Planta de MS é usada em vários artesanatos e para perfumar o território brasileiro

guapé é utilizado para fazer artesanato no sul do estado. Empresa de cosméticos lançou linha de produtos com a fragrância da planta.
25/09/2017 - 10:56 - Geral

Popularmente conhecida como Aguapé, a planta aquática predominante na região pantaneira em Mato Grosso do Sul, além de fazer parte de um bioma que encanta a todos, também é utilizada para gerar renda através de artesanatos confeccionados por comunidades do estado. Ademais, é a matéria-prima de uma linha de cosméticos lançada pela L’Occitane au Brésil, levando o cheiro do Pantanal sul-mato-grossense para todo o país.

De acordo com a bióloga e botânica Dra. Maria Ana Farinaccio, formada em mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), a planta é muito utilizada na confecção de artesanatos no território sul-mato-grossense.

A tribo dos Guatós, por exemplo, é uma comunidade localizada no Pantanal do estado que usa a fibra do Aguapé para a produção de cestos, bolsas e pequenos porta-joias, comenta Farinaccio.

Outro grupo que também confecciona artesanatos com o mesmo material é a Associação das Mulheres de Fibras de Ladário, localizada na Apa Baía Negra, região do município que está a cerca de 6 km de distância de Corumbá.

Lucia da Costa Vieira, de 48 anos, assumiu recentemente o cargo da presidência da associação, formada em 2010. Ela explica que os artesanatos feitos com a fibra do Aguapé geram renda para as pessoas que ganham a vida trabalhando com a planta.

Através do manuseio da fibra é possível fazer “bolsa, tapete, cinto, porta copos, todo o tipo de artesanato de palha. Bijuterias, chapéu, chaveiro”, afirma Lucia. A coorporativa vende esses objetos artesanais em feiras, como também realiza projetos filantrópicos para ensinar outros interessados a confeccionar adereços a partir do Aguapé.

Conhecendo a planta e as qualidades da mesma, a L’Occitane au Brésil, seguimento brasileiro da empresa francesa de cosméticos, fez uma parceria com a Associação das Mulheres de Fibras de Ladário para produzir uma linha com a fragrância do Aguapé pantaneiro de Mato Grosso do Sul.

Lucia informou que o acordo, inicialmente, foi um teste para ver se o produto daria certo no mercado. Desta forma, o contrato foi assinado em 2012. Naquela época, a associação realizou um trabalho de três meses para coletar, secar e embalar 100 quilos da planta para ser enviada a França. No exterior, o extrato da vegetação foi retirado e enviado novamente ao Brasil, onde a linha de cosméticos foi produzida e comercializada.

A presidente da entidade explicou que a coleta do Aguapé foi realizada apenas essa vez por ser um teste. Como deu certo e os produtos fizeram sucesso no mercado brasileiro, mudanças no acordo serão feitos futuramente durante a próxima demanda.

Esse trabalho é feito apenas em um local onde é permitida a coleta da vegetação, na própria Apa Baía Negra. Lá, oito mulheres da associação retiram a planta para trabalhar com a mesma.

“ Aqui de Ladário, uma cidade pequena, está mundial. Então para nós é um orgulho muito grande. Quando chegou o lançamento [do produto feito com a planta], nós até choramos porque não esperávamos que ia acontecer”, fala a presidente.

A mulher também afirma que nunca imaginou que o Aguapé viraria sabonete, colônia, perfume, shampoo, dentre outros. O fato de a associação ser grande responsável por toda essa linha de cosméticos nacionais fez com que as participantes fossem vistas com outros olhos na cidade.


Caractéristas do Aguapé

Segundo a Dra. Maria Ana Farinaccio, a planta é conhecida cientificamente pelo nome Eichhornia crassipes, descrita em 1883 por Carl Friedrich Philipp von Martius. Porém, a mesma recebe várias outras denominações populares, como Baroneza, Camalote, Jacinto-d'água, Murumuru, Mururé, Pareci, Pavoa e Rainha-dos-lagos, variando em cada região.

Ela afirma que o Aguapé ocorre no Pantanal, mas devido a ampla distribuição geográfica, há também nas zonas planas da América do Sul, desde a Venezuela e Colômbia até a bacia do Rio da Prata. 

Quanto às qualidades, a profissional destaca que, além do artesanato, a planta possui grande capacidade de fitorremediação, ou seja, para purificar ambientes aquáticos ou terrestres.