a propostas psicodinâmicas. Brasil e alhures, convidando a novas investigações.
Palavras-chave: história da Psicologia; história da Psiquiatria; história da Medicina.
Crianças com autismo podem apresentar dificuldades de aprender discriminações condicionais auditivo-visuais, dificultando o desenvolvimento de habilidades de ouvinte e em responder discriminativamente ao que as pessoas dizem. O ensino de relações auditivo-visuais tem sido alvo de muitas pesquisas com essa população. A variedade de procedimentos de ensino tem o objetivo de amenizar padrões de erros e superseletividade de estímulos que são dificuldades comuns associadas a aquisição desse tipo de repertório. Avaliações comparativas de duas ou mais intervenções que são clinicamente recomendadas para o ensino de habilidades, porém, pouco pesquisadas, podem beneficiar crianças com autismo que recebem intervenções em ABA (Análise do Comportamento Aplicada). Esta dissertação é composta por dois artigos, o primeiro teve o objetivo de revisar a literatura sobre estudos comparativos para ensino de relações auditivo-visuais e o segundo foi feito um estudo empírico que avaliou a eficiência de dois procedimentos de ensino dessas elações (procedimento DC e procedimento CEA). Foram encontradas nove pesquisas de comparação no primeiro estudo. Cinco estas, demonstraram que, embora os procedimentos DSC (discriminação simples-condicional) e DC (discriminação condicional) foram efetivos para o ensino de relações auditivo-visuais, o procedimento DC se mostrou mais eficiente para o ensino dessas relações, exigindo menos sessões de treino e minimizando a exposição a padrões de erros. De modo geral, os autores recomendam evitar o ensino de discriminações condicionais auditivo-visuais por discriminação simples, para posteriormente, ensinar discriminações condicionais na prática clínica. Os dados do segundo estudo replicam os dados de estudos anteriores quanto a efetividade e eficiência de ensinar relações auditivo-visuais pelo procedimento de discriminação condicional (DC). Além disso, os dados também ampliam a literatura sobre o caráter preditivo do ABLA-R (Assessment of Basic Learning Abilities – Revised). A aprendizagem de relações auditivo-visuais foi factível para os participantes que obtiveram o nível 5 e nível 6 do ABLA-R. Foi observado que os participantes que obtiveram nível 4 não aprenderam discriminações condicionais auditivovisuais por nenhum dos procedimentos. Esse dado corrobora com outros estudos em que, crianças que falharam nos níveis 5 e 6 do ABLA-R, não aprenderam a estabelecer relações entre classes de estímulos diferentes.
Palavras-chave: Comparação de procedimentos. Relações auditivo-visuais. Análise do Comportamento Aplicada. Autismo.
A Guerra Civil na Síria, que teve início em 2011, forçou muitas pessoas a saírem do país. Entre elas crianças juntamente com seus familiares ou, em muitos casos, sozinhas. Conformeo relatório divulgado em 2017 pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), a Síria é o país com o maior número de refugiados reconhecidos no Brasil. O deslocamento forçado é uma condição difícil que impõe a adaptação em um novo país, que geralmente é muito diferente de seu país de origem. Assim, entendemos que compreender o processo deconstrução da identidade da criança síria refugiada é de suma importância. Os objetivos deste trabalho foram investigar o processo de construção da identidade da criança síria refugiada em Campo Grande/MS; descrever os aspectos culturais, identitários e sociais presentes nos desenhos, a partir dos relatos das crianças e nas entrevistas com os pais; analisar os desenhos das crianças sírias refugiadas com referência na Psicologia Ambiental e apreender os aspectos relacionados à construção da identidade das crianças refugiadas participantes do estudo. Tratou-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa tendo como método o estudo de caso. A pesquisa contou com a participação de cinco crianças de nacionalidade síria com idades de 08, 09, 11, 12 e 17 anos de duas famílias refugiadas. Utilizou-se o desenho, a entrevista semiestruturada e o registro em diário de campo como técnicas de coleta de dados. A Psicologia Ambiental (PA) foi a abordagem aplicada, pois esta estuda a pessoa no seu contexto, apresentando como temática central do seu campo de estudo as inter-relações das pessoas com o meio ambiente físico e social. Observou-se que a identidade das crianças aparece pautada ao fato de serem sírias e refugiadas, sendo representada por elementos como idioma, a guerra, a política, a questão dos refugiados, a religião, a cultura, a comida e a organização familiar. Os resultados alcançados também revelaram que elas ainda estão muito vinculadas ao país de origem, apresentando apego ao lugar e identidade de lugar de maneira marcante.
Palavras-chave: Crianças refugiadas - Síria - Campo Grande, MS; Psicologia ambiental; Identidade (Psicologia) em crianças.
O programa Academia da Saúde incentiva a prática de atividade física igual ou superior à 150 minutos semanal na perspectiva de prevenção e promoção de cuidado em saúde. A atividade física é definida pela Organização Mundial da Saúde - OMS, como um artifício de reabilitação psicossocial. Objetivo-Avaliar o impacto biopsicossocial na sintomatologia das enfermidades dos participantes com esquizofrenia e/ou transtorno afetivo bipolar tipo I com um programa de atividade física na academia da saúde ao ar livre. Método- estudo longitudinal de intervenção quase experimental do tipo antes e depois, com avaliação da percepção de atividade física em relação a qualidade de vida dos participantes, com duração de 10 encontros, envolvendo vinte pacientes divididos em quatros grupos (A, B, C e D) e tendo como os grupos C e D na fila de espera e controle que também participaram de atividade física, sendo avaliado nos três momentos. Os participantes foram pacientes que realizavam tratamento regular no CAPS III no município. Foram utilizados os instrumentos: Questionário Sociodemográfico; Diagnóstico para Psicoses e Perturbações Afetivas-DI-PAD; Escala da Síndrome Positiva e Negativa- PANSS; WHOQOL – breve versão português; Escala de Calgary de Depressão para Esquizofrenia - ECDE; Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ Versão Curta; Escala de Estigma Internalizado. Resultados- Encontramos em todos os grupos (A,B, C e D) elevados níveis de pontuação nos sintomas positivo e negativo como delírio e alucinação visual e auditiva, (dp±sd 88,80±2,20) pontos; na depressão os dados foram semelhantes (dp±sd 2,37±0,16), principalmente participantes com pensamento suicida de repetição e várias tentativas de suicídio; quanto ao estigma, todos os grupos também apresentaram elevado pontuação (dp±sd 2.29±0.03) de estigma, dificultando tratamento na comunidade; na qualidade de vida e atividade física todos os grupos apresentaram baixa pontuação, considerado qualidade de vida ruim e inatividade atividade física, não atingindo a recomendação proposta do MS. Posteriormente, após intervenção, todos os grupos melhoraram sua performance, e gradativamente as pontuações foram melhorando. Conclusão- o programa apresentou efeitos positivos sobre os parâmetros avaliados como diminuição da psicose, relativo ao bem estar físico e mental, com diminuição de estresse, depressão e melhoria no humor, autoestima, disposição, além de minimizar estigma. Estudo realizado pelo programa de Pós-Graduação Mestrado em Psicologia da Saúde na UCDB.
Palavras Chaves: Academia da Saúde; Recurso Comunitário; Transtorno Mental
Muitas crianças com autismo podem apresentar dificuldades em aprender relações auditivovisuais, fator que contribui significativamente às dificuldades no desenvolvimento de habilidades de ouvinte e em discriminar o que as outras pessoas dizem. Há grande variedade de procedimentos de ensino de relações auditivos-visuais. O desenvolvimento e o refinamento de procedimentos de ensino de linguagem receptiva em crianças com autismo constituem-se em um desafio de grande relevância para seu tratamento. Estudos comparativos apontam que o procedimento de discriminação condicional (DC) tem se mostrado mais eficiente para o ensino de relações auditivo-visuais para crianças com autismo, quando comparado ao procedimento de discriminação simples-condicional (DSC). O presente estudo de revisão teve o objetivo fazer o levantamento de estudos comparativos de procedimentos de ensino de relações auditivovisuais para crianças com autismo. Foram realizadas buscas em bases de dados com as palavraschave “receptive labeling”, “receptive language”, “conditional discrimination” e “auditoryvisual relation”. Nove estudos foram identificados e analisados de acordo com o perfil dos participantes, as avaliações realizadas, os procedimentos de ensino comparados nos estudos, parâmetros de avalição de eficiência e eficácia dos procedimentos e medidas de manutenção das relações ensinadas. De modo geral, todos os procedimentos avaliados obtiveram resultados quanto a sua efetividade no ensino de relações auditivo-visuais para crianças com autismo. Os dados demonstram a eficiência do procedimento DC e as pesquisas apresentaram resultados favoráveis com o ensino direto de discriminações condicionais. Os estudos encontrados refutam a suposição que a aprendizagem de discriminações condicionais exige a aprendizagem prévia de discriminações simples. Não há na literatura suporte empírico que sustente essa suposição. Entretanto, procedimentos baseados nessa suposição vêm sendo recomendados em manuais e adotados por profissionais que planejam intervenções para crianças com desenvolvimento atípico.
Palavras-chave: comparação de procedimentos; linguagem receptiva; relações auditivovisuais; análise do comportamento aplicada; autismo.
Introdução: A Esquizofrenia e o Transtorno Bipolar são um desafio assistencial de grande complexidade, tanto pela gravidade clínica como pela idiopaticidade, resultante de interações genéticas somadas aos fatores biológicos de risco aos quais o indivíduo é exposto ao longo de seu desenvolvimento. Investigar fatores biológicos, psicológicos e sociais pode apontar e eleger novas possibilidades de intervenção e estratégias preventivas precoces em períodos iniciais de vida. Objetivo: Investigar retrospectivamente fatores de risco precoces em indivíduos portadores de Esquizofrenia e Transtorno Bipolar, comparando-os com seus irmãos saudáveis. Método: Esta dissertação foi composta por dois produtos literários. Um capítulo de livro sobre a Esquizofrenia e dirigido ao público em geral e um artigo científico, onde foram apresentados os resultados de uma investigação retrospectiva, em uma amostra de 20 famílias através de entrevistas com as mães, o filho com Esquizofrenia ou Transtorno Bipolar e seu irmão saudável, sendo investigados fatores de risco ligados a saúde materna e obstétrica, apoio social e traumas precoces. Instrumentos: Utilizamos junto às genitoras o Perfil Psicossocial do Pré-natal traduzido e validado para uso no Brasil. Para os filhos com sofrimento mental e seus irmãos foi aplicada a escala de Traumas Precoces (ETISR-SF). Todos os indivíduos foram rastreados para a confirmação ou exclusão de transtornos mentais de acordo com os critérios do DSM 5 através do Questionário de Rastreio da Pesquisa Genética, a Entrevista de Diagnóstico para Psicoses e Perturbações Afetivas (Di-PAD). Análise dos Dados: A análise estatística foi realizada através do programa Stata versão 12.0, as variáveis foram testadas quanto ao seu padrão de normalidade através dos testes de Shapiro-Wilk e Kolmorogov-Smirnov. Para a tabulação dos dados, a análise descritiva e inferencial através do Teste Qui-quadrado para correlação em distribuição proporcional de probabilidade de evento e não evento e assumindo o valor de significância p<0,05 e para as variáveis quantitativas foi realizado o teste t de Student para possíveis diferenças das médias entre os grupos observados. Resultados: A história obstétrica de complicações na gestação, e o peso materno inadequado, somados a presença de traumas precoces (traumas gerais, castigo físico e abuso sexual e emocional) se mostraram estatisticamente relevantes como fatores de risco para a Esquizofrenia e o Transtorno Bipolar. Houve relação significativa nas tendências numéricas para a variável complicação na gestação através do teste exato de Fisher (p = 0,06); e a oscilação de peso materno (p = 0,06) e (p =0,05) nos filhos com Esquizofrenia e TAB respectivamente. Em relação a traumas gerais ocorreu diferença significativa (p = 0,01) apontando que a pontuação de traumas gerais foi maior nos indivíduos com Esquizofrenia; castigo físico ocorreu diferença significativa (p = 0,006) e (p= 0,008) nos indivíduos com Esquizofrenia e TAB respectivamente e também foi observada significância para traumas por abuso sexual (p= 0,006) e emocional com diferença significativa (p = 0,009) somente nos indivíduos com Esquizofrenia. A variável gênero (p= 0,03) teve significância no grupo com TAB apenas. Nossos achados estão em consonância com o apontado em literatura científica.
Palavras-chave: Fatores de Riscos Gestacionais, Traumas Precoces, Esquizofrenia e Transtorno Bipolar.
Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam dificuldades em aprender habilidades de linguagem. Do ponto de vista da Análise do Comportamento, a linguagem é comportamento verbal, definido como comportamento operante, que é aprendido em função de suas consequências mediadas por um ouvinte. Os comportamentos intraverbal e tato são operantes verbais mantidos por reforçamento generalizado; o intraverbal é controlado por antecedentes verbais, que não apresentam correspondência ponto a ponto com a resposta verbal, enquanto que o tato é controlado por estímulos discriminativos não verbais. Ambos operantes verbais são frequentemente tomados como alvo de intervenções comportamentais
no autismo e procedimentos de ensino que resultem na aprendizagem desses operantes são importantes para o tratamento do autismo. O presente estudo investigou se o uso de Consequências Específicas Auditivas (CEA) em tarefas de ouvinte poderiam gerar emergência de intraverbal e tato. Participaram do estudo 5 crianças com idades entre 5 a 13 anos, sendo com três participantes (Maria, José e Paulo) um delineamento de sondas múltiplas (multiple probes) entre dois conjuntos de três estímulos cada e delineamento de pré e pósteste com dois participantes (Miguel e Rafael) com um conjunto de três estímulos. Os estímulos consistiam em frases ditadas pelo experimentador (Conjunto A), figuras impressas em cartões (Conjunto B) e palavras ditadas como consequências específicas auditivas (Conjunto S). Blocos de 9 tentativas eram conduzidos para testar os comportamentos de intraverbal e tato (pré e pós-teste) e para o treino de ouvinte com CEA (intervenção). Testes de intraverbal avaliavam se a criança emitia uma resposta verbal diante das frases selecionadas. Os testes de tato avaliavam se os participantes conseguiam nomear as figuras. A intervenção consistia em apresentar uma frase do Conjunto A (por ex., “aponte qual animal late”) e ensinar a criança a selecionar a figura correspondente (nesse caso, a figura do cachorro). Respostas corretas eram reforçadas com um item da preferência do participante e com a consequência específica auditiva (“cachorro!”), ditada pela pesquisadora. Respostas incorretas eram seguidas de um procedimento de correção (least-to-most). Dos cinco participantes, um apresentou emergência de todas as relações de intraverbal e tato testadas e outro participante apresentou emergência das relações de intraverbal e tato do grupo 2. Os resultados dessa pesquisa sugerem que o procedimento de CEA em tarefas de ouvinte pode ser gerar emergência de intraverbal e tato em pessoas com TEA.
Palavras-Chave: TEA, operantes verbais, consequências específicas auditivas, emergência.
Trabalhar mesmo se sentindo mal ou adoecido é um dos desafios contemporâneos na saúde ocupacional. Denominado presenteísmo, esse fenômeno desperta interesses de pesquisadores no mundo todo e revela ser presença comum em diferentes contextos e ocupações. Porém, são escassos os estudos em corporações policiais, o que tende a suscitar maior preocupação, sobretudo pela natureza do trabalho, em decorrência da dificuldade em se suprimir, ou até mesmo reduzir, os riscos ocupacionais, especialmente os psicossociais, em que os trabalhadores estão expostos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) integra-se ao Sistema Nacional de Segurança Pública e a estrutura do Ministério da Justiça, tendo como missão o patrulhamento ostensivo, fiscalização e combate ao crime nas rodovias federais brasileiras, zelando pela vida daqueles que as utilizam. Esse estudo está composto em formato de artigos e encontra-se no campo teórico da Psicologia da Saúde Ocupacional, permeando diálogos com a Psicossociologia, com objetivo de investigar o presenteísmo, analisando sua prevalência e associação com os fatores de risco psicossociais em policiais rodoviários federais, acessando, ainda, as percepções dos participantes sobre o tema, tornando-os parte ativa no processo. Tratase de um estudo quantitativo, exploratório-descritivo, de corte transversal, com amostragem por conveniência em policiais rodoviários federais pertencentes à 3ª Superintendência Regional de Polícia Rodoviária Federal, MS, Brasil. Foram cumpridos todos os preceitos éticos, com aprovação sob o nº 2.439.552. Como instrumentos de pesquisa utilizou-se a Stanford Presenteeism Scale (SPS-6) de Koopman et al. (2002), o Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ), elaborado por Kristensen (2002) e um Questionário Sócio Demográfico e Ocupacional (QSDO), além de entrevistas semiestruturadas. O Artigo 1: investigou as compreensões individuais e organizacionais dos policiais, mediante suas percepções sobre o presenteísmo, com entrevistas semiestruturadas e análise textual com uso do software IRAMUTEQ. Evidenciou-se múltiplos fatores que influenciam o presenteísmo, com destaque a um autoconceito elaborado e partilhado pelo grupo social, que reflete em um comportamento social. O Artigo 2: investigou a prevalência do presenteísmo, utilizando-se a Stanford Presenteeism Scale (SPS-6) de Koopman et al. (2002), e um Questionário Sócio Demográfico e Ocupacional (QSDO). Como resultados, obteve-se a frequência de 55,4% na amostra (p-0,2169) com comprometimento no desempenho no trabalho, sendo primordialmente associados a fatores de ordem psicológica (distração evitada). O Artigo 3: pesquisou o presenteísmo, analisando sua associação com os fatores de risco psicossociais, acessando, ainda, as percepções dos participantes sobre o tema, tornando-os parte ativa no processo. Utilizou-se a Stanford Presenteeism Scale (SPS-6) de Koopman et al. (2002), o Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ) elaborado por Kristensen (2002) e um Questionário Sócio Demográfico e Ocupacional (QSDO), além de entrevistas semiestruturadas. Os resultados indicaram a frequência de 55,4% de presenteístas com comprometimento na capacidade de manter a atenção concentrada (73,17%), além de exigências cognitivas (90,0%) como fator de risco psicossocial. Na associação dos dados (SPS-6-55,4% amostra e do COPSOQ-II), sobretudo nas subescalas que com diferenças significativas (organização/conteúdo do trabalho e valores no local de trabalho) (χ2, p-valor ≤ 0,027), expõem a não correlação direta dos fatores de risco psicossociais ao presenteísmo, sendo evidenciados, primordialmente, discursos relacionados a crenças, valores e princípios éticos relacionados a identidade ocupacional. Por fim, o estudo discutiu os possíveis engendramentos relacionados ao presenteísmo, identificando um conjunto consensual de conteúdos representacionais pulverizados em saberes coletivos, propiciando-se contribuir com o modelo dinâmico do presenteísmo e absenteísmo de Gary Johns. Conclui-se que os achados desse estudo contribuirão para compreensões sobre o presenteísmo nessa população e subsequentes abordagens preventivas e promotoras de saúde.
Palavras-chaves: Presenteísmo, Fatores de Risco Psicossociais, Policiais.
Souza, L. H. S. (2018) A Emergência de um corpo político: o Processo Transexualizador do SUS problematiza a Psicologia. 89 f. (Dissertação de Mestrado em Psicologia), Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande, MS. Esta dissertação parte dos pressupostos teórico-metodológicos do pós-estruturalismo, tendo Michel Foucault como norteador da pesquisa e outros autores como interlocutores das discussões. Assim, problematizamos os discursos produzidos pela Psicologia e pela Medicina sobre a população trans e que assim norteou a política pública de saúde do Processo Transexualizador do SUS. Este então foi colocado em análise em um primeiro momento, porém, no decorrer da pesquisa, decidiu-se não percorrer caminhos já sabidos e/ou feitos, mas buscar um avesso, mudar as peças desse jogo de lugar. O que emerge, então, como problema é a produção de uma anormalidade frente à experiência trans, sendo os campos de saberes da Medicina e da Psicologia os produtores dessas práticas frente à população trans. Existe a produção de um conhecimento científico sobre o processo transexualizador e de como se regula e governa a população trans dentro dessa maquinaria. Percorreram-se os rastros desses sistemas de poderes e saberes que regulam a experiência trans e de diferentes modos acabam regulando essa forma de existência, a partir da anormalidade e da patologização. Ao problematizarmos a Psicologia e o lugar em que ela é colocada pela Medicina nesse processo, temos uma bifurcação, onde a Psicologia terá tanto uma prática com essa população pela via do sofrimento, quanto uma prática potencializadora dentro das políticas públicas, junto aos movimentos sociais. O processo transexualizador, assim, não ocupa mais o lugar de objeto, mas sim aquele que problematiza a Psicologia. Trabalharam-se os tensionamentos que levaram à implantação do Processo transexualizador e as suas mudanças, as produções cientificas sobre esse processo, o lugar da Psicologia nesse campo e como podemos potencializar as práticas da Psicologia, trabalhando com as políticas públicas e os saberes dos movimentos sociais. Procurou-se produzir uma experiência a partir desta escrita no leitor, produzindo possíveis efeitos frente às questões do Processo Transexualizador, na Psicologia como ciência, na possibilidade de outras formas de se pesquisar e de outras experiências com o corpo e as formas de existir.
Palavras-chave: Pós-estruturalismo, Processo Transexualizador no SUS, Psicologia, Corpo.
Esta dissertação tem por objetivo geral investigar os aspectos psicossociais relacionados à saúde mental e ao reconhecimento das minorias sexuais, isto é, daqueles cuja orientação sexual, comportamento e/ou identidade não correspondem ao paradigma heterossexual vigente. O trabalho é composto por três manuscritos autônomos, mas interdependentes, que cumprem funções análogas àquelas encontradas numa dissertação monográfica, a saber: a revisão de literatura, a reflexão metodológica e a aplicação numa pesquisa empírica. O primeiro manuscrito consiste numa revisão integrativa que correlaciona minorias sexuais latino-americanas e aspectos variados de saúde mental, tanto positivos como negativos, bem como os fatores aí envolvidos. O segundo manuscrito propõe-se a apontar contribuições da Hermenêutica Fenomenológica de Paul Ricoeur que se mostram significativas para o aprofundamento epistemológico e metodológico da pesquisa qualitativa, com similaridades e especificidades em relação a campos já consagrados como a abordagem fenomenológica e a narrativa. O terceiro manuscrito consiste numa aplicação da Hermenêutica Fenomenológica de Ricoeur à investigação do processo de reconhecimento da identidade (comumente chamado de “saída do armário”, tanto na esfera pessoal como na pública) de homens gays na cidade de Campo Grande, tal como eles o explicitam em suas narrativas. De modo geral, o da identidade das minorias sexuais, visto que proporcionou um olhar contextualizado desses fenômenos, ao considerar a subjetividade em suas relações interpessoais (próximas e distantes) e situadas em contextos socioculturais mais amplos. Com isso, ao invés de dicotomias e unilateralidades, a pesquisa suscita pensar de modo dialético a autonomia e a vulnerabilidade de tais minorias, sem incorrer no vitimismo, tampouco no ato de ignorar seus sofrimentos.
Palavras-chave: Minorias sexuais e de gênero; saúde mental; homossexualidade; reconhecimento; identidade.
Pessoas com autismo podem apresentar significativos comprometimentos na linguagem e dificuldades na aquisição de habilidades discriminativas. Essas dificuldades podem refletir na aprendizagem de relações condicionais e na emergência de relações simbólicas. Este estudo investigou se indivíduos com autismo que falharam em um teste preditivo de aprendizagem de relações condicionais visuais arbitrárias e/ou auditivo-visuais arbitrárias poderiam demonstrar relações de equivalência. Participaram do estudo seis indivíduos, dois de nível ABLA 4 (que falharam em tarefas preditivas de facilidade para relações arbitrárias visuais e auditivo-visuais), dois de nível ABLA 5 (que falharam em uma tarefa preditiva da facilidade para relações auditivo-visuais) e dois de nível ABLA 6 (que passaram em uma tarefa preditiva de facilidade para relações auditivo-visuais). Pré-testes verificaram se os participantes demonstrariam as relações que seriam treinadas e testadas. A linha de base consistiu no ensino de relações de identidade (AA e BB) em uma tarefa de Matching to Sample (MTS) com consequências específicas auditivas para as duas classes (pseudopalavras S1 “Zóki” e S2 “Falé”). Sondas de equivalência avaliaram a emergência de relações arbitrárias entre as classes S1 e S2 e os estímulos dos conjuntos A e B, além das relações visuais AB e BA. Todos os participantes aprenderam a linha de base AA e BB, mas apenas os participantes com nível ABLA 6 emergiram relações de equivalência A1B1S1 e A2B2S2, com desempenhos acima de 83% de precisão. Os resultados desta pesquisa indicam que a facilidade na aprendizagem de relações auditivo-visuais seriam um pré-requisito para formar classes de equivalência e que quão melhor for a discriminação de estímulos avaliada pelo Teste ABLA-R, mais rápida é realizada as relações entre estímulos diferentes entre si (arbitrários).
Palavras-chave: relações de equivalência, repertórios discriminativos, consequências
específicas auditivas, discriminação condicional, autismo.
Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar as condições intelectuais, institucionais e pragmáticas que justificassem as práticas de saúde no Sanatório São Julião. O recorte temporal vai de 1941 a 1986, período que compreendeu a inauguração do São Julião como um Hospital Colônia ao ano em que o Governo Federal declarou os Hospitais Colônia inconstitucionais. A pesquisa se insere no campo da História da Psicologia e utiliza os conceitos da Memória Social, bem como os fundamentos da História Oral e da Análise Documental. Foram utilizadas fontes textuais primárias, disponíveis no Arquivo Municipal de Campo Grande (ARCA), no Arquivo do Hospital São Julião; e fontes orais, produtos de entrevistas a ex-pacientes e ex-funcionários do Sanatório São Julião. Os primeiros anos de funcionamento do Sanatório foi considerado satisfatório para os padrões da época, apesar da exclusão social, mesmo em âmbito institucional. Aos poucos a assistência médica tornou-se ineficiente, pela falta de recursos humanos e materiais, culminando com a precariedade do local. As análises dos recortes dos jornais sugerem que a sociedade campo-grandense, movida por certa visão social da Lepra, na mídia impressa, “amparou” os internados no Sanatório São Julião com doações de diversos gêneros, desde alimentos a valores altos, feitos por “generosos” campograndenses. A partir de 1970 a instituição foi sistematicamente reestruturada, porém, na ausência de políticas públicas, os recursos para a manutenção da instituição dependiam de doações, da caridade e filantropia. A partir da mídia impressa, a imagem que se formou da instituição foi associada a ideia de cuidado à saúde, ligada a práticas donativas e benevolentes. Intrinsicamente, deu-se ali, com a ajuda de voluntários, uma nova política de trabalho e cuidado em diversos níveis, que iam além da saúde do corpo, com desenvolvimento social e psíquico.
Palavras chaves: História da Psicologia, História da Lepra, Sanatório São Julião
Este trabalho busca apresentar uma análise histórica do processo de institucionalização da Análise do Comportamento no Brasil, tendo como berço os Estados Unidos da América. O período cronológico escolhido para estudo inicia com a narrativa de memórias a partir da chegada de Fred S. Keller ao Brasil, em um contexto de muitas mudanças na Presidência da República, tomada do poder pelos militares e, simultaneamente, do processo de regulamentação da Psicologia como profissão no país. Tal narrativa se estende por meio da dispersão de analistas do comportamento pelo Brasil, a “diáspora”. Esta pesquisa é um estudo da História do Tempo Presente, situada no domínio da História das Ciências e no campo da História da Psicologia. Usou recursos de História Quantitativa, revisão bibliográfica, sociobibliometria e cientometria. Em adição a isso, entende-se por processo de institucionalização o resultado de mecanismos adotados por uma comunidade (neste caso, a de analistas do comportamento); assim, olhar para alguns desses mecanismos pode trazer entendimentos a respeito do supramencionado processo. Como consequência, as fontes primárias usadas no estudo são as publicações dos periódicos das primeiras associações comportamentalistas no país, Associação de Modificação do Comportamento e Associação Brasileira de Análise do Comportamento; são eles: Modificação de Comportamento: pesquisa e aplicação (1976–1980) e Cadernos de Análise do Comportamento (1981–1986). Nesse sentido, os dados foram coletados, quantificados e analisados. Além disso, as 40 publicações e outras adicionais foram lidas na íntegra, o que possibilitou um maior entendimento dos dados quantificados a priori. Ao final, foi possível observar que os resultados corroboraram algumas hipóteses e alguns dados da literatura; no entanto, levantam questionamentos e sugerem outras conjecturas que requerem mais pesquisas com outras fontes e/ou outros olhares.
Palavras-chave: Institucionalização; História da Análise do Comportamento; História da Psicologia; História do Behaviorismo; História das Ciências.
Este trabalho resgata a memória e constrói a história dos primeiros momentos do curso de Psicologia da FADAFI/FUCMT. Nosso recorte temporal compreende período entre os anos 1974 - quando iniciaram as reuniões para abertura do curso -, e o ano de 1980, data em que a primeira turma formou-se. O trabalho de pesquisa insere-se no campo da História da Psicologia, utiliza conceitos como: disciplinarização e memória social, bem como recursos teóricos metodológicos da História Oral. Os materiais pesquisados foram encontrados: na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), no Arquivo Histórico de Campo Grande (ARCA) e nas entrevistas realizadas com um grupo de professores que participaram dos momentos iniciais do curso. Descrevemos a relação entre os Salesianos, história da Psicologia no Brasil e na cidade de Campo Grande. Apresentamos um breve panorama sobre o Ensino Superior no Brasil e no estado de MT. Descrevemos os fatores que propiciaram a abertura do curso de Psicologia: criação da ferrovia Noroeste do Brasil (NOB), o fenômeno da modernização urbana e a demanda de alunos. A relevância do trabalho encontra-se no fato de o curso de Psicologia da FADAFI/FUCMT, ter sido, durante vinte cinco anos, o único ofertado na capital de MS. Seu impacto foi positivo e relevante na estruturação da sociedade campo-grandense, no processo de institucionalização da Psicologia na cidade de Campo Grande e na construção da identidade profissional do psicólogo no estado e no Brasil. Já na parte final, construímos uma narrativa que entrelaça as lembranças e memórias dos entrevistados com as evidências empíricas e conceituais sobre os primeiros anos do curso de graduação em Psicologia, articulando o passado e descrevendo o caminho trilhado pelos pioneiros.
Palavras-chave: História da Psicologia, FADAFI/FUCMT, Memória Social
Esta pesquisa se constrói como uma narrativa entre as formas de captura e negociação da população em situação de rua com os mecanismos e estratégias de poder, objetivando compreender de que modo a população de rua se subjetiva, a partir das relações de poder que se estabelecem no cotidiano. Fundamentado em uma perspectiva pós-estruturalista da Psicologia Social, este trabalho se constituiu a partir de uma cartografia dos processos que permitem os contatos da população de rua com o poder. Trata-se de uma cartografia dos processos que se organiza como um diário de campo e, portanto, não há uma linearidade na redação do texto. Utiliza como ferramenta alguns dos principais conceitos teóricos desenvolvidos por Michel Foucault, Giorgio Agamben, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Boaventura de Souza Santos. A elaboração do diário de campo se deu através da pesquisa-intervenção e ocorreu em uma praça no município de Campo Grande - MS, quinzenalmente, com os sujeitos que ali estavam. Com a finalidade de nivelar o conhecimento construído nesta pesquisa, a população de rua não se configura enquanto os sujeitos da pesquisa, mas enquanto coautores que me ajudam a problematizar as relações de poder/saber que os atravessam. Assim, entendendo que quando se alteram os discursos sobre uma determinada população, modifica-se também o lugar ocupado por essa população na sociedade. Buscou-se ao longo deste trabalho construir, em conjunto com os moradores da praça, outras formas de pensar, compreender e negociar com as práticas e os discursos que os constituem. De modo que, ao fim, pode-se compreender como os dispositivos de segurança e saúde, investem e desinvestem na vida desses sujeitos, regulando o modo como
circulam pela cidade e se relacionam com o território, este último deve ser entendido, aqui, como um espaço onde se produzem subjetividades.
Palavras-Chave: Subjetividade; Psicologia; População em situação de rua.
Esta pesquisa buscou problematizar a relação estabelecida entre os saberes do direito e da psicologia. Para isso, assumimos a figura do mosaico como método, apostando na possibilidade do encontro de reflexões. A ideia benjaminiana do mosaico nos proporciona a liberdade para desenhar nossas próprias imagens, a partir da relação entre esses saberes. Dito isto, colocamos em questão, em um primeiro momento, a articulação entre esses dois campos do conhecimento que opera processos de manutenção de normatividade e de normalidade. Posteriormente ao levantamento dessas práticas normalizantes, buscamos dar visibilidade para
uma outra relação possível entre psicologia e direito que se dá especialmente a partir da noção de direitos humanos e de direitos sociais, viabilizando uma potência entre esses saberes. Os principais autores que norteiam o processo de reflexão nesta dissertação para selecionar os fragmentos/peças que compõem esta pesquisa-mosaico são Michel Foucault, Giorgio Agamben e Walter Benjamin, posto que tais autores disponibilizam ferramentas conceituais críticas da modernidade, fundamentais para o processo de problematização e construção do mosaico que é esta pesquisa. Pontuamos, então, que a aposta desta pesquisa-mosaico, a partir dos fragmentos/peças coletados durante o processo de investigação, permite visualizar um mosaico cuja imagem aponta para a potência de uma articulação entre direito e psicologia que
fomente a vida, de modo que essa potência também vislumbra uma implicação ético-política e epistemológica que luta pela a garantia dos direitos humanos e dos direitos sociais.
Palavras-chave: Psicologia; Direito; Normalização; Direitos humanos e sociais.
Os programas de pós-graduação stricto sensu passam constantemente por avaliações, com indicadores e prazos rigorosos, exigindo grande dedicação dos professores. Essa relação com o trabalho e o compromisso em produzir conhecimento e formar pessoas, podem desencadear ou mesmo agravar a adição ao trabalho e levar ao estresse ocupacional, afetando a saúde mental do trabalhador e as relações interpessoais e familiares. A adição ao trabalho é o vício relacionado ao trabalho, resultado da combinação de trabalho excessivo e trabalho compulsivo, resultando em adoecimento mental. O estresse ocupacional é o resultado das reações do trabalhador frente a situações adversas no trabalho, que fogem ao seu controle, ocasionando
danos físicos e emocionais. O principal objetivo desse estudo foi identificar a prevalência de adição ao trabalho nos professores de pós-graduação stricto sensu e sua correlação com o estresse ocupacional. Os três instrumentos utilizados foram aplicados on-line: (i) Questionário sociodemográfico ocupacional (QSDO); (ii) Job Stress Scale (JSS) e (iii) Dutch Work Addiction Scale (DUWAS), enviados por meio de link, ao e-mail dos professores, para autopreenchimento. Foram incluídos, aqueles professores com vínculo empregatício com a instituição e atuantes na pós-graduação stricto sensu. Trata-se de uma pesquisa exploratóriodescritiva, de corte transversal, quantitativa, cuja amostra foi constituída por 34 docentes de
pós-graduação stricto sensu de uma universidade privada, comunitária e confessional da cidade de Campo Grande, MS. Os resultados indicaram alta prevalência de adictos ao trabalho (14,7%). Em relação ao estresse ocupacional, o modelo vivenciado pela maioria dos professores é caracterizado por alta demanda e baixo controle (29,4%), ou “alta exigência”, que, entre os modelos de trabalho causa maior estresse e dano emocional. Quando correlacionados adição ao trabalho e estresse ocupacional, não se obteve significância, indicando que adição ao trabalho não é preditora de estresse ocupacional nessa população, contradizendo o encontrado na literatura.
Palavras-chave: Adição ao trabalho. Estresse ocupacional. Trabalho docente. Professor. Pós-
Graduação.
Esta é uma dissertação que não aborda o rolê como mero objeto, mas como o próprio método que compõe a pesquisa e, mais do que isso, faz do rolê a política de escrita e de pesquisa deste texto. Ao longo de toda esta dissertação, Michel Foucault, Giorgio Agamben e Walter Benjamin são os Ajudantes que contribuirão para trazer o rolezinho para a academia, não de forma asséptica, mas com toda a tensão que essa prática implica. A aposta epistemológica-ética e política que este estudo assume tem por objetivo, a partir da análise da gestão da cidade e da juventude rolezeira, não apenas dar visibilidade a produção cotidiana de barbárie, mas em problematizar um espaço de resistência tanto em relação à academia, quanto em relação às práticas direcionadas a uma parcela bastante específica da Juventude, aquela já marginalizada e que recebe visibilidade apenas quando coloca em questão os padrões de ordem estabelecidos. Trata-se, portanto, da análise de um confronto entre lógicas de segurança e de resistência que se embatem no que tange à juventude na cidade.
Palavras-chave: Juventude, Rolezinho, Cidade, Segurança, Resistência.
A presente Dissertação trata, sob a forma de três artigos científicos, de temas ligados à Psicologia da Saúde no contexto da Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, SESAI/MS, responsável pelas ações de apoio e atenção à saúde dos povos indígenas por meio de suas Casas de Apoio à Saúde Indígena – CASAIs, e dos Departamentos de Saúde Especial Indígena - DSEIs. Busca conhecer a história dessas instituições, suas funções, estruturas, os motivos de suas implantações e se elas vêm cumprindo, a contento, seus objetivos. Investiga a existência de profissionais de Psicologia dentro das equipes multidisciplinares que atendem as populações indígenas quando em situações de necessidade de tratamentos de saúde. Procura conscientizar sobre a importância do respeito à caracterização da integridade étnico-cultural das culturas e tradições dos povos índios. Busca identificar aspectos que devem ser levados em consideração ao se discutir mudanças a serem efetuadas com intuito de melhorar a adaptação e desempenho no atendimento aos indígenas. Os métodos utilizados foram dois: a) revisão de textos, a partir de consultas a leis, e artigos, e relatórios publicados pela Scientific Electronic Library Online- ScieLo e pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; b) dados colhidos após a aplicação de um questionário específico, com 33 questões fechadas, semifechadas e abertas, respondido por três funcionários que prestaram e prestam serviços na CASAI de outros Estados e também de Campo Grande, MS. Os resultados obtidos nos três artigos são de que toda essa complexa rede material e humana que atuam nas CASAIs e DSEIs, acrescida de Escritórios Locais, Postos de Saúde, acaba por exigir uma compreensão mais aprofundada de todos os não índios nela envolvidos sobre aspectos que envolvem dimensões físicas, psicológicas e sociais das populações indígenas e que podem ser encontrados na Psicologia da Saúde, possibilitando o surgimento de novos campos para a demanda da atuação profissional e acima de tudo a garantia de um acolhimento voltado mais para as especificidades das culturas e hábitos das populações indígenas, auxiliando-as em sua condição de doentes, minimizando possíveis sentimentos de depressão, ajudando-o a controlar e a lidar com a dor.
Palavras chave: Psicologia da Saúde- CASAIs- DSEIs- Populações Indígenas
Esta dissertação é resultado de uma pesquisa que buscou compreender os sentidos e significados que revestem as vivências de luto de familiares de idosos que cometeram suicídio no estado do Mato Grosso do Sul. Os objetivos deste trabalho foram identificar os principais sentimentos e reações provocados pelo suicídio de idosos aos familiares, verificar como a relação estabelecida entre familiar e idoso antes da morte pode influenciar as vivências de luto e analisar as principais estratégias e recursos encontrados por estes familiares para lidar com a experiência do luto. Foram analisadas quatro Autópsias Psicossociais realizadas no ano de 2011 com sete familiares do sexo feminino na faixa etária compreendida entre 24 a 76 anos das cidades de Campo Grande e Dourados em Mato Grosso do Sul. Estas entrevistas são parte de uma pesquisa nacional organizada pelo Centro Latino Americano de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves) da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz a qual buscou compreender os aspectos que envolvem o fenômeno do suicídio de idosos no Brasil. Os dados foram organizados por meio das técnicas descritas por Laurence Bardin, em sua proposta de Análise de Conteúdo, dando visibilidade as falas destas pessoas que passaram pela experiência da morte violenta e envolvida por estigmas que é o suicídio. A
análise dos dados identificou sete unidades de significado construídas com base nas falas dos entrevistados e que dizem dos aspectos que revestem as vivências de luto dos familiares de idosos que cometeram suicídio, sendo elas: 1) Não era fácil lidar e cuidar dele 2) O luto familiar além dos parentescos, 3) A dicotomia: entre a saudade e o alívio 4) Os sentimentos e reações ao suicídio 5) As perguntas e questionamentos do suicídio 6) As lembranças de quem viu a cena do suicídio 7) As estratégias e recursos para lidar com o luto. Os resultados alcançados apontam que entender as vivências de luto de familiares de idosos que se
suicidaram é questão necessária para que se possa pensar a atenção ao luto desses sobreviventes e que discussões acerca desse tema podem auxiliar na elaboração de estratégias de cuidado e atenção à saúde dessas pessoas em sofrimento, além de contribuírem na prevenção de novos casos de suicídio.
Palavras-chave: Suicídio de idosos, luto, família.
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma doença que se caracteriza pela perda progressiva da função dos rins, podendo ser irreversível. É um fenômeno que vem aumentando em grande escala, e que abarca várias esferas da sociedade e ainda diretamente este ser singular, que é a pessoa portadora de IRC que sofre por suas debilidades e mazelas de ordem física/corporal e ainda enfrenta outras tantas limitações advindas de suas dificuldades de inter-relação na sociedade como um todo. Devido à cronicidade da patologia observam- se alterações orgânicas e disfunções psíquicas e sociais que interferem significativamente na qualidade de vida das pessoas com IRC. Por meio de pesquisa qualitativa, com base na teoria do materialismo histórico dialético, o presente trabalho teve como objetivo compreender a afetividade envolvida no cotidiano de pacientes renais crônicos. A pesquisa contou com a participação, 10 (dez) pessoas, sendo 05 (cinco) do sexo masculino e 05 (cinco) do sexo feminino, que são submetidas a tratamento de hemodiálise na Clínica de Hemodiálise – SIN (Serviços Médicos Integrados em Nefrologia) em Campo Grande - MS. A coleta de dados ocorreu por meio da realização de entrevistas semi estruturada, instrumento que permite analisar as percepções, sentimentos e interpretações dos participantes da pesquisa; tal registro foi efetuado por meio de gravação. Após transcrição, os dados foram elencados e selecionados em temas e subtemas. E a partir dos resultados apresentados, constatou-se nos relatos dos participantes da pesquisa, marcas de sofrimentos familiares e prejuízos econômicos e sociais. Estas problemáticas são perpassadas pelas questões afetivas que
deixaram impressões e cicatrizes de imagem da afecção que ficaram registradas nas relações atuais ou até mesmo nas relações do passado. A partir dos resultados encontrados, conclui-se que o cotidiano e a afetividade dos pacientes com insuficiência renal crônica são extremamente afetados. Estes pacientes necessitam de assistência individualizada e integralizada satisfatórias para que tenham maiores oportunidades de sociabilidade e consequentemente voltem a se sentir pessoas ativas e capazes de atuar
de maneira autônoma.
Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica; Afetividade; Cotidiano.
Este trabalho analisa a construção dos discursos midiáticos sobre os estupros coletivos,
denominados “feirinhas”, contra as mulheres indígenas Guarani-Kaiowá nas aldeias do
município de Dourados. Baseado nos pressupostos teóricos e metodológicos da
arqueogenealogia foucaultiana, buscamos problematizar como esses discursos são forjados a
partir de uma racionalidade de Estado e como eles, na medida em que são práticas discursivas,
participam dos processos de subjetivação dos sujeitos. A partir da narrativa de websites
jornalísticos locais sobre três casos de estupros, foi possível analisar como esses discursos
articulam a relação entre poder e saber, e como sua veiculação produz efeitos de verdade que
incidem e contribuem para a instauração de uma biopolítica que afeta tanto as relações de
gênero, disciplinando os corpos femininos, como a relação entre indígenas e não-indígenas.
Tal estratégia, sustentada por um racismo de Estado, que atribui à cultura indígena a
especificidade dos estupros coletivos, construindo uma ideia de anormalidade, primitivismo e
violência inerentes à sexualidade de tais sujeitos.
Palavras-chave: Mídia; Gênero; Estupro Coletivo; Racismo de Estado; Mulheres indígenas.
Este trabalho está inserido na pesquisa ―Estudo Genético de Coorte em Psiquiatria entre Afrodescendentes: Esquizofrenia e Transtorno Bipolar‖. A esquizofrenia é um transtorno mental que em geral atinge pessoas jovens e pode modificar profundamente o funcionamento autônomo da pessoa, bem como pode impedir a realização de objetivos pessoais, acadêmicos e profissionais. Sua apresentação é bastante heterogênea. Delírios, alucinações e desorganização do pensamento manifestam-se, muitas vezes, acompanhados de isolamento social, distanciamento afetivo e déficits cognitivos. Objetivo: Investigar a possível relação entre traumas precoces, funcionamento cognitivo e sintomas psicóticos em pessoas diagnosticadas dentro do espectro da esquizofrenia. Método: Pesquisa quantitativa com 20 pessoas que estavam em acompanhamento em Centros de Atenção Psicossocial, com diagnóstico de esquizofrenia confirmado pelos critérios do DSM-5 da Associação Americana de Psiquiatria. Procedimentos: A aplicação dos instrumentos ocorreu entre outubro de 2016 e março de 2017, em dois CAPS e uma Residência Terapêutica de Campo Grande/MS, em salas cedidas pelas instituições. Desde o convite para participação no estudo, os sujeitos foram informados sobre os objetivos e duração deste, considerando as etapas de avaliação, que exigiam entre 05 e 06 encontros com cada participante. Instrumentos: Entrevista inicial, Questionário de rastreio, PANSS e ETISR-SF. Instrumentos psicológicos: Beta III, AC, Teste de Trilhas Coloridas, Memória Visual de Rostos. Resultados: Os escores totais de traumas precoces se correlacionaram negativamente com a memória visual. Traumas físicos se correlacionaram positivamente com a atenção dividida. De acordo com os dados, sintomas negativos de esquizofrenia tem correlação negativa com a atenção. Conclusão: Foram observados níveis de inteligência e atenção (concentrada, sustentada e dividida) abaixo da média populacional, assim como indicam estudos, no entanto foram encontrados resultados dentro da média com relação à memória visual. A avaliação psicológica – busca sistemática sobre o funcionamento psicológico ou psicopatológico – pode contribuir para a identificação de limites em pessoas com esquizofrenia que podem futuramente otimizar o aumento à adesão de tratamentos (medicamentoso, terapias). Os achados desta pesquisa permitiram identificar marcadores importantes no desenvolvimento da infância e da adolescência que explicam o impacto destes na vida adulta de pessoas com o referido transtorno, em diversas áreas: social,
educacional, profissional.
Palavras-chave: Esquizofrenia, Traumas Precoces, Avaliação Psicológica.
Este trabalho apresenta memórias da Psicologia em Campo Grande a partir do estudo do curso de graduação em Psicologia das Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT), criado em 1975, com o objetivo de descrever e analisar aspectos da memória de egressas. O recorte temporal compreende os anos de graduação, respectivamente, da primeira a última turma da Instituição (1980 a 1993) antes de sua incorporação à Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). A pesquisa se insere no campo da História da Psicologia e utiliza os conceitos de disciplinarização e memória social, bem como, se apropria de estratégias de História Oral. Foram utilizadas fontes textuais pesquisadas no Conselho Regional de Psicologia – 14ª Região (CRP 14/MS), na UCDB e nos Arquivos Históricos de Campo Grande (ARCA); e fontes orais produzidas por meio de entrevistas com seis egressas do curso de graduação em Psicologia da FUCMT que consentiram, de modo livre e esclarecido, as respectivas participações na pesquisa. A partir da composição da vida acadêmica das egressas em conjunto com as fontes textuais, se pode compreender aspectos do currículo real e do currículo prescrito, as relações com professores e respectivas matérias, como foram operacionalizadas em atividades práticas e leituras. Notou-se a FUCMT competindo para o estabelecimento da Psicologia como disciplina independente em Campo Grande. E se delineou, ainda, um curso de graduação cujo perfil foi desenvolvido por práticas sociais ali circunscritas, a partir do envolvimento do corpo discente e docente. Práticas sociais atreladas à materialização de prerrogativas do governo federal em um currículo idiossincrático. Os resultados da pesquisa apontaram que o curso de graduação da FUCMT foi o principal formador em Psicologia de Campo Grande durante sua existência e sugeriram também, uma
proximidade do curso da FUCMT com o campo biomédico. Por fim, foi possível considerar que as memórias das experiências vivenciadas em local comum, no caso, o curso de graduação em Psicologia da FUCMT, contribuem para escrever uma história que ajuda a construir e preservar uma memória histórica da Psicologia brasileira.
Palavras-chave: História da Psicologia; Ensino Superior; Egresso; Formação em Psicologia;
Memória Social.
O Transtorno do Espectro do Autismo - TEA é uma preocupação de saúde pública, pois acarreta impacto a longo prazo na vida e na família do indivíduo. É importante compreender como este atendimento foi implementado através das políticas públicas e sobre as formas de atendimento para a reabilitaçãohabilitação no tratamento ao TEA. Para tanto, apresentamos este estudo em três artigos interligados entre si, buscou-se refletir sobre as formas de atendimento sugeridas pelo Ministério da Saúde, a partir da implantação de leis e diretrizes que regulamentam o atendimento às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O primeiro capítulo faz uma breve reflexão sobre dois documentos publicados pelo Ministério da Saúde (2014 e 2015), que orientam a implantação das políticas públicas de cuidado à pessoa com TEA. Destacando-se o reconhecimento das pessoas com TEA como indivíduos com deficiência (reafirmando seus direitos), uma
proposta de cuidado à pessoa com TEA de maneira multidisciplinar pela Rede de Atenção Psicossocial, o papel dos Centros Especializados em Reabilitação e a escolha de algumas linhas terapêuticas no tratamento dos sinais do TEA. O segundo capítulo apresentou um estudo de revisão de literatura sobre a eficácia dos
tratamentos para reabilitação sugeridos pelo Ministério da Saúde, publicados de 2005 a 2016. Uma busca com os termos “ABA”, “psychoanalysis, “sensory integration”, “TEACCH” e “Augmentative and Alternative Communication - CAA” combinados com os termos “autism”, “treatment” e “outcomes” foi realizada nas
bases de dados PubMed, LILACS, Web of Science, SciELO e Info Psychology. Foram encontrados 15 estudos utilizando unitermos “ABA”, “psychoanalysis, “sensoryintegration”,“TEACCH” “Augmentative and Alternative Communication-CAA)” e “autism”, “treatment”, “outcomes”. O terceiro capítulo buscou caracterizar o
tipo de atendimento de reabilitação existente no município de Campo Grande - MS. Foram entrevistados 24 profissionais de diversas áreas de atuação (psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional), em um Centro Especializado em Reabilitação (CER). Os resultados mostraram que as maiores ofertas de tratamento acontecem em integração sensorial e comunicação alternativa e suplementar; apenas 25% dos entrevistados têm conhecimento médio de ABA; e 25% apresentam também conhecimento médio do TEACCH. Apenas 50% dos entrevistados relataram estar preparados para o trabalho realizado. Porém, pode-se verificar que a grande maioria dos profissionais possui curso de Pós-Graduação no nível de Especialização, mas somente 4,1%, na área específica do Transtorno do Espectro do Autismo. Portanto, os dados mostraram que, apesar da efetividade da implantação de políticas públicas que se preocupam com o atendimento ao TEA, ainda há pontos que devem ser melhor fortalecidos, como a formação e preparo profissional, principalmente no atendimento a abordagens que mostram resultados eficazes na minimização dos impactos para o indivíduo com TEA, ao longo da vida, e seus familiares.
Palavras-chaves: Transtorno do Espectro do Autismo. Tratamento. Reabilitação.
Políticas Públicas. CER.
Introdução – Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) e o Transtorno por Estresse Pós-Traumático (TEPT) são reconhecidos como dois dos grandes problemas que acometem a saúde física e psíquica dos policiais, com consequências deletérias, ocasionando também repercussões negativas para as instituições, devido ao absenteísmo, presenteísmo, diminuição da produtividade, entre outros. Objetivo – Esta pesquisa se propôs identificar a existência e a prevalência dos TMC e do TEPT entre os policiais rodoviários federais (PRF) de Campo Grande/MS. Casuística e Método – O método utilizado nesta investigação foi o epidemiológico, de corte transversal. Participou do estudo uma população de N= 108 policiais rodoviários federais de ambos os sexos. Para tal finalidade, foram utilizados três instrumentos: (i) o Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20) para avaliação da suspeição diagnóstica dos TMC desenvolvido por Harding et al., (1980) e validado no Brasil por Mari e Willians (1986); (ii) o Questionário de Sequelas do Trauma (QST) criado por Koverola, Proulx, Hanna, Battle e Choan (1992), traduzido, adaptado e validado para o português por Coêlho (2000) e (iii) Questionário Sócio-Demográfico-Ocupacional (QSDO). Análise estatística- Os dados obtidos foram analisados estatisticamente, utilizando-se o software SPSS 22ª versão. A distribuição da população foi feita por meio da análise descritiva. Para o cruzamento entre os dados sócios demográficos ocupacionais e as prevalências dos transtornos avaliados por cada instrumento, foram utilizados os seguintes testes: diferença de médias, Anova (variáveis quantitativas e qualitativas) e o qui-quadrado (quando ambas variáveis eram classificadas qualitativamente). Os testes tiveram como critério de significância um percentual de 5%. Resultados - Constatou-se uma prevalência de suspeição para TMC de 14,8%, com grupo de sintomas mais prevalente o de humor depressivo/ansioso (59,3%). A prevalência de TEPT foi de 36,1%. Foi encontrada influência significativa do tipo de função desempenhada (pista) e a existência do TEPT em 59% dos casos diagnosticados. Obteve-se associação entre a suspeição para TMC e TEPT em 81,2% dos casos de TMC. Conclusões - Os resultados obtidos remetem à necessidade de ações preventivas e interventivas que possibilitem a detecção e manejo dos fatores de risco psicossocial específicos para Transtornos Mentais Comuns e Transtorno por Estresse Pós-Traumático e a consequente melhoria da saúde ocupacional dos policiais.
Palavras-chave: Transtornos Mentais Comuns. Transtorno por Estresse Pós-Traumático. Policiais Rodoviários Federais
Esta dissertação é resultado de uma pesquisa a respeito das dificuldades que determinados homens têm de adotarem práticas de autocuidado na atenção primária em saúde, mesmo sendo notório o quadro de sobremortalidade masculina disso decorrente. Nosso objetivo maior foi o de produzir um conhecimento que conferisse inteligibilidade às configurações subjetivas presentes em homens que protagonizam tal experiência, a partir do que é por eles mesmos relatado como vivência pessoal ou de outrem. Trabalhamos com a hipótese de que essa atitude de esquiva, notadamente em relação às Unidades Básicas de Saúde (UBS), é determinada por estereótipos de gênero que os fazem interpretar demonstrações de autocuidado em saúde como práticas sociais incompatíveis com seu senso de masculinidade. Nos servimos de uma abordagem transdisciplinar para entendimento das razões pelas quais o fenômeno ocorre, buscando subsídios, primacialmente, nos estudos de gênero e na Teoria da Subjetividade de Fernando Luís González Rey. O trabalho consistiu em um estudo de casos com 12 participantes do sexo masculino, adultos e em faixas etárias compreendidas entre 23 e 73 anos, os quais, enquanto assistidos pela 1ª Defensoria Pública de Defesa do Homem, de Campo Grande - MS, respondiam a processos por crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Como instrumentos de pesquisa utilizamos o questionário sociodemográfico, o completamento de frases e a dinâmica conversacional. Os resultados apontam para o modelo hegemônico de masculinidade como regra que ainda vigora, para a maioria dos homens, através dos eixos estruturantes da heterossexualidade e da dominação, remanescendo, pois, influentes os estereótipos de gênero na determinação de comportamentos de risco por eles assumidos em detrimento de sua saúde, sugerindo que são nos processos simbólico-emocionais de tal matriz que a subjetividade masculina reconhece-se como tal. A par dessa fatoração sociocultural, os resultados também referem, na oferta do serviço público em saúde básica, vícios estruturais que estão a exigir urgente revisão da atual Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, com vistas à retificação de seus insucessos e otimização dos resultados para os quais foi elaborada e implementada. Nossa atuação de campo, junto aos participantes, buscou pautar-se em princípios que apregoam o caráter construtivo-interpretativo do conhecimento, a legitimação do singular como instância de produção do saber científico e, por derradeiro, a compreensão da atividade de pesquisa como um processo de comunicação ou dialógico, na conformidade, assim, do que propõe o mencionado psicólogo cubano em sua Epistemologia Qualitativa
Palavras-chaves: sobremortalidade masculina, estereótipos de gênero, atenção primária em saúde, subjetividade, políticas públicas.
O objetivo do presente trabalho é avaliar a maneira que a Clínica-Escola de Psicologia é utilizada nos estágios e nas atividades práticas descritos no Projeto Pedagógico do curso de Psicologia da Universidade Anhanguera-Uniderp, a partir das ênfases curriculares, de acordo com as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação de Psicologia de 2004. Conforme tal regulamentação, a formação deve objetivar o desenvolvimento de habilidades e competências, a partir da proposta de ênfases curriculares, que devem ser escolhidas por cada curso, de maneira contextualizada e descrita em seu Projeto Pedagógico. Com base na análise documental do Projeto Pedagógico do Curso e dos prontuários de atendimento dos usuários da Clínica-Escola do ano de 2015, verificou-se que os serviços da Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Anhanguera-Uniderp não são descritos de forma completa no Projeto Pedagógico e que, na prática, tal local é utilizado apenas para uma ênfase proposta pelo curso (Psicologia Clínica e Promoção da Saúde), não atendendo às outras duas ênfases (Psicologia e Contextos Sociais e Institucionais). Além de não atender tais demandas, a Clínica- Escola de Psicologia da Universidade Anhanguera-Uniderp parece isolar a ênfase a qual atende. Com tais resultados, analisa-se que a operacionalização do Projeto Pedagógico no cotidiano do curso se aproxima mais das ideias do currículo mínimo de 1962 do que das Diretrizes Curriculares de 2004, demostrando uma formação da psicologia fragmentada em áreas tradicionais e com práticas isoladas.
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) surgido a partir de 2004, tem em seus objetivos, assegurar os direitos socioassistenciais da população brasileira, intervindo nas situações de risco e de vulnerabilidade da população. Para isso, conta com equipes interdisciplinares de profissionais que realizam intervenções com as famílias atendidas. Através de conceitos operadores pós-estruturalistas, tem-se nessa dissertação, uma problematização acerca do trabalho do psicólogo com atuação no SUAS: considerando o fato de sua estatística oficial computar os dados prioritariamente da população com renda econômica menor, e com isso, levar em conta as informações oficiais que intermediam qual é o público a que as intervenções das equipes técnicas se destinam. Equaciona-se a intervenção do psicólogo com a produção do perigo. Usa-se em particular, a problematização da atuação do profissional da psicologia no SUAS avizinhada com a intervenção junto à família em risco ou em vulnerabilidade, trazendo como um dos elementos primordiais, a produção do perigo através dos dispositivos de segurança nos equipamentos públicos da assistência social brasileira. Também são abordadas as estratégias de resistência tanto da população atendida quanto do próprio profissional da psicologia ao resistirem em operar em uma lógica normativa. Para isso, operamos com conceitos de Michel Foucault, como risco, vulnerabilidade, perigo, razão de Estado, biopolítica e homo oeconomicus, além de articular uma interface teórica e metodológica com Jaques Donzelot em sua obra "Polícia das famílias" e com Robert Castel no que se refere a produção de riscos nas sociedades ocidentais. A vigilância do psicólogo sob as famílias do SUAS, policiadas para que o acontecimento do perigo seja equacionado, é pensada nesta dissertação. A pesquisa surgiu através de minha experiência como profissional da psicologia, intervindo através de visitas domiciliares, orientações, condução de grupos e trabalhos de busca ativa nos equipamentos do SUAS, questionando se a construção da noção de perigo não surgia também através de minha ação com as famílias, bem como de outras ciências humanas que trazem modelos normalizados do que buscam como referência em um ideal biopolítico nas sociedades liberais. Várias reflexões surgem no texto sobre quais ideais o SUAS pretende alcançar ao inserir nas estatísticas para intermediar intervenções, prioritariamente a população de menor renda, compatibilizando com um modelo normalizado de família que julga perigoso e que precisa inclusive do profissional da psicologia na busca de padronizações.
Palavras-chave: Perigo; SUAS; Psicologia; Pós-estruturalismo; Família
No Brasil, a Lei 4.119 de 1962, regulamentou a formação e prática da profissão do psicólogo, além de identificar como uma das funções do psicólogo a “solução de problemas de ajustamento”. Entre outros fatores, a relevância dessa pesquisa tem se apresentado diante da inexistência, desde a regulamentação da Lei 4.119/62 e ainda contemporânea, da menção aos “problemas de ajustamento”, uma vez que a Resolução CRP nª 03/2016, define uma prática e não um conceito. Buscar identificar o modelo de saberes que organizavam práticas e diagnóstico, assim identificando o que “caberia” ser “ajustado”, poderia clarificar a ausência de informações em torno dos “problemas de ajustamentos. Assim, o objetivo desta dissertação é descrever e analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” analisar embates em torno de “problemas ajustamento” e saúde mental” em em em publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico publicações do periódico Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica Arquivos Brasileiros de Psicotécnica – ABPABPABP. O recorte temporal compreende o período em torno da regulamentação da profissão do psicólogo, no Brasil, de 1949 a 1968, além de ser o período de circulação dos ABP. A pesquisa é composta por três estudos, independentes, porém ligados entre si pela problemática. Para os dois primeiros estudos, Desvelando Modelos de Saúde Mental e Doença Mental: Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (1949-1968) e “Problemas de ajustamento” e “saúde mental”: controvérsias em torno de um objeto psicológico, o critério de inclusão foi usar textos com a rubrica “saúde mental”, rubrica essa dada pelo próprio ABP, totalizando 11 textos usados como fonte e para o terceiro estudo, Desvelando Estilos de Pensamento - `Diagnósticos` nos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (1949-1968), o critério de inclusão foi usar textos que continham em seus título critérios diagnósticos, orientados pelo DSM-I, totalizando 14 textos usados como fonte. Foi usado o método Historiográfico e de estratégias da história quantitativa, bibliometria e história digital para análise das fontes. A pesquisa apontou embates entre médicos e psicólogos no campo da saúde mental, tais embates diziam a respeito de diferentes visões de mundo, com ênfase na compreensão de um sujeito multideterminado sócio e culturalmente, disputas entre, pelo menos, dois modelos psiquiátricos, a saber “psiquiatria tradicional” e “nova psiquiatria”. Identificou ainda, controvérsias entre modelos de saberes em torno dos diagnósticos, realizados com base em critérios diagnósticos orientados pelo DSM-I e teorias psicanalíticas, uso de métodos e técnicas, entre elas o uso de testes de personalidade como Rorschach e PMK e técnicas de desenho, campo teórico orientado pela psicanálise e terapêuticas, as quais eram baseadas em tratamentos, reabilitação e prevenção. Concluímos que a pesquisa alcançou seu objetivo, identificando controvérsias em torno de “problemas de ajustamento” e “saúde mental”, porém não identificou elementos que definissem o termo. Parecia caber ao médico a “solução de problemas de ajustamento” á época.
Palavras-chave: história da psicologia; problemas de ajustamento; história da saúde mental.
O Transtorno do Espectro do Autismo se caracteriza por um distúrbio no desenvolvimento
que ocorre ainda na primeira infância. Diversos estudos identificaram sinais precoces do
autismo, que podem se manifestar a partir dos seis meses de vida do bebê. A identificação
desses sinais pode favorecer o diagnóstico precoce e o encaminhamento dessas crianças ao
tratamento especializado. Profissionais das Estratégias de Saúde da Família (ESF) realizam
frequentemente um trabalho de acompanhamento e visitas domiciliares. Se devidamente
capacitados, tais profissionais podem aumentar as chances de diagnosticar precocemente o
TEA. O objetivo desse estudo foi desenvolver e avaliar a eficácia de um programa de
capacitação de profissionais da ESF na identificação de sinais precoces de TEA. 32
profissionais de uma ESF foram submetidos a um programa de capacitação em formato de
palestra. Uma sequência de 11 vídeos de curta duração, que mostravam crianças com e sem
sinais de TEA, foi apresentada aos participantes antes e depois da palestra. Os participantes
eram requeridos a escrever em um protocolo de registro se algum sinal de TEA foi
identificado em algum dos vídeos. Os resultados sugerem que o programa piloto foi eficaz no
ensino de identificação de sinais de autismo: foi observado aumento na média de participantes
que identificaram corretamente pelo menos um sinal de TEA (de 10,25 participantes para
21,25, valor de t=0,01), aumento na frequência média de sinais corretamente identificados (de
12 ocorrências para 25,25 ocorrências, valor de t=0,02) e aumento na porcentagem média de
sinais identificados (de 20% para 49%, valor de t=0,01). O estudo sugere novas
implementações junto ao programa, considerando pontos que causaram influência, apesar do
resultado positivo em termos estatísticos, cito ambiência inadequada e desatenção observada
por alguns participantes. Apesar do efeito ter sido significativo, é provável que o estudo possa
avançar ainda mais se proposto em grupo menores ou até mesmo individual, considerando a
desatenção, estrutura física, entre outros fatores que podem ter influenciado na pesquisa.
Palavras-chaves: Sinais precoces. Capacitação profissional. Estratégia de Saúde da Família.
Autismo.
Esta dissertação de mestrado é constituída pelo encadeamento entre três ensaios que
problematizam Políticas Públicas de Saúde. O objetivo é colocar em análise a relação
que se tece entre território e acesso em saúde a partir das Políticas Públicas enquanto
tecnologia de regulação populacional. A análise fundamenta-se na perspectiva
epistemológica pós-estruturalista da Psicologia Social, abrangendo os campos analíticos
de Foucault e Deleuze e Guattari. Focaliza-se como materialidades constituintes do
campo social da pesquisa, as Políticas Públicas de Saúde mediante leis, portarias e
normas operacionais. As materialidades foram colocadas em análise seguindo uma
perspectiva genealógica e orientou-se a partir dos procedimentos: seleção, leitura e
análise de arquivo. O primeiro ensaio problematiza a emergência de uma Política de
mapeamento por geoprocessamento no campo da Saúde para pensar a relação que se
tece entre território e acesso em saúde. O segundo ensaio contextualizou-se como
problema a racionalidade que opera o processo de territorialização no campo da atenção
básica a partir de tecnologias de mapeamento. O terceiro ensaio objetivou-se
problematizar como a partir do processo de territorialização na atenção básica, o
território torna-se um híbrido onde se articulam tecnologias da vigilância com
tecnologias da assistência produzindo condições de possibilidade para visibilidade de
outros elementos neste processo. Assim, a análise centra-se no modo como as Políticas
engendram práticas de poder atuais e como possibilitam a emergência de formas de
subjetivação e novas ontologias como parte de um problema do presente.
Palavras-chave: Política Pública; Governamentalidade; Dispositivo de segurança;
Território; Acesso
A pesquisa tem como campo social a problemática do encarceramento feminino, que
aumentou consideravelmente nos últimos anos, permanecendo ainda invisível aos olhos
do Estado, que na maioria dos casos permanece omisso. A pesquisa discutiu o
encarceramento feminino no Mato Grosso do Sul e as peculiaridades que o norteiam,
através de políticas públicas implementadas pela Agência de Administração do Sistema
Penitenciário Estadual – AGEPEN/MS. Pesquisar sobre a efetividade da Lei de
Execução Penal e suas disposições acerca dos direitos inerentes à mulher encarcerada e
da mesma forma abordar as políticas públicas que são criadas com observância das
necessidades do gênero feminino. Para situar a problemática de pesquisa foram
abordados políticas públicas, e os aspectos psicossociais concernentes a mulher,
analisando os dados obtidos com as entrevistas realizadas com 5 (cinco) internas do
referido presídio e questões relativas a gênero. A pesquisa abordou que o
encarceramento feminino exige do Estado um tratamento diferenciado, sendo necessária
a discussão acerca do gênero, e das necessidades da mulher no que concerne a estrutura
física dos presídios, que deverá ser diferenciada de um presídio masculino, quanto à
estrutura administrativa e funcional, refletindo os aspectos sociais e psicológicos
voltados para o feminino. Algumas necessidades concernentes a mulher em situação de
encarceramento estão previstas na Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84), que traz em
seu bojo dispositivos, que se referem ao tratamento diferenciado para as mulheres
encarceradas. No entanto, referida lei, por se tratar de uma norma positivada, ou seja,
uma legislação expressa em artigos, não conseguiu suprir todas as necessidades da
mulher encarcerada. Assim, referidas lacunas legais são supridas pela criação e
execução das políticas públicas voltadas para o tema. A presente dissertação propõe
abordar aspectos sociais e psicológicos, e a partir da perspectiva teórica do gênero e
políticas públicas focou nos aspectos envolvidos na situação do encarceramento
feminino. Sendo assim, visa-se especificamente analisar e desenvolver critérios
avaliativos das políticas públicas já criadas, no que se refere a sua efetividade sobre o
encarceramento feminino e a manutenção da dignidade da pessoa humana com enfoque
nos Direitos Humanos. O método utilizado foi o etnográfico que focalizou na
observação do cotidiano das mulheres encarceradas, a fim de perceber os aspectos
psicossociais da população da pesquisa, com a aplicação da observação participante e
das entrevistas onde a pesquisadora utilizou de entrevista aberta com 5 (cinco) internas
do Presídio Feminino de regime fechado Irmã Irma Zorzi, localizado em Campo
Grande-MS, através da escolha por conveniência. As fontes de pesquisa foram as fontes
bibliográficas e documentais relacionadas às áreas de processo penal, execução penal,
criminologia, psicologia e a Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84).
Palavras-Chave: Encarceramento feminino; aspectos psicossociais; gênero; Lei de
Execução Penal.
O sistema econômico atual possibilitou a configuração de uma sociedade que promove
um estilo de vida baseada no consumismo, exigindo habilidades de adaptabilidade de seus
participantes, devido à rápida e constante modificação do ambiente capitalista. Entre os
estudos relevantes às comunidades indígenas do estado de Mato Grosso do Sul, destacam-se
os sobre a etnia Terena, em razão ao seu grande intercâmbio de convivência com os não
indígenas – consequência dada pelas situações históricas e políticas. Esta dissertação investiga
a possível influência da sociedade de consumo nas práticas e percepções da criança Terena
que acessa conteúdos midiáticos, para isso se apropria dos estudos e metodologia da semiótica
estrutural greimasiana para a avaliação de desenhos. Os textos não-verbais analisados
apresentam elementos não apenas da comunidade em que essas crianças vivem, mas signos
provenientes de uma cultura consumista, também. As visitações à comunidade e entrevista em
profundidade revelam um público que está inserindo elementos não-indígenas em sua rotina
que não estavam presentes em outrora. Por fim, a pesquisa demonstra um povo que, mais uma
vez, tem promovido uma adaptabilidade como estratégia de sobrevivência aos desafios
contemporâneos – prática que não ignora sua cultura e valores. As crianças estão no processo
de aprendizado daquilo que deve ou não ser assumido em sua vida. Todas na comunidade são
responsáveis por elas, que significam a continuação de valores e princípios da etnia. Sendo
assim, o acesso aos elementos de uma sociedade não-indígena é elaborado de forma
diferenciada quando comparado aos adeptos que pertencem, pois, sua identidade indígena não
assume valores imperativos de uma sociedade de consumo.
PALAVRAS-CHAVE: Semiótica Greimasiana; Criança Terena; sociedade de consumo.
A violência sexual infantil é um fenômeno universal e silencioso, ultrapassando
fronteiras e limites culturais, ideológicos e sociais, constituem-se em um problema
nos mais variados campos do saber, dentre estes, nas áreas da saúde, social e
jurídica. O abuso sexual infantil pode ocasionar sérias alterações ao
desenvolvimento da criança, tais como déficits cognitivos, comportamentais e
emocionais para a vítima. A Teoria Bioecológica possibilita ferramentas de análise
ao fenômeno da violência sexual infantil na medida em que a compreende como
um processo, que se desenvolve em um ou mais contextos, observando aspectos
temporais e tendo o sujeito como protagonista ativo em suas relações. O objetivo
desta dissertação é analisar os fatores de risco e de proteção das crianças
vítimas de violência sexual atendidas nos atendimentos de Psicologia Jurídica de
um Serviço Escola de Psicologia. Trata-se de uma pesquisa documental de cunho
qualitativo, realizada no serviço escola de psicologia, tendo como fonte de dados
os encaminhamentos dos setores demandantes e os laudos encaminhados por
estagiários de psicologia jurídica. O critério de seleção dos documentos foram:
crianças com até 12 anos incompletos e com queixa de violência sexual atendidas
pelos estagiários de psicologia jurídica, compreendendo o período de 2010 a
junho de 2016. Nos resultados observou-se que o perfil das crianças atendidas é
predominante o sexo feminino, com até 10 anos de idade, tendo como abusador
um membro da família nuclear e de encaminhamentos advindos do Conselho
Tutelar Norte. Observou-se uma maior presença de fatores de risco do que
fatores de proteção. Sobretudo, verificou-se uma escassez de fatores de proteção
no microssistema família nuclear. Isto aponta para a necessidade de uma rede de
proteção para que atue de forma articulada, que fortaleça o apoio social às
famílias das vítimas de violência sexual.
PALAVRAS-CHAVE: 1. Teoria Bioecológica; 2. Violência Sexual Infantil; 3.
Psicologia Jurídica; 4. Serviço Escola de Psicologia.
Dissertação composta de artigos e capítulo de livro versando sobre a mulher, trabalho, violência, sexualidade e disfunção sexual. O primeiro deles consiste em um capítulo de livro que aborda o trabalho para a mulher, as dificuldades e a excelência que o mercado impõe a ela para conseguir cargos e salários similares ao do homem, aborda também a discriminação e preconceito contra a mulher como uma forma de violência por ela vivenciada. Nesse capítulo discutimos ainda, o imperativo imposto à mulher de mesmo trabalhando fora necessita cuidar dos afazeres domésticos. O segundo artigo trata-se de um Relato de caso que descreve um caso clínico atendido pela autora pesquisadora, no decorrer do curso do mestrado. A paciente é uma mulher que sofreu violência na infância e, posteriormente, também na relação conjugal, possibilitando analisar os reflexos da violência sobre a sexualidade e as mudanças psicológicas com a passagem pela menopausa. No último artigo é apresentado o resultado da pesquisa realizada com a amostra selecionada durante o curso do mestrado. Nele, apresentamos as correlações observadas entre traumas e a possível disfunção ou dificuldade da mulher na pós-menopausa, e também buscamos entender a relação entre traumas precoces e recentes influenciando a qualidade da vida sexual dessas mulheres. Foram identificadas correlações entre a ocorrência de traumas recentes e a disfunção sexual na pós-menopausa, de maneira que tais traumas repercutem negativamente na sexualidade. Também foi verificada a relação entre traumas precoces e recentes, sendo que os traumas recentes se afiguram como uma repetição dos primeiros, de maneira que a violência experimentada na infância ressoa na escolha amorosa e na sexualidade depois do climatério. Os sintomas da mulher na menopausa, entre eles a disfunção sexual, são multicausais, sendo que violência experimentada recentemente atua também como um agente causador. Os resultados indicam que as adversidades ambientais na infância estão associadas com o risco envolvimento de uma relação violenta com o parceiro amoroso no futuro. Acreditamos que esse estudo pode contribuir para o tratamento e prevenção de disfunção sexual em mulheres nessa condição.
Palavras-chave: violência, sexualidade; menopausa.
A presente dissertação tem por finalidade promover uma aproximação entre um campo e uma área do saber, a Fenomenologia e a pesquisa em Psicologia da Saúde, por meio dos conceitos de tempo, narrativa e sujeito a fim de observar quais as aproximações e contribuições que esse campo pode trazer para a reflexão sobre as pesquisas dessa área do saber psicológico. Para isso, serão apresentados alguns conceitos estruturantes da ciência fenomenológica sempre aplicando-os à pesquisa no campo da Psicologia da Saúde. Os Objetivos desta pesquisa são: Compreender os processos de construção dos conceitos de tempo, narrativa e sujeito à luz da reflexão fenomenológica e mostrar a forma como estes estão presentes nas pesquisas em Psicologia da Saúde; Aproximar as categorias desse campo e dessa área do saber, buscando enunciar em quais pontos estes podem dialogar e se enriquecer no que se refere à pesquisa em Psicologia da Saúde. Metodologia: Como método do trabalho, foi usada nesta dissertação uma abordagem epistemológica que se volta sobre os conceitos de tempo, narrativa e sujeito, intentando produzir aproximações que permitam entender em que medida a Fenomenologia pode dialogar com a Pesquisa em Psicologia da Saúde. Para isso se valeu do procedimento fenomenológico que, nesse caso, compreende o retorno às categorias constituintes, tomadas sob a forma de fenômenos, isto é, de estrutura que se mostra a partir de si mesma e das suas condições de manifestação, operando junto com o recurso da revisão bibliográfica como procedimento que revisa e permite a análise das categorias fundantes desse campo e dessa área do saber. Conclusão: À guisa de conclusão, é possível enunciar que, a partir da aproximação entre a Fenomenologia e a pesquisa em Psicologia da Saúdes, todo pesquisar se caracteriza por um ato de cuidado e vinculação ética cujo objetivo é a humanização da experiência do mundo, por meio da construção de narrativas que têm profunda implicação tanto na vida do pesquisador, quanto na dos participantes, não de maneira dominadora, mas de maneira colaborativa. A pesquisa mostrou também que a afirmação do sujeito lógico acabou produzindo um descompasso dentro das estruturas de compreensão do próprio sujeito e, portanto, é preciso redescobrir a dimensão material e encarnada da vida da pesquisa, seja ela na figura do pesquisador, seja na dos participantes ou população.
Palavras-chave: Psicologia. Fenomenologia. Pesquisa.
O fenômeno da prostituição está presente em todas as fases históricas da humanidade e,
perdura até nossos tempos. Trilhou caminhos do sagrado, necessário, profano, econômico,
sanitarismo higienista e, revelou-se inicialmente como uma construção social, posteriormente,
foi configurado como trabalho. Nessa elasticidade, hoje, tanto quanto antes, apresenta-se
como como meio de vida, categorizado como trabalho e exploração humana. Deste modo, a
presente pesquisa delimitou como problema: “Como se configura a afetividade na vida e
trabalho frente ao fenômeno da prostituição na sociedade contemporânea?”. Os objetivos
específicos forma definidos de maneira a levantar as motivações e influências que
desencadearam o interesse pela prostituição; identificar as inquietudes e os efeitos gerados
pela comercialização do sexo; estudar os aspectos geradores de sofrimento e de afetos
(sentimentos e emoções) para esse grupo de mulheres prostitutas e identificar quais são os
projetos de vida para o futuro pessoal e familiar.Para tanto, participaram da pesquisa, 08 (oito)
mulheres prostitutas, assistidas pela FUNASPH, e como método foi utilizado a pesquisa
qualitativa, com base na teoria do materialismo histórico dialético. A coleta de dados ocorreu
por meio da realização de (03) três encontros de Grupo Focal – GF, ferramenta que permite
analisar as percepções, sentimentos e interpretações dos participantes da pesquisa; tal registro
foi efetuado por meio de gravação. Após transcrição dos dados, foram elencados e selecionos
em temas e subtemas. Na sequência, realizou-se a análise dos discursos, respeitadas todas as
falas, pronúncias, gírias, emoções, etc. Contudo, observou que a prática da atividade
profissional de prostituição, perante o estudo desse grupo de mulheres de baixa renda,
circunscreve-se como uma profissão delimitadora na convivência social, geradora de
exclusão, humilhação, discriminação, preconceito, entre outros. Apresenta-se como uma
forma rápida de obtenção de dinheiro, sem exigências empregatícias, meio de subsistência e
autosustento. Incorre nessa atividade, uma grande exposição à perigos como violência e
agressões física, convivência com a marginalidade e envolvimento com o crime, uso de
entorpecentes e bebidas alcoólicas, ocasionando a dependência química, DST’s. Evidenciouse
o surgimento de doenças psicossomáticas, como depressão, TAG, baixa autoestima,
ideação suicida, entre outras, caracterizadas como sofrimento psíquico. Sobretudo registrou-se
um expressivo sofrimento no âmbito afetivo decorrente da atividade prostitucional. Não é
vista e pensada como uma profissão para o resto da vida, pois, têm como perspectiva de
futuro, uma inserção no mercado de trabalho formal, em outra atividade que não seja a
prostituição, pois ela promove na sua realidade afetiva, afetações difíceis de seram elaboradas
e superadas. A importância dessa pesquisa, deve-se ao fato da invisibilidade imposta sobre as
prostituitas de baixa renda, assim, pode-se registrar a necessidade de haver um canal de
escuta, promoção de saúde mental para tais profissionais e políticas públicas voltadas à
inserção no mercado de trabalho para àquelas que querem deixar a prática profissional do
sexo, tanto na esfera financeira, como também no âmbito afetivo/emocional.
Palavras-chave: Prostituição. Trabalho. Afeto.
Introdução: O presente trabalho trata da adaptação e tradução de um instrumento de
avaliação para surdos, visando facilitar o processo de diagnóstico desta população. Na área da
surdez existe uma escassez de trabalhos que buscam construir, adaptar ou validar
instrumentos utilizando a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é garantida por lei,
como língua natural, não sendo imposto ao surdo utilizar a língua majoritária do Brasil, que é
o português. Essa dissertação foi organizada em três artigos. O primeiro foi uma revisão
bibliográfica traçando um panorama geral sobre as publicações feitas em relação à surdez e a
linguagem, após a aprovação da Lei que reconhece a LIBRAS como meio legal de
comunicação das pessoas surdas do Brasil. O segundo artigo aborda a tradução e adaptação da
Escala de Coping de Billings e Moos (ECBM), para surdos usuários da Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS), utilizando uma metodologia similar à proposta pela Organização Mundial
da Saúde, para construção de instrumento adaptados para a população surda. Já o terceiro
artigo, avaliou as estratégias de coping utilizadas pelos surdos por meio da Escala adaptada
para LIBRAS, proposto no segundo artigo. Objetivo: Identificar as estratégias de coping mais
utilizadas por surdos no enfrentamento de eventos estressantes, por meio da adaptação e
tradução da Escala de Coping de Billings e Moos (ECBM) para Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS). Método: Trata-se de uma pesquisa de metodologia qualitativa, em que foram
convidados a participar 4 surdas, sendo 2 surdas bilíngues que utilizam a LIBRAS como
primeira forma de comunicação e o português como segunda forma e outras 2 que utilizam
apenas a LIBRAS. As participantes responderam a três instrumentos: (i) Escala de Coping de
Billings e Moos (ECBM), que avaliou as estratégias de coping utilizadas pelos surdos em
português e também a escala adaptada e traduzida para LIBRAS no formato de vídeo, (ii)
Questionário sociodemográfico e ocupacional, criado especificamente para esse estudo e
composto por 21 questões, e (iii) uma entrevista semiestruturada, elaborada pela pesquisadora
a fim de identificar eventos estressores encontrados em seu dia-a-dia. Resultados: No
primeiro artigo de revisão, constatou-se a necessidade de ampliação da produção cientifica na
área de surdez e linguagem, principalmente nas publicações de autores psicólogos. No artigo
da tradução e adaptação da escala, houveram dificuldades, principalmente nas expressões da
escala que são idiomáticas do português, muitas sem conceitos equivalentes entre o português
e a LIBRAS. E no terceiro artigo, identificou-se que as estratégias de enfrentamento mais
utilizadas pelas surdas que participaram da pesquisa são caracterizadas com o método ativo
cognitivo, que busca administrar a avaliação que se tem do evento estressante, e o foco
centrado na emoção, que é a busca por atenuar o estresse emocional e este pode estar
relacionado a dificuldades nos relacionamentos interpessoais e habilidade social. Conclusões:
A ECBM adaptada em LIBRAS possibilitou que os surdos se expressassem com autonomia e
liberdade, permitindo investigar as estratégias de coping mais utilizadas por eles. Aponta-se
para a necessidade de continuidade desta investigação, por meio de um estudo mais amplo,
buscando uma compreensão melhor sobre as estratégias de coping mais utilizadas no
enfrentamento de estresse por esta população.
Palavras-chave: Estratégias de Coping; Surdez; LIBRAS.
O envelhecimento populacional é verificado no mundo todo. Com maior tempo de vida e acesso a tratamentos médicos e gerais na especialidade do envelhecimento saudável, a sexualidade humana foi beneficiada indiretamente com maior longevidade. Seu exercício qualitativo nas fases maduras da vida (iniciadas pela menopausa na mulher a andropausa no homem) é campo de interesse das ciências da saúde. Entre as mulheres, por fatores de gênero, sociais e culturais, a sexualidade é bastante vinculada à subjetividade e padrões internos, razão pela qual este estudo se voltou a esta parcela populacional: a mulher que envelhece e sua qualidade de vida sexual por um instrumento de intervenção eficaz na subjetividade humana – a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Objetivo: esta pesquisa tem como objetivo construir um protocolo-piloto de tratamento no enfoque cognitivo-comportamental para mulheres com disfunção sexual na pós-menopausa e avaliar os efeitos da TCC nesse universo de indivíduos como recurso de validação do protocolar. Método: Trata-se de uma pesquisa com intervenção longitudinal, do tipo qualitativa e quantitativo, composto por quatorze (n=14) mulheres com idades entre 55 a 75 anos de idade, em período de pós- menopausa e diagnosticadas com disfunção sexual em acompanhamento no ambulatório do Centro de Atendimento às Mulheres (CEAM), parte do Centro de Especialidades Médicas (CEM) de Campo Grande, Mato Grosso do Sul (MS). Procedimentos: as mulheres foram submetidas à TCC grupal breve e três grupos distintos. O primeiro grupo, Grupo-teste foi formado por participantes (n=5) que receberam 12 (doze) sessões de TCC e mais dois grupos (n=4 e n=5) que receberam a intervenção pretendida adicionada de algumas modificações no protocolo e passaram por 10 (dez) sessões. Instrumento: foi aplicada a Escala de Índice de Funcionamento Sexual Feminino (IFSF) e o Questionário de Crenças Sexuais Disfuncionais (QCSD) no início e término da terapia. As entrevistas aplicadas foram gravadas em dispositivo de áudio digital, em que os relatos (dados qualitativos) foram analisados conforme objetivos da pesquisa e os quantitativos trabalhados em programa estatístico (BioStat).
RESULTADOS: Os grupos apresentaram características semelhantes quanto à resposta sexual, auto-imagem e relacionamento com parceiro na entrevista inicial. Os dados sociodemográficos, também se assemelham, portanto, não houve significância estatística entre o Grupo teste (GT) e o Grupo de intervenção (GI). O Grupo-Teste apresentou elevação positiva em todos os quesitos básicos envolvidos na satisfação e desempenho sexual entre as participantes. Verifica-se que nos subitens desejo, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor apresentaram melhora significativa (p<0,05). Os maiores acréscimos de desempenho ocorreram nos fatores orgasmo, desejo, lubrificação, satisfação, houve elevação considerável da dor. Conclusão: O retorno das intervenções nos grupos de interesse mostrou a possibiidade e contribuição da TCC para a elevação na qualidade da vida sexual das mulheres participantes. O protocolo de tratamento elaborado durante a TCC possibilitou a eficácia em todos os domínios do IFSF e do QCSD discriminados pelos instrumentos de avaliação utilizados neste estudo.
Palavras-chave: Terapia Cognitivo-Comportamental. Menopausa. Disfunção Sexual. Crenças Sexuais.
O ensino superior vem sofrendo transformações que refletem mudanças sociais e de mercado de trabalho. Entre essas alterações, destaca-se a importância de uma formação que inclua além de apenas conteúdos teóricos, contemplando o desenvolvimento de capacidades pessoais e de relação com outras pessoas. As habilidades sociais e crenças de autoeficácia são entendidas como importantes para a formação superior, inclusive para a adaptação, permanência e sucesso acadêmico. Objetivo: Avaliar as habilidades sociais e crenças de autoeficácia na formação superior de acadêmicos do curso de Psicologia de uma instituição privada de ensino em Dourados (MS). Método: Esta pesquisa foi um estudo exploratório, descritivo e de corte transversal, contando com 136 acadêmicos regularmente matriculados em todos os semestres vigentes e nos períodos diurno e noturno. Os participantes responderam ao Inventário de habilidades sociais (IHS-Del-Prette), Escala de autoeficácia na formação superior (AEFS) e a um questionário sociodemográfico. Os dados foram tabulados e analisados, sendo realizadas medidas de correlação por meio do teste de diferença de médias, análise de variância (ANOVA), matriz de correlação e teste de correlação linear de Pearson, com confiabilidade de 95%. Resultados: Não foram identificadas correlações estatísticas significativas em relação ao semestre e turno para as habilidades sociais e crenças de autoeficácia, mas os semestres iniciais obtiveram maior percentual de necessidade de treinamento quanto ao repertório socialmente competente e menores médias de autoeficácia, em especial na proatividade para acadêmicos que estudam à noite. O estado civil e cidade em que o estudante reside foram estatisticamente relacionados de forma positiva com as habilidades sociais e crenças de autoeficácia. A relação entre as habilidades sociais e a autoeficácia indicou correlações positivas entre essas duas variáveis, sendo que estratégias de intervenção que enfoquem as habilidades sociais também impactarão positivamente a autoeficácia. As correlações foram significativas entre todas as dimensões e fatores, com exceção do autocontrole da agressividade, a autoeficácia acadêmica e na gestão acadêmica. Conclusões: As habilidades sociais e crenças de autoeficácia mostraram correlações significativas para os acadêmicos de Psicologia que participaram da pesquisa. As variáveis sociodemográficas que impactaram na competência social e julgamento de capacidades próprias foram a idade, estado civil e cidade de moradia, questões que precisam ser melhor explicadas em outros estudos. As habilidades sociais impactam no relacionamento interpessoal dos acadêmicos, e a autoeficácia na formação superior favorece a escolha e regulação do comportamento dirigido a metas e conquistas acadêmicas. Dessa forma, destaca-se a importância do desenvolvimento de práticas institucionais que visam à adaptação e permanência no ensino superior.
Palavras-Chave: Competência social; Autoeficácia; Estudantes; Avaliação.
A racionalidade instrumental, no que diz respeito ao diagnóstico na atualidade, merece especial atenção, principalmente pela necessidade de entender as formas de sofrimento que hoje se apresentam. Assim, esta pesquisa pretende oferecer um campo de análise sobre os pontos de articulação e afastamento entre a psicanálise e a psiquiatria tomando como princípio a necessidade de pensar criticamente sobre o diagnóstico. Para analisar as relações entre a psicanálise e a psiquiatr ia foi realizada uma análise da criação e desenvolvimento do DSM, bem como as relações existentes nos próprios manuais e de demais autores que em outros momentos ocuparam-se em analisar tais manuais. Ao mesmo tempo, buscaram-se as impressões da psicologia e da psicanálise sobre essas mudanças, principalmente no que diz respeito à forma de se conceber o diagnóstico e as categorias diagnósticas que foram aparecendo nas edições do DSM. Além disso, foi colocado em análise o lugar em que o sofrimento do sujeito foi deixado ao longo dessas mudanças, bem como os conceitos de estruturas clínicas (neurose, psicose, perversão). Ficou claro que a proposta inicial do DSM era oferecer um manual útil para a prática clínica, de pesquisa e de ensino. Entretanto, aos poucos a objetividade e o levantamento de dados estatísticos foi levando a um engessamento da prática clínica e dos sintomas. Os manuais sinalizaram, desse modo, para uma tendência cada vez mais forte de tornar as formas de sintoma e de mal-estar como parte de um processo de mercantilização do sofrimento. Se inicialmente e durante o percurso existiram pontos de articulação entre a psiquiatria e a psicanálise, atualmente não é o que ocorre. A psicanálise posiciona-se contrária à muitos aspectos da razão diagnóstica do DSM e critica o empobrecimento do diagnóstico psiquiátrico atual que privilegia a descrição dos sintomas em detrimento da patologia.
Palavras chave: Psicanálise; DSM; Diagnóstico.
O câncer infantil envolve a criança e a sua família, em especial sua figura cuidadora, papel quase sempre exercido pela mãe. No câncer, o binômio materno-filial redescobre novas formas de ser e de viver a relação de cuidado, desenvolvimento e mediação entre o mundo hospitalar e o mundo não hospitalar. Esta dissertação tem como objetivo analisar, pela fenomenologia husserliana, como ocorre a experiência concreta das crianças com câncer e suas mães cuidadoras em um hospital público (Hospital do Câncer Alfredo Abrão – HCAA), através da abordagem fenomenológica, Gestalt e desenhos, estes últimos direcionados apenas para as crianças. A metodologia foi baseada na aplicação de abordagens dialogadas fenomenológicas às duas cuidadoras e seus dois filhos (biológico e adotivo), de 8 e 11 anos de idade, em tratamento do HCAA entre os anos de 2014 a 2015. As crianças foram convidadas a realizar, junto da abordagem, quatro desenhos (casa, hospital, família e desenho livre). Como resultado, foi obtido o dasein dos indivíduos em sua vivência oncológica, como cuidadores e crianças doentes de câncer. Entre as mães, a experiência se mostrou baseada principalmente nas dificuldades de conciliação entre o cuidado e o protagonismo da criança doente no mundo hospitalar e as idas e vindas de internações e cuidados, com seus papéis que precisam continuar exercidos no mundo não hospitalar. O exercício da parentalidade se torna desafiador, com dificuldades para estabelecer limites e construir uma perspectiva de futuro, que tanto pode ser a parentalidade sobre uma criança que viveu a drástica experiência do câncer infantil, quanto a da continuidade da vida sem o seu filho. As crianças concentram a sua experiência concreta no mundo hospitalar na ludicidade e nas relações interpessoais lúdicas que acontecem nesse ambiente. Disseram mais sobre o dasein através do desenho, quando houve a representação de sinalizadores de temor de finitude, de desejo de perpasse do tratamento e de anseio por cuidados e por serem agradáveis. Por fim, pelo desenho, também foi identificada uma expressão da condição de luto pelo corpo lúdico frente às limitações do câncer. Como conclusão, é possível afirmar que quanto mais estruturadas forem as redes familiares, melhores as condições para o exercício da parentalidade no câncer pela mãe cuidadora. Dela, são exigidos aprendizado e flexibilidade que se concentram nos ajustes de ser mãe de uma criança com câncer. Para a criança, quanto maior o apoio familiar e a relação positiva com a mãe cuidadora, bem como a interação e as boas possibilidades lúdicas no hospital, menores os impactos psicossociais. São indivíduos que florescem e se desenvolvem em conjunto com a gravidade e a incerteza do câncer. Nas duas experiências se tornou clara a postura de necessidade de vida e de perpasse sobre as incertezas e dificuldades, tanto para os pequenos pacientes quanto para suas mães cuidadoras. Essa perspectiva positiva, ainda que não bem sustentada pela realidade, é atribuída à base que necessita existir para que a experiência continue sendo vivida e haja capacidade de vivência pelos envolvidos, ainda que na ameaça consistente ou confirmada da terminalidade.
Essa dissertação é composta de artigos e capítulos de livros versando sobre esquizofrenia, relações vinculares, comorbidades e transtornos de ansiedade, culminando em um artigo final que apresenta a conclusão do estudo desenvolvido durante o curso de mestrado. Objetivos: Avaliar o padrão de apego em portadores de esquizofrenia e discutir a relação que tais padrões apresentam com a sintomatologia psicótica e as comorbidades dos pacientes investigados. Buscou-se elucidar a relação entre o padrão de apego, os traumas precoces e o desencadeamento da esquizofrenia, de modo a permitir reflexões sobre o modo como as vulnerabilidades biológicas e experiências relacionais precoces podem influenciar o aparecimento e evolução de desordens mentais. Metodologia: Foram avaliados 25 pacientes diagnosticados com esquizofrenia, por meio de entrevistas diagnósticas, aplicação de escalas de comorbidades psiquiátricas e inventários de vinculação e traumas precoces, além de entrevistas com os familiares para obtenção de históricos de vida e de doença dos pacientes. O estudo, de natureza mista, obedeceu a protocolo de pesquisa aprovado pelo comitê de ética local. Resultados: Foram identificadas correlações significativas entre a ocorrência de traumas precoces e o apego do tipo ansioso. Também foi verificada a relação entre traumas gerais e sintomas de pânico, constatando-se que as crises de pânico antecipam surtos quando predominam sintomas ansiosos, somáticos, alucinações e ideias delirantes. Foi observado que a ocorrência de traumas precoces contribui para o pânico, elevando o risco de episódios psicóticos. Conclusão: Em pacientes diagnosticados com esquizofrenia, o padrão vincular, tanto do tipo ansioso quanto evitativo, é mais pronunciado que em indivíduos sem o mesmo diagnóstico , de acordo com comparações feitas com outros estudos de mesma temática. Os resultados indicam que as adversidades ambientais na infância estão associadas com o risco de desenvolvimento de esquizofrenia e de outras psicoses mais tarde na vida.
Na era das novas tecnologias, a comunicação do conhecimento científico, principalmente os publicadas em periódicos científicos, encontraram nas bases e bancos de dados um valiosíssimo canal que valorizou ainda mais a publicação de artigos, e consequentemente provocou enormes avanços nas ciências, favorecendo a publicação, disseminação, acesso e uso de informações científicas de qualidade. Dessa forma, a presente dissertação discute os avanços da ciência, proporcionados principalmente pelo desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, onde os periódicos científicos disponibilizados em bases de dados ganham papel de destaque. Com isso, pretendemos mostrar a realização de um mapeamento e análise de conteúdo na base de dados SciELO Citation Index, criando um ‘mapa’ que ajude a mostrar os contornos e os conteúdos que constituem o campo da Psicologia no Brasil. Para tanto, é necessário interrogar pelo estado da arte da Psicologia da Saúde no Brasil, como campo de produção de conhecimento científico interdisciplinar, bem como pelo estado da construção e da delimitação de suas fronteiras epistemológicas. Para atingirmos os objetivos propostos, nos basearemos nos conceitos e técnicas de alguns indicadores de atividades científicas, a saber: webometria, bibliometria, cientometria, informetria, entre outros, bem como de conceitos da área geográfica que trabalhem com a ideia de mapeamento. A utilização dessas técnicas de mensuração das atividades científicas aplicadas ao SciELO CI nos permitiu que realizássemos um mapeamento de expressiva abrangência quantitativa e de representação qualitativa das produções científicas desse campo do conhecimento. Através desses indicadores foi possível quantificar a evolução da produção científica ao longo do tempo; principais palavras- chave indexadas nas publicações; países que mais publicam sobre a Psicologia da Saúde no Brasil; idiomas mais frequentes; instituições que mais publicam sobre o assunto; títulos de periódicos que mais possuem publicações sobre a Psicologia da Saúde no Brasil e também autores que mais publicam nessa temática. De maneira geral, constatamos que o campo da Psicologia da Saúde no Brasil se forma através dos aportes teóricos da Psicologia, das Ciências da Saúde das Ciências Sociais, demonstrando assim, que as fronteiras das pesquisas nesse campo estão sendo impulsionadas pela fertilização cruzada de ideias, colaborações interdisciplinares, e uma maior integração das disciplinas científicas.
Introdução: O Método Pilates, ou “Princípios da Contrologia”, caracteriza-se por trabalhar o corpo na sua integralidade. A ideia básica do método é o condicionamento físico, fazendo com que os músculos se tornem mais fortes, alongados e flexíveis, integrando o corpo e a mente. Pode ser realizado por pessoas de todas as faixas etárias, tanto para quem busca uma atividade física, quanto para reabilitação de algumas patologias, levando a uma mudança na Qualidade de Vida. Apesar dos diversos estudos científicos existentes, ainda existe uma escassez sobre os efeitos em contextos laborais, justificando assim este estudo. Objetivo: Avaliar a Repercussão do Método Pilates Solo e Bola na Qualidade de Vida e Saúde de um grupo de servidores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Campo Grande. Casuística e Método: Este estudo caracteriza-se como um Delineamento Pré Experimental com pré e pós testagem para avaliar a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde dos servidores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Campo Grande. Participaram deste estudo 16 servidores da UFMS que se inscreveram no curso de capacitação oferecido pela Gerência de Recursos Humanos (GRH), sendo (04) do sexo masculino e (12) do sexo feminino. Foi aplicado o Questionário The Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey – SF-36, para avaliação de Qualidade de Vida pré e pós-intervenção, e o Questionário Sociodemográfico Ocupacional e Saúde. Realizou-se um total de 06 meses da pratica do Método Pilates numa frequência de 02 vezes na semana. Resultado: Os resultados da avaliação de Qualidade de Vida pré e pós-intervenção, mostraram que todos os participantes apresentaram melhoras em todos os domínios. No Domínio Aspecto Emocional (04) quatro dos participantes tiveram (0) zero na avaliação inicial e (100) cem na avaliação final, indicando que o Método Pilates apresentou potenciais benefícios atrelados ao bem-estar físico e mental. Conclusão: Os participantes investigados apresentaram após intervenção da prática do Método Pilates uma mudança positiva da pontuação dos escores, tanto nos Domínios do Componente Físico, quanto do Componente Mental, porém os domínios que apresentaram escores mais significativos após a média aritmética simples foram os Aspectos Físicos e Emocionais, independentemente de idade, sexo e função exercida na instituição. Pode-se sugerir que seja utilizado como um instrumento para promoção de saúde preventiva e terapêutica, pois todos os participantes apresentaram melhora na percepção de saúde global.
Palavras-chave: Método pilates; qualidade de vida; qualidade de vida relacionada à saúde; SF – 36.
O presente estudo teve como finalidade desvelar representações sociais que a população
constrói do Agente Comunitário de Saúde (ACS), este trabalhador dos serviços públicos de
saúde que tem a missão primordial de servir de elo entre a comunidade e o Sistema Público de
Saúde no Brasil. Atuando prioritariamente na Estratégia de Saúde da Família (ESF), modelo
de atenção considerado pela atual Política Nacional de Atenção Básica como novo paradigma
de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica, visando assegurar a todo cidadão
o direito de acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, responsabilidade do
Estado Brasileiro desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. O referencial teórico
utilizado como alicerce do estudo é a Teoria das Representações de Serge Moscovici, por
considerar que as representações sociais funcionam como guias de comportamentos que
remodelam e reconstroem o ambiente social, fornecendo informações, suposições ou pontos
de vista sobre aquilo que as pessoas compreendem como realidade. A construção de dados foi
realizada a partir de entrevista aberta com dezesseis participantes, todos cadastrados na ESF e
distribuídos em todas as regiões da cidade, selecionados ao acaso quando deixavam a unidade
de saúde. As entrevistas foram realizadas em locais públicos, fora do ambiente institucional.
Depois de transcritas, as entrevistas foram submetidas à análise de fala e revelaram quatro
categorias representacionais, disparadas a partir do senso comum construído pelos usuários a
respeito da visita domiciliar realizada pelo ACS. Em cada uma das categorias as falas
apontaram a existência de um senso comum, que confirmados pela ancoragem e objetivação,
revelaram quatro representações sociais que a comunidade constrói do ACS; a primeira de
que ele não guarda segredo profissional; a segunda de que não trabalha; a terceira de que não
consegue prestar promover orientação e educação em saúde para sua clientela; e a última de
que não resolve as demandas que lhes são solicitadas. As representações sociais construídas
sobre o ACS por sua clientela adscrita indicam uma dissonância entre o discurso reificado
oficial e aquele constatado na realidade cotidiana das comunidades, de que o ACS não é elo
entre a comunidade e o Sistema Público de Saúde.
Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde. Representação Social. Estratégia Saúde da
Família. Comunidade.
Antes mesmo da alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (BRASIL, Lei nº. 8.069/1990) pela Lei Nacional de Adoção (BRASIL, Lei nº 12.010/2009) – que autorizou a adoção de indígenas -, o Judiciário brasileiro já deferia pedidos de adoção em ação de guarda, de menores indígenas, em favor de famílias não indígenas. Esta dissertação vinculada à linha de pesquisa de Processos Psicossocioculturais em Psicologia da Saúde, situada no contexto das investigações qualitativas, teve como objetivo estudar os possíveis danos causados à identidade étnica decorrentes da adoção de criança e adolescente Guarani por família não indígena. A pesquisa foi desenvolvida baseando-se em fontes documentais, bibliográficas e, como referencial teórico-metodológico em aportes da história indígena no Brasil, legislação pátria e internacional sobre adoção, direitos humanos e fundamentais indígenas, Psicologia do Desenvolvimento Sociointeracionista, e dialogando com diversos autores. A coleta dos dados foi realizada junto ao CNJ, CNA, em sites de jornais digitais e de diversas instituições privadas e públicas na internet, uma vez que ficamos impedidos de ter acesso a dados estatísticos junto à Vara de Infância e Adolescência da Comarca de Dourados/MS. Os resultados do estudo conforme a literatura apontaram para: a) danos diversos advindos da interação de indígenas com grupos não indígenas, ocorrendo desde crise de identidade (BRANDÃO, 1986, p.29), construção da identidade de forma divergente e paradoxal (GRUBITS e DARRAULT-HARRIS, 2000, p.237), conflito cultural (GRUBITS e DARRAULT-HARRIS, 2003, p.197), destruição cultural (CLASTRES, 2004, p.82/83), prevalência de transtornos mentais, depressão (GUIMARÃES e GRUBITS, 2007, p.46,47) à extinção (RIBEIRO, 1996, p.263-266) não só aos Guarani, mas em relação à população indígena em geral; b) a adoção de 1 (uma) criança indígena da RID de Dourados/MS por família substituta não indígena, e c) 4 (quatro) processos de adoção em andamento na Vara da Infância e Juventude da comarca de Dourados/MS. Ao final propomos futuros estudos sobre adoção indígena; sugerimos ao Juízo da Vara da Infância e Juventude da comarca de Dourados/MS respeito às instituições indígenas, a exemplo do costume de adoção; que nos casos das crianças inscritas no CNA, conceda a colocação familiar prioritariamente junto a membros da mesma etnia, e que nos próximos casos de violência contra crianças e adolescentes da RID seja oficiado à Funai para que proceda a recolocação entre as famílias extensas de suas mesmas etnias, sob pena de se estar oficializando, via Poder Judiciário, o etnocídio em território brasileiro. Comunicamos ao final sobre a devolutiva que se dará pela publicação de livro contendo o estudo e sua distribuição para órgãos públicos e privados, assim como a participação do autor em congressos e eventos científicos para uma melhor publicidade dos dados.
O tráfico de pessoas é um crime antigo que possui novas modalidades devido ao
capitalismo, globalização e às desigualdades sociais, que propiciaram a sua
expansão, submetendo os seres humanos a diversas formas de exploração. Quando
a vítima ou possível vítima consegue escapar da rede criminosa de tráfico de
pessoas, retornam fragilizadas com traumas psicológicos e até sequelas físicas,
necessitando de apoio na tentativa de recuperar a dignidade e a vida roubada.
Desse modo, foi criada no Brasil a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas, que possui em um dos seus eixos, o atendimento às vítimas de tráfico de
pessoas. O presente estudo tem como tema “O Tráfico de Pessoas na Fronteira
Brasil, Paraguai e Bolívia e o Atendimento às Vítimas: o olhar dos profissionais do
SUAS”. Teve como abordagem o método qualitativo na perspectiva do materialismo
histórico dialético e foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com os
profissionais da política de assistência social que atuam nas cidades de Corumbá e
Ponta Porã, ambas no Estado de Mato Grosso do Sul e que fazem fronteira com
Bolívia e Paraguai. O objetivo geral foi estudar a política de assistência social da
perspectiva dos profissionais do SUAS quanto ao tráfico de pessoas na fronteira do
Estado de Mato Grosso do Sul. O universo da pesquisa constituiu-se de 11
profissionais do CREAS, CAM, Secretaria de Assistência Social, Pastoral do
Migrante dos municípios citados. Os resultados mostraram que não há estatísticas
concretas que registrem os casos de tráfico. Ocorreu a percepção de alguns
profissionais da política de assistência social que relataram situações de suspeitas e
de crimes que estão ligados ao tráfico de pessoas, porém alguns demonstraram não
saber como lidar com a situação de atendimento às vítimas por falta de uma
experiência aprofundada no assunto e ausência de capacitações que acabam
dificultando uma orientação adequada, também foi apontado o desconhecimento da
rede de assistência por parte de alguns profissionais. Assim, é fundamental o
desenvolvimento de capacitações para os profissionais com o objetivo de qualificálos
para o atendimento às vítimas de tráfico de pessoas. Além disso, é
extremamente necessário a implantação de Postos Avançados na fronteira do MS
para que sejam desenvolvidas ações que atendam os casos específicos que são
demandados às instâncias de atendimento nas cidades fronteiriças. O Estado deve
procurar proporcionar aos sujeitos de direitos o acesso aos direitos que lhes são
negados, sendo necessário tornar o atendimento psicossocial acessível às massas
superexploradas.
Palavras-Chave: Tráfico de Pessoas. Atendimento às vítimas. Profissionais do
Sistema Único de Assistência Social
No âmbito geral das políticas públicas, a assistência pré-natal é um conjunto de cuidados médicos, nutricionais, psicológicos e sociais, destinados a proteger mãe e o feto durante a gravidez, parto e puerpério, tendo como principal finalidade a diminuição da morbidade e da mortalidade materna e perinatal. Esta pesquisa busca problematizar as políticas de apoio à mulher durante o momento gravídico puerperal no contexto de uma instituição filantrópica que oferece o serviço de Assistência pré-natal. Para realizar esta investigação optou-se pela pesquisa-intervenção, sendo realizadas oficinas em dois encontros, previamente agendados com as gestantes. Nas discussões com as participantes apontamos as falas trazidas por essas mulheres sobre como as próprias se sentiam e os discursos trazidos pelos profissionais de saúde relatados por elas. Para análise dessa discussão embasamo-nos nas reflexões de Foucault e outros pensadores para debater não apenas como esse discurso se dá pelas políticas públicas, mas também como as próprias mulheres que vivenciam este processo. A forma como os enunciados modelos e protocolos funcionam sobre elas é visível em seus discursos. Ferramentas de controle do corpo, influência da mídia, julgamento social, entre outras formas de atuar sobre essa população, acabam por acarretar dificuldades de atendimento no campo das políticas de saúde.
Palavras-chaves: Aleitamento Materno; Oficinas; Problematização; Gestação.
Introdução- Recentemente, destaca-se a avaliação da saúde dos trabalhadores do setor saúde, em função da sua importância na força de trabalho em todo o mundo. No Brasil, o setor saúde emprega mais de 2,5 milhões de trabalhadores. É crescente o reconhecimento de que lesões, incapacidades e condições precárias de trabalho entre trabalhadores da saúde comprometem a sua saúde geral e mental e podem afetar a qualidade da atenção à saúde dispensada à população. Apesar da historicidade das relações entre precárias condições de trabalho e de saúde psíquica dos trabalhadores há uma relativa escassez de investigações epidemiológicas abordando o tema. Objetivo- Este estudo objetiva avaliar a prevalência de Transtornos Mentais Menores e as vivências de prazer e sofrimento no trabalho, dos profissionais da área da saúde, do Pronto Atendimento e Hospital Municipal de Rondonópolis/MT. Método- Trata-se de um estudo epidemiológico, de corte transversal, analítico, ancorado na abordagem psicodinâmica. De uma população de 105 profissionais da área da saúde, foi investigada uma amostra voluntária composta por n=83 participantes, no período de janeiro a fevereiro de 2015. Instrumentos- Para acesso aos dados, foram aplicados três instrumentos de forma individualizada e assistida: (i) o Questionário sócio demográfico e ocupacional (QSDO); (ii) o Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20), um questionário de identificação de transtornos psiquiátricos menores, desenvolvido por Harding et al (1980) e validado para uso no Brasil por Mari e Willians (1986); (iii) a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST), parte do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), desenvolvido por Mendes e Ferreira (2007). Análise estatística dos dados- Os dados foram analisados segundo parâmetros de estatística descritiva e inferencial com nível de significância p < 0,05, com cálculo da razão de prevalência e intervalos de confiança de 95 %. Resultados- A prevalência de Transtornos Mentais Menores encontrada foi de 25,3%, considerada alta quando comparada à da população geral (20 a 25%). Na análise da EIPST, os fatores percebidos pelos participantes como importantes para o prazer no trabalho foram: em realização profissional o “orgulho” pela profissão (μ = 5,45) e a “identificação” com suas atividades (μ = 4,82) e em liberdade de expressão, a “liberdade para falar do trabalho com os colegas” (μ = 4,07) e a “solidariedade entre colegas” (μ = 4,07). Os fatores percebidos pelos participantes como importantes para o sofrimento no trabalho foram: em esgotamento profissional o “esgotamento emocional” (μ = 2,30) e “estresse” (μ = 2,21) e em falta de reconhecimento a “falta de reconhecimento do meu esforço” (μ = 2,18) e a “desvalorização” (μ = 2,17). Conclusões- A alta prevalência encontrada para suspeição de TMM e a correlação estatisticamente significativa (p < 0,01) entre TMM e sofrimento no trabalho é preocupante e remete a urgência da incorporação de estratégias para a promoção, proteção e prevenção em saúde mental do trabalhador. Em termos da questão social com a força de trabalho em saúde e de prioridade epidemiológica, os aspectos relativos à saúde e, particularmente de saúde mental, devem estar no centro da atenção de gestores e pesquisadores.
Palavras chave: transtornos mentais menores, prazer, sofrimento, profissionais da saúde, trabalho, saúde mental.
Esta pesquisa tem o objetivo de problematizar a infância como uma fase da vida que precisa de investimento para que a criança se torne um adulto de sucesso. A partir do método cartográfico e genealógico, utilizando as ferramentas conceituais propostas por Michel Foucault como o conceito de foco de experiência, que compreende as relações de poder, regimes de verdade e produção de subjetividades, colocamos em análises teorias desenvolvimentistas e psicológicas além de discursos de venda e publicidade de tecnologias de investimento na criança, tais como folder, outdoor, panfletos e outros meios de divulgações, que são documentos de domínio público, para pensar de que modo se constitui esta modalidade de experiência da infância como uma preparação para o sucesso. Utilizamos ainda este material para pensar de que modo tais tecnologias produzem subjetividades e formas de condução da conduta. Com as linhas cartográficas que seguimos, foi possível pensar a infância a partir de estratégias de governamentalidades, em que o neoliberalismo capitalista e a sociedade de controle incitam práticas de investimento para o sucesso de modo que o sujeito desta sociedade está sempre em dívida e tem a necessidade de estar em permanente formação, pois nunca é o suficiente a quantidade de conhecimento, o salário, a capacitação. As linhas que seguimos possibilitaram cartografar também as teorias que produzem o conhecimento sobre a vida humana, classificando-a em etapas e descrevendo minuciosamente o que deve acontecer em cada idade, produzindo também práticas de correção daquilo que escapa ao esperado, e o modo como o sujeito se relaciona consigo para corresponder a este regime de verdade. Com a pesquisa, observamos que o anormal hoje não é apenas o sujeito que destoa do que se espera para cada etapa, mas o sujeito que não investe em si para o sucesso.
Palavras-chave: Infância; sociedade de controle; anormal; empreendedorismo.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um assunto que possui atualmente bastante destaque na mídia. Por ser considerado um agente promotor da saúde, o professor de Educação Física pode auxiliar na prevenção e tratamento de distúrbios e doenças, tais como o TDAH. Por isso, desenvolveu-se o estudo com crianças de 4 a 12 anos de idade portadoras do TDAH e pacientes de uma clínica neurológica particular de Campo Grande-MS, para demonstrar como está a saúde e estilo de vida dos mesmos. O objetivo geral desta dissertação foi identificar qual a percepção da qualidade de vida da criança, o nível de exercício físico das mesmas e se elas possuem ou não a sonolência diurna excessiva (SDE). A coleta de dados foi realizada por meio de questionários, sendo eles: questionário sócio-econômico, questionário de qualidade de vida em crianças e adolescentes (AUQUEI) para identificar a percepção da qualidade de vida que as crianças possuem, escala de sonolência de Epworth para analisar se as crianças possuem ou não o distúrbio da SDE e questionário de nível de atividade física para crianças e adolescentes (PAC-C) para averiguar se a criança é ativa ou sedentária. Como resultados, percebeu-se que as crianças, em sua maioria, apresentam uma boa percepção de qualidade de vida (52,7%), não possuem SDE (71,43%) e são sedentárias (64,28%), fato preocupante, visto que as crianças, mesmo em idade em que deveriam ser ativas fisicamente, não estão se exercitando como esperado.
Palavras-chaves: Qualidade de Vida; Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Crianças; Sonolência Diurna Excessiva e Exercício Físico.
Esta pesquisa busca problematizar as políticas públicas, voltadas para jovens em conflito com a lei, em situação de internação, no contexto de Campo Grande-MS. Para isso, são colocados em questão os percursos de uma juventude que se torna alvo de políticas de segurança e é abandonada pelas políticas de proteção, ao longo de suas vidas. Os principais autores que norteiam minha reflexão são: Michael Foucault e Giorgio Agamben. Durante meu percurso de pesquisa, deparei-me com alguns dos profissionais que atuam diretamente com os jovens, são eles, o promotor de justiça, o defensor público e a superintendente socioeducativa do Estado; ainda foi feita uma visita a Unidade de Internação da cidade e análise dos processos judiciais dos jovens. Como pesquisadora, minha intenção é testemunhar a vida dos jovens, por meio dos discursos produzidos sobre o jovem em conflito com a lei; discursos que atuam como produtores de modos de exclusão da potência de vida desta categoria de jovens infames-, perpetuam um abandono histórico desta população, alvo da infâmia. Entendo com isso, que os modos de tomada da vida, neste contexto são típicos de um Estado de Exceção, ou seja, as políticas de proteção permitem certo abandono de uma categoria de vida, ao mesmo tempo em que, supervalorizam as políticas de segurança, voltadas para esta nova vida; ainda percebo as leis atuando de modo diferenciado para diferentes categorias de jovens, culpabilizando uma juventude considerada perigosa, ao mesmo tempo em que é branda com outras infrações que partem de categorias, mais elegíveis de investimento.
Palavras-Chave: Juventude; Políticas Públicas; Estado de Exceção; Abandono e Vida.
Este trabalho tem por objetivo analisar as condições de enunciabilidade e visibilidade do controle social no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro a partir de uma leitura amparada nas discussões propostas por Michel Foucault (1926-1984) e do método cartográfico. A temática justifica-se pela experiência pessoal do pesquisador como ouvinte das reuniões de um conselho municipal de saúde da cidade de Cuiabá, que despertaram a vontade de compreender melhor como o Brasil pôde constituir a participação popular e o controle social como diretrizes do processo de construção e execução da política de saúde nacional. A pesquisa foi realizada a partir do método cartográfico e utilizou-se de documentos da história brasileira, das cartas constitucionais e dos relatórios das conferências nacionais de saúde até a efetivação do Sistema Único de Saúde, da primeira à oitava conferência. O período histórico delimitado no trabalho inicia-se na Proclamação da República Brasileira, em 1889, e segue até a efetivação do SUS, a partir de 1990. O que se pôde perceber é que, em cada momento histórico, regimes de veridição, razões de Estado, organizações da arte de governar e estratégias e táticas de biopoder específicas trabalhavam com as questões do controle social e da participação popular, mesmo que não houvesse possibilidades de que elas ocorressem, o que denominamos muitas vezes neste trabalho de controle do social. Não há no Estado brasileiro uma continuidade em termos de governamentalidade, uma vez que, a cada período histórico, podemos perceber mudanças nas estratégias de governo e reatualizações de sistemas e questões já apresentadas.
PALAVRAS-CHAVE: Controle Social. Sistema Único de Saúde (SUS). Saúde. Relações de Poder.
Esta pesquisa tem como temática a hanseníase a partir da análise das formas de subjetivação. A pesquisa parte de dois operadores analíticos, cuja articulação produz tecnologias em saúde: o conceito-problema, que é tomado como o perfil epidemiológico, e o caso-pensamento, a hanseníase. A utilização dessas ferramentas permite a problematização a partir do presente, realizando-se uma ontologia do presente, ou seja, questionando-se como nos tornamos o que somos. A pesquisa é atravessada por algumas ferramentas conceituais de Michel Foucault, Giorgio Agamben, Gilles Deleuze e Félix Guattari, construindo, assim, condições de interrogação e de análise do modo como se constituem sujeitos a partir dos jogos entre a lepra e a hanseníase. Tomam-se as políticas narrativas, mudança de terminologia de lepra para hanseníase, mudança de um regime de dizibilidade e visibilidade, em que a doença não é mais apenas referenciada pela morte e isolamento, mas por um compromisso com a vida, uma expressão da vida. A partir da experiência de moradores da região Centro-Oeste, circunscritos pelo campo da hanseníase, de uma estratégia cartográfica amalgamada na produção de uma pesquisa-intervenção, encontra-se uma população que se constitui por certos regimes de verdade: saúde, assistências das missões religiosas e relação entre seus membros, tomada a partir de uma produção de si e do outro. Nos jogos micropolíticos da vida cotidiana produzidos pela relação caso-pensamento e conceito-problema, constituem-se práticas de governamentalidade, formas de direcionamento da conduta da população não só por parte do Estado, mas também recaindo nos modos como o sujeito se relaciona consigo e com o outro, no encontro de um contínuo processo de relação e negociação com a norma, constituindo novas modalidades de existências.
Palavras-chave: Hanseníase; perfil epidemiológico; políticas em saúde; missões religiosas; produção de si e do outro.
A família é tema recorrente em diversos meios acadêmicos e religiosos, que procuram definila
a partir das ciências, ideologias e crenças. A identidade da família se constrói através das
relações de alteridade, tendo como fundamentos os valores em que se acredita e sua prática,
num processo dialético, que reflete um modo de ser dentro da sociedade. A família católica
constrói sua identidade quando participa da formação doutrinal, que lhe oferece os
pressupostos para estar na sociedade de um modo diferencial perante as demais famílias. O
objetivo da pesquisa foi verificar, à luz da Teoria da Autotranscendência na Consistência de
Rulla, através das falas dos participantes, como a formação doutrinal da Pastoral Familiar
influencia a internalização dos valores vividos e dos valores proclamados, no processo de
construção vivencial da identidade familiar. Foram realizadas entrevistas com sete famílias,
representando sete grupos compostos de 10 famílias cada, num total de 22 pessoas
entrevistadas. As entrevistas foram distribuídas em dois momentos. Um questionário
oferecido às 70 famílias para que livremente o devolvessem, e as devolutas seriam as
entrevistas posteriormente em áudio-tapy. Foram avaliadas as falas para verificar os valores
proclamados e vividos, depois ambos serviram para uma análise da dialética de base, que
demonstrou como o processo doutrinal influenciou a construção da identidade das referidas
famílias, que evidenciaram uma afetação psicossocial nas relações da própria família
constituída pelos pais e filhos, com os demais familiares próximos e com outras classes da
sociedade. Conclui-se que existe um jeito de “ser no mundo” dessas famílias católicas, que
trazem traços marcantes do processo formativo-doutrinal, e da pressão social das outras
configurações familiares, e que essa é a sua identidade. Por isso, a própria Igreja Católica
precisa estar atenta, antes de oferecer sua doutrina, para perceber o estado existencial das
famílias e as suas relações interpessoais e sociais, a fim de proporcionar uma adesão e
internalização dos seus valores autotranscendentes.
Palavras-Chave- Família, valores autotranscendentes, consistência, formação, identidade.
A migração de retorno é um fenômeno crescente no cenário brasileiro. Nesse contexto, encontra-se a mulher dekassegui que migrou para o Japão a trabalho, se vê obrigada a retornar ao país de origem em razão da crise econômica e tragédias naturais e tem dificuldade de adaptação, com implicações na saúde física e emocional. Diante disso, buscou-se investigar como ocorre o processo de adaptação de mulheres dekasseguis que retornaram para o município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na última década, bem como os motivos que as levaram a realizar o projeto de emigração para o Japão e os que contribuíram para que retornassem ao país de origem. A pesquisa teve como participantes 15 mulheres dekasseguis que, por meio de história oral, levaram a encontrar o contexto coletivo partindo da visão individual, pois, ao recolherem-se as histórias ou parte delas, se pode identificar a história de vários sujeitos a partir da análise das falas. Os resultados revelaram os momentos em que se decidiu migrar com o objetivo de trabalhar e prover a manutenção de sua família (marido e filhos, pais e irmãos) que ficou no Brasil, fazer uma reserva financeira e depois retornar para viver a vida com tranquilidade, podendo comprar a casa própria ou montar negócio próprio. Revelaram ainda que, tanto na ida quanto no retorno, os estranhamentos por causa de culturas distintas e peculiares como a do Brasil e a do Japão geraram dificuldades de adaptação, sendo que, no retorno, essas dificuldades se apresentam maiores em virtude de se imaginar “nostalgicamente” que, ao voltar, “tudo estará como antes”, o que não acontece, pois tudo está diferente – os amigos seguiram a vida, a cidade está “diferente” e as comparações são inevitáveis. Apesar da atual situação em que se encontra o Japão, com diminuição de vagas de trabalho e precarização das vagas de trabalho existentes, algumas decidem pelo retorno por não se adaptarem mais à vida que tinham no país de destino. Outras apresentam dificuldades de adaptação, mas, aos poucos, buscam retomar a vida que tinham antes e fazem planos para viver no Brasil, porém acalentam o desejo de retornar ao Japão, mas somente como turistas, e não para trabalhar, afirmando que “viver é no Brasil”.
Palavras-chave: Migração de retorno. Mulheres migrantes. Dekassegui. Japão.
Esta dissertação identifica e discute as Representações sociais de família e liberdade para adolescentes de uma Escola Estadual no Município de Dourados-MS. Seu objetivo foi compreender como estes adolescentes, participantes neste estudo, constroem suas compreensões de senso comum sobre família e liberdade e por meio da ancoragem e objetivação os converte em representação social. Os participantes da pesquisa foram adolescentes na faixa-etária dos 12 aos 17 anos completos. O referencial teórico adotado foi o da Teoria das Representações Sociais, pois se entende que é por meio das representações sociais que os fenômenos das perspectivas coletivas do comportamento humano podem ser entendidos sem com isso deixar de valorizar a individualidade dos mesmos. Ela está relacionada com o estudo das simbologias sociais em nível tanto de macro como de micro análise. Os instrumentos usados foram o questionário sócio-demográfico e um roteiro de entrevista. A análise das falas dos participantes permitiu ver e fazer ver que os adolescentes operam com as seguintes representações sociais de família: família como lugar de cuidado; família como lugar de orientação; família como lugar de formação; e com as seguintes representações sociais de liberdade: liberdade como autonomia de movimento e liberdade como autonomia para se relacionar.
Introdução: O SAMU-192 é um serviço de salvamento emergencial, que presta socorro às pessoas em situações de agravos urgentes, nas cenas em que esses agravos ocorrem, garantindo atendimento precoce, adequado ao ambiente pré-hospitalar e ao acesso ao Sistema de Saúde. Esses profissionais, ainda assim, demostram uma preocupação quanto aos possíveis desgastes físico e emocional decorrentes da rotina do serviço, sendo a dor neste estudo o sintoma mais prevalente, com efeitos psicossociais que podem impactar as dimensões da Qualidade de Vida (QV) desses indivíduos. Objetivo: Avaliar a prevalência da dor física, a
Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) e a relação com os domínios do Questionário Short Form Health Survey (SF-36) dos profissionais SAMU-192 de Campo Grande/MS. Método: Pesquisa quantitativa, descritivo-exploratória e de corte transversal, realizada em uma amostra de 135 profissionais do SAMU-192 de Campo Grande/MS. Para a obtenção das informações foram aplicados três instrumentos de pesquisa: 1) Questionário Sociocupacional, 2) Questionário SF-36, que avaliou a QVRS, 3) Diagrama Corporal,
extraído do Questionário de Dor de McGill e a Escala de Faces que mensurou a presença ou não e a intensidade da dor dos participantes. Resultados: A amostra foi composta por homens (51,4%) e mulheres (47,4%). Quanto à idade, possuem uma média de 38,2 anos. Predominou o estado civil casado/união estável (56,3%); apresentam o ensino superior incompleto/completo (44,4%); com renda mensal própria de 3 a 5 salários mínimos (43,7%); não trabalham em outro emprego (75,4%); realizam atividades físicas (62,2%); com tempo de serviço no SAMU-192 de até 1 ano (36,3%); categoria profissional que predominou foram os técnicos e auxiliares de enfermagem (35,6%) e a maioria possuem uma carga horária de
trabalho de 50 á 72 horas semanais (31,2%), são concursados (91,9%) e (43,2%) escolheram trabalhar no serviço de urgência por gostarem da área. Em relação à dor física, 74,1% dos participantes disseram sentir dor. A região mais afetada foi a lombar com 31,3% e as respostas se concentraram nos níveis 1, 2 e 3, conforme escala de faces, que somados representam 62,2% de profissionais com algum tipo de dor. Entre os 8 domínios do SF-36, destacou-se o domínio capacidade funcional com média (86,2) que obteve maior pontuação, os domínios dor e vitalidade obtiveram valores menores (67,3) e (63,3) respectivamente,
porém não foram estatisticamente significativos em relação ao corte (50). Conclusão: O sintoma dor não limita fisicamente e mentalmente os participantes. A dor física foi prevalente, porém os domínios do SF-36 que avaliaram a QVRS foram considerados bons. Com isso, atenta-se para a promoção de melhores condições de saúde e também no trabalho, visto ser uma população jovem, com pouco tempo de serviço, que gosta de atuar na área de urgência, podem com o passar dos anos apresentar comprometimento em relação a esses domínios. Sendo assim, como forma de enfrentamento aos fatores de riscos evidenciou-se possíveis fatores de proteção. Faz-se relevante novos estudos para melhor contribuir na prevenção em
saúde desses profisionais.
Palavras-chave: Dor Física; QVRS; SAMU; SF-36; Diagrama Corporal e Escala de Faces.
A presente dissertação trabalha a articulação entre mídia, crack e o conceito de governamentalidade de Foucault. O problema de pesquisa especificamente concerne a problematizar o discurso da mídia em relação ao crack com a contribuição foucaultiana do conceito de governamentalidade. No que tange ao método, foi utilizado um conjunto documental baseado em duas mídias, uma de veiculação estadual, por meio do Jornal Correio do Estado de Mato Grosso do Sul, e outra de distribuição nacional, por meio da Revista Veja. Esse material foi utilizado a fim de verificar como esse discurso a respeito do crack estava sendo colocado pela mídia. Os documentos selecionados foram publicados no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2012. Os objetivos da pesquisa são conhecer e analisar o discurso da mídia em relação ao discurso do crack, como um dispositivo que articula e mobiliza a rede de saúde e de segurança, redes estas que produzem verdades e que vão refletir seus efeitos socialmente. A análise foi possível, especialmente, a partir do discurso relacionado ao poder e ao saber, conceitos esses que atravessam outro conceito de Foucault, chamado governamentalidade. Os resultados dessa análise permitem entender as diferentes maneiras que o poder e o saber são exercidos pelo discurso da mídia. Essa articulação, baseada nos estudos de Foucault, possibilita a compreensão de uma conexão entre esses três aspectos – crack, mídia e governamentalidade –, que culminam na produção de intervenções que mobilizam, simultaneamente, ações em nome da saúde, mas que executam uma função de segurança pública. Isso é interessante destacar, pois, no cotidiano, a mídia constrói certo saber que promove discursos que provocam pânico, medo e combate não apenas ao crack, mas principalmente aos seus usuários.
Palavras-chave: Mídia. Crack. Governamentalidade. Foucault.
Introdução: Entende-se por cuidador um membro da família ou não que se dispõe a cuidar da
pessoa doente ou que requer dependência, prestando auxilio na realização de atividades
cotidianas, podendo receber remuneração ou não. Sendo o cuidador o interlocutor mais
próximo à criança deficiente, ele deve estar atento, às questões que dizem respeito tanto a sua
saúde física quanto mental, assim poderá estabelecer um bom vínculo com a criança e com o
cuidar dirigido a ela. Objetivo: Avaliar a Saúde Mental dos cuidadores de crianças
deficientes praticantes de Equoterapia e sua relação com elementos psicossociais. Método:
Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório descritivo. Os dados foram coletados
individualmente na casa dos participantes e em um Shopping da cidade de Campo Grande
MS, realizado com cinco cuidadoras de crianças deficientes que praticam Equoterapia no
Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco (PROEQUOUCDB/
Acrissul). Foram utilizados para obtenção das informações dois instrumentos, sendo
uma entrevista gravada com 40 questões norteadoras abertas e fechadas sobre o cuidador,
criada especificamente para essa pesquisa, seguido do Questionário de Saúde Geral de
Goldberg (QSG-60) que avalia a Saúde Geral e a Saúde Mental. Resultados: Os resultados
evidenciam a prevalência de cuidadores do sexo feminino, com idades entre 30 e 44 anos,
onde a maioria são mães das crianças, seguida de uma tia/madrinha. Constatou-se ainda que o
tempo mínimo de dedicação e cuidados à criança é de 01 ano e 10 meses e o máximo de 04
anos. A pesquisa deparou-se com o fato de que, ao prestar cuidados, essas cuidadoras
necessitaram reestruturar suas vidas, ocorrendo mudança no seu dia-a-dia, o que veio a
significar privar-se da rotina pessoal e a negligenciar em alguns casos a sua saúde. A
sobrecarga ficou evidente pelo fato das cuidadoras não terem uma rede de apoio que as
auxiliem diante das situações de conflitos no cuidar, bem como, devido o quadro clínico das
crianças. O cuidado é realizado de forma integral, 24 horas, e essas atividades são realizadas
quase sempre pela mesma pessoa. Em decorrência do comprometimento psicossocial trazido
pela patologia da criança para a vida do cuidador, foram observadas várias manifestações de
sobrecarga como angústia, medo, ansiedade e cansaço, embora, nos discursos feitos pelas
cuidadoras, existam relatos de representações positivas do ato de cuidar e os benefícios
trazidos através da Equoterapia para essas crianças que consequentemente, trouxe evidências
de que a melhora da criança através da Equoterapia, seja na postura ou no convívio social e
com o cavalo, repercute diretamente na elaboração de estratégias positivas para o cuidado, o
que se leva a pensar que diante das reações divergentes da sobrecarga do cuidar, as cuidadoras
conseguem encontrar sentimentos que as auxiliam a administrar melhor essas situações. No
contexto geral dos dados obtidos do QSG-60, observa-se que os resultados não apontam para
um prejuízo considerado grave na Saúde Geral dessa população, visto que apenas uma
cuidadora apresentou percentil acima de 50%, considerado entre a linha que indica boa saúde
e linha indicadora de alerta da saúde. Conclusão: Embora os resultados não apontem
diretamente para a severidade da ausência de Saúde Mental na população estudada, os
discursos coletivos são sugestivos da escassez de uma rede de apoio para essas cuidadoras e
as situações de enfrentamento, muitas vezes são administradas no cotidiano da prática, devido
à melhora da criança na terapia, o que se leva a discutir sobre a necessidade de que essas
cuidadoras precisam conhecer melhor sua saúde e assim, promover seu papel de cuidar de
forma satisfatória para si e para a criança a qual presta cuidados.
Palavras-chave: Saúde Mental; Cuidador; Crianças deficientes; Equoterapia.
Introdução- O adoecimento psíquico é um dos grandes problemas enfrentados na atualidade, comprometendo a saúde da população trabalhadora e, representando um elevado ônus para a saúde pública. Os Transtornos Mentais e do Comportamento relacionados ao trabalho representam a segunda causa para afastamentos, colocando em pauta a questão da saúde mental do trabalhador, que neste estudo será acessada por meio dos Transtornos Mentais Comuns (TMC) dos servidores técnico-administrativos e docentes de uma universidade pública de Mato Grosso do Sul. Os TMC são um conjunto de sintomas não psicóticos caracterizados pela presença de insônia, fadiga, dificuldade de concentração, esquecimento, ansiedade, queixas somáticas e irritabilidade, entre outros. Objetivos- Estimar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns e fatores associados em servidores de uma universidade pública federal. Método- Trata-se de um estudo epidemiológico, de corte transversal, cujo indicador de escolha foi a prevalência de Transtornos Mentais Comuns. De um universo de 1545 servidores e uma população de N=863, foi investigada uma amostra por conveniência, composta por n=315 servidores (36,50%), no período de outubro a dezembro de 2013. Para acesso aos dados, foram aplicados dois instrumentos de forma individualizada e assistida: (i) o Questionário sócio demográfico e ocupacional (QSDO) e (ii) o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20), um instrumento rastreador de suspeição para TMC, de auto-relato. A análise estatística foi realizada com nível de significância p < 0,05, cálculo da razão de prevalência e intervalos de confiança de 95%. Resultados- A prevalência de Transtornos Mentais Comuns foi de 18,4%, considerada alta quando comparada à da população geral (20 a 25%). Como fatores associados à maior prevalência de TMC destacaram-se, em ordem decrescente: ter tido problemas de saúde relacionados ao trabalho nos últimos 12 meses, ser do sexo feminino, ter o doutorado como maior titulação acadêmica, estar na faixa etária entre 33 e 40 anos e considerar sua qualidade de vida como regular. Conclusão- A prevalência de Transtornos Mentais Comuns pode ser considerada alta, em se tratando de população economicamente ativa. Foram identificados fatores associados aos TMC que podem interferir na saúde mental da amostra. Os resultados deste estudo indicam que parte dos fatores relacionados aos Transtornos Mentais Comuns, é passível de intervenção preventiva.
Palavras-chave: Transtornos Mentais Comuns. Servidores Públicos Federais. SRQ -20. Universidade. Saúde mental.
O presente estudo teve como objetivo o de caracterizar os aspectos psicossociais das histórias de vida de um grupo de moradores de rua que passaram por atendimento em uma organização não governamental (ONG), na cidade de Campo Grande, MS. Foram selecionados para essa pesquisa 10 pessoas do sexo masculino. O método utilizado foi a pesquisa qualitativa, com base na teoria do materialismo histórico dialético. Para a coleta de dados foi realizado um roteiro de entrevista não estruturado para o relato das histórias de vida e uma pesquisa documental sobre os participantes da pesquisa na instituição em que estavam sendo
atendidos. Os entrevistados da pesquisa relataram suas histórias de vida, e de como se encontravam inseridos no convívio social até se tornarem pessoas excluídas da sociedade. Para a análise dos dados foi feito a transcrição das entrevistas, na seqüência o conteúdo destas foi separado por categorias e dividido em
subcategorias. A partir das subcategorias foram realizadas as análises das falas a partir de seus conteúdos. Os principais resultados versam sobre os relatos das pessoas que vivem em situação de rua, e sofrem pela quebra de vínculos, pela exclusão social, por encontrarem inúmeras dificuldades na convivência no espaço
da rua e pela dificuldade de serem inseridos novamente na vida em sociedade. A partir dos resultados encontrados foi realizada uma reflexão sobre o sistema de consumo que vigora na sociedade atual, que exclui aquelas pessoas que não consomem, se tornando excluídos socialmente. Os dados dessa pesquisa são
importantes para que os setores que atendem e que fazem políticas públicas para a população em situação de rua repensem o trabalho que já tem sido feito, e criem formas de articular todos os setores para que se possa incluir novamente essa população na sociedade. Sendo primordial que possamos avançar na área da
assistência social, saúde, trabalho, habitação, cultura e lazer, tornando efetivas as garantias de direitos da população que vive em situação de rua.
A presente pesquisa teve como proposta estudar e compreender o sentido das vivências e das histórias de vida de crianças e adolescentes destituídos do poder familiar, em situação de acolhimento institucional. A abordagem sócio-histórica constitui a base teórica sobre a qual se desenvolveu a pesquisa em articulação com a epistemologia e a metodologia qualitativa. Foram participantes dessa pesquisa onze crianças e adolescentes destituídos do poder familiar, que se encontram em instituições localizadas em três diferentes cidades do estado do Mato Grosso do Sul. Para a coleta de dados, foram priorizados dois momentos, sendo que no primeiro houve estudos documentais e, no segundo, ocorreram os encontros individuais com
cada participante, divididos em cinco etapas, que não tinham limite temporal máximo de duração, deixando os à vontade para desenhar e contar suas vivências, cada um em seu tempo. Em todos os encontros, foram utilizados desenhos para auxiliar na verbalização das vivências e histórias de vida, permitindo que revelassem de forma natural universo de cada um. Para a coleta de dados, foram necessários quatro meses de pesquisa, enfatizando a participação ativa da pesquisadora no decorrer dos encontros, o que se fez imprescindível, tanto na obtenção da expressão verbal, bem como da emoção e do sentido que empregavam nas palavras, tudo devidamente considerado na sistematização e seleção das falas que foram mencionadas.
Quanto aos principais resultados obtidos, constatou-se, inicialmente, que nem sempre os participantes esperam por uma família, notou-se que existe afetividade entre os pesquisados e seus irmãos, mesmo não estando próximos. Destacou-se que o tempo de institucionalização registrado neste estudo encontra-se além do que preconiza a Lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009 (nova Lei Nacional de Adoção). Verificou-se que o ambiente familiar, em casos de violência e/ou negligência, não é o melhor lugar para o desenvolvimento de uma criança ou adolescente, uma vez que os participantes atribuíram à unidade de acolhimento como um
local que proporciona aconchego e segurança, ainda que estas unidades não possuam as peculiaridades inerentes ao espaço doméstico. Por fim, nota-se que, para tornar um local institucionalizado, um espaço que, realmente, possa contribuir para o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes desprovidas de pais em sujeitos ativos, é imprescindível a construção de novos referenciais que permitam compreender melhor a situação em que elas se encontram.
Palavras-chave: Unidade de acolhimento. Crianças/adolescentes. Destituição do poder familiar. Vivências e histórias de vida.
Introdução- Reduzir o estresse relacionado ao trabalho e os riscos psicossociais não é apenas uma questão imperativa, mas também moral. O estresse relacionado ao trabalho pode ser tratado pelo mesmo caminho lógico e sistemático que outras ocorrências ligadas à saúde e à segurança. Com a abordagem correta, os trabalhadores poderão manter o estresse sob controle, preservando sua qualidade de vida. Objetivo- Verificar a presença do estresse ocupacional e a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde, em profissionais de enfermagem de um hospital universitário da cidade de Grande/ MS. Método- Foi realizado um estudo
epidemiológico de corte transversal em 227 profissionais de enfermagem, à luz da abordagem psicossociológica. Foram utilizados para a obtenção dos dados, três questionários autoaplicáveis: (i) o Questionário sociodemográfico e ocupacional, criado especificamente para esse estudo e composto por 17 questões; (ii) o Job Strain Scale (JSS) que avaliou a demanda, o controle e o apoio social no ambiente de trabalho e (iii) o Item Short Form Health Survey (SF- 36), que avaliou a qualidade de vida relacionada à saúde. Resultados- Quanto ao estresse no trabalho, 60,8% dos participantes vivenciam uma alta demanda no trabalho, 71,8% um alto controle sobre a atividade desempenhada, 85,5% baixo apoio social e 44,5%
vivenciam um trabalho ativo. Dos 08 domínios do SF-36, os mais prejudicados foram: dor (µ=61,87) e vitalidade (µ=62,25) e aqueles com melhor pontuação foram à saúde mental (µ= 84,02) e a capacidade funcional (µ =77,62). O componente físico e mental do SF-36 encontram-se igualmente prejudicados. O JSS, que afere a tensão no ambiente de trabalho, não apresentou correlação estatisticamente significativa com a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde, avaliada pelo SF-36. Conclusão- Embora a maioria dos participantes da amostra vivencie uma situação de risco intermediário para o estresse, a sua qualidade de vida
relacionada à saúde mostrou-se comprometida, apontando para o risco de adoecimento, bem como para o desgaste físico e mental.
Palavras-Chave- Estresse ocupacional. Qualidade de Vida Relacionada à Saúde. Enfermagem. SF- 36. JSS.
Introdução - Os Transtornos Mentais Comuns relacionados ao trabalho têm ocasionado prejuízos significativos à saúde e em todos os aspectos da vida do trabalhador e à organização, por gerar absenteísmo, presenteísmo e queda de produtividade. Objetivo - Esta pesquisa se propõe investigar a relação entre a saúde psíquica e o trabalho de servidores públicos lotados nas Varas Federais da Sede da Justiça Federal de MS, em Campo Grande. Método - Foi utilizado o método diagnóstico-epidemiológico, de corte transversal. De uma população de N=76, participaram n=50 pessoas. Os instrumentos utilizados foram: o Questionário Sócio-Demográfico-Ocupacional (QSDO), o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala de Conflito Trabalho-Família (ECTF), a Escala de Satisfação no Trabalho (EST) e a Escala de Avaliação de Risco no Contexto de Trabalho (EACT). Análise estatística - Os dados obtidos foram analisados estatisticamente, utilizando o software SPSS 17ª versão. A relação da frequência dos "sintomas" (em cada instrumento) entre si foram testadas por meio do teste T Student. A relação entre esses sintomas e os dados sócio-demográficos foi analisada por meio de estatística descritiva simples. Para o teste do modelo de relação entre os instrumentos foi realizado o coeficiente de correlação de Pearson e análise de regressão linear. Os testes tiveram como critério de significância um percentual de 5%. Resultados - Obteve-se uma prevalência de 20% para TMC na amostra pesquisada, com maior frequência do sintoma “decréscimo de energia vital” (43%). Foi identificado um nível crítico para todos os fatores do Contexto de Trabalho (organização no trabalho, condições de trabalho e relações sócio-profissionais), o que configura uma situação de grave risco para adoecimento. A amostra percebe-se insatisfeita com o seu salário e com a forma que promoções são realizadas, que são ligadas às formas de recompensa adotadas pela organização, e indiferença quanto à satisfação com os colegas, com a chefia e com a natureza do trabalho. Evidenciou-se moderada interferência do trabalho na família e baixa interferência da família no trabalho. Por meio de regressão linear, observou-se que: (i) a melhora do risco de adoecimento, no contexto de trabalho, em virtude das “relações sócio-profissionais” diminui o índice de suspeição para TMC e o sintoma “decréscimo de energia vital”, e também melhora a satisfação no trabalho em todos os cinco aspectos estudados; (ii) que a diminuição do risco de adoecimento, no contexto de trabalho, em virtude da “organização no trabalho”, diminui a interferência do trabalho na família; (iii) que o aumento da “satisfação com a chefia” diminui o sintoma “pensamentos depressivos” e o aumento da “satisfação com o salário” diminui o índice de suspeição para TMC; (iv) que a diminuição da interferência do trabalho na família diminui o sintoma “decréscimo de energia vital”, bem como o índice de suspeição para TMC e aumenta o nível de satisfação com o trabalho em quase todos os aspectos, excetuando-se o da “satisfação com os colegas”; (v) que a diminuição da interferência da família no trabalho reduz o índice de suspeição para TMC. Conclusões - Constatou-se o grande impacto dos Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho (FPRT) nos índices de adoecimento mental. Espera-se que estes achados possam contribuir para a promoção e a prevenção da saúde, no contexto de trabalho da JFMS e de outras instituições públicas semelhantes às do Judiciário Federal, além de refletir no aprimoramento do atendimento da população atendida pelo Órgão.
Palavras-chave: Saúde Psíquica. Transtornos Mentais Comuns. Contexto de trabalho. Satisfação no trabalho. Conflito trabalho-família. Servidores públicos federais.
Introdução. O Servidor Penitenciário de MS, após o período probatório de três anos, possui estabilidade funcional e com isso financeira. Apesar da situação estável, alguns servidores podem estar insatisfeitos com as atividades que realizam, mas por vantagens como a estabilidade permanecem no desempenho dessas funções. Esse fator, dentre outros, pode desencadear no servidor problemas emocionais e dificuldade de manter a qualidade de vida e a saúde geral, comprometendo a capacidade laboral. Objetivo. Avaliar a qualidade de vida (QV) dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso do Sul em relação às condições de trabalho e a saúde geral. Método. Trata-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa de corte transversal. No universo 1302 servidores ativos da Agência Estadual de Administração Penitenciária (AGEPEN), em média,18% dos funcionários nos dois últimos anos (2011, 2012), estavam afastados por problemas de saúde, foram avaliados 120 servidores, sendo 10 como piloto. Foram convidados a participar 110 servidores de carreira, das três áreas de atuação: custódia, assistência e perícia e administração e finanças, pertencentes aos três graus da hierarquia funcional: agentes, oficiais e gestores, com aproveitamento integral dos dados coletados.Para a coleta de dados aplicaram-se três instrumentos: questionário sócio-demográfico, questionário de Saúde Geral de Goldberg e o questionário de qualidade de vida geral WHOQOL-abreviado. Após inserção na Plataforma Brasil, recepção e a devida autorização para a realização da pesquisa do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e autorização do dirigente da AGEPEN, os dados foram coletados no próprio local de trabalho com os servidores que concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente os dados foram tabulados e analisados. Para a análise descritiva estatística foram utilizados os seguintes testes: Teste de diferenças de médias; Teste de análise de variância (ANOVA); Teste de correlação Linear de Pearson e Teste Qui Quadrado. Resultados.O perfil dos profissionais em relação ao questionário sócio demográfico foram: sexo (64,5% F, 35,5% M); grau de instrução (fundamental 1,8%,médio 12,8%, superior 43,1% e pós graduados 42,2%); estado civil (casados 48,2%, divorciados 19,1%, solteiros 18,2%, união estável 12,7% e viúvos 1,8%); imóvel (alugado 15,5%,
próprio 81,8% terceiros 2,7%); renda pessoal (suficiente 54,6%, insuficiente 45,4%); função (agente 31,8%,oficiais 41,8% e gestores 26,4%); tempo afastado do serviço (33,3%);outra fonte de renda (29,6%); remédio para dormir(16,7%). Os resultados do instrumento WHOQOL-abreviado demonstraram que quanto maior grau de instrução menor a qualidade de vida no domínio psicológico; os casados apresentam melhor QV; quanto maior a renda pessoal melhorQV; oficiais melhor QV; afastamento do serviço menor QV; quem utiliza remédio para dormir menor QV, quem dorme mais melhor QV. No QSG-60, os homens apresentam melhores resultados de SG em relação as mulheres; quem possui residência própria melhor SG; renda pessoal suficiente melhor SG; Oficial melhor SG em relação a agentes e oficiais; não afastamento do serviço melhor SG; os que não possuem outra fonte de renda melhor SG; tomam remédio para dormir maior comprometimento daSG; número maior de filhos melhor SG; maior tempo profissional melhor SG, os que não possuem distúrbios do sono melhor SG.Conclusão.Os participantes possuem uma percepção significativa da capacidade laboral. A presente pesquisa poderá contribuir como suporte na elaboração do plano de ações a serem implementadas na execução da política penal voltada aos servidores, visando à promoção da saúde e à prevenção de doenças e consequentemente melhor QV e SM.
Palavras-chave: Saúde mental; QSG-60; Servidor Público; Qualidade de Vida; WHOQOL-abreviado.
O objetivo deste estudo foi o de compreender, por meio de relatos orais, os aspectos
psicossociais decorrentes do uso de próteses auditivas por idosos com idade de 60 anos ou
mais e a forma como contribuem para a melhoria da qualidade de vida dessa população.
Foram selecionados para essa pesquisa cinco idosos, sendo duas mulheres e três homens,
portadores de deficiência auditiva neurossensorial bilateral adquirida, com idades entre 62 e
75 anos e usuários de prótese auditiva há, pelo menos, seis meses da data da entrevista. Como
método adotou-se a pesquisa qualitativa e os dados foram construídos através da aplicação do
questionário sóciodemográfico para caracterização da população e da entrevista não
estruturada, com roteiro de perguntas relacionadas à deficiência auditiva e ao uso de próteses.
A análise dos dados foi realizada através da transcrição de todas as entrevistas e em seguida
de suas leituras, o que possibilitou explorar e analisar o conteúdo do material coletado. Como
resultados observou-se que o idoso atribuiu à deficiência auditiva o sentido da limitação do
contato com o outro, sendo associada ao envelhecimento e desencadeando o sentimento de
exclusão social. Ao deficiente auditivo foi conferido o sentido negativo de ser menos capaz,
influenciando diretamente no seu papel na sociedade e com isso restringindo sua qualidade de
vida. Às próteses auditivas foram conferidos sentidos negativos e positivos, pois adquiriram o
caráter de dispositivos que possibilitam o restabelecimento do contato com o outro e que
afastam o deficiente auditivo da situação de incapacidade e isolamento, mas que não o fazem
por completo, uma vez que não resolvem todas as dificuldades de comunicação provenientes
da deficiência auditiva. Conclusão: A partir dos resultados encontrados, concluiu-se que os
idosos participantes perceberam que a Qualidade de Vida após a adaptação da prótese auditiva
melhorou, porém é um processo contínuo, pois os aspectos psicossociais que influenciam seu
uso incidem diretamente na sua relação com o outro, tanto no fator de facilitação quanto no de
negação. Os dados desta pesquisa trouxeram informações sobre os sentidos produzidos pelos
idosos frente à decisão do uso da prótese auditiva, oferecendo subsídios aos profissionais na
busca para melhoria dos serviços prestados a essa população.
Palavras-chave: idosos; perda auditiva; auxiliares de audição; qualidade de vida.
No Brasil, somente nas décadas de oitenta e noventa do século vinte a criança passa a ser constituída, juridicamente, enquanto “sujeito de direitos”. O artigo nº 227 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, CF 1988), e a Lei nº 8.069 de 13/07/1990 que promulga o ECA insere as crianças brasileiras no cenário dos Direitos Humanos Universais e assegura proteção integral. Essa proteção ocorreu devido às mudanças sociais, políticas e econômicas vivenciadas pela sociedade, quer seja no âmbito jurídico, assistencial ou educacional, ligados à proteção à infância. Assim, esta dissertação é fruto da análise da pesquisa realizada com crianças que vivem na Instituição de Acolhimento na cidade de Sinop-MT e das pessoas que estão, direta e indiretamente, ligadas ao local. A Instituição, local onde a pesquisa foi realizada, surgiu em 1987, é de caráter filantrópico, acolhendo crianças e adolescentes abandonados e/ou em situação de risco. A pesquisa teve por objetivo, compreender como a Instituição de Acolhimento de Sinop-MT tem contribuído no acolhimento e no desenvolvimento da “criança acolhida”, resguardando seus direitos enquanto criança. Os participantes dessa pesquisa foram dez pessoas, sendo três crianças da instituição de acolhimento, três cuidadoras que mantêm contato direto com a instituição de acolhimento, esses foram escolhidos levando-se em consideração, respectivamente, o tempo de permanência e o tempo de trabalho na instituição. Participaram ainda o juiz e o promotor da Vara da Infância e Juventude, o gestor da Instituição e um representante do Conselho Tutelar. Utilizamos para a coleta de dados três modelos de entrevistas, sendo um para as crianças, outro para as cuidadoras e, por fim, outro roteiro para os demais participantes. Todas as entrevistas foram gravadas e, transcritas na íntegra. O referencial teórico-metodológico utilizado foi embasado na Teoria Sócio-Histórica. A análise do material nos permitiu perceber que a relação existente entre a legislação, a prática e a forma como a família é abordada contribui para o afastamento e a diluição dos laços afetivos. Ao final, observamos que a sociedade e, sobretudo, as instituições que lidam com a infância devem refletir sobre quais valores estão sendo pontuados e como suas práticas vêm contribuindo para manter o processo de desenvolvimento infantil nesses ambientes, independentemente do tempo que aí permanecem. Enfim, destacamos que há necessidade de políticas públicas de atenção e que estas sejam articuladas com ações que possam auxiliar as famílias, evitando o processo de acolhimento institucional e, quando necessário, que esse seja com o menor tempo possível. Políticas que possam auxiliar a família a desempenhar plenamente suas responsabilidades e funções com acesso às políticas públicas como à saúde, educação, trabalho e demais direitos sociais.
PALAVRAS-CHAVE: Casa de Acolhimento; Criança; Desenvolvimento Sócio-Afetivo.
Introdução- O cotidiano de trabalho do policial militar (PM) é permeado pelo contato
diuturno com a violência, em todas as suas formas e níveis, com o perigo, a tensão, havendo
uma alta exposição a diferentes fatores de risco que podem afetar sua saúde física e mental,
bem como sua qualidade vida profissional: (i) fatores físicos, (ii) químicos, (iii) biológicos,
(iv) ergonômicos, (v) acidentes, (vi) da organização do trabalho e (vii) fatores psicossociais de
risco. Esse estudo enfocar os fatores vi e vii. Objetivos- Verificar a repercussão do Estresse
Ocupacional (EO) e do Hardiness (personalidade resistente) na Qualidade de Vida
Profissional (QVP) em uma amostra de policiais militares de uma cidade do interior de Mato
Grosso do Sul. Método- Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório-descritivo e de corte
transversal. Uma população de N=391 policiais militares da cidade de Dourados/MS foi
convidada a participar do estudo, voluntariamente. Aceitaram participar n=143 que foram
informados sobre os objetivos da pesquisa e confidencialidade dos resultados, assinando o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram utilizados os seguintes instrumentos de
pesquisa: 1. Questionário Sociodemográfico e Ocupacional; 2. Escala de Estresse
Ocupacional- EEO; 3. Personal Views Survey-PVS e 4. Questionário de Qualidade de Vida
Profissional-QVP-35. Análise de dados- - Foi realizada uma analise descritiva, por meio de
tabelas de freqüência e porcentagem. Após a pontuação dos escores para Estresse
Ocupacional, Hardiness e Qualidade de Vida Profissional, realizou-se a análises, de variância
(ANOVA), regressão linear e equações estruturais. Resultados- A amostra apresentou nível
de Estresse Ocupacional moderado (41.3%) e severo (30.7%). Os níveis das dimensões do
Hardiness Compromisso, Controle, foram baixos e o de Desafio foi alto. Houve correlação
positiva entre EO e QVP, uma correlação negativa de 59% entre EO e Hardiness, uma
correlação negativa de 15% entre o Hardiness e a QVP. O coeficiente de explicação (R²) da
relação do EO no Hardiness foi de 35%. A correlação entre EO e a QVP diminuiu quando
introduzido o Hardiness, sugerindo a existência de mediação, em que, quanto maior o
Hardiness menor o Estresse Ocupacional. Conclusão- Os resultados obtidos apontam para a
necessidade de fortalecimento do Hardiness, para que ocorra uma diminuição dos níveis de
Estresse Ocupacional e consequentemente a melhora da Qualidade de Vida Profissional.
Palavras-chave: Estresse Ocupacional; Hardiness; Qualidade de Vida Profissional; Polícia
Militar; QVP-35.
Essa investigação objetiva a análise do Pênfigo a partir da problematização das relações de
poder/verdade e subjetivação que produzem modalidades de experiência que o sujeito faz de
si. A pesquisa foi feita com referenciais genealógicos de Michel Foucault e do conceito de
pistas/linhas cartográficas de Gilles Deleuze. Nesta medida, uma análise das relações de
poder/verdade foram constituídas ontologicamente em um hospital de referência nacional para
a assistência aos sujeitos com pênfigo, na perspectiva de uma estética da existência social e
hospitalar, a partir da delimitação de pistas cartográficas em duas linhas: de problematizar o
pênfigo como doença-crônica performada por um discurso biomédico e discutir as políticas de
saúde e sua repercussão nas práticas de cuidado. Ou seja, retira-se o pênfigo de uma condição
de adoecimento do indivíduo e passa-se a situá-lo em um campo sociocultural de
materialidades múltiplas. O problema de pesquisa surge da experiência do autor, na função de
enfermeiro de um hospital de referência em atendimento de Pênfigo ou Fogo Selvagem
(popularmente conhecido). O pênfigo é conhecido por ser uma doença de pele vésico-bolhosa
de caráter crônica autoimune, cujo tratamento afeta significativamente vários aspectos da vida
do paciente. E é exatamente no campo das relações e significações que este estudo se detêm a
refletir, pois as experiências no pênfigo se constituem em uma política, que produz discursos
que se inscrevem sobre a vida, sobre o corpo e sobre a pele.
Palavras-chave: Pênfigo, Estética, Cuidado, Corpo
O presente trabalho constitui-se num estudo de caso de suicídio de um idoso e tem como objetivo realizar uma análise interpretativa alicerçada na teoria psicanalítica, buscando-se compreender e esclarecer a dinâmica intrapsíquica e intersubjetiva na qual se encontrava a pessoa que cometeu esse ato. Iniciou-se com dados referentes ao envelhecimento populacional e com informações sobre o suicídio em idosos, apontado por diversas pesquisas como o grupo em que a possibilidade de ocorrer o evento é mais alta, principalmente em homens. Em seguida, abordaram-se alguns postulados teóricos de Sigmund Freud sobre o assunto, reunidas às conceituações de Roosevelt M. S. Cassorla sobre a morte autoinfligida. Posteriormente descreveu-se outro estudo, no qual se derivou o trabalho, intitulado É possível prevenir a antecipação do fim? Suicídio de idosos no Brasil e possibilidades de atuação do setor saúde (2010), de abrangência nacional, que teve como objetivo realizar um estudo estratégico sobre a magnitude e a significância do suicídio na população brasileira acima de 60 anos de idade; juntamente com a ferramenta utilizada, que se denomina autópsias psicológicas e psicossociais. Essa técnica de investigação é entendida como uma estratégia de coleta de dados que visa integrar questões antropológicas e sociais ao exame dos estados emocionais das pessoas que cometeram suicídio. Em seguida se descreve sucintamente como se chegou até o caso durante o trabalho de campo. Esse ocorreu na cidade de Dourados, MS, que foi selecionado por apresentar altas taxas de ocorrência desse evento. O relato e a discussão dele nos apresenta um homem idoso que fez uso de arma de fogo para consumar o ato suicida. Muitos aspectos de sua história de vida confirmam os dados de diversas pesquisas que apontam a aposentadoria e a ocorrência de enfermidades crônicas degenerativas que causem perda de autonomia e ocasionem a depressão como importantes fatores que deixam os homens mais propensos a se suicidar. Por fim, a teoria psicanalítica, através de seus conceitos de pulsões de morte e pulsões de vida e do inconsciente, auxilia-nos a ampliar nosso conhecimento sobre o tema.
Palavras-chave: Suicídio em homens idosos. Autópsias psicológicas e psicossociais. Teoria psicanalítica.
Introdução- O fisioterapeuta é um profissional que atua na promoção da saúde, na prevenção, no tratamento e reabilitação, em nível individual e coletivo. Sua atuação tem por finalidade favorecer, preservar ou restaurar a capacidade funcional dos indivíduos, ou seja, sua qualidade de vida. Pelo desgaste físico e mental inerente ao exercício dessa profissão, sobretudo exercida em ambiente hospitalar, podem ocorrer repercussões à saúde física e mental desses profissionais, bem como à sua Qualidade de Vida Geral e Profissional. Objetivo- Este estudo busca, portanto, avaliar a Qualidade de Vida Profissional e a suspeição de Transtornos Mentais Menores, pelo viés da presença ou não e a frequência desses transtornos, em fisioterapeutas de um Hospital de grande porte da cidade de Campo Grande, estado de Mato Grosso do Sul (MS). Método- Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal. De uma população de N=69, tomou-se uma amostra de n= 40 fisioterapeutas, constante até o final do estudo. Foram aplicados três instrumentos para a obtenção de dados: (i) o Questionário sociodemográfico e ocupacional; (ii) o Questionário de Qualidade de Vida Profissional (QVP-35), que afere a percepção do trabalhador sobre a sua vida ocupacional e (iii) o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), screening que identifica suspeitos de terem ou não Transtornos Mentais Menores. Resultados- Os dados sociodemográficos mostram que a maioria dos fisioterapeutas: são do sexo feminino (57.5%), têm idade até 35 anos (70%), são casados (62.5%), possuem filhos (52.5%), consideram-se católicos (70%); e sua maior escolaridade é a especialização (87.5%). Com relação à Qualidade de Vida Profissional (QVP), a amostra de estudo percebe pouco Apoio Organizacional (AO); muita Motivação Intrínseca (MI); muita Carga de Trabalho (CT); e muita Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). As diferenças significativas na correlação das variáveis sociodemográficas e ocupacionais e os fatores do QVP-35 foram: (i) quem trabalha na enfermaria (p=0.01) e quem tira férias regularmente (p=0.05) percebe menor apoio organizacional; (ii) quem não tem filhos (p= 0.04) percebe maior motivação intrínseca; (iii) os que praticam a religião católica (p=0.05) percebem maior qualidade de vida no trabalho; e (iv) quem tem até 35 anos (p= 0.04), os que recebem acima de 11 salários mínimos (p= 0.01) e os que trabalham no período matutino (p=0.05) percebem maior carga de trabalho. A maioria dos fisioterapeutas não apresenta suspeição para Transtornos Mentais Menores (TMM) (57.5%). No SRQ-20 dividido por categorias, os participantes mostram humor depressivo/ansioso (12.5%) e decréscimo de energia vital (2.5%). Correlacionando as características sociodemográficas e ocupacionais e o SRQ-20, encontrou-se que: (i) os que se identificam como católicos (p= 0.01), (ii) os que recebem de 6 a 10 salários (p= 0.02), e (iii) os que trabalham no CTI (p= 0.05) apresentam menor suspeição para TMM. Conclusão- Os participantes demonstram motivação intrínseca elevada para o trabalho e, apesar de identificarem pouco apoio organizacional e muita carga de trabalho, percebem ter muita qualidade de vida no trabalho. A maioria não mostra suspeição para Transtornos Mentais Menores (57.5%). Porém, é importante ressaltar o fato de que 42.5% apresentam suspeição, sendo esse índice considerado alto e preocupante.
Palavras-chave: Qualidade de Vida Profissional; Qualidade de Vida no Trabalho; Trabalho; Transtornos Mentais Menores; Fisioterapeuta; QVP-35; SRQ- 20.
Os trabalhadores do setor público aparentemente são mais seguros financeiramente, visto que não correm o risco de serem demitidos do dia para noite. Entretanto, alguns desses servidores podem estar insatisfeitos com as atividades que realizam, mas permanecem no trabalho justamente por esta estabilidade. Esse fator, entre outros, pode gerar problemas emocionais e dificuldade de manter a qualidade de vida por causa de seu trabalho. Dessa forma a presente pesquisa visou avaliar a qualidade de vida (relacionada à saúde) e a personalidade (de acordo com a Teoria de Traços) entre os trabalhadores da Secretaria de Estado de Habitação e das Cidades (SEHAC) do Mato Grosso do Sul. Para tanto, utilizou-se três instrumentos: Questionário Sócio –Demográfico (QSD) para caracterizar a amostra, The Medical Outcomes Study 36- item Short-Form Health Survey (SF-36) para avaliar qualidade de vida, e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) para definir os traços de personalidade. Os dados foram coletados no próprio local de trabalho, com um total de n=57 participantes que estavam presentes nos dias marcados e que concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Analisando os resultados observou-se que a amostra é caracterizada por 57,9% de mulheres e 42,1% de homens, idade média de 39 anos, sendo a maioria com estado civil casado, com renda familiar acima de 4 salários mínimos e a média de 13 anos de trabalho no setor público. Os resultados estatisticamente significativos relacionados com o QSD foram os domínios de Dor (p=0,041), Vitalidade (p=0,002), Aspectos Sociais (p=0,015) e Saúde Mental (p=0,010) do SF-36, e com os domínios Neuroticismo (p=0,012), Extroversão (p=0,009), Socialização (0,037) e Realização (0,017) da BFP. Observou-se, portanto, que as mulheres são mais comunicativas e assertivas que os indivíduos mais velhos tendem a ser mais calmos, estáveis, e com melhores índices de qualidade de vida, que os casados tendem a ser mais relaxados1 e estáveis emocionalmente, e que os indivíduos que dormem mais tem mais qualidade de vida nas questões sociais, e também com satisfatória qualidade nas interações sociais.
Palavras Chaves: Qualidade de Vida. Traços de Personalidade. Servidores. Setor público.
Introdução: A qualidade de vida profissional representa um conjunto de ações das
organizações, que buscam a valorização de aspectos que identifiquem e eliminem
os riscos ocupacionais nos ambientes físicos e nas relações de trabalho. Essa
pesquisa visa contribuir para a base de conhecimentos científicos que envolvem a
qualidade de vida profissional de tutores-docentes de programas de Educação a
Distância (EaD). Objetivos: Avaliar a qualidade de vida profissional de uma amostra
de tutores de EaD de Campo Grande-MS. Casuística e Método: Trata-se de um
estudo exploratório-descritivo, utilizando o método quantitativo de pesquisa. Os
dados foram coletados por meio de enquete postal, no período de maio a dezembro
de 2012 em três universidades: uma pública, uma confessional e uma privada. De
uma população de N= 91 tutores que foram acessados, participaram n= 56, sendo
que da universidade pública de N= 40 participaram n= 20, da confessional de N= 11
participaram n= 10 e da privada de N= 40 participaram n= 26. Os instrumentos
utilizados foram um Questionário Sociodemográfico e Ocupacional desenvolvido
especificamente para essa pesquisa e o Questionário de Qualidade de Vida
Profissional (QVP-35). Resultados: A amostra compõe-se na maioria de tutores: do
sexo feminino (80%), casados (57%), que tem curso de especialização completa
(42%), carga horária de trabalho semanal de 40 horas (59%), renda mensal familiar
de 7 a 9 salários mínimos (41%), católicos (48%), com residência própria (75%) e
meio de transporte próprio (96%). Percebe ter muita qualidade de vida no trabalho
(QVT), bastante capacitação para realização do trabalho (CRT) e motivação
intrínseca (MI), muito apoio social (AS), recursos relacionados ao trabalho (RT) e
carga de trabalho (CT), poucos apoio organizacional (AO), não referindo nenhum
desconforto relacionado ao trabalho (DRT). A única variável que apresentou
dependência estatisticamente significativa foi a relação entre tempo de serviço e
motivação intrínseca. Conclusões: Dado que existe relação entre tempo de serviço
e motivação intrínseca, pode-se pensar que a experiência adquirida na prática
profissional é essencial para a QVP dos tutores da EaD, apesar do pouco apoio
organizacional que recebem e da sobrecarga de trabalho.
Palavras-chave: Qualidade de Vida Profissional; Trabalho; Docente; Tutoria;
Educação a Distância; QVP-35.
Introdução- Hoje, o Brasil é um país que se destaca no cenário agrícola mundial, devido à adoção de tecnologias modernas e ousadas, desenvolvidas pela pesquisa agropecuária. Os trabalhadores que atuam nesse segmento na função de pesquisadores, analistas ou assistentes foram os responsáveis por essas conquistas. Tem sido um desafio organizacional importante, conciliar a competitividade aos novos conhecimentos, unindo qualificação profissional e atuais estilos de vida, situação que se reflete na saúde e QV dos trabalhadores. Objetivo - Avaliar a Qualidade de Vida Profissional (QVP) dos trabalhadores de uma empresa de pesquisa agropecuária do Pantanal, localizada em Corumbá/MS. Casuística e Método - Realizou-se um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal. De uma população de N=135 trabalhadores, foi estudada uma amostra aleatória e voluntária de n=105 participantes. O procedimento de coleta de dados ocorreu durante o mês de julho de 2012 e deu-se por meio da aplicação coletiva de dois instrumentos de pesquisa: (I) o Questionário Sociodemográfico e (II) o Questionário de Qualidade de Vida Profissional - QVP-35. Resultados - A maior parte dos participantes do estudo, são do sexo masculino (68,57%), encontra-se na faixa etária de 46 a 55 anos (36,19%), são casados (63,81%), possuem filhos (73,33%) e trabalham na empresa entre 21 a 25 anos (32,38%). Referem ter Muita QVP, percebem Muito Apoio organizacional (AO) e também Muito Carga de Trabalho (CT). Percebem ter Bastante Capacitação para Realização do Trabalho (CRT), Bastante Recursos Relacionados ao Trabalho (RRT), Bastante Apoio Social (AS), Bastante Motivação Intrínseca (MI) e Pouco Desconforto Relacionado ao Trabalho (DRT). Conclusão- Os participantes possuem uma percepção positiva de sua qualidade de vida no trabalho, apesar de muita carga de trabalho. Com o apoio organizacional por meio de uma politica e práticas de valorização e capacitação do trabalhador tem sido possível alcançar o bom desempenho da atividade laboral, com poucos afastamentos do trabalho e problema de contato interpessoal com colegas e chefes já que o diálogo é considerado a forma habitual de lidar com os conflitos, o valor da motivação intrínseca tem se mostrado um ponto de destaque na obtenção da QVT.
Palavras-chave: Qualidade de Vida Profissional; QVP-35; Trabalhadores; Pesquisa agropecuária.
Introdução: A atividade física é um tema que está sempre em voga no cotidiano de nossa sociedade. Tem sido indicada para os mais variados públicos e como promotora de qualidade de vida, para os idosos. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida dos atletas da terceira idade do município de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Hipóteses: a) Por meio da prática sistematizada de atividades físicas os idosos têm um padrão favorável dos domínios de qualidade de vida; b) Existe diferença significativa nos resultados entre os idosos que praticam atividade física por recomendação médica e os que praticam por vontade própria; c) O domínio dor é um fator limitante de um bom índice de qualidade de vida; d) As doenças crônicas intervêm diretamente na qualidade de vida de forma limitante e negativa. Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, que nos proporcionou avaliação e análise dos dados dos 60 participantes, praticantes de atividades físicas regulares pertencentes ao Projeto Conviver de Ponta Porã. Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados: I) um questionário sociodemográfico com as seguintes variáveis: sexo, idade, estado civil, naturalidade, se pratica atividade física por recomendação médica, ocupação, escolaridade, horas semanais de prática esportiva, modalidade esportiva praticada (voleibol adaptado, ginástica, bocha, peteca, malha e dança), horas de sono e se é portador de alguma doença crônica; II) questionário genérico de qualidade de vida The Medical Outcomes Study 36-item Short Form Health Survey (SF-36), instrumento multidimensional composto de 36 itens relacionados a oito domínios: Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais, Aspectos Emocionais, Saúde Mental e mais uma questão de avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e de um ano atrás. Resultados: Dos 60 participantes, 68,97% são do sexo feminino, a média de idade foi de 70,3 anos, 58,33% se enquadram no estado civil outros (viúvo, solteiro ou separado), 55% não praticam atividade física por recomendação médica, apresentaram uma média de 7,7 horas de sono e média de prática de atividades físicas esportivas de 4,7 horas semanais em média. Os participantes estudados apresentaram melhores escores nos domínios: Aspectos Sociais (85,83); Saúde Mental (81,73); Capacidade Funcional (80,75). Os piores índices foram encontrados nos domínios: limitação de Aspectos Físicos (59,17), limitação de Aspectos Emocionais (64,41) e Estado Geral de Saúde (66,58). No item doença crônica em relação ao SF-36, foi encontrado o maior número de domínios com índices preocupantes e limitadores da QV dos idosos: Capacidade Funcional, Dor, Estado Geral de Saúde. Conclusão: Este estudo permitiu verificar que os índices de QV dos atletas da terceira idade do município de Ponta Porã, MS, participantes do Projeto Conviver, são favoráveis, fortalecendo a importância de ações esportivas e atividades físicas voltadas para os idosos.
Palavras-chave: Qualidade de Vida. Idoso. Atividade física.
Esta dissertação identifica e discute as Representações Sociais de futsal para pais e filhos em uma escola de iniciação esportiva em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O objetivo do estudo foi compreender como esses praticantes da atividade física de futsal, bem como seus familiares, constroem suas compreensões de senso comum sobre o futsal, e por ancoragem e objetivação as convertem em Representação Social. Os sujeitos da pesquisa foram crianças que frequentam essa escola nas categorias Fraldinha (7 a 8 anos), Pré-mirim (9 a 10 anos) e Mirim (11 a 12 anos), além de seus pais. O objeto da investigação consistiu em levantar e analisar os significados atribuídos por esses sujeitos ao futsal, abrangendo seus aspectos de atividade esportiva, de atividade lúdica, de socialização, de integração familiar, de possível elo para a profissionalização e de prática educativa. O referencial teórico adotado foi o da Teoria das Representações Sociais, que, por focalizar o universo consensual, explicita a consciência coletiva sobre determinado fenômeno. Como instrumentos de pesquisa utilizaram-se o roteiro de entrevista e observações de campo. Por meio da análise temática, foi possível vislumbrar que as Representações Sociais de futsal, nessa população, abrangem não apenas sua natureza de prática esportiva, mas também seu papel estrutural, lúdico, profissional, social, familiar e educativo para pais e filhos.
Palavras-chave: Representação social; Futsal; Psicologia do esporte.
Este trabalho tem por finalidade abordar os estudos da representação social e da identidade, com o objetivo de oferecer uma compreensão ampliada sobre psicologia e religião, que tem conquistado espaços significativos na produção do conhecimento. Esta pesquisa, no campo da psicologia social, possibilita abordagens que se tornaram interdisciplinares, perpassando por diferentes subjetividades e objetividades. A fundamentação teórica apresenta a abordagem teórico-metodológica sobre identidade e representação social. Para os processos da construção da identidade levaram-se em conta as pessoas em relação ao seu contexto histórico e social. Os conceitos que norteiam este trabalho foram destacados por vários autores, entre eles, Valle (1998), sobre a psicologia e a experiência religiosa, Jodelet (1988) e Grubits (1994) sobre a representação social, Ciampa (1988) e Vala (2004) sobre a identidade do grupo e das pessoas e Lane (1988) sobre a psicologia social. A pesquisa tem como base para sua realização o método qualitativo. Elaborou-se um questionário para a entrevista semidirigida, priorizou-se a observação do cotidiano e foi aplicada uma dinâmica de grupo. Participou da pesquisa um grupo de oito irmãs do Carmelo de Petrópolis. A análise dos dados teve como objetivo investigar com seriedade o porquê da escolha de viver em sistema de clausura, a construção da identidade, os processos formativos das irmãs, a representação da clausura e a relação com o mundo externo. Observou-se no resultado da análise dos dados o quanto é relevante a realização pessoal e comunitária vivida no cotidiano do Carmelo. A clausura representa a casa, a família e o ambiente, pela qual se vive plenamente na intimidade com Deus. Tem-se uma busca pela solidão, favorecida pelo silêncio, e o grupo garante uma vida saudável, uma identidade consistente e fundamentada na história e na tradição. O presente estudo teve a intenção de aprofundar o contexto histórico e social da vida religiosa em sistema de clausura, e procurou entender os sentidos atribuídos a essa vida.
Palavras-chave: Psicologia, Vida religiosa, Clausura, Identidade e Representação Social.
O presente trabalho teve por objetivo analisar as Representações Sociais de saúde e doença e sua articulação com as políticas públicas para frequentadores da Estratégia de Saúde da Família num município rural de Mato Grosso do Sul, podendo auxiliar na construção de novas políticas públicas de saúde para populações rurais e melhores condições de vida. A pesquisa utilizou o método qualitativo. A coleta de dados foi realizada no período de abril a setembro de 2011, no dia de atendimento médico, em uma sala previamente definida na Estratégia de Saúde da Família. O instrumento para a coleta de dados foi à entrevista semiestruturada, na qual participaram 19 pessoas, sendo 15 mulheres e 4 homens, com idade entre 20 e 40 anos. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e analisadas por meio da teoria das Representações Sociais. Os dados sociodemográficos da pesquisa revelaram que quanto ao grau de escolaridade há predominância do ensino fundamental, enquanto a renda familiar tem uma média de R$ 1.134,00. Doze mulheres possuem ocupação "do lar" e três homens são motoristas. As representações sociais apresentadas nos resultados dessa pesquisa demonstraram que os participantes, em sua maioria, mostraram que saúde é fundamental e importante, estando associada a bem-estar ou estar bem, considerando as condições de saúde relacionadas aos serviços a que possuem acesso. Alguns entrevistados relataram que não adotam medidas de prevenção como combate às doenças, não tendo papel ativo nesse processo, em especial os homens. Já a doença aparece como algo negativo e que pode atingir muito a vida das pessoas, associando-se para alguns dos participantes ao câncer, ao uso de medicamento e quando se está com dor. Além disso, a maior parte dos entrevistados não faz relação das suas condições de vida com as doenças que surgem. Os entrevistados consideram bons os serviços oferecidos pela Estratégia de Saúde da Família Rural, já que costumam compará-los a outros serviços. As visitas domiciliares são normalmente realizadas apenas pelos Agentes Comunitários de Saúde. O transporte oferecido nessa região foi considerado ruim. Para essas pessoas, o atendimento médico é fundamental, sendo esse profissional o detentor do saber. Espera-se alcançar benefícios em relação à formulação de futuras políticas públicas para as comunidades rurais, de modo que favoreça a permanência do homem no campo.
Palavras-chave: Saúde. Doença. Representação social. Políticas Públicas. Área Rural.
O percurso desta pesquisa refletiu sobre o câncer infantil e as vivências de seu tratamento para os familiares cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento oncológico no Hospital do Câncer Alfredo Abraao em Campo Grande, MS. Desta forma, a pesquisa possui uma abordagem qualitativa em psicologia, norteada pela ótica da Psico-oncologia, portanto, apresenta um discurso descritivo. Esta pesquisa buscou compreender a vivência e o significado do câncer para o familiar cuidador da criança e do adolescente em tratamento oncológico, uma vez que o mesmo é a pessoa mais próxima do paciente, que acompanha todo o percurso de seu tratamento. Os instrumentos utilizados para a realização da pesquisa de campo foram a observação participante e a entrevista semi-estruturada. Para tanto, foram entrevistados cinco familiares cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento oncológico do referido Hospital, usuários do Sistema Único de Saúde. Os resultados da pesquisa demonstraram que a desorganização familiar que acontece em decorrência do câncer infantil, é tanto física como emocional, proporcionando sentimentos como impotência, angústia, ansiedade, cansaço, culpa, sofrimento, desesperança, entre outros. Conhecer as mudanças, dificuldades, significado que a doença representa e os sentimentos vivenciados pelos familiares cuidadores torna-se essencial para o Psico-oncologista intervir promovendo o bem estar psicossocial do paciente e sua família. Portanto, o familiar cuidador necessita tambem de cuidado e atenção, provenientes da equipe de saúde, uma vez que ele representa o bem-estar e apoio físico e psíquico do paciente.
Palavras-chave: Câncer infantil. Psico-oncologia. Familiar/Cuidador.
A atuação do psicólogo no âmbito jurídico está em desenvolvimento no Brasil. Este
trabalho tem como objetivo conhecer a forma de atuação do psicólogo jurídico no
Mato Grosso do Sul que atua com processos pertinentes das Varas de Família,
apresentando suas práticas de trabalho com as crianças envolvidas no processo de
separação litigiosa dos pais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho
exploratório e descritivo, no qual três psicólogos jurídicos foram entrevistados. A
Psicologia Jurídica expande-se a cada dia, são inúmeras as solicitações de
avaliações psicológicas por parte dos juízes que as utilizam para respaldar suas
decisões no processo jurídico. A criança no processo de separação litigiosa dos pais
sofre desgastes emocionais e possíveis consequências psicológicas, então
considera-se de suma importância um trabalho do Psicólogo Jurídico para amenizar
estes fatores resultantes do litígio dos pais, com um trabalho preventivo com as
famílias, pois este profissional é o único que tem contato com os filhos diante deste
processo. Os psicólogos jurídicos do Mato Grosso do Sul não possuem estrutura
física adequada e quantidades necessárias de profissionais para atender a
demanda. Há uma sobrecarga de trabalho e prazos curtos para a realização do
mesmo e não há tempo hábil para desenvolver ações preventivas com as crianças e
se houver necessidade encaminha-se para um acompanhamento psicológico.
Palavras-chave: psicologia jurídica, trabalho do psicólogo jurídico, escuta da
criança.
Ao buscar problematizar a constituição de um sujeito na saúde na
contemporaneidade, esta pesquisa analisará as práticas de cuidado produzidas no
âmbito de uma UBS. Usando os referenciais genealógicos de Michel Foucault,
buscaremos um estranhamento com discursos que apresentam saúde e cuidado
como elementos naturalmente associados, para recolocarmos a questão desde a
perspectiva da governamentalidade e apresentarmos o cuidado dentro de uma
estratégia de governo que investe na vida da populações. Para isso faremos uma
história do cuidado, que em certa medida também será uma história da
subjetividade. A forma de pôr em análise essa questão será por meio de análises
históricas que se deterão sobre três momentos bem definidos, a antiguidade como
produção de uma forma de cuidado de si que se desdobra posteriormente no
Cristianismo; o Renascimento, como emergência das populações e de uma forma de
saúde sem cuidado; e a contemporaneidade onde o cuidado é associado à saúde
como uma estratégia de investimento na vida em vista de produção de um certo tipo
de subjetividade. Associado a isto traremos as falas de usuários e trabalhadores do
SUS/UBS São Francisco como materialidades de análise a fim de colocarmos em
questão certas estratégias de poder-saber em vista da produção de certos discursos
na saúde. O cuidado foi tematizado não como um conceito metafísico e que evoluiu
ao longo dos anos, mas como uma forma de o sujeito agir sobre si mesmo, mas
também como parte de uma estratégia de governo dos outros que na
contemporaneidade foi associado ao campo da saúde como forma de produzir uma
subjetividade saudável. A governamentalidade é a racionalidade responsável por
esse processo de produção, pois ela se faz notar nas dimensões mais cotidianas do
individuo, moldando um campo de possibilidades, onde o individuo poderá eleger as
mais adequadas tornando-se co-participante do processo produção de saúde.
Palavras-chave: Sujeito.Práticas de Cuidado. Saúde. SUS.
O problema da presente pesquisa se expressa na pergunta que interroga pelas representações
sociais de saúde e doença que subjacen às praticas cotidianas de professores/pesquisadores
universitários considerados em situação de vulnerabilidade e risco. O objetivo da pesquisa foi
levantar e circunscrever as representações sociais de saúde e doença em um grupo de
professores de uma Instituição de Ensino Superior do Mato Grosso do Sul. Utilizamos como
referencial teórico e interpretativo a Teoria das Representações Sociais, pelo fato de que essa
teoria permite compreender como as representações sociais de saúde e doença se decantam na
forma de crenças e práticas capazes de criar condições para as situações de vulnerabilidade,
risco e proteção. A análise e a discussão permitiu entrever nas falas dos participantes, por um
lado, que as representações sociais de saúde vão desde o cuidado com o corpo e a
alimentação, passando pela resistência à medicalização, terminando com um excurso sobre as
contradições de práticas de cuidado e proteção interrompidas e, por outro, que as
representações sociais de doença vão desde o acumulo de trabalho, passando pela intensidade
dos trabalhos no segundo semestre letivo na instituição de ensino; tempos fortes como aluno
de pós-graduação e como professor de graduação e pós graduação, pela relação com os pares
e terminando com as jornadas de trabalho inflacionadas.
Palavras-chaves – Representações Sociais; Saúde e Doença; Professores Universitários.
Introdução: O diagnóstico de câncer abrange de forma gradativa e simultânea, aspectos físicos, psicossociais, emocionais e financeiros do paciente. No entanto, os avanços da medicina já permitem o controle dos sintomas e estadiamento de tal doença. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos sob cuidados paliativos cadastrados no Centro Ambulatorial de Tratamento de Câncer no município de Dourados, Mato Grosso do Sul em 2011. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A amostra teve 70 participantes – pacientes oncológicos que realizavam acompanhamento paliativo no Centro Ambulatorial de Tratamento de Câncer. Foram aplicados dois instrumentos para coleta de dados: o Questionário Sociodemográfico Ocupacional e um instrumento específico para avaliar a qualidade de vida em oncologia, o EORTC QLQ – C30 com dezesseis domínios, distribuídos em quatro escalas: Escala de Saúde Global e Qualidade de Vida, Escala Funcional, Escala de Sintomas e Escala de Dificuldades Financeiras. Resultados: Dos 70 participantes da pesquisa, a média de idade foi superior a 60 anos (p = 60%), predominância do sexo masculino (p = 65,71%), cor branca (p = 65,71%), casados (p = 68,57%), católicos (p = 81,43%), ensino fundamental incompleto (p = 77,14%), afastado das atividades laborais (p = 57,58%), renda per capita bruta acima de um salário mínimo (p = 76,81%), não praticante de atividade física (p = 65,71%), até cinco anos de terapêutica (p = 60%), submetido a dois tipos de tratamentos (p = 60,29%), apenas uma internação no curso da doença (p = 55,07%) e provenientes de Dourados (p = 55,38%). Quanto ao percentual dos diagnósticos da amostra, houve predomínio do sexo masculino (p = 65,71%) com câncer de próstata (p = 37,14%) e esôfago (p = 12,86%), seguido do câncer de mama (p = 21,43%) no sexo feminino. A qualidade de vida esteve pior nos pacientes com mais de cinco anos de terapêutica nos domínios função física (p=0,019), emocional (p=0,049) e cognitiva (0,049); nos que foram submetidos a dois tipos de tratamento nos domínios fadiga (p=0,002) e dor (p=0,020) e aos que foram submetidos a mais de duas internações desde o diagnóstico oncológico nos domínios função cognitiva (p=0,048), insônia (p=0,031) e dificuldade financeira (p=0,006). Conclusão: Os resultados demonstram a necessidade de reflexão nas ações de assistência e prevenção, principalmente em relação à saúde do homem nesse município e não apenas àqueles diagnosticados com câncer, pois distinguir implicações que interferem na qualidade de vida dos pacientes auxilia os profissionais ligados ou não aos cuidados paliativos, a desenvolverem uma prática mais qualificada baseada em evidências.
Palavras-chave: Qualidade de vida. Oncologia. Cuidados Paliativos. Índice de Qualidade de Vida. EORTC QLQ C-30.
Esta pesquisa teve inicialmente como objetivo analisar as representações sociais de saúde e doença na comunidade ribeirinha de Porto da Manga situada no município de Corumbá-MS. Mas, no decorrer das entrevistas e do contato com os entrevistados, terminou por encontrar e mostrar os mecanismos de construção social do adoecimento na referida comunidade. Como metodologia foi utilizada a análise qualitativa, com observação participante. A comunidade, localizada na margem esquerda do Rio Paraguai, fica a 76 km da cidade de Corumbá e atualmente é composta por aproximadamente 30 famílias, em torno de 200 pessoas, que na sua maioria, são coletores de iscas, pescadores profissionais e piloteiros. Para a coleta de dados foram convidadas 55 pessoas, das quais 47 aceitaram responder o questionário semiestruturado e oito, se recusaram participar. Com relação aos mecanismos geradores do adoecimento foi possível contatar no campo da educação que apenas 8% da população possuem o ensino médio completo, mas 69% não concluíram o ensino fundamental. Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que apenas 15% dos entrevistados ganham mais de um salário mínimo por mês. A grande maioria dos moradores, ou seja, 81% residem na comunidade há mais de dez anos. Percebe-se ainda que o adoecimento também se constitui no fato de que a comunidade não possui água tratada, posto de saúde, coleta de lixo e nem rede esgoto. A água utilizada para consumo humano é retirada do rio e tratada pelos próprios moradores com cloro e sulfato de alumínio. A falta de posto de saúde revela que o local é completamente esquecido pelos órgãos públicos. A omissão do estado no campo da saúde, educação e segurança contribui para a produção do adoecimento dos ribeirinhos que são obrigados a viver em casas que não oferecem as mínimas condições de moradia digna. Apenas as pessoas com doenças consideradas por eles mais graves, como mordida de cobra e pneumonia, são encaminhadas para Corumbá. As demais enfermidades são tratadas na própria comunidade por uma benzedeira. A construção social do adoecimento dos ribeirinhos também fica evidente na forma de trabalho que desenvolvem como coletores de iscas. Para tirar o sustento da família os moradores são obrigados a ficar até 12 horas por dia com a maior parte do corpo submerso no rio para conseguir pegar as iscas vivas, vendidas aos atravessadores por R$ 0,25 (vinte e cinco centavos) o que contribui para dar suporte ao turismo de pesca, atividade que sustenta toda a economia local.
Palavras-Chave: Comunidade – Representações Sociais - Coletores de iscas – Construção do adoecimento.
A partir de minha prática em serviços de saúde da rede pública e das vivências expressas por trabalhadores inseridos no contexto da saúde, percebi a importância de problematizar a maneira como esses profissionais são capacitados para o "saber cuidar", considerando-se o modo de gestão proposto pelo Programa Nacional de Humanização, inserido no Sistema Único de Saúde. O objetivo geral deste estudo é fazer uma genealogia da relação entre trabalho e saúde no âmbito das políticas públicas para compreender de que modo as relações de saber e poder constituem os processos de trabalho de profissionais da saúde que atuam na rede básica em Unidades Básicas de Saúde e uma Unidade de Saúde 24 Horas, localizadas em Campo Grande, MS. Utilizei-me de Michael Foucault como base na literatura científica para abordar as formas de construir verdades, saberes e poderes que permeiam as relações intersubjetivas, enfatizando as relações de trabalho, sejam estas simétricas ou assimétricas; ao mesmo tempo, dialoguei com autores contemporâneos, discutindo os domínios de saber da Saúde Pública, Saúde Coletiva, Gestão em Saúde e Psicologia Social da Saúde. Os participantes da pesquisa foram os profissionais lotados nos serviços mencionados, nas áreas: administrativa, médica, enfermagem, serviço social, psicologia, odontologia, e outras. Para o desenvolvimento deste estudo, utilizo como ponto de apoio a abordagem teórico-metodológica sobre práticas discursivas e produção de sentidos, alinhada com pressupostos do construcionismo social. O delineamento da metodologia efetivou-se pelas oficinas focais com o tema Relações de Trabalho na Saúde Pública, com uso das associações livres geradas pelos sujeitos da pesquisa. As práticas e discursos de saberes e poderes no contexto de seus cotidianos de trabalho foram transcritas e analisadas. Tais discursos, associados a tecnologias e dispositivos, conforme dito por Michael Foucault, ofereceram subsídios para compreendermos aspectos que compõem os múltiplos sentidos das relações de trabalho e sobre o "saber cuidar", fazendo uso da tecnologia de si. Foi possível perceber na análise que as práticas por meio dos discursos são indissociáveis; mesmo quando ocorrem rupturas sobre um modo de verdade, as relações de poder estão presentes. Desse modo, ao mesmo tempo em que se desconstroem significados, também ocorrem ressignificações. A herança de modos de governar está inserida no contexto da saúde, seja pelas governamentalidades da Idade Média voltada para territórios e consequentemente o que está inserido neste, a exemplo da população, seja por outros modos de governo, como o de polícia, o da disciplina por meio da vigilância, os modos de construção de verdades firmados em modo jurídico como fonte reguladora, a biopolítica, o liberalismo e o neoliberalismo, desaguando nos processos da Saúde Pública e Saúde Coletiva e assim compondo um tecido humano formado por trabalhadores e usuários que vivenciam modos de saberes e poderes no contexto histórico e social.
Palavras-chave: Saúde pública e coletiva. Governamentalidade na saúde. Trabalhadores da saúde. Práticas discursivas e produção de sentidos.
Introdução: Com a evolução das técnicas de tratamento das doenças crônicas na infância, a preocupação passou a não contemplar apenas aspectos físicos inerentes à doença, mas também à qualidade de vida (QV) destas crianças no decorrer e após o tratamento. A cardiopatia congênita (CC) está inserida no contexto das doenças crônicas considerando seu tratamento e acompanhamento longo, muitas vezes permeado por internações, cirurgias e outros aspectos. Dessa forma, a CC pode trazer importantes repercussões na QV da criança. Objetivo. Avaliar a QV da criança portadora de CC sob a ótica da própria criança. Método. Esse estudo caracteriza-se como exploratório, descritivo e de corte transversal. Participaram do estudo 25 crianças com diagnóstico de CC com idade entre 4 e 12 anos. Para avaliar a QV dessas crianças, foram utilizados dois instrumentos: um questionário sociodemográfico e o Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé (AUQEI). Resultados. Das 25 crianças participantes, 10 são do sexo masculino e 15 feminino, com idade predominante entre 4 e 6 anos. Relacionando o diagnóstico, 18 tiveram acesso ao diagnóstico até os 2 anos de vida, sendo que dessas, 12 antes de completar o sexto mês de vida. No tratamento, 13 foram submetidas à cirurgia para correção da CC. Nos diagnósticos, houve predomínio da Comunicação Interventricular (7) e Comunicação Interatrial (4). Na avaliação da QV, 18 crianças apresentavam QV satisfatória e a média geral de escore do grupo foi 52,60 ± 7,3. Não foi identificada correlação significativa entre os dados sociodemográficos e a análise da QV (p<0,05). Os domínios mais bem pontuados foram Lazer e Família, com destaque para as questões abordando "aniversário", "mãe" e "avôs". O domínio com menor pontuação foi Autonomia, cuja questão com a temática "longe da família" demonstrou o menor escore. Conclusões. Os achados obtidos demonstraram QV satisfatória nas crianças cardiopatas, em que a doença não é fator predominante para redução da QV no grupo estudado. O baixo escore obtido no domínio Autonomia pode estar ligado à relação superprotetora dos pais e à dificuldade em reconhecer que o filho tem capacidades semelhantes ou mesmo iguais aos de outras crianças sãs. Uma QV satisfatória na criança com CC pode estar relacionada a mecanismos de adaptação à doença.
Palavras-chave: AUQEI. Qualidade de vida na infância. Criança. Cardiopatia congênita.
Introdução: O transplante renal é a terapia de escolha mais recomendada para portadores de Insuficiência Renal Crônica, devido à melhora na Qualidade de Vida e do aumento da sobrevivência do paciente frente aos demais tratamentos. Objetivo: Compreender o significado do transplante renal e o impacto desta modalidade terapêutica na vida de pacientes cadastrados na Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Dourados e Região. Método: Participaram da pesquisa 15 pacientes submetidos a transplante renal, cadastrados na entidade e selecionados aleatoriamente. Adotou-se a pesquisa qualitativa, o instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada com roteiro de perguntas com dados sociodemográficos, questões relacionadas à doença e tratamento antes do transplante renal e o modo como o paciente se percebe no processo pós-transplante. A análise das falas foi o recurso utilizado para o tratamento dos dados. Resultados: A Qualidade de Vida para os transplantados renais significa ter boas relações interpessoais ? família/amigos, condições financeiras/trabalho, boa saúde e liberdade, reconquistando o poder de realizar atividades cotidianas. Os participantes perceberam que o transplante renal possibilitou uma vida nova um recomeço com outra significação. Também ressaltaram que há um prolongamento de anos de vida, além de permitir um cotidiano de vida mais independente. Dentre as expectativas enfatizaram as oportunidades reconquistadas após o transplante renal, que permite desenvolver a segurança de poder fazer planos para o futuro, projetos de vida e escolhas, recuperando a autonomia perdida com a doença, também emerge a preocupação em manter o enxerto funcionante e com os avanços no tratamento da doença. Os aspectos apontados como negativos no pós transplante foram as dificuldades de acesso à medicação, acesso à consultas médicas, laudos e exames, preocupação e insegurança quanto a rejeição e os efeitos colaterais dos medicamentos. Conclusão: A partir dos resultados encontrados, conclui-se que, os participantes perceberam que a Qualidade de Vida após o transplante renal melhorou, porém é um processo contínuo exigindo cuidados no regime terapêutico, a fim de manter-se saudável. Os dados desta pesquisa trouxeram informações sobre o comportamento humano frente à problemática do transplante renal, oferecendo subsídios aos profissionais na busca para a melhoria dos serviços prestados a essa clientela. Palavras-chave: Qualidade de Vida. Transplante renal. Saúde.
Introdução. A qualidade de vida tornou-se tema constante na atualidade devido à sua abrangência multidisciplinar e por permear todas as áreas do conhecimento, constituindo-se um conceito sociocultural aplicável às políticas e aos profissionais de saúde. Nesta esfera encontram-se os profissionais de enfermagem que devido às demandas físicas, emocionais e mentais decorrentes do trabalho podem apresentar comprometimento de sua qualidade de vida e capacidade laboral. Objetivo. Avaliar a qualidade de vida e a capacidade para o trabalho dos profissionais de enfermagem de um hospital de grande porte de Dourados, MS. Método. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo. De um universo de N=145 profissionais de enfermagem lotados nas unidades de terapia intensiva adulto, centro-cirúrgico e pronto-socorro foram amostrados n=129. Além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aplicaram-se três instrumentos para a coleta de dados: o questionário WHOQOL-Breve, o Índice de Capacidade para o Trabalho. Ambos instrumentos de autoavaliação e autoaplicáveis, e um instrumento contendo as variáveis sociodemográficas para delinear o perfil dos profissionais abordados. Para a análise estatística descritiva utilizaram-se os testes: Qui-quadrado, t de Student, Correlação Linear de Pearson e a Análise de Variância (ANOVA), com confiabilidade 95%. Resultados. Entre os 129 profissionais amostrados, obteve-se que 86,82% são do sexo feminino, casados (55,12%), técnicos de enfermagem (46,51%), que se dedicam exclusivamente ao seu posto de trabalho (64,34%), adultos jovens (Md=33,8 anos) com renda mensal de R$1.229,53. A unidade de terapia intensiva é o setor com maior expressividade da amostra (37,82%) e 62,39% dos trabalhadores executam suas atividades laborais nos setores críticos por afinidade/satisfação pessoal e profissional. Na análise dos domínios do WHOQOL-Breve, obteve-se que as mulheres estão melhores em qualidade de vida do que os homens devido aos baixos escores dos domínios Físico (p=0,029), Psicológico (p=0,008) e Meio Ambiente (p=0,041). Os casados apresentam baixo escore no domínio Meio Ambiente (p=0,045). A idade apresentou-se comprometida no domínio Relações Sociais (p=0,04) Os profissionais lotados no centro cirúrgico obtiveram nos domínios Psicológico (p=0,01) e Meio Ambiente (p=0,016) os mais baixos escores. Na correlação Índice de Capacidade para o Trabalho/WHOQOL-Breve, obteve-se baixos escores dos domínios Psicológico (p=0,00), Relações Pessoais (p=0,00) e Meio Ambiente (p=0,00). Conclusão. Os participantes possuem uma percepção positiva de sua qualidade de vida e capacidade laboral e há uma significativa relação entre a capacidade laboral e a qualidade de vida, pois quanto menor o Índice de Capacidade para o Trabalho, mais baixos foram os escores de qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem. Palavras-chave: Enfermagem. Qualidade de vida. Capacidade para o trabalho.
Introdução: A gestação, embora seja um evento comum na vida reprodutiva da mulher, pouca atenção tem merecido quanto às modificações normais percebidas nos domínios físicos e psicológicos de seu estado de saúde e percepção quanto a sua qualidade de vida. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida das gestantes consideradas de alto risco, atendidas em Centro de Atendimento à Mulher do município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A amostra desta pesquisa compôs-se de 110 participantes, gestantes com diagnóstico confirmado de gestação de alto risco que realizaram seu pré-natal no Centro de Atendimento à Mulher. Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados: um questionário sociodemográfico com as seguintes variáveis: idade, escolaridade, ocupação, situação conjugal, renda familiar, profissão, número de filhos, vícios, inicio do pré-natal e problemas da gestação atual; o outro instrumento foi o Índice de Qualidade de Vida de Ferrans & Powers adaptado, relacionado à qualidade de vida, através de quatro domínios: Saúde/funcionamento, Psicológico/espiritual, Socioeconômico e Família. Resultados: Das 110 participantes da pesquisa, a média de idade foi de 28,2 anos, 75% são casadas, quanto à escolaridade 43,64% possuem nível fundamental, 69,61% são católicas, 63,89% são brancas, 51,82% trabalham fora de casa, com renda média familiar de R$ 1.251,00, sendo que 71,82% possuem algum hábito (beber café, tereré, chimarão, bebidas alcoólicas ou fumam), 70% não realizam atividade física, 89,09% residem com familiares, 61,76% possuem moradia própria, 41,82% possuem somente um filho, 68,81% não tiveram abortos em gestações anteriores, 84,40 iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre e quanto a(s) problema(s) apresentado(s) nessa gestação 29% apresentam hipertensão arterial e 17,2% diabetes gestacional. Com relação ao estado civil das gestantes em relação ao instrumento de qualidade de vida, houve diferença significativa nos domínios Socioeconômico (p=0,006) e Família (p=0,019), nos quais as gestantes solteiras estão piores em qualidade de vida em relação às gestantes casadas. Já em relação ao número de filhos das gestantes, houve diferença significativa no domínio Saúde/funcionamento (p=0,037) sendo que, quanto maior o número de filhos, pior a qualidade de vida no domínio significativo. Conclusão: Esses resultados demonstram a necessidade de acompanhamento dessas participantes em programas especiais inseridos no pré-natal, de modo a contribuir para o enfrentamento da gestação de alto risco, melhorando assim a qualidade de vida dessa população. Conclui-se que, apesar dos desconfortos físicos e emocionais vivenciado pelas gestantes, elas perceberam sua qualidade de vida positivamente. Palavras-chave: Qualidade de vida. Gestação de alto risco. Pré-natal. Ferrans & Powers.
Esta pesquisa lança um olhar de estranhamento sobre alguns discursos em que a família apresenta se como enunciado para o cuidado. Por meio dos referenciais genealógicos de Michel Foucault e do conceito de linhas cartográficas de Gilles Deleuze, uma genealogia-cartográfica será o modo de colocar em análise materialidades diversas que conformam desenhos/discursos sobre uma famíliacuidado. Para tanto, as relações de poder e os regimes de verdade constituem as principais ferramentas conceituais para esta forma de pesquisa. A proposta de emparelhar materialidades variadas, indo de referências acadêmicas ao senso comum, embasa-se, portanto, numa perspectiva pós-estruturalista, e tem como objetivo tanto analisar como se constitui múltiplo o traçado desta família-cuidado quanto problematizar o conceito de neutralidade científica. Ao invés de conceber os discursos contidos nestas materialidades como representações da realidade, propõem-se que suas linhas traçadas performam determinadas realidades, sendo as marcas identitárias de gênero pulverizadas pelos saberes ?psi?, importantes vetores na conformação de justificativas de intervenções sobre o cotidiano familiar, em específico das famílias mais pobres. O campo da saúde e o campo social constituem assim, dois eixos por onde esta pesquisa problematiza as proveniências e condições de emergência de algumas práticas ancoradas neste desenho. Conceituam-se de séries, enunciados como ?cuidado familiar-identidade feminina? e ?família desestruturada-enfermidade-pobreza? que quando articulados compõe as linhas de uma ontologia da família-cuidado. Ao desnaturalizar as linhas/discursos das famílias como locus do cuidado, em que se toma também o das ?famílias desestruturadas? e o dos ?menores infratores?, tornase possível cartografar que antes de constituir uma essência indissociável, a constituição de uma família-cuidado implica muito mais analisá-la como mecanismo e agência. Palavras-chave: Família; Cuidado; Genealogia; Cartografia; Discursos.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a qualidade de vida geral e a prevalência de stress em docentes de uma faculdade privada de Foz do Iguaçu-PR. Tratou-se de um estudo quantitativo, exploratório, descritivo e de corte transversal. Os participantes da pesquisa foram escolhidos por amostragem aleatória simples. O procedimento de coleta de dados ocorreu através da aplicação conjunta de três instrumentos de pesquisa: questionário sóciodemográfico, o Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida (WHOQOL-breve) e o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os testes foram aplicados com 95% de confiabilidade na comparação entre as variáveis sócio-demográficas em relação ao WHOQOL-breve e ao ISSL. No perfil sócio-demográfico, dos 63 respondentes, predominam professores do sexo feminino (61,9%), casados (63,49%), com filhos (50,79%), renda de até sete salários mínimos (61,9%), titulação stricto sensu (55,56%), sete anos ou mais de vínculo com a instituição (60,32%), possuem outra atividade remunerada (84,13%) e atualmente não realizam tratamento de saúde (60,32%). Os professores apresentaram uma média de idade de 40 anos, e uma jornada de trabalho de aproximadamente 20 horas semanais na docência. O escore médio dos professores no instrumento WHOQOL-breve foi 67,67 e o domínio pior avaliado foi “auto-avaliação da qualidade de vida” com 63,10. Em relação ao ISSL, 46,03% apresentaram stress, com predominância de docentes na fase de resistência (89,66%) e de sintomas psicológicos (51,72%). Em todos os domínios do instrumento WHOQOL-breve os professores que não estão com stress apresentaram maiores escores de qualidade de vida em relação aos professores que apresentaram stress (p < 0,001), significando que, estatisticamente, os docentes com stress tendem a possuir menor qualidade de vida em comparação aos que não apresentam stress. Conclui-se que a alteração na qualidade de vida dos professores deve-se ao aumento das situações estressoras e da crescente dificuldade em seu enfrentamento. A fragilidade de vínculo ocupacional e as relações de trabalho orientadas pela lógica de mercado, desencadeando pressão por resultados, são situações comumente vivenciadas pelos educadores, reforçando o histórico de precarização da tarefa docente.
Palavras-chave: Qualidade de vida, Stress, Professores.
O suicídio entre os indígenas Guarani-Kaiowá localizados em Mato Grosso do Sul, Brasil, apresenta elevadas taxas se comparadas aos maiores índices já registrados nacional e internacionalmente. Compreender tal fenômeno vem sendo um grande desafio aos profissionais envolvidos com essa questão. Dessa forma, esta pesquisa objetiva identificar os aspectos psicossocioculturais relacionados com o suicídio a partir de um estudo de caso de uma família indígena de Mato Grosso do Sul com alta prevalência de suicídio. Para tanto, realiza-se um levantamento sociodemográfico atingindo 31 membros dessa família extensa, que apresenta 7 casos de suicídio, a fim de conhecer as condições sociais e econômicas em que esta se insere. Realizam-se também 7 entrevistas de autópsia psicológica com familiares próximos do suicida, para investigar quais as intenções, os determinantes e o contexto psicológico da vítima que se suicidou. Os participantes deste estudo pertencem à etnia Guarani-Kaiowá da Aldeia Bororó situada no município de Dourados, MS. A análise dos dados e relatos obtidos demonstra que as causas para o fenômeno do suicídio indígena são multifatoriais. Quanto às questões de ordem psicológicas observa-se a fragilidade emocional, tristeza profunda, decepções amorosas, conflitos familiares, baixa autoestima, frustrações, entre outros. Referentes aos aspectos sociais e econômicos evidenciam-se precárias condições de sobrevivência que perpassam pelo comprometimento de algumas necessidades básicas como alimentação, moradia, emprego e geração de renda e que afetam a perspectiva e qualidade de vida dessa população. Por fim, por meio dos relatos, identifica-se a existência de aspectos culturais como a crença de feitiço realizado contra a vítima, tornando-a vulnerável. Dessa forma, infere-se que os aspectos psicológicos, sociais e culturais se inter-relacionam e se complementam para a efetivação do ato suicida.
A avaliação da Qualidade de Vida (QV) em estudantes universitários tem se constituído um importante campo de pesquisa. Este construto muitas vezes está vinculado à condição de saúde, porém nem sempre há relação direta entre saúde e QV. Um aspecto importante levando em conta no presente estudo é a percepção dos participantes, a qual revela, de maneira mais fidedigna, a QV destes. Os acadêmicos de Enfermagem estão suscetíveis a desequilíbrios emocionais por se tratar de pessoas que estão em contato direto com a enfermidade e a morte, o que pode influenciar negativamente em sua QV. A pesquisa em pauta visou avaliar a qualidade de vida geral dos acadêmicos do curso de Enfermagem de uma faculdade privada matriculados nos 1°, 2º, 3º e 4º anos (140 alunos). Foram utilizados como instrumentos de pesquisa o questionário geral de qualidade de vida do grupo de qualidade de vida da organização mundial de saúde World Health Organization Quality Of Life -WHOQOL-100 e um questionário sócio-demográfico. O primeiro está dividido em seis domínios: Físico, Psicológico, Nível de Independência, Relações Sociais, Meio e Ambiente e Aspectos Espirituais/Religião/Crenças Pessoais. O questionário sócio-demográfico abordou as seguintes variáveis: sexo, idade, estado civil, trabalho e jornada de trabalho, transporte, outra graduação, problema de saúde, moradia e classe social. A pesquisa foi de natureza quantitativa, descritiva e de corte transversal, na qual foi estabelecido um período no ano (entre outubro e novembro de 2009) para a aplicação dos referidos questionários. Utilizaram-se os testes de Diferença de Médias, Análise de Variância (Anova) e Correlação Linear de Pearson para as análises dos dados. Verificou-se que os acadêmicos possuem maiores escores, logo, melhor QV, com relação ao domínio Aspectos Sociais e piores escores nos domínios Físico e Meio Ambiente. Foram detectadas diferenças estatisticamente significativas quando cruzados os dados do questionário sócio-demográfico com relação ao sexo e ao domínio Psicológico (p=0,044), sendo que os homens apresentaram uma melhor QV no que tangia a este domínio. Cruzando a variável Problemas de Saúde com os domínios do WHOQOL-100, verificou-se que a QV dos acadêmicos apresenta menores escores quanto ao domínio Físico (p=0,010), Psicológico (p=0,007) e Nível de Independência (p<0,001). Concluiu-se, portanto, que a QV dos acadêmicos de Enfermagem da referida instituição encontra-se abaixo da média com relação ao sexo e problemas de saúde. Os estudantes do sexo masculino possuem melhor QV do que os do sexo feminino com relação ao domínio Psicológico. Quanto à variável Problemas de Saúde, os alunos que possuíam algum tipo de problema apresentaram uma pior QV com relação aos domínios Físico, Psicológico e Nível de Independência.
Palavras-chave: Qualidade de vida; Acadêmicos; Enfermagem. WHOQOL-100.
A Enfermagem como profissão vem sendo modificada de acordo com transformações histórico-políticas do campo da saúde. Essas transformações acabam por engendrar marcas e formas de trabalhar em Enfermagem. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo investigar as marcas identitárias que produzem as formas de ser e trabalhar em Enfermagem a partir de uma abordagem construcionista. Realizar esta pesquisa partiu do interesse como docente em saber das diversas identidades que vêm sendo construídas e da possibilidade de criar outras marcas identitárias na formação em Enfermagem. O presente estudo analisa o processo de construção identitária do enfermeiro, descreve as principais características da formação deste profissional e analisa as práticas discursivas presentes nesta formação, considerando os discursos que tornam possível a própria profissão. Para esta reflexão, foi utilizada uma estratégia genealógica que auxilia a pensar na proveniência e emergência como produção da figura do profissional enfermeiro. As ferramentas utilizadas nesta genealogia são as relações de poder/saber/marcas identitárias constitutivas do campo do Construcionismo Social. Os materiais utilizados para a pesquisa foram: o currículo mínimo do Decreto n. 27.426, 14 de novembro de 1949, que regulamenta a Lei n. 775, de 6 de agosto de 1949; as diretrizes curriculares mencionadas na Resolução n. 3, de 7 de novembro de 2001, do Conselho Nacional de Educação; o Projeto Político Pedagógico e o currículo do curso de Enfermagem 2006 da Instituição de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul. Como resultados, foi possível a identificação de marcas como a assistência prestada pela Enfermagem, que se torna possível devido a relações de poder/saber conformadas em um discurso Biomédico, além de se considerarem os diversos acontecimentos no setor saúde que fizeram da Enfermagem uma ciência, e não uma categoria submissa à Medicina, a partir da proveniência do discurso da Saúde Coletiva. Essas novas marcas possíveis pela reforma da saúde no Brasil tornam atribuições da Enfermagem: planejar, coordenar e organizar os serviços de saúde, bem como a prática do cuidado. O estudo demonstrou que a Enfermagem é campo de construção de sujeitos e objetos, portanto, de marcas identitárias, produzidas pelos discursos encontrados no currículo, que atuam como tecnologias de poder/saber no interior da Instituição, contribuindo para a formação de enfermeiro mediante os discursos Biomédico e de Saúde Coletiva e ainda para os enfrentamentos dos discursos Biomédico e de Saúde Coletiva. Apesar de todas as modificações no campo da saúde, a formação em Enfermagem tem ainda uma interpelação intensa do discurso Biomédico, que é a marca principal do currículo. Palavras-chave: Marcas identitárias. Formação em Enfermagem. Relações de poder/saber. Discurso Biomédico. Discurso da Saúde Coletiva.
A cota racial na educação superior no Brasil é uma política de ação afirmativa que visa a reverter o quadro de desigualdade educacional da população afro-brasileira em relação à população branca. No Brasil, o tema divide as opiniões, e há muitas controvérsias, mesmo se tratando de uma medida para superar as desigualdades socioeconômicas existentes no país. Este estudo tem por objetivo identificar, entender o posicionamento, conhecimento, experiência e a percepção de alunos afro-brasileiros que estão na etapa de término do ensino médio ou em curso preparatório pré-vestibular, diante das políticas de cotas raciais para cursar a graduação superior. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória, que utilizou a entrevista estruturada para coleta dos dados e análise de conteúdo como ferramenta metodológica. Participaram deste estudo 26 alunos que se identificaram como afro-brasileiros e que estão no término do ensino médio ou no curso preparatório pré-vestibular e que concordaram em participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada no Instituto Luther King ? Ensino, Pesquisa e Ação Afirmativa e na Escola Estadual Antônio Delfino Pereira, Campo Grande, MS, e ambas as instituições, localizadas em Campo Grande, MS, atendem, em sua maioria, alunos afro-brasileiros que pretendem ingressar no ensino superior e não dispõem de poder aquisitivo suficiente. Os resultados deste estudo foram obtidos por meio da análise de conteúdo que utilizando o roteiro das entrevistas, e elaborados quadros facilitaram a organização dos códigos de significação usados pelos sujeitos para realização deste trabalho. Conforme a percepção dos alunos afro-brasileiros, os aspectos favoráveis das cotas raciais na educação superior são: conhecimento com a finalidade de competitividade; oportunidade para tentar conseguir o que os pais não tiveram condições de dar, e qualidade de vida, porque garante o futuro. Já os aspectos desfavoráveis são o receio de serem discriminados, e alguns dizem que as cotas podem aumentar o racismo. Quanto ao entendimento e posicionamento sobre as cotas raciais na educação superior, os alunos disseram que as cotas representam: direito, igualdade e oportunidade. Direito como forma de inclusão; igualdade a todos, sem distinção nenhuma a acesso a bens fundamentais, como a educação e emprego; e oportunidade, que facilitará a entrada do afro-brasileiro na universidade e também proporcionando o acesso ao mercado de trabalho. Diante dos resultados, verificamos que a cota racial na educação superior no Brasil visa a reverter o quadro de desigualdade educacional, porém, o que influencia o afro-brasileiro é uma inibição generalizada e arraigada contra a utilização de um direito e uma oportunidade de igualdade, mesmo quando esta lhe é concedida. Palavras-chave: Afro-brasileiro. Desigualdade social. Cotas raciais.
Os problemas sexuais femininos são uma importante discussão nos últimos anos. O presente estudo teve como finalidade avaliar uma das Disfunções Sexuais Femininas, a Inibição do Desejo Sexual, na qual mulheres passam a não desejar mais os seus parceiros sexualmente, com diminuição do seu desejo sexual, sofrendo prejuízos sociais, psicológicos e culturais. Essa disfunção sexual pode estar relacionada tanto a aspectos psicológicos, como a biológicos. Muitas mulheres com sintomas depressivos, frequentemente associado com o baixo desejo sexual procuram ajuda em clínicas especializadas para o tratamento. O presente estudo verificou e identificou um grupo de estudantes universitárias, em que, de um total estudantes 305 (N), foram avaliadas 87 (n) o que corresponde a 28,52% da população, e se os sintomas depressivos aumentam o risco da Disfunção Sexual Feminina ? Inibição do Desejo Sexual. O local da pesquisa foi em uma Instituição de nível superior. Foi entregue a cada universitária um termo de consentimento para a autorização da pesquisa e, em seguida, aplicado um questionário sociodemográfico, elaborado especialmente para atender os objetivos da pesquisa junto com o Inventario de Depressão Beck = BDI para avaliar sintomas depressivos e o Female Sexual Function Index para avaliar a disfunção sexual, Inibição do Desejo Sexual. Para a análise estatística, foi utilizado o teste de diferenças de médias e análise de correlação linear, sendo que todos os testes foram aplicados com 95% de confiabilidade. Verificou-se por meio do questionário sociodemográfico que a maioria das estudantes não trabalha (80,2%), possui alguma religião (74,7%), religião católica (69,2%), tem vida sexual ativa (73,3%), tem parceiro fixo (70,0%), praticam masturbação (43,9%), não realizam tratamento médico (88,4%), alegam não fazer uso de medicamentos (51,2%). Em geral as estudantes não apresentaram escore que indique risco de disfunção sexual na análise do Índice de Funcionamento Sexual Feminino. No Inventario de Depressão de Beck = BDI, mostrou-se uma maior população, 60,9%, de mulheres sem sintomas depressivos e 39,1% com sintoma depressivo leve /moderado. A partir dos dados obtidos, pode-se observar que os sintomas depressivos não aumentaram o índice da Disfunção Sexual Feminina, Inibição do Desejo Sexual na população investigada. Palavras-chave: Inibição do desejo sexual feminino. Sintomas depressivos. Disfunção sexual. Inventario de Depressão de Beck= BDI.
Sempre foi objeto de acirrado debate na psicologia a possibilidade da vivência do celibato como é apresentado pela Igreja Católica. Estudos dos últimos anos permitem afirmar com certo realismo esta possibilidade. A pretensão desta pesquisa não é debater esta possibilidade em si, mas indagar se os candidatos ao celibato sacerdotal estão sendo afetivamente formados ou capacitados para uma vivência adequada deste estado de vida. Esta pesquisa nasceu de uma inquietação do pesquisador de que corre-se, nas casas de formação, o risco de não se adotar um modelo formativo que capacite o candidato ao sacerdócio em sua dimensão afetiva para a vivência do celibato. O seu objeto de estudo é a teoria da ?autotranscendência na consistência?, desenvolvida a partir da psicologia do profundo de Luigi Rulla, que consiste na busca contínua da superação do eu atual como caminho da realização do eu ideal através da internalização dos valores transcendentes. Na prática formativa significa uma formação pautada no modelo formativo da integração, ou seja, levar o formando a assumir num processo de vida livremente escolhido, todas as forças dinâmicas (conscientes e inconscientes) da sua personalidade. O principal objetivo da pesquisa é descrever o atual modelo formativo humano-afetivo oferecido em um seminário de Mato Grosso para a vivência do celibato buscando identificar se este modelo tem contribuído para a ?autotranscendência na consistência? dos candidatos. O método proposto é o qualitativo e o levantamento dos dados se deu por meio de entrevistas com roteiro semi-aberto, realizadas com três jovens que vivem em sistema de internato no seminário pesquisado e três formadores do mesmo seminário. Estes dados foram interpretados hermeneuticamente a partir da teoria que embasa a pesquisa. Os resultados revelaram, em primeiro lugar, ao menos na realidade estudada, que a intuição inicial do pesquisador da adoção de um modelo formativo inadequado não se confirma, pois o modelo formativo adotado não se reduz a apresentar normas de comportamento, mas procura levar o candidato ao sacerdócio a, partindo de sua própria história, conhecer suas inconsistências para trabalhá-las internalizando os valores propostos pela instituição para a vivência do celibato. Consequentemente, partindo da análise do modelo formativo adotado, a saber o modelo da integração, pode-se perceber que tem havido um esforço pela busca da ?autotranscendência na consistência?. A pesquisa revelou igualmente a real necessidade de um ulterior acompanhamento dos candidatos depois de ordenados sacerdotes por meio de uma adequada formação permanente. Por fim, quanto às motivações da escolha vocacional em geral os candidatos se moveram inicialmente por motivações mais estéticas e depois de certo tempo de formação foram capazes apontar motivações mais consistentes. Em outras palavras, as motivações pelas quais entraram nem sempre são as pelas quais perseveraram na vocação.
A condição de saúde da população é fortemente influenciada por fatores ambientais e socioculturais. O objetivo desta pesquisa foi identificar as representações sociais de saúde e doença e a relação com o ambiente para um grupo de migrantes da cidade de Campo Grande, MS. Participaram da pesquisa 19 migrantes, de ambos os sexos e com média de idade de 63, beneficiados pelo Projeto ?Mudando para Melhor Imbirussu-Serradinho?, coordenado pela Empresa Municipal de Habitação (EMHA). Os participantes moravam em uma área de risco, às margens do córrego e, após o projeto, foi remanejada para uma área urbana. O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi uma entrevista estruturada com questões sobre dados sociodemográficos, saúde, doença, questões ambientais e o modo como os migrantes se percebem nesse processo. Os participantes revelaram que o que mais valorizam na vida é ter saúde e ter uma casa, porém não fazem uma relação entre ambas, pois muitos participantes afirmaram que a mudança de local de moradia não interferiu na sua saúde. Isso pode estar relacionado ao entendimento da saúde como um estado, e não como um processo, revelando a influência do modelo biomédico. A RS de saúde esteve associada à possibilidade de realizar certas atividades, a ter autonomia e manter sua independência. Já a representação de doença foi o inverso do que foi definido como saúde, além de ser algo muito triste e ser causada por fatores psicológicos. Alguns relatos sinalizaram as concepções sobre a falta de controle frente o processo de adoecer. Esse entendimento da saúde e doença revela que os participantes não consideram as fases assintomáticas de determinadas doenças, o que pode dificultar a adoção de comportamentos preventivos e manutenção de hábitos saudáveis. A respeito de quem seria o responsável pela saúde da população, os participantes destacaram três responsáveis: Deus, o médico e a própria pessoa. No entanto nenhum participante definiu mais de dois responsáveis pela saúde, não citou outros profissionais de saúde além dos médicos e nenhum destacou a saúde como um direito do cidadão e dever do Estado, o que pode dificultar a reivindicação por melhores condições ambientais e serviços de saúde. Associado a esse fato, os participantes relataram que a mudança de local de moradia propiciou-lhes um melhor acesso a serviços sociais e de saúde. Trabalhar com essa temática pode contribuir na otimização de futuros projetos que envolvam o processo de migração de populações (remanejamentos, acampamentos e assentamentos), visto que isso pode indicar formas para maximizar a adesão da população a esses projetos. Além disso, identificar como as pessoas percebem a relação entre saúde e ambiente pode contribuir no desenvolvimento de estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde, articuladas à conscientização ambiental, que busque estabelecer parcerias entre a sociedade civil e política.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a população de idosos no Brasil vai saltar de 7% para 14% até 2025, tornando o país o sexto no mundo em número de pessoas acima de 60 anos. Atreladas a isso vêm às preocupações de como lidar com esse fenômeno, seja no âmbito das políticas públicas sociais, educacionais e da saúde, tornando cada vez mais necessário estudar mecanismos que ajudem essa crescente população a ter uma vida digna e de qualidade. A velhice ainda é vista por muitos profissionais, pesquisadores e pela sociedade, na sua maioria, com preconceito, pois ainda é considerada como uma etapa que é caracterizada por perdas, sendo confundida com doença. Esta pesquisa teve como objetivo a identificação da representação social da saúde, doença, velho e velhice para pessoas acima de 60 anos, que fazem parte de um grupo de atividade física e outras que não fazem parte deste grupo, identificar suas características sócio-demográficas; conhecer sua relação com a imagem corporal e verificar o nível de autonomia dos participantes. Este estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde da Família São Benedito em Campo Grande-MS, e participaram vinte idosos que são atendidos pela Unidade e que desejaram fazer parte da pesquisa. Os participantes responderam a uma entrevista estruturada, que incluiu dados sócios demográficos, questões relacionadas à representação social de saúde e doença, velho, velhice e atividade física; responderam também questões sobre autonomia funcional e realizaram um teste de satisfação corporal. A análise dos dados foi qualitativa, tendo como base a teoria das representações sociais. Com este estudo, verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa eram do sexo feminimo, a média de idade de 69,4 anos, com instrução escolar em ensino fundamental incompleto, com renda proveniente de aposentadoria ou pensão, com valor médio de um salário. O problema de saúde que mais afeta o grupo é a hipertensão arterial e a dor nas costas. Identificamos que a maioria dos participantes não apresentam comprometimento funcional ou têm um comprometimento funcional leve. Com relação à satisfação com a imagem corporal, tanto os participantes do grupo que faz parte da atividade física quanto para o que não fazem, encontram-se insatisfeitos, havendo diferença entre os sexos, os homens na maioria são satisfeitos com a imagem que possuem, independente do grupo. As representações sociais de saúde, doença, velho e velhice não foram diferentes entre os grupos. Os participantes relacionaram saúde à aspectos subjetivos e a representação social de doença entendida como algo que provoca sensações físicas. O termo velho foi entendido como algo que não existe, ou um termo pejorativo e a velhice como uma situação de incapacidade, quando não se agüenta mais fazer as mesmas coisas. Os participantes que fazem parte do grupo de atividade física reconhecem os exercícios físicos como um comportamento preventivo e auxiliar na promoção de saúde, reforçando a importância da prática. Acredita-se que este estudo auxiliará na adesão, por parte dos pacientes da Unidade Básica de Saúde, quanto nas futuras intervenções relacionadas à promoção de saúde e prevenção de doenças.
Atualmente, evidencia-se uma progressão da transição nutricional, caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes, presente tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. A obesidade pode ser relacionada a uma alta taxa de morbidade e mortalidade, resultante de inúmeros fatores tais como: aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais, econômicos. O objetivo desta pesquisa foi analisar as Representações Sociais (RS) de saúde e doença de crianças e adolescentes com problema de sobrepeso e obesidade, bem como realizar avaliação postural destas crianças e adolescentes. Participaram desta pesquisa 17 usuários de ambos os sexos, sendo 13 meninas e quatro meninos que estavam cadastrados no Programa de Obesidade Infantil (POI) do Hospital Regional Rosa Pedrossian, no município de Campo Grande, MS, nos meses de maio a julho de 2007. Os instrumentos utilizados foram: uma entrevista estruturada com o intuito de analisar as RS que os usuários atribuem à saúde e à doença e informações complementares como, o perfil sócio-demográfico, a relação familiar e a vivência escolar; um roteiro de avaliação postural, simetrográfo e fio de prumo para avaliar as possíveis alterações posturais decorrentes da obesidade, bem como, o Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes. Os resultados revelaram que houve maior incidência de meninas com sobrepeso e/ou obesidade 76,47% (n=13). Identificou-se também a presença de alteração postural em ambos os sexos de joelho valgo (88,23%), ombro em desnível (64,70%), assimetria de tornozelo (64,70%), escápulas aduzidas (76,47%), escoliose (23,53%), abdome protuso (83,35%), hiperlordose lombar (70,6%) e pé plano (58,8%). Esses desvios podem alterar a curvatura vertebral modificando a postura causando dor, deformidades, limitações, cansaço físico etc. A análise das respostas sobre as RS de saúde e de doença foram agrupadas e categorizadas. Para as RS de saúde foram descritas cinco categorias, as mais incidentes foram: atribuir sensações e/ou sentimentos (felicidade, bem-estar/disposição) (47,04%), ser magro (a) (29,40%), ter hábito de vida saudável (17,64%). E para as RS de doença foram descritas cinco categorias, sendo que as que mais se destacaram foram: problema de saúde (doença de pele, febre, gripe, dor, depressão, cardiopatia) (64,70%), obesidade (35,28%). E em relação à imagem corporal, observou-se que todos os participantes sentiam-se insatisfeitos com sua forma física. Ao que se refere à presença de sobrepeso e obesidade em outros integrantes da família, 58,82% (n=10) dos participantes residiam com algum familiar com essa condição. E ainda, os próprios familiares foram citados como fonte de comentários preconceituosos sobre seu estado. Acredita-se que esses resultados possam subsidiar a elaboração de possíveis ações e estratégias de cunho preventivo e também que estejam voltados à promoção da saúde no que se refere à obesidade e suas vicissitudes, contemplando não só a criança e o adolescente que freqüenta o POI, mas, também, seus familiares. Palavras chaves: obesidade; saúde; doença; alterações posturais.7
Foi realizado um estudo exploratório-descritivo que teve por objetivo verificar em uma amostra de n=89 (46,8%) trabalhadores (42 professores e 89 administrativos) de uma população de N=195 (90 professores e 105 administrativos) de uma universidade privada de Campo Grande, MS: 1) a ocorrência de Mobbing (Assédio Psicológico), 2) a presença e os níveis de Síndrome de Burnout, 3) a possível relação entre Mobbing e Burnout, e 4) a repercussão de Mobbing na Qualidade de Vida do Trabalhador. Foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: 1) o Leymann Inventory of Psychological Terrorization-LIPT; 2) o Inventário de Burnout de Maslach (MASLACH; JACKSON, 1986) com validação brasileira feita por Tamayo (2003); e 3) o Questionário de Qualidade de Vida Profissional (QVP-35) (CABEZAS-PEÑA, 1999) validado para uso no Brasil por Guimarães et al. (2004a). Para o processamento de dados a análise estatística utilizou-se o software estatístico SPSS for Windows-13ª versão. Realizaram-se os seguintes procedimentos estatísticos: teste binomial comparando-se proporções e a prova dos sinais comparando as medianas dos resultados obtidas com dados normativos; o Odds Ratio com intervalo de confiança de 95% visando quantificar o grau de associação entre as variáveis de estudo: características sociodemográficas, Mobbing, nível de Burnout e Qualidade de Vida Profissional e Regressão logística para a análise de ajustes. Nesse estudo obteve-se uma maior prevalência do nível Leve de Mobbing nas seguintes dimensões: Limitação da Comunicação e Desprestigiar a Pessoa Perante seus Colegas, Limitação do Contato Social e Desacreditar sua Capacidade Profissional. Somente a dimensão Comprometimento com sua Saúde apresentou nível Moderado. Constatou-se também um nível Médio da Síndrome de Burnout. Quanto às demais dimensões, obteve-se um Baixo nível de Exaustão Emocional, Baixa Despersonalização e Média Diminuição da Realização Pessoal. Com relação à Qualidade de Vida Profissional, os profissionais percebem Pouco Apoio Organizacional e Carga de Trabalho e Muita Motivação Intrínseca e Qualidade de Vida no Trabalho. A associação entre Mobbing e suas dimensões e a variável Tempo de Serviço (menos de dois anos e mais de sete anos) mostrou correlação significativa com as dimensões Limite de Contato Social e Desprestígio Perante os Colegas. Houve alta correlação entre Mobbing e a Síndrome de Burnout. Verificou-se correlação estatisticamente significativa nas dimensões Exaustão Emocional e Despersonalização da Síndrome de Burnout com o Mobbing. Os profissionais que não apresentam Mobbing percebem ter Bastante Qualidade de Vida no Trabalho. Os participantes com Mobbing percebem ter Pouco Apoio Organizacional. Em decorrência dos resultados obtidos, sugere-se a implantação de programas globais e sistêmicos, com medidas educativas e preventivas para a solução de conflitos, para que o Mobbing e a Síndrome de Burnout não ocorram e progridam a níveis mais elevados, com implicações na Qualidade de Vida Profissional. Palavras-Chave: Mobbing. Assédio psicológico. Síndrome de Burnout. Trabalhadores. Qualidade de Vida Profissional.
As associações de micro e pequenas empresas, assim como outras formas associativas, entre as quais as cooperativas, vêm sendo consideradas como alternativa viável na atual conjuntura do país, devido a sua peculiaridade maior que é a força do conjunto que opera nas mais diversas áreas e atividades de conhecimento humano e na vida das pessoas. Esse sistema de associativismo fundamentado na reunião de pessoas, o empreendimento comum realizado ⎯ em qualquer ramo de atividade ⎯ visa às necessidades do grupo e não somente ao lucro, assim como à busca pela prosperidade conjunta, e não individual. Instigada em entender sobre o relacionamento dos cooperados com a sua respectiva cooperativa, buscou-se analisar os componentes existentes neste processo de agrupamento que vem crescendo a cada dia, de maneira expressiva, alcançando os mais diversos setores da atividade econômica e social, cobrindo todo o território nacional. O presente trabalho propõe investigar o funcionamento de cooperados de três ramos de cooperativa, suas formas de relacionamento interpessoal e, assim, construir uma análise da efetividade desta relação do cooperado com a cooperativa. Para investigar os objetivos propostos, utilizou-se da metodologia qualitativa. Foram escolhidos para participar dessa pesquisa seis cooperados, dois de cada cooperativa, sendo cinco homens e uma mulher, entre 36 e 67 anos, cinco com nível superior e um participante não quis mencionar a idade e escolaridade. O contato com os participantes foi por meio da Organização das Cooperativas do Brasil, região de Mato Grosso do Sul, órgão responsável pelas cooperativas do Estado. As cooperativas são do município de Campo Grande, MS, dos ramos de crédito, saúde e agropecuária. Utilizou-se a entrevista semi-estruturada, com um roteiro de perguntas abertas, permitindo dessa forma, que o entrevistado se expressasse livremente dentro do roteiro previamente organizado, mas também consentindo, se necessário, a inclusão de temas que fossem demandados pelos participantes. A análise dos dados se deu após a transcrição das entrevistas gravadas, releitura do material, organização dos relatos e dos dados observados além dos relatos. As análises apontam duas categorias denominadas: ?cooperado-cooperador? e o ?cooperado-participante? que representam, respectivamente, a concepção de cooperativismo para os cooperados na sociedade contemporânea: a vivência e a prática dos aspectos doutrinários do cooperativismo ou a proteção contra o mercado capitalista, uma questão econômica e política. Palavras-chave: Cooperativismo. Grupo. Indivíduo.
Partindo do pressuposto de que a mídia interna vem se configurando como um meio de comunicação cada vez mais forte nas organizações, nesta pesquisa procuramos compreender os sentidos e as estratégias de governamentalidade, de gestão empresarial e de pessoas que fazem da mídia interna um importante espaço de comunicação, mas podendo ou não propiciar formas saudáveis de interação. O estudo de teor qualitativo, em seu delineamento teóricometodológico foi orientado pela abordagem de práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, com aportes da Psicologia Social, em diálogo com a Psicologia da Saúde e áreas como Administração, Jornalismo e Comunicação Organizacional. Para o desenvolvimento da pesquisa elegeu-se o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), como estudo de caso, tendo em vista ser um órgão que realiza a produção de meios de comunicação interna com periodicidade estável da publicação dos mesmos. Em termos metodológicos utilizamos três fontes de informação: a primeira, o jornal impresso TJMS em Notícias, a segunda o jornal on line (virtual) da Intranet, e a terceira fonte consistiu nas entrevistas com 23 servidores públicos do TJMS, em diferentes cargos, que aceitaram o convite para participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Dentre os resultados da análise dos jornais internos (impresso e on line) destacamos que o TJMS em Notícias se configura como um espaço que proporciona visibilidade às notícias institucionais, de acontecimentos e autoridades da justiça. Já o jornal on line da Intranet, possui como diferencial a atualidade dos assuntos publicados e a circulação de informações que transcendem assuntos relacionados ao Judiciário, com o uso de estratégias de gestão de endereçamento mais abrangente das notícias. Com relação à análise das entrevistas, identificamos diferentes sentidos atribuídos pelos entrevistados às publicações internas, em que se destaca a mídia interna on line pela atualidade das informações e pela promoção da interação face a face, pois sua leitura provoca a discussão das notícias entre os servidores. A análise mostrou que os entrevistados valorizam um ambiente organizacional que incentiva o processo interativo na mídia interna. Com esta pesquisa, compreendemos e destacamos a importância da mídia produzida para o público interno de uma organização, que privilegie a possibilidade de interatividade e de veiculação de notícias que se pautem por uma compreensão biopsicossocial das pessoas e das relações, posicionando a pessoa como um ser integral que se constrói nas inter-relações cotidianas dos contextos em que está inserida. Palavras-chave: Mídia interna. Governamentalidade. Práticas discursivas. Produção de sentidos. Psicologia Social.
Introdução: A doença cardíaca ocasiona mudanças na rotina de vida e, associada às características individuais de cada pessoa, pode desencadear alterações físicas e emocionais e, conseqüentemente, na qualidade de vida (QV). Objetivo: Avaliar a QV no pré-operatório de cirurgia cardíaca de pacientes internados na Sociedade Beneficente Santa Casa de Campo Grande, MS. Método: Trata-se de um estudo exploratório descritivo e de corte transversal. As variáveis estudadas correspondem aos oito domínios do The Medical Outcomes Study 36-item Short Form Health Survey (SF-36): capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Como critério de inclusão, participaram apenas os pacientes que seriam submetidos à cirurgia cardíaca. O critério de exclusão foram os pacientes que apresentaram instabilidade hemodinâmica, complicação neurológica grave, confusão mental ou inconsciência, diabetes descompensada, obesidade mórbida, doenças degenerativas, insuficiência renal aguda. Sessenta e dois pacientes internados, aguardando a cirurgia cardíaca, participaram da pesquisa. Resultados: Com relação ao sexo, os homens mostraram, em relação às mulheres, diferenças significativas nos domínios vitalidade (p=0,031) e aspecto emocional (p=0,046). Os participantes pertencentes ao grupo de ?Não alfabetizado funcional? demonstraram menor escore no domínio da saúde mental (p= 0,008) em relação àqueles que compõem o grupo ?Fundamental?, ?Médio e Superior?. Os participantes classificados como sobrepeso demonstraram capacidade funcional (p= 0,023) maior que os classificados como obesos. Não houve associação significativa entre os domínios do SF-36, com relação aos fatores de risco da doença arterial coronariana, ao estado civil e à idade. Com relação à renda, apresentaram associações significativas os seguintes domínios: capacidade funcional (p= 0,018), aspecto físico (p= 0,001), aspecto emocional (p= 0,041) e saúde mental (p= 0,043). O maior nível médio de QV medido está no domínio estado geral de saúde, com escore médio de 65,2. O menor escore médio foi no domínio aspectos físicos, com escore médio de 23,0. O ponto de corte utilizado foi de 50%. Conclusão: O maior nível médio de QV medido nos pacientes por meio do questionário SF-36 está na dimensão ?estado geral de saúde?. O menor escore médio foi na dimensão ?aspectos físicos?. O ?estado geral de saúde? mostrou uma tendência à boa QV em todas as análises. A QV, no geral, está ligeiramente abaixo do limite de ser considerada como boa. Palavras-chave: Qualidade de vida. Pré-operatório. Cirurgia cardíaca.
O Brasil figura entre os países que possuem a maior diversidade biológica do planeta. Além de deter 33% do que resta de matas tropicais, possui a maior diversidade de peixes neotropicais, 22% de felídeos e o maior número de primatas e psitacídeos do globo. Em se tratando especificamente de primatas, existem aproximadamente 275 espécies pertencentes a esta ordem e, destas, 77 ocorrem no Brasil. Ademais, o Brasil, do total da biodiversidade mundial, é o que detém o maior número de primatas. Em contrapartida, têm-se observado um significativo aumento no número de estudos sobre o comportamento e a ecologia dos primatas. Apesar da importância desses trabalhos que se fazem presentes tanto no Bioma Amazônico quanto no da Mata Atlântica, as pesquisas e os estudos realizados no Cerrado brasileiro praticamente inexistem ou, por ora, são desconhecidos. Tendo em vista isso, o tema central do presente estudo é o comportamento social e a hierarquia de um grupo de Macacos- Prego (Cebus apella) mantidos em cativeiro no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), localizado na área urbana do Município de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul. Objetivou-se estudar o comportamento social, enfocando as hie rarquias, de 11 indivíduos Cebus apella. Os objetivos específicos foram: descrever o comportamento dos indivíduos estudados, por meio da elaboração de um etograma; comparar as interações sociais em relação ao sexo e em relação à idade dos indivíduos; por fim, verificar como se apresentavam as relações de hierarquia entre os indivíduos do respectivo grupo social. A coleta de material para o presente estudo compreendeu os meses de agosto de 2005 a agosto de 2006, sendo que, durante os meses de agosto de 2005 a janeiro de 2006, as observações foram destinadas exclusivamente à identificação e à elaboração do padrão comportamental dos animais. Durante os meses que se seguiram, de fevereiro a agosto de 2006, as coletas foram realizadas mensalmente, abarcando 4 dias, fato esse que totalizou 40 horas de observação no decorrer de cada mês. Foram identificadas e externadas, na descrição do etograma, as seguintes categorias: manutenção, locomoção, alimentação e interações sociais. Pode-se afirmar que o grupo formado artificialmente, em razão de não sofrer pressão por competição de alimento e nem por parte de predadores, possui organização social semelhante aos animais da natureza somente no ato da oferta da comida, pois no decorrer do dia observou-se muitas interações afiliativas, já que não existia competição por alimento. Observou-se, também, que os infantes utilizavam boa parte do dia para brincar. Assim, entende-se que relações de hierarquia, também em cativeiro, são mantidas sempre que exista um fator de competição envolvido, que nesse caso era o alimentar, e que relações sociais afiliativas são mantidas como estratégia para aquisição de aliados, bem como para o sucesso reprodutivo, envolvendo fatores como idade e sexo em se tratando de hierarquia. Palavras-chave: Comportamento social, Hierarquia, Cebus apella.
Nos últimos anos, um tema recorrente nos vários focos das investigações científicas tem relacionado o corpo humano com os benefícios do exercício físico, não somente como um corpo físico, mas como um corpo psíquico e social. Esta pesquisa teve como propósito estudar as percepções dos benefícios da prática regular do exercício físico na imagem corporal e suas implicações, analisando os relatos. Para tanto, escolheu-se, segundo critérios de acessibilidade, um grupo de participantes (n=10), sendo todas mulheres na faixa etária entre 35 e 49 anos e participantes do Projeto Atividade Física e Saúde, realizado no Parque Jacques da Luz, localizado no bairro das Moreninhas, Campo Grande, MS. Este estudo trata de uma pesquisa qualitativa, utilizando como referencial teórico metodológico a Fenomenologia, e como material de análise, as falas das participantes. Os depoimentos foram coletados individualmente através de uma transcrição na íntegra, obedecendo a uma ordem cronológica na qual as entrevistas foram realizadas. As respostas foram a partir de uma única pergunta: ?Quais as influências que a prática dos exercícios físicos regulares traz para seu corpo??. Para cada participante foi feita uma análise ideográfica e, posteriormente, a análise nomotética. Com a análise ideográfica, buscou-se a compreensão do fenômeno a partir de três momentos importantes da análise das falas: a descrição, a redução e a interpretação. Na análise nomotética, cujo objetivo foi chegar à estruturação perceptiva entre a atividade física e a imagem corporal, procurou-se estabelecer uma normatividade dos discursos coletados. A compreensão da análise nomotética realiza-se na construção dos resultados, revelando os posicionamentos individuais. O trabalho, então, dividiu-se em três momentos: uma revisão bibliográfica do tema atividade física e imagem corporal; uma pesquisa de campo realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada sem questões fechadas, mas com uma questão única que poderia revelar a percepção da realidade de cada entrevistada em relação à sua imagem corporal; e, por fim, a análise dos dados por meio de um dispositivo de interpretação, podendo assim, analisar os resultados mesclando, de forma unificada, as vozes do pesquisador e das entrevistadas. Conclui-se, após discutir o tema e analisar as falas, que todas as participantes apresentaram, durante a prática das atividades físicas, uma percepção positiva de melhora em sua imagem corporal, levando a uma real satisfação com seu próprio corpo. Ao observar os discursos, percebe-se que, além das físicas, outras importantes transformações ocorreram: psicológicas, relações interpessoais, entre outras. Finalmente, pode-se afirmar que o resultado do estudo indicou que a prática da atividade física regular é um importante aliado para compreender-lhe os benefícios, o que foi configurado em uma melhor percepção da imagem corporal.
Introdução. Cabe registrar que este é um estudo pioneiro, pois não foram encontradas, nas literaturas nacional e internacional, referências que registrem pesquisas de Qualidade de Vida Profissional com o subgrupo abordado neste estudo. Os profissionais que trabalham como Cerimonialistas estão, constantemente, expostos a situações de cansaço físico e mental no desempenho de suas funções, afetando, significativamente, positiva ou negativamente, sua Qualidade de Vida Profissional. Objetivo. Avaliar a Qualidade de Vida Profissional de uma amostra representativa de Cerimonialistas de Campo Grande, MS. Método. Foi realizado um estudo exploratório-descritivo, comparativo e de corte transversal, que objetivava caracterizar a Qualidade de Vida no Trabalho de profissionais de cerimonial de empresas do setor público, privado e instituições de ensino. Foram analisados os profissionais que participaram, voluntariamente, do estudo, sendo excluídos os autônomos. De uma população de N=60, foi estudada uma amostra de n=25 participantes (20 mulheres e cinco homens), no período de julho a setembro de 2006. A aplicação dos instrumentos deu-se nos diferentes locais de trabalho. Foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida Profissional ? QVP-35. Para a análise estatística foi utilizado o software estatístico SPSS Demo for Windows ? 11ª versão. Foram realizados os seguintes procedimentos estatísticos: 1. Teste binomial comparando proporções dos resultados obtidos para descrição dos participantes da amostra; 2. Teste nãoparamétrico de mediana (teste da mediana de Mood) visando quantificar o grau de associação entre as variáveis de estudo: características sociodemográficas, qualidade de vida profissional; para isso foi utilizado um grau de 5% de significância. Resultados. Constatou-se que os que estão há mais tempo no exercício da função percebem mais a Carga de Trabalho; no domínio Apoio Social, as pessoas mais jovens (até 34 anos) percebem um melhor Apoio Social; no item Motivação Intrínseca, o valor percebido é mais positivo nas Instituições de Ensino Superior, pela importância dada aos serviços desempenhados pelos cerimonialistas na comunidade acadêmica. Conclusão. Os participantes da pesquisa apresentaram uma alta percepção da Qualidade de Vida no Trabalho. Palavras-chave: Qualidade de vida profissional. Relações públicas. Cerimonialistas. QVP-35.
O objetivo dessa pesquisa foi realizar um estudo de casos para analisar e verificar as contribuições da cirurgia interdigital ? do primeiro espaço interósseo da mão ? para a reabilitação psicossocial da pessoa atingida pela hanseníase. O estudo foi realizado com dois pacientes do ambulatório de dermatologia do Hospital de Base de Rio branco, que se submeteram à cirurgia supracitada. Pretendeu-se conhecer e compreender aspectos referentes às relações socioculturais estabelecidas na representação do ser doente de hanseníase. O procedimento envolveu a realização de entrevista semidirigida. As repostas dos entrevistados foram gravadas para posterior transcrição e análise. Na transcrição, levou-se em conta a fala original dos entrevistados, respeitando-se sua estrutura original e regionalismos. Suas idéias sobre hanseníase; saúde e doença; depressão do primeiro espaço interósseo; e a cirurgia reparadora da depressão interdigital foram analisadas. A análise desses dados coletados nas entrevistas foi baseada na análise da fala. A estigmatização social a partir do diagnóstico ficou evidente na fala dos entrevistados, fazendo-os migrar do seu lugar de origem, como forma de esconder-se da sociedade, ou ainda, temer ser descoberto como portador da doença, mediante o estigma da depressão interdigital. A descrença na cura da doença se mostrou evidente nas seqüelas deixadas nos entrevistados. A cirurgia de reabilitação da depressão do primeiro espaço interrósseo ficou evidente como um recurso coadjuvante cirúrgico para a reabilitação física e psicossocial da pessoa atingida pela hanseníase, uma vez que reabilita o corpo estigmatizado e permite que a mesma se sinta mais livre para ambular entre aqueles que não foram atingidos por ela, restaurando, em conseqüência disso, sua auto-estima. Palavras-chave: Hanseníase. Reabilitação psicossocial. Cirurgia interdigital.
O Jogo Patológico é um transtorno cuja problemática envolve muito mais do que prejuízos financeiros, pois gera efeitos nas esferas física, psíquica e sócio-familiar. Tendo em vista a relevância do tema, o presente trabalho teve, como objetivo principal, analisar os aspectos psicossociais decorrentes do jogo patológico, buscando compreender de que maneira esses aspectos atuam sobre os vínculos familiares do jogador e até que ponto esse transtorno interfere no âmbito social, profissional e econômico, tendo como referência as vivências e relatos do próprio jogador. A pesquisa baseou-se no método qualitativo, utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas para a obtenção dos dados. Foram entrevistados seis participantes, todos freqüentadores do grupo de Jogadores Anônimos de Campo Grande/MS, com histórico de jogo patológico. Os resultados obtidos neste estudo demonstram que, no âmbito familiar o transtorno provoca um isolamento do jogador da rotina familiar, desencadeando uma fragilização nos vínculos afetivos. Os casos estudados nesta pesquisa demonstram que as mentiras utilizadas pelo jogador e os deslizes freqüentes desgastaram as relações na família, tanto em nível conjugal como perante os filhos, ocasionando desentendimentos constantes, perda da confiança e do respeito, e até mesmo separações conjugais. Do ponto de vista psíquico, esse transtorno provocou uma série de sentimentos e sensações desagradáveis como a culpa, a tristeza, a vergonha, a humilhação, o ressentimento e a raiva. No aspecto físico, os jogadores entrevistados chegaram a negligenciar cuidados básicos ligados à higiene pessoal e à saúde física, tornando-se ainda mais expostos a problemas de saúde, tanto físicos como mentais. Alguns participantes da pesquisa também revelaram, durante as entrevistas, que tiveram outros problemas relacionados à saúde física e psíquica concomitantemente ao transtorno, como depressão, ansiedade, uso de álcool, fumo e síndrome do pânico. Além das grandes perdas financeiras, constatou-se que o envolvimento com o jogo ainda teve efeitos no âmbito profissional e social, acarretando a perda do emprego, perda de amizades e o descrédito no meio social, sobretudo em razão dos atos ilegais cometidos pelo jogador para financiar o jogo, como furtos, falsificação de documentos, fraudes a terceiros e estelionato. O grupo dos Jogadores Anônimos foi relatado, pelos participantes, como um dos fatores que mais contribuíram para o processo de abstinência da jogatina, em virtude da compreensão dos companheiros e do acolhimento do grupo. A partir dos resultados obtidos nessa pesquisa, concluiu- se que, além das grandes perdas financeiras, o transtorno do jogo patológico provocou conseqüênc ias de amplas dimensões na vida dos jogadores entrevistados, causando grande impacto sobre as relações familiares, sobre a saúde física, psíquica, e no âmbito profissional, jurídico e social de modo geral. Palavras-chave: jogo patológico; adicção; saúde mental; grupos de auto-ajuda; jogadores anônimos.
Introdução: O Estresse Ocupacional (EO) e a Síndrome de Burnout (SB) são reconhecidos como um dos grandes problemas que acometem os professores, com conseqüências negativas para a saúde física e mental. Hardiness (personalidade resistente) é uma característica de personalidade que atua como moderadora dos estímulos estressores que podem levar ao EO e à SB. Objetivos: Identificar a existência e os níveis de EO, SB e de hardiness entre professores civis e militares do Colégio Militar de Campo Grande. Casuística e Método: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de corte transversal. Os dados foram coletados no mês de dezembro de 2006. De uma população de N= 90 professores civis e militares, participaram n=64, sendo 37 (57,8%) militares e 27 (42,2%) civis de ambos os sexos. Para esta finalidade foram utilizados: i) a Escala de Estresse Ocupacional (EEO) traduzida e adaptada para o português por Guimarães (2005); ii) o Inventário de Burnout de Maslach (MBI) validado para uso no Brasil por Tamayo, M. R.(2003); iii) o Personal Views Survey (PVS) desenvolvido por Kobasa (1982) e iv) um Questionário sócio-demográfico-ocupacional (QSDO). Para verificar a existência ou não de dependência das variáveis sócio-demográficoocupacionais com a SB e o hardiness foi utilizado o teste qui-quadrado (p=0,05); a ANOVA para estudar a relação entre a SB e o hardiness; o teste Kolmogorov-Smirnov para a distribuição dos dados do hardiness e uma regressão linear múltipla para saber se as dimensões da SB poderiam determinar o hardiness e vice-versa. Resultados: A amostra compõe-se na maioria: do sexo masculino (57,8%), casados (65,6%), com especialização (46,9%) e carga horária em sala de aula de até 10 h/a semanais (43,9%). Constatou-se uma presença moderada de EO na amostra como um todo. Quanto à SB e suas três dimensões, observou-se uma alta exaustão em professores militares e baixa em civis; alta despersonalização em militares e baixa em civis e média diminuição da realização pessoal em civis e baixa em militares, resultando um alto nível de burnout em professores militares e baixo em civis. Da amostra como um todo, 53,1% dos professores apresentou hardiness, e os que mais apresentaram hardiness foram os que possuem escolaridade entre mestrado e doutorado. Constatou-se que a dimensão comprometimento do hardiness pode determinar a SB. Conclusões: Os resultados obtidos demonstram que tanto para os professores civis quanto para os militares o EO está em curso e para os docentes militares a SB já está instalada, apresentando-se em nível alto. Esses resultados remetem à necessidade de ações preventivas e organizacionais que possibilitem uma intervenção e um manejo apropriado dos fatores de risco.
Introdução: Hardiness é um construto de personalidade fundamentado em três aspectos inter-relacionados ? compromisso, controle e desafio ? e é considerado um fator que possibilita ao homem ser ativo, criativo e resistente a eventos estressores. Já a Qualidade de Vida Profissional (QVP) se ampara em três fatores ? apoio organizacional, motivação intrínseca e carga de trabalho ? sempre visando estabelecer o equilíbrio entre ser humano e ambiente de trabalho. Objetivos: Realizar um estudo exploratório-descritivo sobre as relações entre Hardiness e QVP em colaboradores de uma Cooperativa de Crédito do estado de Mato Grosso do Sul, descrever o perfil da amostra e verificar a associação entre o Personal Views Survey (PVS) e o QVP-35. Casuística e método: Participaram 48 colaboradores da respectiva Cooperativa de Crédito, com tempo de serviço de pelo menos seis meses. Os participantes se localizavam em sete diferentes cidades que fazem parte da área de atuação da Cooperativa e foi necessário percorrer 1.200 quilômetros para viabilizar a pesquisa. Resultados: Verificouse que 52,1% (n=25) dos participantes apresentam hardiness tendo 62,5 pontos como pontuação média (em 150 possíveis). Quanto à QVP o grupo demonstrou ter muito apoio organizacional (6,9) e bastante motivação intrínseca (8,9). Contudo, após as análises não foi possível observar correlação significativa entre os instrumentos. Conclusão: A Cooperativa deve manter a excelência demonstrada e buscar a manutenção e um posterior crescimento nos níveis de hardiness e QVP, servindo de exemplo para outras empresas. Apesar de não haver correlação entre os construtos sugere-se a continuidade e ampliação dos estudos sobre hardiness.
O presente estudo tem como objetivo analisar a percepção dos funcionários de diferentes posições hierárquicas em uma empresa nacional com filial em Campo Grande, sobre Responsabilidade Social Empresarial. Para tanto, os dados foram coletados, por meio de entrevistas semi-abertas, com dez pessoas de diferentes setores dessa instituição, gerências, supervisões, coordenações e com uma pessoa de cada departamento subordinada aos anteriormente citados, que foram previamente escolhidas. As entrevistas semi-abertas foram gravadas e transcritas na íntegra e tiveram como eixos norteadores as seguintes questões: entendimento do que é Responsabilidade Social, mudanças ocorridas na empresa devido à Responsabilidade Social, apoio ao desenvolvimento da comunidade, investimento na preservação do meio ambiente, investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes, visão sobre o ambiente de trabalho, percepção das comunicações internas e reconhecimento dos consumidores quanto aos serviços prestados. A análise das entrevistas foi realizada por meio dos tópicos abordados nelas, em que os participantes falam da importância da ética no ambiente de trabalho e, conseqüentemente, com os clientes externos, sobre os benefícios oferecidos pela empresa, muito importantes para eles e também das questões ambientais, que foram comparados aos temas apresentados na literatura sobre Responsabilidade Social Empresarial. As análises apontam que a Responsabilidade Social na Copagaz é percebida pelos colaboradores como muito forte no ambiente interno (colaboradores), o que gera valorização, retorno imediato para a empresa nas questões de dedicação, produtividade, lealdade e qualidade no atendimento ao cliente externo (consumidor). Nesse sentido, há uma mescla de paternalismo, que é uma forma tradicional de tentar um bom desenvolvimento no trabalho, porém percebe-se que, na empresa pesquisada, existem grandes investimentos na educação, na saúde e no bem-estar dos funcionários. Na Responsabilidade Social externa está também a comunidade que é beneficiada por projetos regionais e nacionais com importante cunho humanístico e pela preocupação com a preservação do meio ambiente. A empresa em questão, portanto, valoriza razoavelmente seus colaboradores e consumidores, ganhando com a imagem de empresa-cidadã tanto em relação a sua clientela interna, quanto à externa. Palavras-chave: Responsabilidade Social. Público interno. Público externo.
O presente estudo tem como objetivo analisar a percepção dos funcionários de diferentes posições hierárquicas em uma empresa nacional com filial em Campo Grande, sobre Responsabilidade Social Empresarial. Para tanto, os dados foram coletados, por meio de entrevistas semi-abertas, com dez pessoas de diferentes setores dessa instituição, gerências, supervisões, coordenações e com uma pessoa de cada departamento subordinada aos anteriormente citados, que foram previamente escolhidas. As entrevistas semi-abertas foram gravadas e transcritas na íntegra e tiveram como eixos norteadores as seguintes questões: entendimento do que é Responsabilidade Social, mudanças ocorridas na empresa devido à Responsabilidade Social, apoio ao desenvolvimento da comunidade, investimento na preservação do meio ambiente, investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes, visão sobre o ambiente de trabalho, percepção das comunicações internas e reconhecimento dos consumidores quanto aos serviços prestados. A análise das entrevistas foi realizada por meio dos tópicos abordados nelas, em que os participantes falam da importância da ética no ambiente de trabalho e, conseqüentemente, com os clientes externos, sobre os benefícios oferecidos pela empresa, muito importantes para eles e também das questões ambientais, que foram comparados aos temas apresentados na literatura sobre Responsabilidade Social Empresarial. As análises apontam que a Responsabilidade Social na Copagaz é percebida pelos colaboradores como muito forte no ambiente interno (colaboradores), o que gera valorização, retorno imediato para a empresa nas questões de dedicação, produtividade, lealdade e qualidade no atendimento ao cliente externo (consumidor). Nesse sentido, há uma mescla de paternalismo, que é uma forma tradicional de tentar um bom desenvolvimento no trabalho, porém percebe-se que, na empresa pesquisada, existem grandes investimentos na educação, na saúde e no bem-estar dos funcionários. Na Responsabilidade Social externa está também a comunidade que é beneficiada por projetos regionais e nacionais com importante cunho humanístico e pela preocupação com a preservação do meio ambiente. A empresa em questão, portanto, valoriza razoavelmente seus colaboradores e consumidores, ganhando com a imagem de empresa-cidadã tanto em relação a sua clientela interna, quanto à externa.
O presente estudo tem a finalidade de explorar mais sobre a percepção e a noção de risco dos motociclistas presentes na região central de Campo Grande, MS. Sabe-se que inúmeros são os acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, liderando muitas vezes os rankings de alguns Estados, inclusive com vítimas fatais. A carência e a necessidade de se saber mais como pensam e como agem estas pessoas, fazem com que o estudo revele sua importância. Além do que é fundamental destacar que o número de motocicletas aumenta a cada ano, assim como os acidentes em que se envolvem. A própria característica, muitas vezes lúdica, deste veículo, faz com que os riscos da utilização, bem como os das atitudes tomadas, imprimem um caráter mais emergencial à necessidade de se saber sobre o comportamento dos motociclistas. Principalmente porque a motocicleta tem se tornado além de um veículo de maior acessibilidade financeira, também instrumento de trabalho de muitos. Desta forma, é neste sentido que este estudo vem se caracterizar. E para isso, buscou-se com uma amostra de 311 pesquisados saber algumas atitudes de risco tomadas pelos motociclistas ao trafegarem pela cidade. As respostas foram colhidas na região central da cidade, com a proporção de 88,7% de homens e 11,3% de mulheres. As perguntas foram respondidas pelos próprios participantes e se referiram a algumas atitudes que eles poderiam tomar durante trânsito. Conclui-se que o perfil obtido é formado por maioria do sexo masculino, com idade entre 18 e 25 anos, que fazem uso da motocicleta há mais de três anos e a usam como meio de locomoção entre casa e trabalho, principalmente. E no geral as principais conclusões foram de os homens se arriscam mais do que as mulheres; os mais jovens mais que as pessoas com mais idade; grande parte dos motociclistas mais velhos já esteve envolvida em acidente com motocicletas; os menos experientes são mais ousados que os com mais tempo de uso da motocicleta e o que ficou mais evidente é que a grande maioria dos pesquisados afirma agir de modo mais corretamente do que o devem fazer nas ruas, pelo índice de acidentes ser extremante elevado com motocilistas, o que leva a crer que as pessoas ?sabotam? sua própria consciência afirmando serem mais cautelosas do que o são na realidade. Palavras-chave: Trânsito. Motociclista. Percepção. Risco.
O atual quadro de morbimortalidade em Campo Grande em decorrência de acidentes de trânsito encontra-se alarmante como em todo o Brasil e em vários outros países do mundo. O presente estudo trata do comportamento de risco no trânsito de motoristas na cidade de Campo Grande-MS. Nesta pesquisa foram aplicados o Questionário de Comportamento do Motorista ? QCM e um instrumento sócio demográfico, em 262 motoristas, homens e mulheres, destes, 130 alunos universitários e 132 pessoas não universitárias. A faixa etária pesquisada foi de 18 a 30 anos, desde que dirigissem pelo menos uma vez por semana. As entrevistas foram realizadas no âmbito da universidade (UCDB) e em feiras, supermercados, postos de gasolina e oficinas mecânicas. A relação entre o grupo de entrevistados e a freqüência de erros, violações agressivas e violações do código de trânsito, foi avaliada pelo teste do qui-quadrado, bem como para se verificar a relação entre sexo e estado civil com os tipos de comportamento de risco. A comparação entre o percentual de comportamentos apresentados pelos entrevistados não universitários e entrevistados universitários, foi realizada por meio do teste z. A comparação entre os grupos, em relação ás variáveis: freqüência de erros, freqüência de violações agressivas e freqüência de violações do código de trânsito, foi realizada por meio do teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Os comportamentos encontrados foram classificados de acordo com as categorias do QCM, entre erros, violações agressivas e violações do código brasileiro de trânsito. Existem indícios de falta de fiscalização, principalmente em relação ao cometimento de infrações, como abusar da velocidade 36,92% (n=48) dos não universitários e 40,77% (n=53) nos universitários (Teste Z p=0,61); e dirigir embriagado 18,46% (n= 24) para os não universitários e 20,93% (n= 27) nos universitários (Teste Z p=0,73). Isso se confirma, pois para a infração de dirigir embriagado apenas 4,17% (n=01) dos não universitários e nenhum dos universitários foi multado por este tipo de infração. Tal falta de política e ação de fiscalização, combinada com o comportamento de risco destes motoristas, corroboram o quadro de acidentes em Campo Grande, pois no ano de 2005, foram 81 vítimas fatais, sendo destas 32 na faixa dos 18 aos 29 anos de idade. Palavras-Chave: 1 - QCM; 2 - Comportamento de Risco; 3 - Motoristas universitários/não - universitários.
O presente trabalho teve como objetivo, analisar os sentimentos expressados por mães de filhos portadores de síndrome de Down acerca de alguns aspectos na relação afetiva com seu filho. Foram abordadas questões referentes à gestação e amamentação, aos sentimentos maternos e algumas defesas psíquicas diante da síndrome e ao reflexo das relações familiares e conjugais no vínculo mãe-filho portador. O fato de se ter uma criança portadora de síndrome de Down, pode ser angustiante para a família e possivelmente mais especificamente para a mãe, e é nesta questão referente aos sentimentos maternos que esta pesquisa firma propósito. Participaram deste estudo quatro mães de filhos portadores de síndrome de Down até cinco anos. Esse trabalho baseia-se no método clínico-qualitativo, buscando a compreensão psicodinâmica das falas maternas referentes aos objetivos desse. Os sentimentos maternos foram observados através do discurso das mães em entrevistas semi-dirigidas, as quais abordaram as percepções, fantasias em relação à gravidez e à amamentação, os sentimentos maternos diante da revelação, os sentimentos denotados pelas mães em relação à síndrome de Down e os reflexos das relações familiares e conjugais no processo mãe-filho portador. Em relação aos sentimentos referentes à síndrome de Down, percebeu-se que estes não permearam somente o que estas mães entendem e atuam sobre a maternidade, mas também a forma como elas percebem seus filhos e as dificuldades características da síndrome a eles associados. O mecanismo de negação foi o mais utilizado por estas mães ao conhecimento da síndrome e, este influenciou o vínculo, desde a primeira reação (de choque) até a busca interna de recursos para lidar com a nova situação. Diante da revelação, a explicação médica sobre a síndrome parece ter afetado consideravelmente a estrutura emocional das mães, visto que de acordo com elas a forma desestruturada como lhes foi dada a notícia impossibilitou-as da vivência inicial saudável com seu bebê. À medida que essas mães entraram em contato com a dificuldade de seus filhos e buscaram informações sobre a síndrome, foi possível desfazer as fantasias negativas presentes nos conteúdos emocionais das mães estudadas, permitindo um contato com o real e promovendo o vínculo, diminuindo assim a rejeição. Quanto às relações familiares, percebeu nas mães entrevistadas, que a família e o cônjuge possuem papel importante no auxílio à mãe no enfrentamento da situação. Os resultados mostraram que nos casos estudados onde as mães tinham o apoio marital e familiar, a busca de condições psíquicas foi menos dolorosa e angustiante, do que nos casos em que isso não ocorreu. Palavras?chave: Síndrome de Down. Relação mãe-filho. Saúde Mental Infantil.
Introdução: Os recursos da Equoterapia para o tratamento dos sintomas de ansiedade ainda são pouco explorados. Sabe-se, no entanto, que este recurso terapêutico auxilia no relaxamento, na conscientização do corpo, equilíbrio, auto-estima e autoconfiança. A utilização do cavalo como instrumento cinesioterapêutico promove o desenvolvimento global a partir da estimulação senso-perceptiva, além dos benefícios da relação estabelecida com o animal e a equipe de atendimento. Objetivo: Avaliar as possibilidades da utilização da Equoterapia enquanto recurso terapêutico no tratamento de indivíduos com diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), segundo a classificação da CID-10. Casuística e Método: Trata-se este de um estudo de caso de validação clínica, com avaliações pré e pós-intervenção, no qual a variável independente introduzida foi a Equoterapia e as variáveis dependentes, os sintomas de ansiedade, segundo a classificação da CID-10. Participaram desta pesquisa duas pessoas do sexo feminino, com 27 e 40 anos de idade, diagnosticadas com TAG, segundo a classificação da CID-10, e que freqüentam o Ambulatório da Sociedade Beneficente Santa Casa de Campo Grande-MS. Foram realizadas sessões de Equoterapia em um período de cinco meses. Utilizou-se como instrumentos de avaliação: Anamnese; Ficha Diária do Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco (PROEQUO-UCDB), para registro das sessões; Roteiro para Entrevista de Avaliação dos Sintomas de Ansiedade (REASA), elaborado para esta pesquisa de acordo com os critérios diagnósticos da CID-10, para a avaliação dos sintomas de ansiedade pré e pós intervenção; relato, pós intervenção, da psiquiatra que acompanha as participantes. Resultados: Verificou-se, por meio da aplicação do REASA, do relato pós-intervenção da médica e das fichas diárias, que a participante A apresentou melhora quanto aos sintomas de ansiedade inclusive a médica iniciou o processo de retirada dos medicamentos que utilizava antes do início da Equoterapia. A participante B apresentou melhora parcial depois das sessões de Equoterapia, pois persiste com a tendência ao isolamento social e afetivo. Observou-se que a Equoterapia influenciou, de forma positiva, as pacientes com ansiedade generalizada, melhorando a autoconfiança, segurança e diminuindo os sintomas do quadro ansioso. Durante os atendimentos práticos, a utilização de atividades terapêuticas favoreceu a dinâmica e a praticidade das sessões. Conclusões: As participantes apresentaram após a intervenção Equoterápica, melhoras nos sintomas da ansiedade, na relação afetiva, autocontrole, autoconfiança e descontração. Este estudo apontou que a Equoterapia é um recurso terapêutico válido para o tratamento da ansiedade generalizada e sugere que um trabalho intensivo poderá proporcionar maiores benefícios. Palavras-chave: Ansiedade. Animais. Equoterapia.
A presente pesquisa foi desenvolvida com 27 pessoas que vivem com Hipertensão Arterial (HA) e diabetes, cadastradas em um Programa para Portadores de HA e Diabetes (PPHAD), de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Campo Grande, MS. O objetivo do estudo foi analisar e comparar as representações sociais de saúde e doença dos portadores de HA e diabetes que freqüentam o grupo de apoio da UBS e os que não freqüentam. Foram realizadas entrevistas estruturadas, com questões sobre o perfil sócio-demográfico dos participantes, características da sua rede social de apoio, os sentidos dados a saúde e doença, conhecimentos e formas de cuidados da HA e do diabetes, aspectos que favorecem e dificultam o tratamento e opiniões dos participantes sobre o atendimento que recebem na UBS. Os dados foram analisados qualitativamente de acordo com o embasamento teórico das representações sociais. Verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa era do sexo feminino (n=22), com instrução escolar em nível de ensino médio incompleto e renda familiar de até três salários mínimos. Grande parte das pessoas entrevistadas relatou não recebe nenhum tipo de apoio material. Para as pessoas que não freqüentam o grupo de apoio da UBS, as fontes de apoio emocional mais citadas foram a família e a religião. Para as pessoas que o freqüentam, o grupo é visto como uma fonte de apoio emocional. Os sentidos dados à saúde e à doença, assim como os conhecimentos sobre a HA e o diabetes, não foram diferentes entre os grupos. Os participantes relacionaram mais frequentemente saúde e doença às sensações corporais que elas despertam. Os conhecimentos sobre HA e diabetes se mostraram restritos e as principais formas de cuidados citadas foram o controle da alimentação e o uso de medicamentos. Entre os fatores que favorecem o tratamento, a forma como são atendidos na UBS e a facilidade de acesso a ela foram os itens mais destacados. Os participantes ressaltaram a falta de dinheiro como algo que dificulta o tratamento por impedir a compra de alimentos mais saudáveis. O atendimento que recebem na UBS foi elogiado por grande parte das pessoas. Palavras-chave: Saúde. Doença. Representação social. Apoio emocional.
O comportamento alimentar dos primatas está diretamente relacionado com o ambiente que ele ocupa, sendo dessa forma, de extrema importância seu estudo para se buscar novas contribuições no entendimento da ecologia comportamental desses animais. Desse modo, objetivando estudar o comportamento alimentar e de forrageio verificando diferenças sazonais e mensais na quantificação dos itens alimentares, substratos forrageados e uso do espaço vertical, um grupo de macacos-prego (Cebus apella) foi estudado no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2006 totalizando 67 dias de observação com 1881 varreduras instantâneas e 5136 registros comportamentais, correspondendo a 470,25 hs de observação direta dos animais. Na coleta de dados sobre o comportamento alimentar e de forrageio utilizou-se o método de varredura instantânea com duração de cinco e intervalo de dez minutos. Em relação à alimentação, foram coletados 1114 registros representando 21,69% das atividades totais desempenhadas pelos animais. Os alimentos consumidos pelo grupo foram frutos e sementes (70,61%, n=723), hastes foliares (14,45%, n=148), néctar (6,64%, n=68), mel (1,46%, n=15), invertebrados (5,27%, n=54) e vertebrados (0,88%, n=9), os frutos e sementes foram significativamente mais consumidos durante todo o período de pesquisa quando comparado aos outros itens, entretanto a análise sazonal mostrou que houve diferença significativa somente no consumo de invertebrados. Em relação ao comportamento de forrageio, os substratos em que os animais estudados mais procuraram itens alimentares de origem animal foram classificados em troncos, frutos, folhas e solo, apresentando respectivamente as seguintes freqüências: 44,22% n=830), 5,54% (n=46), 28,92% (n=240) e 21,33% (n=177). Quando analisado o espaço vertical em que os comportamentos aqui analisados foram mais desempenhados, encontramos que nas alturas 0,10 a 5,99 m e 6 a 10,99 m os animais forragearam e se alimentaram mais. Os resultados dessa dissertação proporcionaram parâmetros comparativos para o entendimento do comportamento alimentar e de forrageio do macaco-prego (Cebus apella) em um fragmento de Cerrado que contribuirão para a conservação tanto da espécie estudada quanto desse ameaçado ecossistema.
A ergonomia tem ido muito além das atividades produtivas industriais, estendendo-se também ao ambiente doméstico e escolar. As cadeiras e mesas das escolas, para serem consideradas educacionais, devem cumprir um papel que facilite o aprendizado, devendo, para isso, ser corretamente dimensionadas, ser projetadas em função dos requisitos inerentes às atividades pedagógicas e com custos compatíveis com a realidade. Esse trabalho teve como objetivo realizar um estudo com crianças de 1ª série do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Campo Grande-MS demonstrando a importância da adequação postural para o rendimento escolar e, conseqüentemente, para o processo de aprendizagem. Foi realizada uma comparação entre as carteiras convencionais, incompatíveis ao tamanho dos usuários, com carteiras reguláveis e adaptadas aos seus tamanhos, posicionando-os com melhor alinhamento e estabilidade corporal. Trata-se de um estudo no qual foi utilizado um método comparativo, experimental e observacional entre comportamento postural e aprendizagem utilizando carteira escolar convencional e, posteriormente, carteira regulável e adaptada ao tamanho do usuário. A análise dos resultados refere-se às medidas antropométricas das crianças em relação às carteiras convencionais e carteiras reguláveis e adaptáveis; a comparação do comportamento postural das crianças nos dois tipos de carteiras; a análise do desempenho escolar das crianças observadas nos dois tipos de carteira, a fim de averiguar se a postura interfere no processo de aprendizagem e, por último, refere-se à análise da percepção dos alunos em relação à melhora da postura com a cadeira adaptada. Embora os dados coletados não mostraram diferenças entre as notas médias da aprendizagem dos alunos em relação a um mobiliário e outro, acredita -se que o curto período de observação nas carteiras adaptadas não foi suficiente para avaliar o rendimento escolar e melhora na aprendizagem, porém, houve significativa melhora nos comportamentos posturais adotados nas carteiras adaptadas e na percepção dos alunos durante o uso delas, em relação aos das carteiras convencionais. Palavras-chave: Carteiras Escolares Adaptadas. Postura. Aprendizagem
O presente estudo teve por objetivo avaliar a Qualidade de Vida (QV) e a presença de dor em idosos. Para tanto foram entrevistados 130 idosos do Serviço Social do Comércio ? SESC Horto, na cidade de Campo Grande ? MS entrevistados entre os meses de Setembro a Novembro de 2005. Com o intuito de avaliar a QV foram utilizados dois instrumentos, um genérico o MOS SF-36 e outro relacionada à saúde o WHOQOL-Bref. Para a localização da dor foi utilizado um diagrama corporal, extraído do Questionário de Dor de McGill, e a Escala de Faces como instrumento para mensuração da intensidade da dor dos participantes. Os resultados apresentados em relação à QV se colocam em um patamar considerado como muito bom estado de saúde ou QV, de acordo com os escores apresentados para os respectivos instrumentos de avaliação com os domínios Capacidade Funcional com 75,3 Estado Geral de Saúde com 73,6 os Aspectos Sociais com 73,1 e a Saúde Mental com 80,9 para o MOS SF-36 já para o WHOQOL-Bref os domínios Psicológico com 65,2 e o de Meio Ambiente com 66,4 foram os que obtiveram valores mais expressivos. A presença de dor mostrou-se maior nas articulações de suporte e com uma intensidade considerada baixa para a maioria dos entrevistados, tanto em relação à escala de faces como em relação ao instrumento MOS SF- 36. Pode-se concluir que, em geral a QV dos entrevistados ficou classificada como muito boa e que quanto maior a intensidade de dor pior a sua classificação. Os dados proporcionam concluir ainda que há boa correlação entre os instrumentos utilizados para a avaliação da QV e que estes se apresentam adequados a esta população.
O Pantanal, maior planície alagável do mundo, possui variadas características culturais e ambientais que podem influenciar na identidade de seu povo. Por ser uma região rica em fauna e flora, o pantaneiro aprendeu a conviver com esse mundo, seguindo tradições e respeitando aquilo que a natureza lhe oferece, como as belezas do lugar e as enchentes que impossibilitam o trânsito de veículos em muitas partes, pois o Pantanal é subdividido em onze regiões. As crianças freqüentam escolas, instaladas em fazendas que abrigam núcleos escolares, que funcionam de acordo com a realidade da região. A presente pesquisa teve por objetivo investigar o processo de construção da identidade de algumas crianças estudantes de escolas pantaneiras, através do grafismo, além de aspectos psicossociais envolvidos. Foram escolhidas 3 escolas de diferentes regiões do Pantanal para que, por meio de observações realizadas durante visitas a essas, fosse selecionado para a pesquisa um local que tivesse o maior número de características do Pantanal, de acordo com a teoria utilizada, como o ciclo das águas, a cultura, as dificuldades de acesso relatadas por pesquisadores, dentre outras. Optou-se por selecionar 4 crianças para o estudo de caso com idade entre 7 e 9 anos e com pelo menos 1 ano cursado na escola selecionada. Como essa escola possui internato semanal, optou-se por analisar duas crianças moradoras deste e duas que moram com os pais. Foram realizadas algumas análises, partindo de simbologias nos desenhos que poderiam contribuir com um estudo entre a identidade da criança em relação ao ambiente em que vive, de acordo com observação participante e com o que foi encontrado nas teorias. Os dados psicossociais foram coletados por meio de entrevistas com pais e professores para auxiliar nas análises. Os resultados das análises dos desenhos mostram alguns aspectos que estão influenciando na construção da identidade de crianças pantaneiras como costumes, tradição, crenças, dificuldades de acesso que a região impõe e retraimento do homem pantaneiro. Palavras-chave: Identidade infantil. Escolas pantaneiras. Desenhos. Cultura.
Introdução- Os profissionais que desempenham funções de ?ajuda ou de auxílio?, estão mais suscetíveis à repercussões deletérias em sua saúde física e ou mental e também em sua Qualidade de Vida Geral e no Trabalho (QVT). Objetivo- Avaliar a Qualidade de Vida Profissional (QVP) de uma amostra representativa de Assistentes Sociais do município de Campo Grande-MS. Casuística e Método- Realizou-se um estudo exploratório-descritivo de corte transversal, em 34 instituições públicas e privadas, na cidade de Campo Grande-MS. De uma população de N=369 Assistentes Sociais da cidade de Campo Grande-MS, foi estudada uma amostra aleatória e voluntária de n=79 participantes (todas mulheres), no período de janeiro a março de 2006. A aplicação dos instrumentos foi realizada nos diferentes locais de trabalho, para coleta dos dados sócio-demográficos e ocupacionais, sendo aplicado o Questionário de Qualidade de Vida Profissional (QVP-35). Resultados- A maior parte das participantes do estudo encontra-se na faixa média de idade de 42 anos, são casadas com até 2 filhos (41%), têm tempo médio de formação de 16 anos, de serviço 13 anos e carga horária semanal de trabalho de 35,7 horas. Houve um predomínio de participantes que cursaram especialização (61%); a maioria (78%) desempenha atividade administrativa com dedicação exclusiva (89%), porém não em funções de chefia (74,7%). Referem ter muita QVT, percebem pouco Apoio Organizacional (AO) e muita Carga de Trabalho (CT). Percebem ter bastante: Capacitação para Realização do Trabalho (CRT), Motivação Intrínseca (MI), Recursos Relacionados ao Trabalho (RRT), muito Apoio Social (AS) e pouco Desconforto Relacionado ao Trabalho (DRT). Conclusão- As participantes da investigação percebem ter muita QVT, embora refiram ter muita Carga de Trabalho; demonstram muita Capacitação para o Trabalho e pouco Apoio Organizacional. Uma alta Motivação Intrínseca e Capacitação para o Trabalho parecem funcionar como fatores de compensação para que as Assistentes Sociais lidem e enfrentem estas variáveis de risco para o estresse ocupacional. Nota-se a necessidade de sensibilizar as organizações, bem como fornecer à estas profissionais formação específica em estratégias de gestão, para uma participação efetiva das mesmas junto às organizações nas quais trabalham e que possibilite melhorias quanto ao nível de Apoio Organizacional percebido. A médio e longo prazo, estas deficiências, se não supridas, podem levar a estas profissionais, frustração com a profissão e a outros desgastes, sobretudo de ordem psicossocial.
Introdução: A Equoterapia é um recurso terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, visando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com diversos tipos de deficiência. Esse recurso terapêutico destaca-se por possibilitar uma maior participação, integração ou acompanhamento mais próximo dos familiares à sessão. Objetivo: Analisar o conhecimento e a percepção que as mães dos pacientes possuem sobre a Equoterapia. Casuística e Método: Trata-se de um estudo exploratório descritivo de caráter qualitativo, que utilizou o método da análise de conteúdo. A amostra foi composta por vinte e duas mães de pacientes que realizavam Equoterapia no Centro de Equoterapia Rancho Dourado, na cidade de Cuiabá-MT. Das vinte e duas mães entrevistadas, onze eram mães de pacientes atendidos pelo convênio com o CRIDAC, e onze de pacientes particulares. Adotou-se como critérios de inclusão mães biológicas de pacientes que realizaram no mínimo oito sessões de Equoterapia. Para nortear as entrevistas, foi elaborado um roteiro básico com questões abertas, que foram gravadas e transcritas visando à apreensão dos significados contidos nas respostas, depois agruparam-se as respostas de significados semelhantes, para a contagem das freqüências e outros aspectos que podiam ser quantificados. Resultados: Verificou-se que as mães de pacientes atendidos pelo convênio com o CRIDAC possuem diferença quanto ao nível socioeconômico quando comparadas às mães de pacientes particulares. Todas apresentaram algum conhecimento sobre a Equoterapia e falaram sobre alguns benefícios terapêuticos, sendo que Benefícios Físicos foi a categoria mais identificada, Problemas Motores foi a categoria das patologias mais mencionada. A maioria das mães é casada, seus filhos situam-se na faixa etária de 1 e 8 anos de idade, aproximadamente metade deles tem Paralisia Cerebral, a que se segue a Síndrome de Down, e a maioria deles realizavam outro tipo de atendimento, além da Equoterapia, com a qual todos os pacientes apresentaram mudanças indicadoras de melhora. Aproximadamente metade das participantes ouviu falar sobre equoterapia pela primeira vez, por meio de um profissional de saúde, e o profissional que mais a indicou foi o Neurologista. Conclusão: As participantes deste estudo possuem conhecimento suficiente sobre a Equoterapia, todas perceberam mudanças nos seus filhos após o início desse recurso, porém apresentam algumas diferenças que têm relação com as características sociodemográficas e ocupacionais das participantes. As mães que são cuidadoras (grupo A) identificam também mudanças mais sutis, como o relaxamento, e conseguem relacionar ganhos obtidos por seus filhos nas atividades da vida diária. A possibilidade de acompanharem os atendimentos dos filhos faz com que essas mães compreendam as potencialidades de suas crianças, percebendo-as de um modo diferente, e essa experiência pode ser transferida para o ambiente familiar. Palavras-chave: Equoterapia. Mães. Informação. Percepção.
Introdução: A Equoterapia é um recurso terapêutico que utiliza o cavalo como instrumento cinesioterapêutico e auxilia no desenvolvimento biopsicossocial e reabilitação de pessoas portadoras de diversos tipos de deficiências. Esse recurso também pode ser utilizado como meio preventivo e terapêutico na área da saúde. A Lesão Medular Traumática (LMT) corresponde a qualquer lesão na medula que resulta de trauma sem origem patológica e pode alterar vários fatores e condições de vida, interferindo conseqüentemente na Qualidade de Vida (QV) dos indivíduos lesionados. Objetivo: Avaliar a possível influência da Equoterapia na Qualidade de Vida dos portadores de Lesão Medular Traumática. Casuística e Método: Trata-se de um estudo de caso de validação clínica do atendimento em Equoterapia para portadores de Lesão Medular Traumática, que utiliza medidas de avaliação pré e pós intervenção. Participaram da pesquisa três pessoas (n = 3), com Lesão Medular Traumática completa, decorrente de trauma por arma de fogo, os quais não realizavam atividade física ou terapêutica, sendo dois do sexo masculino (P1 e P2), com 42 e 28 anos, e um do sexo feminino (P3), com 49 anos. Foram aplicados o Questionário The Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey - SF-36, para avaliação de QV pré e pós intervenção, e um Questionário Sócio-demográfico e Ocupacional. Realizou-se um total de 29 sessões e, após o último atendimento, solicitou-se também a cada participante redigir um depoimento sobre as alterações percebidas, tanto em nível físico quanto psicológico, observadas durante e após a intervenção equoterápica. Resultado: Os resultados da avaliação de QV pré e pósintervenção dos participantes, mostraram que P1 apresentou os melhores resultados de QV no domínio Aspectos Sociais; P2 foi o que apresentou maior número de domínios que melhoraram, com o maior índice de melhora nos Aspectos Físicos, porém foi o único que não apresentou melhora na Capacidade Funcional; e P3 foi quem apresentou maior índice da variação nos domínios Capacidade Funcional e Dor. O domínio Estado Geral de Saúde após os atendimentos, apresentou melhora para todos os participantes. Conclusão: Os participantes investigados apresentaram, após a intervenção Equoterápica, uma melhor QV, tanto nos domínios do Componente Físico, quanto do Mental, independente do sexo, idade, nível e tempo de lesão. Esse recurso terapêutico melhora a percepção de saúde global de pacientes com Lesão Medular Traumática.
Introdução: A Síndrome de Burnout (SB) é reconhecida na atualidade como um dos grandes problemas psicossociais que repercutem na Saúde Mental e Física, bem como, na Qualidade de Vida no Trabalho dos profissionais da área da saúde. Objetivos: Avaliar a presença e o nível da SB e da QVP e suas repercussões na percepção da Qualidade de Vida Profissional (QVP) de trabalhadores de enfermagem e médicos de um Hospital privado da cidade de Cascavel-PR. Casuística e Método: Trata-se de um estudo exploratório-descritivo. De uma população de 174 trabalhadores, participaram n=155. Para esta finalidade, utilizou-se o Inventário de Burnout de Maslach (MBI) em versão validada, para uso no Brasil, por Tamayo, M. (2003) e o Questionário de Qualidade de Vida Profissional (QVP-35) (CABEZAS-PEÑA, 1999) validado para uso no Brasil por Guimarães et al. (2004b). Para a análise estatística, foi utilizado o software estatístico Minitab for Windows ? versão 14.1 com os seguintes procedimentos: a) classificação das médias de respostas da SB e da QVT; b) teste da independência entre as classificações das respostas e as variáveis sócio-demográficas e ocupacionais através do teste Qui-Quadrado; c) estudo de correlação com o coeficiente de Pearson, para conhecer como e quais variáveis foram correlacionadas. Resultados: A amostra de estudo foi composta por todos os profissionais de enfermagem (75,6%) contratados pelo hospital e também por médicos plantonistas (24,4%). A maioria é composta por indivíduos casados, do sexo feminino e com escolaridade até ensino médio. Constatou-se uma presença moderada (média) da SB e uma percepção de ?Muita? QVP. Trabalhadores de enfermagem e médicos que perceberam ter um baixo nível de QVP têm um nível mais alto de SB. Os profissionais que atuam entre 11 a 20 anos na função, apresentaram pior percepção de QVP que os que trabalham há menos ou há mais tempo. O nível da SB de médicos e enfermeiros diferiu. Os médicos apresentaram um nível mais ?Alto? de SB na dimensão ?Despersonalização?. Quanto à SB, os profissionais estudados apresentaram Média ?Exaustão Emocional?, Baixa ?Despersonalização? e ?Diminuição da Realização Pessoal?. Com relação às correlações do MBI e QVP, observou-se que, em geral, os profissionais que possuem um nível ?Baixo? de QVT têm um nível mais ?Alto? de SB. A amostra em geral percebeu ter Pouco ?Apoio Organizacional?, bem como Pouca ?Carga de Trabalho?, Muita ?Motivação Intrínseca? e Muita ?QVT?. Conclusões: Os resultados obtidos remetem à necessidade de ações preventivas e interventivas que possibilitem a detecção e manejo dos fatores de risco psicossocial específicos para SB e a conseqüente melhoria da QVP.
SILVA, Rosania Maria. Estudo sobre os Comportamentos de Riscos e Fatores de Personalidade dos Motociclistas Acidentados e não Acidentados. 2006. 116 f. Dissertação Mestrado do Programa de Mestrado em Psicologia) - Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Campo Grande, MS, 2006. A motocicleta tornou-se, hoje, um veículo popular e, por sua vez, o transporte que configura o maior índice de acidentes. O presente estudo teve como meta traçar o perfil de personalidade dos motociclistas acidentados (grupo 1) e compará-los com os motociclistas não acidentados, sem envolvimento em multas e acidentes, com cinco anos ou mais de habilitação (grupo 2) da cidade de Rondonópolis-MT. A princípio, foram levantadas as seguintes hipóteses: 1 ? Os motociclistas acidentados apresentam mais comportamentos de risco (desobediência às regras de trânsito). 2 - As pessoas com resultado superior nos traços de vulnerabilidade, desajuste psicossocial, ansiedade e depressão, estão mais propensas a comportamento de risco na direção e, portanto, de se envolverem em acidentes. Para testar estas hipóteses, foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevista semi-dirigida e o teste de personalidade EFN (Escala Fatorial de Ajustamento Emocional / Neuroticismo). Verificouse, analisando, os resultados obtidos, que os entrevistados, de uma maneira geral, parece ter consciência de que os motociclistas estão mais vulneráveis aos acidentes de trânsito; mesmo assim, parte dos entrevistados utiliza a moto tanto para o trabalho como para o lazer, talvez por ser o único meio de transporte que possua. Entre o Grupo 1, a maioria dos motociclistas acidentados responsabilizou o outro motorista pelo acidente, porém assume ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente e, 35,4% deles não possuem habilitação. A partir desses resultados, a primeira hipótese foi confirmada, mas não foi possível a confirmação da segunda, porque os resultados obtidos no teste EFN apresentam não haver diferença significativa entre os dois grupos, no que se refere aos fatores psicológicos de vulnerabilidade, desajuste psicossocial, ansiedade e depressão. Isso porque, talvez, a personalidade não tenha influência na ocorrência dos acidentes. Apenas no resultado da ansiedade, houve diferença significativa entre os dois grupos, em relação ao sexo. Palavras-Chave: Motocicleta. Acidente Motociclístico. Fatores de personalidade.
Observações realizadas junto a escolas indígenas apontam para o fato de que manifestações de indisciplina por parte das crianças indígenas, não são comuns. Estaria na especificidade das relações familiares dessa cultura, este comportamento? A partir desta questão, este estudo objetivou verificar como estas características sócio-culturais específicas se refletem no comportamento infantil e repercutem na adaptação ao ambiente escolar. Para tanto, através de entrevistas e observações de crianças e pais, foram realizados quatro estudos de caso. Os participantes desta investigação, três crianças do sexo feminino e uma do masculino, pertencem à etnia Guarani-Kaiowá e são alunos de uma escola da reserva Bororó, situada no município de Dourados⁄MS. Pode-se observar que: o diálogo e respeito mútuo são característicos da relação entre pais e filhos, o que pode ser observado por meio do tom sereno e suave, com o qual as mães dirigem-se aos filhos. A curiosidade infantil não é reprimida, permitindo a exploração do ambiente, bem como a participação em todas as atividades familiares, sem restrição, punição ou castigo. Provavelmente, estes sejam alguns dos fatores que facilitem a convivência, os relacionamentos e também o comportamento escolar. Palavras-chave: Guarani-Kaiowá. Crianças. Relações familiares. Comportamento escolar.
Introdução: a Estética é uma referência presente em todos os povos e sociedades e difere segundo a cultura e quanto às repercussões relacionadas à mesma, que podem se refletir positiva ou negativamente na esfera biopsicossocial, em particular no bem-estar subjetivo e na Qualidade de Vida. Objetivos: este estudo objetivou verificar a possível ocorrência de alterações na Qualidade de Vida em um grupo de moradores da Comunidade remanescente de quilombo de Furnas de Dionísio, após a instalação de Prótese Parcial Removível Temporária- PPRT. Casuística e Método: foi realizado um estudo de caso de validação clínica, antes e depois de um mês da instalação de PPRT, em uma amostra voluntária de 31 sujeitos (17M; 14F) que apresentavam ausência de no mínimo um dente incisivo superior. Foram aplicados e reaplicados os seguintes instrumentos: o questionário de Qualidade de Vida SF-36 ?The medical outcomes Study 36-item short-Form Health Survey? e uma ficha clínica odontológica, através da qual se coletaram dados pessoais, clínicos e odontológicos. Os participantes também foram fotografados em dois momentos: 1) com ausência dentária (antes) e 2) depois, mostrando a reconstituição do(s) elemento(s) ausente(s) com a instalação da PPRT. Resultados: Obteve-se um predomínio de participantes casados (67,7%), com mais de 35 anos (58%) com maior concentração na faixa etária de 41 a 45 anos (22, 6%). A maior parte da amostra não apresenta alterações clínicas (38,7%), no entanto, 19,4% apresentam problemas relativos à pressão alta (19,4%) e outros 19,4%, ingestão de álcool ou cigarro. Antes da colocação da PPRT, os participantes que não apresentaram alterações clínicas, revelaram melhor QV em todos os domínios, comparados aos participantes que apresentaram algum tipo de alteração. Destes, ambos os grupos evidenciaram uma melhoria na QV após a PPRT. O domínio QV ?capacidade funcional? apresentou menor variação antes e depois da colocação de PPRT e o ?aspecto físico? foi o domínio com maior variação, para ambos os sexos. Encontraram-se neste estudo, correlações entre a maioria os domínios de QV do instrumento SF-36, com exceção dos domínios ?estado geral de saúde? e ?vitalidade?; a QV da amostra como um todo melhorou após a instalação da PPRT. Os participantes do sexo masculino apresentaram melhor QV (antes e depois) que os do sexo feminino. No entanto, todos os participantes do estudo apresentaram, independentemente do sexo, uma melhor QV após a instalação da PPRT, revelando que a mudança da Estética bucal influenciou positivamente a QV dos mesmos, sendo que os domínios onde a melhora foi mais acentuada foram: aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspecto social e saúde mental. Conclusão: Este estudo revelou que a Estética bucal pode afetar todos os domínios de QV do indivíduo, tanto aqueles referentes ao componente físico quanto ao mental. PALAVRAS-CHAVE: Estética bucal. Qualidade de Vida. Furnas do Dionísio. População Negra. Prótese Parcial Removível Temporária.
Esta pesquisa tem por objetivo investigar alguns aspectos psicodinâmicos observados em um estudo de casos com três participantes abrigados: uma criança e dois adolescentes que foram vítimas de abandono, pelos pais, nos primeiros anos de vida e que residem em dois abrigos, situados no município de Campo Grande, MS, Brasil. Com o intuito de atingir tal objetivo, utilizou-se da técnica do Desenho Livre com Estórias, do Teste HTP e do Desenho da Família, realizando pesquisa clínica-qualitativa e utilizando observação participante. Como técnica complementar aplicou-se, ainda, entrevistas semidirigidas, na criança e nos adolescentes, utilizando também as histórias de vida em fontes documentais. Os dados foram submetidos à análise hermenêutica com enfoque na abordagem de compreensão psicodinâmica. Após essa análise, foram definidas cinco temáticas de estudo de acordo com os conteúdos e significados encontrados: a percepção da família, percepção e expressão do afeto, o abandono sofrido, visão do abrigo e perspectivas de futuro. Os resultados revelaram, nos casos estudados, dificuldade de internalização do conceito de família. A visão da família é de um ambiente confusional, sem possibilidade de dar afeto e possibilitar crescimento gerando dificuldades no processo de identificação e formação da identidade nos casos estudados. Em relação à percepção e expressão dos afetos observou-se: uso excessivo dos mecanismos de projeção e negação, restrição egóica, inveja, transtornos dos vínculos e das relações de objeto, e pobreza nas expressões de afeto. Sobre a percepção do abandono sofrido, notou-se a presença de sentimentos, como: raiva e dor pelo abandono, retraimento, culpa, vergonha, agressividade, tendência anti-social, confusão mental, baixa auto-estima, depressão. O abrigo é visto de forma ambivalente. De um lado, como um ponto de apoio e segurança, tendo-se que reprimir a agressividade para poder se manter sob sua guarda e proteção. Ao mesmo tempo, em alguns momentos, o abrigo é visto como autoridade que pode gerar sentimentos de raiva, ligados à fantasia de promover a separação familiar e manter o controle. Como possibilidades futuras, todos demonstraram, de alguma forma, o desejo de receber cuidados parentais ou de formar nova família, o que nos leva a sugerir o aprofundamento dos estudos e mais ações para prevenir ou tratar problemas emocionais ocasionados pelo abandono de crianças e adolescentes. Este é um estudo de casos que não permite a generalização dos dados obtidos e discutidos. Palavras-chave: Crianças abandonadas. Aspectos psicodinâmicos. Crianças abrigadas.
O presente trabalho constitui-se de um estudo de caso com o objetivo de pesquisar componentes emocionais associados à relação de pais e filhos, possíveis de serem percebidos no discurso de um grupo de acompanhamento a pais e familiares de pré-adolescentes acometidos de sobrepeso ou obesidade, as quais se encontravam em tratamento ludoterápico. Iniciou-se com a reflexão de fatores presentes na sociedade e família contemporânea, ligados ao aumento da prevalência dessas patologias, e seguiu-se com uma sintética descrição da origem corporal da construção do psiquismo humano, dando ênfase a sua sustentação na oralidade. Posteriormente descreveu-se a importância do grupo como ferramenta de discussão e conscientização dos pais no que se refere a seu papel familiar, bem como no acolhimento de ansiedades e fantasias que estes apresentam em relação a seus filhos em tratamento. Dividiram-se os resultados da pesquisa em três temas principais, de acordo com as dificuldades levantadas pelos pais do grupo estudado, apoiando-se, também, nos objetivos da pesquisa e na literatura pertinente ao tema. O primeiro refere-se à análise geral dos encontros ressaltando dificuldades na comunicação intra-familiar trazidas no discurso dos pais; o segundo ressalta aspectos de dependência dos filhos em relação aos pais e dos pais em relação aos filhos, levantados durante os encontros; e, finalmente, o enfrentamento do desenvolvimento da sexualidade dos pré-adolescentes, observados na fala dos pais. Como resultado, constatou-se intenso movimento de identificação experimentada pelos pais, sendo os filhos, por meio de seus sintomas, considerados como porta vozes de ansiedades vividas dentro do espaço familiar, ao qual pertencem. O sintoma sobrepeso ou obesidade pôde revelar, assim, uma intensa distorção na comunicação entre pais e filhos, evidenciando algumas características das relações emocionais presentes dentro de seus núcleos primários. Essas características foram observada no grupo de pais pesquisado, não servindo a generalizações, já que se trata de um estudo de caso. Palavras-chave: Obesidade do pré-adolescente. Grupo de pais. Relação pais e filhos pré-adolescente.
MARTINS, Daniela de Almeida. Estresse Ocupacional e Qualidade de Vida de trabalhadores de manutenção de aeronaves de uma instituição militar brasileira. Campo Grande/MS, 2005, 232p. ? Dissertação de Mestrado ? Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Inexistem estudos similares na literatura nacional e internacional avaliando Estresse Ocupacional e Qualidade de Vida de trabalhadores de manutenção de aeronaves. Essa atividade exige um alto nível de competência, não admite erros e demanda uma importante carga física e mental de trabalho (DAC, 1996; FAA, 2002). Dentre os riscos ocupacionais inerentes à profissão destacam-se: trabalho em espaços restritos, riscos atmosféricos; riscos físicos e carga mental. Através do estudo exploratório-descritivo, desenvolvido em uma única etapa, no setor de manutenção de aeronaves de uma instituição militar brasileira, objetivou-se a caracterização dos aspectos sócio-demográficos, a avaliação do estresse ocupacional e da qualidade de vida, comparando e correlacionando os resultados. Dos 93 funcionários, 82 (n = 82; 88,1%) participaram da aplicação dos questionários ERI ? Desequilíbrio entre Esforço e Recompensa no Trabalho (SIEGRIST, 1999) e do Questionário de Qualidade de Vida ? WHOQOL - Bref. (FLECK et al., 1999). Foram utilizados: análise de variância (ANOVA), teste de proporções, teste t de Student, e regressão linear múltipla. A ANOVA dos domínios do WHOQOL-Bref evidenciou que a média do domínio Meio Ambiente (12,4) foi significativamente inferior a dos demais domínios de QV (p < 0,05). Quanto ao ERI, 55 sujeitos (67%) apresentaram equilíbrio entre esforço e recompensa no trabalho (ERI-) e 27 (33%) apresentaram desequilíbrio nessa relação (ERI+) (p = 0,00), indicando presença de estresse ocupacional; 8 (10%) apresentaram Supercomprometimento, enquanto 74 (90%) não o apresentaram (p = 0,00). Não foram obtidas associações significativas entre as variáveis sócio-demográficas, de um lado, e os domínios de QV e o fator desequilíbrio no ERI, de outro (p>0,05). O fator Supercomprometimento (SC) apresentou associação significativa com a variável renda (p = 0,05). As sub-escalas de SC apresentaram associações significativas com as variáveis sóciodemográficas: competitividade e horas semanais de trabalho (p=0,01); irritabilidade desproporcional e renda (p = 0,02); dificuldade de se desligar do trabalho (DDT) e renda (p = 0,01); DDT e idade (p = 0,00); DDT e tipo de cargo (p = 0,01); DDT e trabalho em turnos (p = 0,02). A regressão linear múltipla entre QV e ERI revelou que os domínios de QV foram responsáveis por 33,9% da variância do ERI e que apenas os domínios Meio Ambiente (DMA) (ß =-0,044) e Físico (DF) (ß =-0,054) contribuíram significativamente para a variância explicada (p < 0,05). Tomando-se o ERI como variável preditora de cada domínio de QV, observa-se que o mesmo foi responsável por 28,3% da variância do DF e por 24,7% da variância do DMA. Os achados sugerem que a percepção inferior de QV está mais relacionada às características do ambiente de trabalho do que às caracterís ticas do trabalhador, o que permite concluir que condições organizacionais desfavoráveis exercem pressão sobre o trabalhador de manutenção de aeronaves militares e, quando sua energia adaptativa se exaure, podem ocorrer os erros que colocam em risco a segurança de vôo. Palavras-chave: estresse ocupacional; qualidade de vida; manutenção de aeronaves; fator humano; psicologia da saúde ocupacional.
Todos os anos milhares de jovens morrem em acidentes de carro no mundo inteiro, vítimas de suas próprias atitudes de risco ou de outros motoristas. Para que ocorra uma mudança de atitude torna-se necessário conhecer as crenças e opiniões que envolvem esses atos, o que possibilita a construção de estratégias de comunicação mais eficazes. Assim sendo, o objetivo desta dissertação foi investigar as atitudes de risco dos jovens motoristas de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na sua participação no trânsito, conhecer suas crenças e opiniões e segmentar as atitudes de risco destes por gênero e ocupação. A fundamentação teórica foi feita com base em algumas das importantes teorias sobre atitudes da psicologia social e o instrumento escolhido, o questionário sobre atitudes no trânsito, elaborado por Ulleberg e Rundmo (2002) na Noruega, foi aplicado a 300 jovens motoristas de ambos os sexos. Entre os resultados obtidos pode-se dizer que não foi observada diferença significativa nas médias de tendência a atitudes de risco entre homens e mulheres, mas sim em fatores isolados. Merecem atenção especial os índices obtidos nas questões que envolvem: ?excesso de velocidade?, com maior índice de risco entre as mulheres que apenas trabalham; ?possibilidade de machucar os outros?, no qual uma pequena, mas, significativa parcela da amostra não se mostrou sensibilizada pelo fato de poder machucar outras pessoas em um acidente; ?mostrar habilidades para os outros?, que apresentou-se como um dos fatores de maior influência nas atitudes de risco e ?fatalidades? que envolve a crença dos indivíduos de que, se o Governo investisse mais em medidas preventivas, a maioria dos acidentes poderia ser evitada. Na discussão identificou-se a ação de dissonâncias psicológicas, de crenças normativas e normas subjetivas, de determinadas funções sociais e da influência do grupo nas atitudes de risco dos jovens motoristas. Palavras-chave: Jovens. Trânsito. Atitude.
A esclerose múltipla é uma doença neurológica incurável, crônica e progressiva. Sua causa ainda é desconhecida. A doença atinge múltiplos órgãos podendo deixar seqüelas irreversíveis. O presente estudo tem como objetivo investigar os aspectos psicológicos da esclerose múltipla em portadores da doença que estejam fazendo tratamento no Centro de Diagnóstico e Tratamento de Esclerose Múltipla do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Foram selecionados para a pesquisa portadores com idade entre 20 e 50 anos, de ambos os sexos, residentes na cidade de Campo Grande/MS. Foram excluídos da pesquisa os pacientes que tiveram outras patologias associadas à esclerose múltipla. O trabalho de pesquisa foi desenvolvido com 3 participantes, 1 do sexo masculino e 2 do sexo feminino. A pesquisa é do tipo qualitativa através do método de estudo de caso e utilização de entrevistas abertas, com um roteiro pré-determinado pela pesquisadora. Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas gravadas, transcritas na íntegra para posterior análise dos fragmentos. Os resultados mostram que ocorreram mudanças significativas no comportamento do portador de esclerose múltipla durante o curso da doença. Os diagnósticos incorretos e a demora do diagnóstico conclusivo acarretaram inúmeros problemas para a vida desses pacientes, que nunca tiveram acesso a tratamentos psicológicos, mas relataram várias dificuldades emocionais durante o curso da doença.
BERAQUET, Maria Inalda Gualtieri, Qualidade de Vida de Jornalistas da Macro região de Campinas/SP . Campo Grande/MS, 2005, 124 p. - Dissertação de Mestrado do programa de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). A profissão de jornalista tem sido considerada uma das mais estressantes no mundo contemporâneo. Entre os riscos ocupacionais inerentes à profissão destacam-se: o alto número de horas trabalhadas; os turnos alternados de trabalho, as coberturas jornalísticas que envolvem conteúdos emocionais desgastantes como: catástrofes, crimes; a recusa do entrevistado, a competitividade pela informação e a premência e urgência do tempo. Realizou-se um estudo exploratório-descritivo através de enquete on line em uma amostra composta por trinta e seis (n=36) jornalistas sindicalizados da Macro Região de Campinas/SP, objetivando-se a caracterização dos aspectos sócio demográficos da amostra, a avaliação da Qualidade de Vida (QV) e a comparação das médias de QV segundo o sexo, a idade, o estado civil, o tempo de serviço e o número de horas trabalhadas na semana e com outras categorias profissionais. Foram enviados por via on line: o WHOQOL-Bref (Questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde-OMS) validado para o uso no Brasil por Fleck et al (1999), um questionário de dados sócio demográficos e o termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados de campo foram coletados no mês de março de 2004. Os seguintes procedimentos estatísticos foram utilizados: análise de variância (ANOVA) e o teste T de Student. A ANOVA dos domínios do WHOQOL-Bref evidenciou que a média do domínio Físico (14,7) foi significativamente superior à média do domínio Relações Sociais (12,61) (p=0,0008) e Meio Ambiente (13,08) (p=0,0353) e que a média do domínio Psicológico (13,69) foi significativamente superior à média do domínio Relações Sociais (p=0,0353). Foram observadas diferenças significativas para a categoria ?tempo de trabalho até 14 anos? e ?mais que 14 anos? com relação aos domínios: Psicológico (p=0,016), Relações Sociais (p=0,014) e Meio Ambiente (p=0,004) e para o domínio Físico, não foram encontradas diferenças significativas (p=0,386). Também foram observadas diferenças significativas para as categorias ?até 40 horas de trabalho? e ?mais que 40 horas de trabalho? por semana. Observou-se uma percepção de QV superior para os jornalistas que trabalham ?até 40 horas por semana? nos domínios: Psicológico (p=0,023), Relações Sociais (p=0,048) e Meio Ambiente (p=0,003) e para o domínio Físico não foi observada diferença significativa (p=0,649). Os jornalistas que trabalham mais que 40 horas por semana e que têm mais que 14 anos de função apresentam uma pior percepção de QV nos domínios: Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente, do que os jornalistas que trabalham até 40 horas semanais e atuam a menos de 14 anos na função. Palavras?chave: Qualidade de Vida. Jornalistas. Saúde Mental. Estresse. Condições de trabalho.
Esta pesquisa trata de um estudo descritivo, de corte transversal, com a finalidade de caracterizar as estratégias de enfrentamento, o apoio social e a qualidade de vida das famílias vivendo com HIV/Aids em Campo Grande, MS. A pesquisa foi realizada em junho de 2004, em dia de entrega de cestas básicas. Participaram do estudo 50 das 92 famílias atendidas, tendo sido adotado, como critério de exclusão, o fato de o indivíduo não ser morador da residência para a qual se destinava o benefício. Foram aplicados, em forma de entrevista, o questionário de características sócio-demográficas, a Escala de Coping de Billings e Moos, o questionário de avaliação do Apoio Social e o Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36), a fim de verificar o perfil sócio-demográfico das famílias participantes e de relacionar a capacidade de enfrentamento e o apoio social recebidos com a qualidade de vida percebida pelos entrevistados. Verificou-se que a amostra constituiu-se de portadores e/ou familiares com predominância do sexo feminino (70%), idade até 40 anos (66%), renda familiar de até um salário mínimo (89,2%) e com escolaridade inferior ao ensino fundamental (73,7%). As famílias e/ou portadores relataram em sua maioria ter apenas uma pessoa trabalhando (90%), mais de uma pessoa necessitando de cuidados médicos (43,8%) e que poucos viviam sozinhos ou com no máximo mais uma pessoa (22%). O método de coping mais utilizado pelas famílias e/ou portadores foi o cognitivo (64%), com foco no problema (30%), porém 62% não utilizam nenhuma categoria de foco de coping específica. Os participantes consideraram importante o apoio material (50%) e o emocional (44%), mas utilizaram muito o apoio material, proveniente preferencialmente do governo e da igreja, e o emocional, tanto quanto ele estivesse disponível, por meio das relações interpessoais. Perceberam uma qualidade de vida melhor quando relacionada aos aspectos sociais, capacidade funcional, saúde mental, estado geral de saúde e vitabilidade, e inferior com relação à dor, aspectos emocionais e aspectos físicos. Não houve diferença significativa na qualidade de vida percebida, considerandose as estratégias de coping e o apoio social recebido. Palavras-chave: Famílias. HIV/Aids. Coping. Apoio social. Qualidade de vida.
O presente estudo buscou identificar a existência de desequilíbrio entre o Esforço e a Recompensa no trabalho em profissionais da área de enfermagem do Hospital Santa Rita de Dourados-MS, relacionando-o as características sócio-econômicademográficas da amostra, verificando-se sua possível associação com risco para estresse ocupacional. Trata-se de um estudo descritivo e analítico. De uma população total de funcionários da instituição (n = 35), foram examinados 34 (97,1%), sendo 2 enfermeiros; 4 técnicos e 28 auxiliares. O instrumento utilizado para coleta de dados foi o Questionário de Equilíbrio entre Esforço e Recompensa no Trabalho (ERI). Utilizou-se para o tratamento dos dados estatísticos o Programa Minitab versão 13. O grupo estudado está distribuído igualmente segundo o gênero, com idade variando entre 24 e 56 anos, com faixa etária predominante entre 32 e 40 anos, a maioria com escolaridade até o 2º grau, trabalhando sem exercer função de liderança, em empresa privada e exercendo a profissão de auxiliar de enfermagem. Metade tem outro trabalho, trabalha em turno noturno, mais de 48 horas semanais. Os resultados obtidos mostram que o desequilíbrio entre esforço/recompensa é maior entre os homens (p = 0,003) e os profissionais que trabalham até 12 anos na profissão (p = 0,004). Foram encontradas as seguintes associações significativas: desequilíbrio entre esforço e recompensa no trabalho e gênero masculino e estar até 12 anos exercendo trabalho de enfermagem. Não foram encontradas associações entre risco para o estresse ocupacional e as variáveis sócio-econômica-demográficas estudadas. Palavras-chave: Enfermagem. Trabalho. Saúde e trabalho.
O objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo de caso para analisar a longa permanência de ex-pacientes, nas imediações do Hospital São Julião, no município de Campo Grande, MS, muito embora esses pacientes já tivessem recebido alta por cura e eles moravam anteriormente em outra cidade ou país. Desse modo, pretendeu-se conhecer e compreender alguns aspectos referentes às relações socioculturais estabelecidas na ressocialização dos participantes da pesquisa, analisando alguns aspectos de sua visão de cura frente às seqüelas, o tratamento prolongado e a presença do estigma. O procedimento envolveu a realização de entrevistas semidirigidas com seis participantes com idade entre 30 a 50 anos, sendo cinco homens e uma mulher, no período de outubro de 1999 a dezembro de 1999. As entrevistas continham questões abertas, que foram gravadas e posteriormente transcritas na sua totalidade, respeitando a fala original dos entrevistados. Suas idéias sobre corpo, saúde, doença, hanseníase, estigma e também o morar próximo ao hospital e o mudar de cidade foram analisadas. A análise desses dados foi baseada na análise de conteúdo. A estigmatização social, ou seja as reações de evitação ou afastamento por parte das pessoas que conviviam socialmente com o doente, mostrou-se presente, situação em que o sujeito estudado apega-se à hanseníase com o objetivo de resgatar seus próprios papéis e funções sociais. A população que se formou em torno do São Julião, por sua vez, reabilita-os socialmente, pois todos ?são iguais?, têm os mesmos anseios e dificuldades enfrentadas, o que proporciona aumento da auto-estima e mudança social. Palavras-chave: hanseníase; estigma; ressocialização.
O presente trabalho objetivou caracterizar, do ponto de vista clínico, a população de pacientes com patologias mamárias, atendida pelo Hospital Universitário de Campo Grande, MS. Paralelamente, uma enquête de opinião on-line sobre o impacto psicossocial da neoplasia mamária foi aplicada à população geral. Casuística e Método. De todos os casos de doenças de mama atendidos (N= 871) no período compreendido entre julho de 1995 e junho de 1998, estudou-se uma Amostra Sistemática (N= 134) com o objetivo de caracterização do perfil clínico. A seguir, construiu-se o Questionário sobre Opiniões acerca da Mastectomia (QOM) o qual foi colocado on-line para realização da enquête, visando identificar o impacto psicossocial da neoplasia mamária. Resultados. Mulheres com mais de 51 anos e até 70 anos apresentam a maior prevalência (53,7%) de doenças de mama. A lesão maligna da mama mais prevalente na amostra foi o carcinoma ductal (45,5%). Os métodos diagnósticos utilizados, além do exame clínico (100,0%), foram: a mamografia (91,1%), a ultrassonografia de mama (66,6%), a cintilografia óssea (37,2%), a punção biópsia aspirativa (91,1%) e a biópsia de peças cirúrgicas (89,2%). A mastectomia radical foi o tratamento cirúrgico mais utilizado (89,7%), sendo menos freqüentes a quadrantecomia e o tratamento conservador. O tratamento coadjuvante mais comumente usado foi a associação de radioterapia com quimioterapia (86,7%). A fisioterapia e o tratamento psicológico, em especial a psicoterapia, não aparecem em nenhuma circunstância. Responderam à enquête online 517 pessoas (F=465; M=52), com predomínio de escolaridade do 2º grau (259) e 3o grau (174) e faixa etária de 31 a 40 e após 51 anos, sendo que 176 eram portadoras de neoplasia mamária. Após a notícia do diagnóstico de câncer, a principal reação emocional relatada sobre mastectomia foi a depressão (47,2%), havendo também reações de fuga (26,1%) e de revolta (14,8%). A terapia coadjuvante mais freqüente foi a quimioterapia (77,8%) Menos freqüentes foram a radioterapia (63,6%) a fisioterapia (71,3%) e a psicoterapia (40,9%). A maioria manifestou-se aderida às terapias (92,6%), e satisfeita com as mesmas (78,9%). Conclusões. O serviço de Oncologia do NHU-UFMS/MS, possui padrões de atendimento adequados às necessidades da população do estado, no que se refere ao tratamento de pacientes com câncer de mama. No público que respondeu à enquête há um interesse difuso sobre o tema. Os resultados sugerem a urgência de uma divulgação mais incisiva do auto-exame e de uma maior atuação do campo da psicoterapia como coadjuvante, especialmente para as mastectomizadas. Descritores: 1. Oncologia. 2. Psicooncologia. 3. Saúde Mental. 4. Câncer de Mama. 5. Mastectomizada. 6. Hospital Universitário.
O tema deste trabalho é o ponto de partida da psicologia a partir de Viktor Frankl. Seu projeto intelectual é apresentado como um testemunho, um caso típico e, em seguida, discutido em suas implicações. O trabalho articula-se em cinco capítulos. No PRIMEIRO capítulo apresenta-se as relações de Viktor Frankl com a psicologia e a filosofia, no Século XX. No SEGUNDO CAPÍTULO, apresenta-se uma interpretação do seu relato sobre a sua experiência de ter sido prisioneiro em Campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, como sendo uma tentativa de pensar o lugar da objetividade em Psicologia e, em seguida, de ampliar o alcance do tema da repressão. Nos outros capítulos essa base epistemológica é aplicada a três temas: a religião, como caso-símbolo da dignidade (TERCEIRO CAPÍTULO); o sentido, como o ponto de partida teórico para pensar a relação entre a saúde e a doença em psicologia (QUARTO CAPÍTULO) e, finalmente, a liberdade, como uma reinstalação do tema da psicodinâmica como sendo uma "noodinâmica" (QUINTO CAPÍTULO). PALAVRAS ? CHAVE: Epistemologia Humanista em Psicologia. Humanismo. Viktor Frankl.
Esta pesquisa descreve o avanço legal, a trajetória histórica, o papel e a atuação das mulheres trabalhadoras no comando empresarial, pontuando dificuldades dos enfrentamentos da dupla jornada. Conceitua gerência e liderança, relacionando-os à qualidade de vida (QV) e qualidade de vida no trabalho (QVT) da população de trabalhadores. Objetivou verificar o nível de qualidade de vida das mulheres em função de gerência em empresas do município de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. Este estudo descritivo-analítico avalia uma amostra de 139 mulheres, na maioria contratadas, incluídas por conveniência. Aplicou-se o instrumento SF-36, ?The Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey? que apresenta oito domínios: ?Capacidade funcional?, ?Aspecto físico?, ?Dor?, ?Estado geral de saúde?, ?Vitalidade?, ?Aspecto social?, ?Aspecto emocional? e ?Saúde mental?. Quanto às características sóciodemográficas, apresentam-se, com maior porcentagem, as gerentes: acima de 40 anos de idade, casadas, que convivem com a família nuclear, profissionais de nível superior da área financeira, há mais de 10 anos no cargo, com renda suficiente para se manter e autonomia para negociar e fazer investimentos. Predominam as gerentes saudáveis, católicas e que freqüentam um templo religioso. Inter-relacionou-se estas características aos domínios pesquisados, identificando-se, como fator de interferência à QV destas trabalhadoras, entre outros, evidências de comprometimento nos domínios: ?Dor? e ?Vitalidade?, nas gerentes contratadas; ?Estado geral de saúde?, ?Saúde mental? e ?Dor?, nas que recebem salários mais baixos; ainda, em todos os domínios, nas gerentes entre 31 e 35 anos, se comparadas às mulheres de outras idades. Porém, apresentam-se favorecidas em sua QV: as gerentes viúvas nos domínios ?Vitalidade? e ?Aspecto emocional?, quando comparadas às solteiras, separadas ou casadas; as gerentes proprietárias, nos domínios ?Capacidade funcional?, ?Aspecto físico? e ?Aspecto social?, se comparadas às gerentes contratadas; e as mulheres com salários mais altos em todos os domínios, se comparadas com as gerentes que ganham menos. No entanto, na análise específica de cada um dos oito domínios do SF-36, observase que estes não interferem na QV dessa população. Na distribuição de freqüência observada, quando comparada à distribuição normal teórica (curva de Gauss), verifica-se um maior número de mulheres com escores elevados em todos os domínios, evidenciando QV com ?Melhor? estado. Segundo a correlação de Pearson, o domínio ?Dor? interrelacionou- se com ?Aspecto Físico? e ?Aspecto Social?; de forma acentuada, ocorreu inter-relação de ?Aspecto social? com ?Vitalidade?, ?Dor? e ?Saúde Mental?, favorecendo uma integração social mais adequada à QV. Existe, também, acentuada e relevante interrelação entre os domínios ?Vitalidade? e ?Saúde Mental?, sugerindo que, quanto maior a vitalidade, melhor a saúde mental destas trabalhadoras ou vice-versa. Este trabalho é pioneiro em Dourados, município de grande porte do Estado de MS, e seus resultados revelam não haver comprometimentos relevantes à QV das mulheres gerentes pesquisadas, pressupondo-se ser esta uma população privilegiada no mercado de trabalho na atualidade. As gerentes demonstram estar preparadas para o gerenciamento de funções e de pessoas, tanto no lar como nas organizações, bem como estar conscientes de seus vários papéis, com evidências de capacidade e equilíbrio no gerenciamento de si próprias. Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho, mulheres e gerência.
Essa dissertação de Mestrado tem o objetivo de efetuar um estudo teórico-clínico relativo a abordagem psicológica utilizada por um tipo específico de tratamento para a compulsão alimentar ? a Antidieta ? trazendo para discussão questões relativas às diretrizes básicas seguidas por essa abordagem, dentro de seus dois eixos, alimentar e emocional, integrando os conhecimentos teóricos dentro da prática clínica. Também são abordados certos aspectos referentes a algumas dificuldades no desenvolvimento, relativos a representação da imagem corporal, a função corporal e a introjeção de uma função psíquica materna tranqüilizadora e facilitadora do processo de simbolização. Essas dificuldades podem exercer influência na compulsão alimentar e na obesidade, segundo o estudo teórico realizado. Para um maior esclarecimento, procurou-se contextualizar a obesidade e a compulsão alimentar na cultura atual, sendo feitos questionamentos sobre alguns aspectos relativos ao uso de dietas para emagrecer em pacientes que apresentam tais distúrbios. Com este estudo pretende-se também conceituar alguns aspectos da evolução psicodinâmica do indivíduo e do desenvolvimento psicossomático. Para concluir, apresenta-se o estudo de um caso clínico, tendo como referencial a técnica específica da Antidieta para o tratamento da compulsão alimentar, abrangendo também um referencial clínico psicodinâmico, podendo-se observar uma melhora do quadro de compulsão alimentar. Palavras-Chaves: compulsão alimentar; obesidade; Antidieta; distúrbios psicossomáticos.
Este trabalho realiza um estudo psicológico sobre os sentimentos vivenciados por algumas mães de crianças portadoras de paralisia cerebral, em relação à problemática de seu filho, por meio de estudo de casos. A escolha do assunto aconteceu por tratar-se de um tema bastante discutido, porém carente de literatura, no que se refere aos sentimentos das mães, sendo comumente encontrada a abordagem focada na problemática da criança e no comportamento da sociedade frente à paralisia cerebral. A pesquisadora realizou entrevistas semi-estruturadas com seis mães da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Campo Grande-MS, local onde trabalhava como psicóloga responsável pelo Setor de Paralisia Cerebral. Tais entrevistas, bem como a coleta de informações nos prontuários das crianças e as observações realizadas durante os atendimentos das mães, em orientação psicológica, serviram de base para a coleta de dados. Caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa que utiliza a análise do discurso e a abordagem psicodinâmica para compreensão e interpretação dos fenômenos. Entre os assuntos escolhidos como base teórica nesta pesquisa, encontram-se: a abordagem psicodinâmica da família e da gravidez; os sentimentos e expectativas vivenciados pela família durante a gestação; aspectos da história da mulher e sua relação com a maternidade no Brasil e mundo; os sentimentos das mães que idealizam um filho durante a gestação, e se deparam com o nascimento de uma criança com paralisia cerebral. Os resultados obtidos nos casos estudados apontam, dentre outras coisas, para a frustração dos pais diante do nascimento de um filho deficiente, diferente do filho perfeito idealizado; mudanças no contexto familiar, onde a mãe geralmente é a mais afetada; dificuldades da sociedade para perceber o portador de paralisia cerebral como um indivíduo com limitações, mas também com potencialidades; sentimentos e atitudes ambivalentes das famílias frente a um futuro incerto para eles próprios e para o filho portador de paralisia cerebral. Palavras-chave: Paralisia cerebral nas crianças. Psicologia infantil. Família - aspectos psicológicos.
Esta pesquisa procurou caracterizar o perfil sóciodemográfico e clínico do portador de doença mental assistido pelo Hospital-Dia de Psiquiatria da Santa Casa, Campo Grande, MS, no período de 1996 a 1998. A análise da evolução da assistência ao portador de doença mental revelou as dificuldades e preconceitos encontrados pelo paciente e seus familiares. Também retratou os benefícios trazidos ao paciente e à sua família com a inserção social e a humanização das instituições. Cinqüenta e duas famílias participaram do presente estudo, todas residentes em Campo Grande. Os dados sóciodemográficos e clínicos foram coletados por meio de um questionário construído pela autora especialmente para tal. Os resultados revelaram que a clientela mais freqüente atendida pelo Hospital-Dia é de pacientes crônicos, solteiros, em idade jovem, predominando o diagnóstico clínico de esquizofrenia. Houve uma equivalência entre o número de homens e mulheres atendidos na instituição. Um dado preocupante é que apenas 21,15% dos egressos encontravam-se empregados. Esse dado indica que, muito embora, os pacientes não estejam mais internados, numa instituição psiquiátrica tradicional, a sua inserção social, ainda é precária. Outro aspecto a ser considerado é a alta freqüência de pacientes crônicos, o que poderá estar causando uma sobrecarga para os familiares que os assistem. É importante que se conheça o perfil sóciodemográfico e clinico dos pacientes atendidos pelo Hospital-Dia, a fim de que as estratégias de atendimento a serem desenvolvidas na instituição sejam norteadas por essas informações, o que poderia contribuir para uma melhor eficácia. Palavras-chave: egresso - portador de doença mental - família - hospital-dia
RESUMO/ARQUIVO
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A autora descreve a transferência e contratransferência a partir de observação de pacientes internados na Clínica Oncológica e na Clínica de Doenças Infecto-contagiosas, numa tentativa de utilizar este sentir para detectar o porquê de uns pacientes irem a óbito e outros sobreviverem apesar do mesmo quadro nosológico e mesmo agressor. Utiliza a observação da relação médico/paciente e equipe/paciente. Partindo dos conceitos freudianos de transferência e contratransferência, das teorias psicossomáticas, desde Freud até Escola psicanalítica de Paris, faz uma tentativa de explicar as diferentes reações da equipe para com os pacientes. O ?sentir? provocado nestes relacionamentos permite considerar os pacientes ou viventes ou morrentes, dependendo de tempo de sobrevida. A autora relaciona este ?sentir? com a projeção maciça de sentimentos do paciente (identificação projetiva) para o médico ou no OUTRO, sendo no caso dos viventes a projeção de instintos de vida e uma tentativa de formar vínculos de vida e no caso de morrentes a projeção de instintos de morte e tentativa de formar vínculos em direção à morte
Este trabalho refere-se ao estudo da base interacional da família, quando ocorre nela um desvio ou uma interrupção no ciclo vital de expansão, no caso a Depressão. A amostra compõe-se de cinco pacientes ambulatoriais do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa, diagnosticados pelos médicos residentes como depressivos. O referencial teórico para o procedimento de análise e discussão do material obtido, foi a Teoria Psicanalítica tendo em vista a compreensão psicodinâmica da interação familiar; a interação do grupo familiar, foi entendida a partir do referencial da teoria sistêmica. A análise das entrevistas, evidenciou a restrição e o isolamento marcante do depressivo e de outro lado, a não aceitação dos sintomas por parte dos familiares, como resultado de resistências à ruptura do idealizado. Observou-se não só através das entrevistas, como também dos desenhos da família, que a relação do deprimido com os objetos, caracterizou-se através da criação de um objeto fruto de sua própria imaginação, com a manipulação dos objetos reais; assim, consegue manter uma relação. Os familiares na convivência diária com o deprimido, encontra-se preso em um jogo sádico-masoquista, estimulado pelo depressivo nas pessoas circundantes, o que se configura em um interjogo entre o superego severo do depressivo e o superego dos familiares.
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da equoterapia, em nível motor, cognitivo e emocional, e sistematizar um programa específico de atendimento em indivíduos cegos. Método: Procedeu-se a análise qualitativa do conteúdo dos registros das observações das sessões de equoterapia e das entrevistas individuais e de familiares, de um grupo de cinco crianças cegas congênitas, classificadas segundo o conceito de cegueira da Organização Mundial de Saúde - OMS, com idade cronológica entre 5 (cinco) e 12 (doze) anos, que frequentam o Instituto Sul Matogrossense para Cegos "Florivaldo Vargas" - ISMAC, de Campo Grande/MS. Foram realizadas, em média, 20 (vinte) sessões semanais de equoterapia, com duração de 30 (trinta) minutos cada, por um período de 10 (dez meses). Para realizarmos a pesquisa foi criado por nós um método específico de atendimento, com exercícios que visaram o desenvolvimento biopsicossocial de indivíduos com cegueira. Também foram feitas, no transcorrer da pesquisa, filmagens em VT e fotografias das crianças durante as sessões de equoterapia para registro visual do desenvolvimento alcançado. Resultados: Os dados obtidos através da análise, apontam para uma melhora significativa, dos três sujeitos analisados, de aspectos da psicomotricidade como: equilíbrio, segurança, postura ereta do tronco. Os sujeitos com idade de 11 e 12 anos, também apresentaram ganhos nos aspectos: referência do espaço tempo, lateralidade e coordenação dos movimentos, uma vez que ambos ao final do período da pesquisa, atingiram a fase de educação/reeducação da equoterapia. Os resultados apontam também para uma melhora do relacionamento social dos três sujeitos, evidenciando os aspectos da comunicação, da atenção e das regras sociais.
RESUMO/ARQUIVO
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